segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Etanolduto começa a funcionar em março 05/11/2012


Sistema exclusivo para o transporte de etanol liga maior área produtora ao principal centro de distribuição


Gustavo Porto, de O Estado de S. Paulo
O trecho inicial do primeiro duto do mundo para o transporte exclusivo de etanol já está completamente enterrado nos 215 quilômetros que separam Ribeirão Preto (SP), principal polo produtor, e Paulínia (SP), maior centro distribuidor do combustível do País. Com o cronograma cumprido à risca e custo de R$ 1 bilhão, o trecho será inaugurado e entrará em fase de pré-operação em março de 2013, pronto para escoar o álcool produzido já na próxima safra de cana, iniciada em abril.

"A obra está na fase de construção do centro coletor do combustível, em Ribeirão, e no distribuidor, em Paulínia, rigorosamente dentro do cronograma; vamos fluir etanol por São Paulo em março", disse Alberto Guimarães, presidente da Logum. A companhia constrói e vai operar o empreendimento de R$ 7 bilhões, que transportará, por 1,3 mil quilômetros de dutos, até 2016, o álcool de cana entre os centros produtores e consumidores de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Já no início da operação entre Ribeirão Preto e Paulínia, o etanol poderá chegar até o Rio de Janeiro por meio da conexão dos dutos da Petrobrás, uma das sócias do empreendimento. A estatal tem 20% da Logum, mesmo porcentual das sócias Raízen, Copersucar e Odebrecht/ETH. Além delas, Uniduto e Camargo Corrêa - que toca a obra - têm 10% cada. O etanolduto deve transportar mais de 20 bilhões de litros por ano com tancagem para 1,2 bilhão de litros de álcool quando a obra for concluída.
Sigilo
Segundo Guimarães, a Logum já está em fase final de negociação e elaboração de contratos com os primeiros clientes - entre usinas, distribuidoras e tradings - para o início do escoamento. Ele mantém os nomes dos potenciais clientes em sigilo, bem como o valor da tarifa para o transporte, que será publicada pela companhia no início das operações e terá a fiscalização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). "Nossa tarifa entre dois pontos vai ser, no mínimo, 20% inferior ao equivalente rodoviário e terá descontos maiores de acordo com os volumes e distâncias percorridas", garantiu. "Aos produtores, vamos ainda oferecer um serviço para a coleta do etanol nas usinas e levá-lo até Ribeirão Preto."
Previsto para começar a ser construído em novembro deste ano, o segundo trecho do etanolduto, nos 136 km entre Ribeirão Preto e Uberaba (MG), terá início em março e estará pronto em meados de 2014. Segundo o presidente da Logum., o atraso ocorreu por problemas técnicos e ainda pelo início do período de chuvas na região.
Em julho de 2013, ainda com a obra de entrada no trecho mineiro do etanolduto em andamento, a companhia iniciará o trecho entre Uberaba e Itumbiara (GO), o penúltimo antes da chegada a Jataí (GO), o ponto final. A obra prevê ainda a interligação, por meio de um ramal, de Paulínia às margens da Hidrovia Tietê-Paraná, em Anhembi (SP), para a coleta do etanol transportado por barcaças, bem como a exportação, via oceano Atlântico, em Caraguatatuba (SP).
A exportação do etanol, aliás, originou o primeiro projeto de um etanolduto, quando ainda era tocado pelo consórcio PMCC (Petrobrás, Mistui e Camargo Corrêa). No entanto, com a fusão da PMCC com outros projetos, o nascimento da Logum, a oferta ainda restrita e a demanda externa volátil de etanol, o projeto migrou para a distribuição do combustível no mercado interno. "O projeto de exportação não vai morrer e já no início da operação poderemos escoar 2 bilhões de litros, mas a prioridade é abastecer o mercado interno e só vamos avaliar os próximos passos, incluindo o escoamento em Caraguatatuba, em 2016", concluiu.

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