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EUA lançam esta semana drone totalmente autônomo; China avança no mesmo caminho
Richard Parker
Esta semana, a Marinha lançará um drone (avião não tripulado) de combate inteiramente autônomo - sem nenhum piloto no joystick - do convés do porta-aviões George H. W. Bush. O drone tentará pousar a bordo do navio, uma façanha que poucos pilotos humanos são capazes de realizar.
Esse exercício é o começo de um novo capítulo da história militar: a guerra de drones autônomos. Mas é também uma virada nefasta numa rivalidade militar potencialmente perigosa que está sendo formada entre os Estados Unidos e a China.
O X-47B, um avião invisível apelidado de
"Robot" (Robô) pelos marinheiros, é um pássaro grande - 11,4 metros de
comprimento e cerca de 19 metros de envergadura - que voa em velocidades
subsônicas com um alcance de mais de 3.200 quilômetros. Mas é a
tecnologia no interior do Robot que faz dele um elemento capaz de mudar o
jogo no Leste Asiático.
Sua decolagem, combate e pouso
completamente computadorizados criam a possibilidade de haver dezenas ou
centenas de seus sucessores engajados num combate ao mesmo tempo.
Ele também é capaz de suportar níveis de
radiação que matariam um piloto humano e destruiriam a eletrônica de um
jato normal. Além de bombas convencionais, sucessores desse avião de
teste poderão ser equipados para carregar um micro-ondas de alta
potência, um dispositivo que emite um feixe de radiação capaz de fritar
redes elétricas de um inimigo tecnologicamente equipado, destruindo
todas as coisas a elas conectadas, entre as quais as redes de
computadores que conectam satélites, navios e mísseis de precisão.
E essas, é claro, estão entre as
principais coisas nas quais a China investiu durante sua modernização
militar. Enquanto a Marinha dos Estados Unidos lança um drone autônomo, a
Marinha chinesa brinca de esconde-esconde com um voo pilotado do convés
de um porta-aviões.
Em novembro, a Marinha chinesa pousou um caça a jato J-15 no convés do porta-aviões Liaoning, o primeiro do país.
Embora a China ainda tenha um longo
percurso para desenvolver uma frota de porta-aviões que rivalize com a
dos Estados Unidos, o pouso revela suas ambições.
Com quase 500 mil marinheiros e
aproximando-se rapidamente de 1 mil embarcações, sua Marinha já é, por
certos parâmetros, a segunda maior do mundo.
Com essa nova Marinha, Pequim pretende
projetar seu poder a uma série de cadeias de ilhas no Pacífico: a
primeira se estende ao sul da Península Coreana, na costa oriental de
Taiwan, contornando o Mar do Sul da China, e a segunda vai do Japão para
sudeste até as Ilhas Bonin e Marshall, abarcando as Ilhas Marianas do
Norte, um território dos Estados Unidos, e Guam - uma base americana
crucial no Pacífico ocidental.
Alguma literatura não oficial dos militares chineses chega a mencionar uma terceira cadeia: as Ilhas Havaianas.
Para projetar esse tipo de poder, a
China depende não só da quantidade de seus navios, mas também da
qualidade de sua tecnologia.
Manter os americanos a meio oceano de
distância requer a capacidade de ataques de precisão de longo alcance - o
que, por seu lado, requer o reconhecimento por satélite, guerra
cibernética, comunicações codificadas e redes de computadores em que a
China investiu quase US$ 100 bilhões na última década.
Idealmente para ambos os países, os
esforços da China criariam um novo equilíbrio de poder na região. Mas
para compensar a vantagem numérica e os avanços tecnológicos da China, a
Marinha dos Estados Unidos está apostando pesadamente em drones - não
somente os X-47B e seus sucessores, mas drones de reconhecimento
antissubmarinos, drones de comunicações de longo alcance, até drones
submarinos.
Uma simples combinação de um drone de
reconhecimento Triton e um avião antissubmarino tripulado P-8A Poseidon
pode varrer 6,7 milhões de quilômetros quadrados de oceano numa única
missão.
Corrida pela tecnologia. A corrida
armamentista entre as maiores Marinhas do mundo compromete a
possibilidade de se chegar a um novo equilíbrio de poder, e eleva a
possibilidade de colisões inesperadas à medida que os Estados Unidos
mobilizarem centenas e até milhares de drones e a China procurar
maneiras de fazer frente ao novo desafio.
E os drones, por serem mais baratos e
dispensarem um piloto humano, baixam as barreiras a um comportamento
agressivo por parte dos líderes militares americanos - como farão com a
Marinha da China tão logo ela faça sua própria e inevitável investida
nas capacidades de drones (aliás, há relatos da semana passada de que a
China está preparando seu próprio drone invisível para testes de voo).
Por si mesmas, as rivalidades navais não
desencadeiam guerras. Em tempos de paz, aliás, as operações navais são
uma forma de diplomacia que oferece a rivais exibições saudáveis de
força que servem como elementos de dissuasão de uma guerra. Mas elas
também precisam ser cercadas de relações políticas maiores.
No momento, a relação Estados
Unidos-China é, sobretudo, no plano econômico. Enquanto essa relação
permanecer vibrante, um confronto não é do interesse de nenhuma das
partes. Mas se esse elo fino se partir restará pouca coisa de uma
relação política maior, para não falar de uma aliança, para ocupar seu
lugar.
A única barreira entre crise e conflito,
então, seriam duas Marinhas ainda maiores e mais perigosas preparadas
para travar um tipo de guerra com base em aviões não tripulados que
ainda não compreendemos completamente e, por isso, somos mais propensos a
enveredar por uma delas.
TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
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