quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Citação a Serra em email da Siemens torna CPI 'urgente' 08/08/2013

247 – Sempre chamou a atenção de presentes o fato de o atual vereador Andrea Matarazzo, tucano que foi secretário de Energia de São Paulo e presidente da Cesp (estatal modelo que fatiou em 11 partes para vender ao mercado), assoprar toda a fumaça de seus pulmões, ocupados pelo tragar de um cigarro, bem sobre o rosto de José Serra. Aconteceu assim, exatamente, na campanha municipal de 2004, logo após Serra deixar o cargo de ministro da Saúde com a marca de antitabagista. Ele nunca reclamava de Matarazzo. Começa-se a entender, agora, o porque da tolerância de Serra.
Neste momento, Serra e Matarazzo podem ir parar, juntos, numa mesma Comissão Parlamentar de Inquérito. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) começou nesta quinta-feira 8 a coleta das 171 assinaturas necessárias para a instalação da comissão na Câmara dos Deputados. Aos dois amigos tucanos, caso a CPI seja mesmo instalada, deverá se juntar outro, o ex-secretário de Transportes de Serra, José Luís Portela, o Portelinha.
No e-mail de um diretor da Siemens à sede mundial da empresa, em poder das autoridades brasileiras, Serra e Portela são citados como tendo participado de uma conversa em Amsterdã, na Holanda, com o representante brasileiro da multinacional Nelson Marquetti, na qual se definiu um acerto entre empresas para a venda e instalação de trens metropolitanos para São Paulo. Na época da covenrsa, durante o governo Serra em São Paulo,, a Siemens disputava com a espanhola CAF uma licitação milionária aberta pela CPTM para aquisição de 40 novos trens, e ameaçava questionar na Justiça o resultado da concorrência se não saísse vitoriosa.
A Siemens tinha a segunda melhor proposta da licitação, mas esperava ficar com o contrato se conseguisse desqualificar a rival espanhola, que apresentara a proposta com preço mais baixo. De acordo com a mensagem do executivo da Siemens, Serra avisou que a licitação seria cancelada se a CAF fosse desqualificada, mas disse que ele e Portella "considerariam" outras soluções para evitar que a disputa empresarial provocasse atraso na entrega dos trens. Segundo o e-mail, uma das saídas discutidas seria a CAF dividir a encomenda com a Siemens, subcontratando a empresa alemã para a execução de 30% do contrato, o equivalente a 12 dos 40 trens previstos. Outra possibilidade seria encomendar à Siemens componentes dos trens.
"Está demonstrada a participação de agentes públicos. Isso mostra a urgência de instalação de uma CPI", acredita o deputado Teixeira. "Na minha avaliação, está caracterizada fraude a licitação", afirma o deputado, referindo-se ao acerto, digamos, extra-judicial. "Com o envolvimento no nome do Serra, a suspeita sai da esfera apenas de funcionários da administração pública e vai para a esfera política, o que deve ser alvo de uma investigação dos deputados", afirmou.

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