Este blogue não concorda com o Golpe. RESISTÊNCIA JÁ A morte da Marisa, não é diferente da morte dos milhares no Iraque, invadido, na Líbia destroçada, entre outros, as mãos são as mesmas, acrescentadas dos traidores locais.
DIÁRIO DO OCUPA BRASIL link
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Timor-Leste - Encerrada Participação da ONU 31/12/2012
Timor Leste dá adeus às forças de manutenção da paz após 13 anos
Oficial
de Polícia da Malásia despede-se da UN Integrated Mission in Timor-Leste
(UNMIT), ao retornar para casa no processo de desativação já em
Novembro de 2012. Foto - UN
A participação na Força de Pacificação do Timor-Leste pelo Brasil,
2000, foi o início que levou à posterior participação no Haiti em 2004.
Infelizmente o Brasil encerrou a participação após a mesagem de Bin Laden que os países estavam retirando o Timor-Leste do seio muçulmano.Em 2006 surge a UN Integrated Mission in Timor-Leste (UNMIT), composta basicamente por Forças Policiais.
O Editor
A ONU concluiu a sua missão de manutenção da paz no Timor-Leste neste domingo, 13 anos depois de ter chegado à nação mais nova da Ásia em meio a uma transição sangrenta para a independência.
Infelizmente o Brasil encerrou a participação após a mesagem de Bin Laden que os países estavam retirando o Timor-Leste do seio muçulmano.Em 2006 surge a UN Integrated Mission in Timor-Leste (UNMIT), composta basicamente por Forças Policiais.
O Editor
A ONU concluiu a sua missão de manutenção da paz no Timor-Leste neste domingo, 13 anos depois de ter chegado à nação mais nova da Ásia em meio a uma transição sangrenta para a independência.
A missão, que contou com a presença de
cerca de 1.500 soldados e policiais da ONU, vai recolher sua bandeira e
mandar de volta para casa os seus últimos integrantes, enquanto uma
"equipe de liquidação" de 79 oficiais vai permanecer para encerrar as
últimas ações das Nações Unidas.
A missão começou a retirar suas tropas
em outubro, quando a polícia nacional assumiu a responsabilidade pela
segurança, após eleições pacíficas para presidente e para o Parlamento.
"O povo timorense e seus líderes têm
demonstrado coragem e uma inabalável vontade de superar os grandes
desafios que virão," indicou em um comunicado o chefe da Missão
Integrada das Nações Unidas no Timor-Leste (UNMIT), Finn Reske-Nielsen.
"Apesar de haver muito trabalho pela frente, este é um momento histórico que consagra um progresso já concluído."
Reske-Nielsen indicou que a retirada não marcou o final da parceria entre a ONU e o país, pois "ainda existem desafios".
"No momento em que as forças de
manutenção da paz se despedem, nós esperamos que haja uma nova fase
nesta relação tendo como foco o desenvolvimento social e econômico."
Analistas consideram que há poucas
indicações de que possa haver uma retomada da violência a curto prazo,
mas as instituições públicas, incluindo a força policial e o setor
judiciário, permanecem frágeis.
Também há fortes preocupações de que a
pobreza, os altos índices de desemprego entre os jovens e uma população
que cresce rapidamente possam levar a um aumento da violência no futuro.
Críticos do governo destacam a forte
dependência da economia timorense das reservas de petróleo e gás, que,
segundo eles, beneficiam mais as populações urbanas de Timor do que os
empobrecidos dos campos.
A ONU desempenhou um papel-chave no
nascimento de Timor Leste, organizando a votação que pos fim a 24 anos
de domínio da Indonésia, que ocupou o país após a saída dos portugueses
em 1975. O brutal domínio indonésio causou a morte de 183.000 pessoas --
um quarto da população na época.
O processo foi concluído em 2002, quando um governo independente assumiu.
As forças de paz voltaram novamente a
entrar em ação em 2006, quando uma deserção em massa nas forças armadas
causou conflitos entre facções militares e policiais, e a violência nas
ruas deixou pelo menos 37 mortos e dezenas de milhares de deslocados.
O único episódio de violência mais
grave depois disso foi a tentativa de assassinato do então presidente
José Ramos-Horta em 2008.
