quarta-feira, 14 de novembro de 2012

The Economist: Brasil colonizador 14/11/2012

Antônio Teodoro
ANTÔNIO TEODORO 
Artigo na publicação chega a usar o termo "lua de mel" para citar a forma positiva como estamos aproveitando as oportunidades no continente africano
Brasil 247 Em mais uma edição da importante revista The Economist, o Brasil esteve em suas páginas, e neste momento o assunto principal foi a forma como nossas empresas estão aproveitando as oportunidades de expansão e crescimento econômico no continente africano.
Neste artigo, a publicação chega a usar o termo "lua de mel" entre as nações para citar a forma positiva como estamos aproveitando esta oportunidade, além de relatar que a imagem brasileira ainda não é de imposição e nem rejeição, o que aprimora as relações comerciais e aproxima a população local ao empresariado brasileiro.
As primeiras movimentações de empresas de capital nacional já estão registradas desde a última década, porém, os grandes players que se encontravam em países como a Angola e Moçambique agregaram mercados ainda praticamente inexplorados, até mesmo por estes empresários que já conheciam o mercado consumidor. Logo, despertou-se o interesse de novas empresas e novos conglomerados, que começaram a mirar sua expansão naquele território.
Uma das dificuldades que as empresas brasileiras podem encontrar recai contra  a concorrência e as condições que as empresas chinesas possuem. O ambiente de competitividade contra os chineses é severamente influenciado pelo baixo custo de produção que eles conseguem oferecer, uma vez que possuem um fluxo de capital mais intenso que o disponibilizado pelos empresários brasileiros além de utilizar uma mão de obra trazidas dos rincões da China.
Por outro lado, as empresas brasileiras, como a Vale, por exemplo, esforçam-se para que se tenha em média 70% de trabalhadores locais em seus quadros. Tal atitude garante uma identificação e compromisso com as atividades empresariais muito mais eficientes do que a importação de trabalhadores, e isso é mais um fator que contribui para o fortalecimento das relações econômicas e diplomáticas entre as duas partes.
Assim, dentro deste cenário, as empresas brasileiras, principalmente de construção civil, estão conseguindo ampliar suas margens de lucros e ocupar regiões que antes não estavam no radar de interesse de grupos europeus, por exemplo.
Um diferencial apontado pela revista e realmente imprescindível para a concretização de uma aliança desenvolvimentista é a troca de tecnologia e conhecimentos. Tal atitude, que utiliza a EMBRAPA como uma das pontas, facilita a construção de uma via de mão dupla, que fomenta a integração econômica e até mesmo cultural.
De se destacar a proximidade proporcionada pela língua e clima, que complementam o rol de variáveis positivas a somar pontos na relação Brasil – África.
Por outro lado, cresce a preocupação de como os habitantes e a sociedade africana destes países com empresas brasileiras enxerga a atuação de nossas empresas. Não pesa neste momento um temor de que estejamos sendo avaliados como imperialistas e nem que isso possa tornar no médio prazo um fator de impedimento do desenvolvimento local.
Esta discussão de como a sociedade de Angola e Moçambique, por exemplo, enxergam as empresas brasileiras que ali estão desempenhando papel importante de construção de infraestrutura para aquelas nações também deve ser transportada para a América do Sul e nossas relações diplomáticas delicadas com nossos vizinhos.
Mesmo que a política externa adotada pelo governo Lula tenha sido benevolente ao ponto de nos deixar em alguns momentos sob situações delicadas, o histórico de atuação de nossas empresas em outros países acaba muitas vezes sendo projetadas como impiedosos e até mesmo agressivos com alguns de nossos vizinhos.
Basta salientar que o governo argentino já empreendeu vários boicotes disfarçados às nossas empresas, além de ter enraizado em algumas partes da sociedade que o Brasil suplantou a importância da Argentina em nosso continente. E isso ainda é frequentemente questionado nas rodas de negociações internacionais.
Outro ponto a se destacar no que se refere à imagem das empresas brasileiras mundo afora é a forma como tratamos nossas relações com o Paraguai. É verdade e destacável que essa relação paraguaia tem muito mais a ver com os brasileiros que ali se erradicaram do que propriamente a atuação impositiva e soberana de empresas nacionais naquele país, além da infindável disputa sobre a energia gerada por Itaipu.
Ainda sofremos com alguns prejuízos devido a assinatura de acordos de cooperação que se tornaram verdadeiras armadilhas, sem o menor valor econômico e simplesmente cheios de  personificação diplomática.
A atuação de empresas brasileiras em outros países é importante para consolidar a visão de crescimento externa de nosso país, garantindo acesso a novos e promissores mercados, impulsionando a troca de conhecimento e tecnologia entre as nações e seus povos. Há uma oportunidade operacional muito forte nestes casos, e a animosidade na maioria das relações comerciais brasileiras garantem um ambiente positivo e um horizonte de trabalho concreto.

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