Do Estadão
Grupos reduzem custos e poluição com ferrovias
Investimentos de R$ 3,4 bilhões da Cosan e da Coopersucar eliminam 62 mil viagens de caminhão por ano
Luciana Collet
Projetos que favorecem a redução de custos de exportação de açúcar,
ao mesmo tempo em que retiram caminhões das estradas e reduzem emissões
de gases poluentes, são prioridade para grandes empresas do setor, como o
Grupo Cosan e a Copersucar. Ambas anunciaram investimentos que,
somados, atingem R$ 3,4 bilhões em projetos logísticos até 2015 e podem
propiciar uma redução de pelo menos 62 mil viagens de caminhões por mês.
A Cosan, por meio de sua empresa logística Rumo, está investindo R$
1,4 bilhão em terminais e reforma de linhas férreas, que permitirão o
escoamento de 11 milhões de toneladas anuais de açúcar por ferrovia até
2015.
- Mudaremos o transporte de açúcar produzido na Região Centro-Sul ao
Porto de Santos do modal rodoviário para o ferroviário. Com isso,
deixarão de circular pelas estradas 30 mil caminhões por mês - disse o
diretor-presidente da Cosan, Marcos Lutz.
A empresa acaba de inaugurar a primeira fase de um terminal
intermodal na cidade de Itirapina, no interior de São Paulo. O complexo,
que já recebeu R$ 100 milhões, abriga, por ora, um armazém com
capacidade para 110 mil toneladas, uma tulha ferroviária para
carregamento dos vagões, com capacidade de 44 mil toneladas, e um ramal
ferroviário de 5,6 quilômetros, capaz de realizar o carregamento com a
composição em movimento. Até 2015, o terminal deve movimentar até 12
milhões de toneladas de açúcar e grãos por ano.
A Rumo também investiu na compra de 50 locomotivas e 729 vagões e
está recuperando, em parceria com a América Latina Logística (ALL), a
malha ferroviária entre Itirapina e Santos. E ainda desenvolve projetos
para a cobertura de seus terminais no Porto de Santos, a fim de embarcar
açúcar mesmo nos dias chuvosos. De acordo com o diretor-presidente da
Rumo, Julio Fontana Neto, o terminal deixa de operar por até 120 dias no
ano por causa das chuvas.
Ele informou que, do volume total de açúcar processado pela Raízen,
uma joint venture entre Cosan e Shell para produção de açúcar e etanol e
distribuição de combustíveis, cerca de 60% foram escoados pela ferrovia
na última safra. A meta é chegar a 90% quando todo o investimento for
concluído.
Terminal multimodal recebe R$ 30 milhões
Já a Copersucar anunciou investimentos de R$ 2 bilhões em logística.
Esse valor inclui a expansão da capacidade de armazenar e transportar
açúcar por ferrovia até o Porto de Santos e a ampliação da logística de
escoamento de etanol, além da participação da empresa na implantação de
um etanolduto.
A Copersucar quer transportar por ferrovias 70% de seu açúcar a
granel até 2015, contra 50% atualmente. A empresa já investiu R$ 30
milhões na ampliação do Terminal Multimodal de Ribeirão Preto, para
aumentar a capacidade de recepção, armazenagem e expedição de açúcar,
além de maior velocidade nas operações, que são feitas pela Ferrovia
Centro-Atlântica (FCA).
Segundo seu presidente-executivo, Paulo Roberto de Souza, a
Copersucar terá mais três terminais multimodais para o escoamento de
açúcar até 2015, dois no estado de São Paulo e um em Minas Gerais.
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