ESPANHA - Anuncia Dissolução das Forças Armadas 31/12/2012
O Presidente do Gverno da Espanha Mariano Rajoy Brey, anunciou na sexta-feira (28 Dezembro), a dissolução das Forças Armadas como medida de economia
O presidente do Governo Espanhol, Mariano Rajoy, na base de Qala-i-Naw,
Afeganistão, 22 Dezembro 2012, na primeira visita em um ano de governo.
Na oportunidade afirmou que o ano de 2013 seria difícil
Agência DefesaNet
O processo anunciado na última reunião do Conselho de Ministros durará mais de uma década e culminará em 2023. O próprio Presidente do Governo da Espanha, Sr Mariano Rajoy, compareceu a uma coletiva de imprensa para avaliar o seu primeiro ano de governo, após uma reunião do Conselho de Ministros, para anunciar a importante medida: a progressiva eliminação das “Fuerzas Armadas de Espanha”. Rajoy, que estava acompanhado de Soraya Sainz de Santamaría, porta-voz e vice-presidente, e do Ministro de Defesa Pedro Morenés, explicou que o desmantelamento será progressivo e durará toda uma década, estando prevista sua conclusão para 2023.
Rajoy, recordou que foi o seu próprio grupo político o Partido Popular (PP), que propôs o fim do Serviço Militar Obrigatório, quando era governo o Sr. José María Aznar,. Agora apresenta esta medida que está em estudo há vários meses, já discutida e em consenso com os parceiros europeus, como os governos dos países participantes da OTAN. A eliminação das “Fuerzas Armadas”, terá que gerar uma reforma da constituição da Espanha, que também está acordada com os principais partidos presentes no parlamento espanhol.
"La falta de amenazas de tipo militar en la zona del mundo que ocupamos aconseja tomar esta medida, que es la mejor posible para la nación en estos momentos, y centrar los esfuerzos en la prevención y abordaje de amenazas más importantes e inmediatas que las bélicas, como puedan ser el desempleo o la crisis económica", afirmou Rajoy.
Afirmou que o processo não será traumático e que não há motivos para alarmes, pois a "España se dispone a recorrer el mismo camino que antes han transitado pacíficamente otros países como Costa Rica, Islandia o uno con el que tenemos frontera: Andorra, los cuales no tienen ejército desde hace décadas", complementou Rajoy.
As ações da Espanha são uma experiência piloto que poderia ser imitada por outros países da região. Com esta medida o objetivo é obter uma importante economia de recursos do Tesouro Nacional, economia que vai aumentando até a meta de 40 Bilhões de Euros em 2023. As economias nos primeiros anos serão pequenas, já que o Governo da Espanha deve fazer frente a uma dívida de cerca de 33 Bilhões de Euros contraída nos programas de aquisição e modernização de armamentos.
Processo Complexo e Longo.
Fontes militares confirmaram que o desativação das Fuerzas Armadas será longo e difícil, mas que confiam que o dilatado prazo previsto, superior em mais do que uma década, resulte suficiente. Durante este tempo uma comissão interministerial que será criada, em coordenação com o próprio Estado-Maior do Exército, deverá fechar as instalações militares de forma progressiva. Um problema a ser resolvido é o que será feito do arsenal. A ideia inicial é dar baixa dos equipamentos mais antigos, processo que já está em curso com alguns navios: como o submarino S-72 Siroco, o navio de desembarque Pizarro e o emblemático porta-aviões Príncipe de Asturias.
O mesmo processo será adotado com o parque de veículos do “Ejército de Tierra” e com algumas aeronaves de aviação que estão obsoletas. Não é descartado vender parte do equipamento, que estão em melhor estado para outros países para recuperar parte do investimento realizado, mas a idéia principal é de adequar todo o material que seja possível ao emprego civil como o parapúblico (Polícia, Bombeiros, Busca e Salvamento, etc). Neste sentido as brigadas de bombeiros e do meio ambiente, as de salvamento marítimo e as de ação em caso de catástrofes irão receber um importante reforço.
