quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Líbia contribuiu com a metade do dinheiro para a oposição síria 07/11/2012





A maior fonte de recursos financeiros da oposição síria não é nenhum reino petrolífero da península Arábica, nem alguma organização de espionagem ocidental, mas a Líbia, país devastado pela guerra, que passa por enormes dificuldades e está se recuperando de um conflito civil devastador.

De acordo com um orçamento divulgado pelo Conselho Nacional Sírio e postado em seu site na internet no domingo, o governo líbio contribuiu com US$20,3 milhões dos US$40,4 milhões que o grupo oposicionista abrangente arrecadou desde que foi criado, em agosto de 2011.

O Qatar deu US$15 milhões, e os Emirados Árabes Unidos contribuíram com US$5 milhões, segundo o documento.

Diferentemente do Qatar e EAU, que são monarquias absolutistas, a Líbia começou a trilhar um caminho acidentado rumo à democracia e compartilha uma visão ideológica com os revolucionários sírios.

Rica em petróleo, a Líbia emergiu como uma das primeiras e mais firmes fontes de apoio do levante sírio. Possivelmente dezenas, se não centenas, de veteranos da insurgência rebelde contra o coronel Muammar Gaddafi viajaram à Síria para combater o regime do presidente Bashar Assad. O chanceler interino líbio disse este mês que seu governo não pode impedir nem condenar líbios que vão combater na Síria.

O governo líbio esteve entre os primeiros governos árabes a romper relações com o regime de Damasco. Mas alguns líbios questionam o gasto com a Síria, especialmente em vista de questionamentos sobre o comportamento violento e radical de alguns grupos oposicionistas armados sírios.

"Acho que não temos justificativa legítima para pagar este dinheiro, e ao que ele se destina? Estamos dando dinheiro à Al Qaeda ou aos rebeldes na Síria?" indagou o analista independente Abdel Hamid el-Jadi, monitor fiscal em Trípoli. "Trata-se de dinheiro do povo líbio. Sim, a revolução é ótima. Mas há a Al Qaeda na Síria. Isso não é revolução."

A divulgação do orçamento do Conselho Nacional Sírio parece ter tido por objetivo reforçar a credibilidade de organização, com a transparência quanto a seu financiamento. De acordo com o documento, o CNS ainda tem cerca de US$10,7 milhões guardados.

O relatório decompõe os gastos por categorias e por critérios geográficos. De acordo com o documento de seis páginas, 11% do dinheiro recebido foi usado para gastos fixos gerais, sendo o resto usado para ajudar sírios no país ou que estão refugiados em países vizinhos.

Cerca de 7% dos recursos, ou mais ou menos US$2,8 milhões, foram alocados ao Exército Sírio Livre. Mais ou menos US$290 mil foram gastos com diárias de hotel para representantes do CNS em viagens ao exterior. A organização gastou cerca de US$160 mil com ajuda emergencial às duas províncias de maioria étnica curda no noroeste da Síria.

A divulgação do orçamento se dá no momento em que a organização enfrenta pressão internacional para juntar-se à oposição síria de base mais ampla, concretamente diluindo sua influência. Na semana passada a secretária de Estado, Hillary Clinton, pediu a criação de um novo organismo para melhor representar os grupos em campo no interior da Síria.

Num esforço aparente para reforçar seu status antes de uma reunião que terá lugar esta semana para discutir as propostas apoiadas pelos EUA, o CNS sírio anunciou na segunda-feira que vai ampliar sua base de membros para incluir mais pessoas de fora da Síria.

ATENTADO EM HAMA

A Síria foi abalada por mais um dia de violência pesada na segunda-feira. Um homem-bomba matou pelo menos 50 soldados do regime na província central de Hama, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, grupo de monitoramento pró-oposição sediado no Reino Unido.

Segundo o grupo, o atacante era da Frente al Nasra, um grupo islâmico extremista que vem tendo papel cada vez mais destacado no combate às forças do regime.

A mídia estatal divulgou um ataque suicida na província de Hama, mas disse que foram mortas apenas duas pessoas. Ainda segundo essa fonte, outra bomba matou 11 pessoas quando explodiu em Mezzeh, um bairro de alto padrão de Damasco.

Em outro incidente, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, pelo menos 20 rebeldes morreram no bombardeio aéreo de uma cidade em Idlib, enquanto cinco civis morreram quando um foguete atingiu um campo de refugiados palestinos em Damasco.

Ativistas também relataram a ocorrência de um ataque aéreo intenso sobre a cidade de Kafranabel, na província de Idlib, no norte do país, com um número desconhecido de mortos e feridos.

Agências internacionais

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