Forças repressivas matam entre 43 e 250 pessoas
ao dispersarem duas acampadas mantidas pelos apoiantes do presidente
deposto Mohamed Morsi. Pelo menos 200 pessoas foram presas, entre elas
dirigentes da Irmandade Muçulmana.
Polícia prende dois manifestantes na praça Nahda, perto da Universidade do Cairo. Foto de Ahmed Assadi, EPA
A cobertura dos acontecimentos desta madrugada foi dificultada porque a polícia impediu o acesso dos jornalistas aos locais, mas um jornalista da AFP contou pelo menos 43 corpos – muitos com marcas de balas – alinhados na praça da mesquita de Rabaa al-Adawiya, no Leste do Cairo. O Ministério do Interior anunciou no início da manhã que estava a usar apenas gás lacrimogéneo para dispersar os ocupantes.
Esmagar os que se opõem ao golpe
“Esta não é uma tentativa de dispersão mas uma tentativa de esmagar de uma forma sangrenta toda a voz que se opõe ao golpe de Estado militar”, escreveu no Twitter o porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad el-Haddad, que afirmou que há pelo menos 250 mortos. “A polícia incendiou uma tenda de campanha sem se preocupar de ver se havia gente dentro, e havia mulheres que se tinham refugiado no seu interior”.
O Ministério do Interior só reconheceu cinco mortos.
Khaled Daoud, porta-voz da Frente de Salvação Nacional, um dos blocos de oposição a Morsi, disse que as acampadas dos manifestantes pró-Morsi não eram pacíficas porque bloqueavam ruas e provocavam confrontos em que foram vistos simpatizantes da Irmandade Muçulmana com armas.
Entretanto, o governo interino formado pelos militares ordenou a suspensão da circulação de comboios para impedir manifestações nos arredores da capital. A BBC adianta que há já notícia de manifestações em Alexandria, grande cidade do Norte que é um dos bastiões da Irmandade, e em Assuão, no Sul.
Nomeação de generais para governos provinciais
O governo interino anunciou a nomeação de generais para os cargos de governador de 19 das 25 províncias do Egito, substituindo os que tinham sido indigitados há poucos meses por Morsi. As novas autoridades dizem que o objetivo é reforçar a segurança no país, mas as nomeações são vistas como um sinal do regresso do autoritarismo ao maior país do mundo árabe, menos de três anos depois da revolução.
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