quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ONU condena pela 21ª vez consecutiva o embargo dos EUA a Cuba 14/11/2012





Cuba conseguiu ontem na Assembleia Geral da ONU uma contundente condenação ao embargo econômico que sofre há cinco décadas por parte dos Estados Unidos, país que na votação deste ano só teve como aliados Israel e o pequeno estado insulano de Palau.
Após quase três horas de debate no plenário da Assembleia Geral, a resolução de condenação ao embargo impulsionada por Cuba foi aprovada, pela 21ª ocasião consecutiva, com um arrasador resultado de 188 votos a favor, três contra e duas abstenções (Micronésia e Ilhas Marshall).
"É um ato de agressão e uma ameaça permanente contra a estabilidade de um país. É também uma grosseira violação das normas do comércio internacional, da livre navegação, e dos direitos soberanos dos Estados", denunciou durante o debate o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.
O ministro das Relações Exteriores cubano reivindicou ao presidente americano, Barack Obama, que inicie "uma nova política" em relação a Cuba em seu segundo mandato suspendendo o embargo, após denunciar que em seus primeiros quatro anos de governo houve um endurecimento dessas medidas.
"A realidade dos últimos quatro anos se caracterizou por um persistente recrudescimento do bloqueio econômico, comercial e financeiro, em particular de sua dimensão extraterritorial", afirmou Rodríguez.
O ministro acrescentou que o uso de retórica "menos estridente e ameaçadora" e a aprovação de medidas "parciais" de flexibilização das viagens "não conseguem ocultar o endurecimento do bloqueio" nos últimos quatro anos.
O chefe da diplomacia cubana aproveitou a tribuna da ONU para denunciar que os danos econômicos acumulados por um bloqueio que, segundo disse, segue "ancorado na Guerra Fria", superam US$ 1 trilhão desde sua imposição pela primeira vez em fevereiro de 1962, no governo do presidente John F. Kennedy.
Os EUA, por sua parte, voltaram a defender o embargo como "uma das ferramentas" que utiliza para promover a mudança na ilha, onde assegurou que persiste um dos regimes "mais estritos do mundo", sem liberdade econômica nem empresarial, nem de acesso à internet nem expressão.
Em representação do governo de Obama na Assembleia, Ronald Godard assegurou que os EUA são um dos principais parceiros comerciais de Cuba e disse que em 2011 foram realizados à ilha envios individuais (como pacotes de alimentos e remédios) avaliados em US$ 2 bilhões e empresas venderam produtos por outros US$ 300 milhões.
Os EUA, que reiteraram que "apoiam firmemente" o povo cubano, consideraram que esta nova resolução busca "um bode expiatório exterior à má situação econômica" da ilha, pela qual culpou às políticas do regime comunista durante os últimos 50 anos.
A solidão na qual se encontram os EUA a respeito de sua posição sobre o embargo voltou a ficar patente na Assembleia Geral, onde os países latino-americanos e caribenhos se uniram mais uma vez para voltar a solicitar o fim de medidas que, disseram, geram "enormes injustiças para o povo cubano".
A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), o Mercosul, a Comunidade de Estados do Caribe (Caricom) e alguns países individualmente, como México e Venezuela, insistiram que o embargo é contrário aos princípios da Carta das Nações Unidas e as regras do direito internacional.
Durante o debate voltaram a surgir críticas contra "medidas extraterritoriais" como a discutida lei Helms-Burton, enquanto Cuba pediu novamente a libertação dos cinco agentes cubanos condenados nos EUA por espionagem, para os quais pediu "um ato de justiça ou, pelo menos, uma solução humanitária".
Os países latino-americanos ressaltaram que a manutenção do embargo representa "renunciar à negociação, à diplomacia e ao diálogo" e advertiram, nas palavras do representante venezuelano, que os EUA "não alcançarão" seu objetivo de mudanças na ilha com medidas que são "um resíduo da Guerra Fria em pleno século 21".
EFE

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