Numerosas instalações ficarão disponíveis, atualmente em poder das Forças Armadas tais como: quartéis, academias, hospitais, polígonos de tiro e campos de treinamento, bases navais e aéreas, etc.. Todas estas propriedades ficarão disponíveis do uso militar em um prazo de dez anos e serão passados a outras funções ou administrações: central (governo), províncias ou municipais, as quais poderão destinar estes espaços para usos sociais das mais variadas formas, incluindo atividades econômicas que criem empregos.
Mão de Obra será realocada
Uma questão que Mariano Rajoy insistiu em esclarecer é que o atual nível de pessoal das Forças Armadas espanholas, umas 125.000 pessoas entre tropas e oficiais, não devem temer pelo seus empregos. Os contratos de curta e média duração serão mantidos durante o tempo que durar o processo de transição.
A redução dos efetivos será feita durante a convocação com a oferta para preencher os postos faltantes. Aqueles que têm contratos assinados de longo até os 45 ou 58 anos serão mantidos em seus postos até 2023, e no caso de seu contrato seguir em vigência serão destinados a outros postos de caráter civil na própria administração central. Com respeito a oficialidade, serão incentivadas a passagem para a reserva antecipada, e para aqueles que permaneceram nas Forças Armadas após 2023, serão criados postos de caráter civil, do mesmo nível e salário, na administração do governo.
Ainda que se espere que os efetivos das Forças Armadas cheguem em 2023 bem reduzidos (reserva, fim de contratos, abandonos voluntários, etc.), a idéia é ter um contingente de profissionais bem preparados que possam reforçar os serviços de logística e emergência de tipo civil. Estes tipos de serviços são precisamente os que o Governo espera melhorar com o dinheiro que antes era destinado ao uso militar. O pessoal do Exército que será transferido a estes serviços será reciclado, recebendo, com custo do próprio Estado, a formação profissional correspondente a sua nova função.
Nervosismo na indústria militar
Recebido com aparente tranquilidade mo meio militar, o comunicado presidencial, também são ouvidas vozes críticas. Especialmente contundentestem sido as oriundas da principal associação de industrias espanholas do setor de defesa. Esta sem rodeios acusa de "traición" a decisão do governo de Mariano Rajoy e alerta ao golpe recebido que muitas empresas deverão encerrar as suas atividades.
O Sr Pedro Argüelles, Secretário de Estado de Defesa, anunciou a criação de plano de reconversão e realocação da mão de obra através de entidades governamentais para aqueles oriundos de empresas de defesa em dificuldades.
Há uma declaração que mostra um primarismo de análise pelo atual governo espanhol: "O pessoal será realocado na sua totalidade nos novos serviços novos serviços públicos que serão criados com a economia obtida na área militar", completou Argüelles.
Porém, o que é proposto pelo governo espanhol é algo incrível. As perdas econômicas que possam ser oriundas da falta de investimentos do governo espanhol neste tipo de indústria, terão de ser assumidas pelos proprietários das mesmas, na sua maior parte empresas multinacionais e bancos, que não socializaram seus ganhos em tempos de bonanza econômica.
O foco especial é a empresa estatal naval "NAVANTIA", atualmente com fortes perdas, a será reconvertida em sua integralidade e orientada para a construção e reparos navais.
A indústria de Defesa Espanhola no Brasil
A NAVANTIA concorre atualmente no Programa PROSUPER da Marinha do Brasil ( 5 escoltas, 5 OPVs e 1 navio de apoio).
A modernização dos P3AM e a instalação dos sistemas e sensores foi realizados pela EADS España.
A TECNOBIT que desenvolve o Simulador de Apoio de Fogo (SAFO) para o Exército Brasileiro.
A companhia de eletrônica INDRA fornece antenas e terminais de comunicação satelital.
Dilma destaca criação de 1,77 milhão de empregos e novo mínimo 31/12/2012
A presidenta Dilma Rousseff fez nesta segunda-feira (31) um balanço das ações do governo federal em 2012, destacando resultados como a criação de 1,77 milhão de empregos com carteira assinada entre janeiro e novembro e de mais 35 mil vagas nas universidades federais.
No programa semanal de rádio Café com a Presidenta, ela lembrou que, a partir de amanhã (1º), o valor do salário mínimo passa a ser R$ 678 – um aumento de 9%. “Estamos aumentando, a cada ano, o poder de compra dos trabalhadores, dos aposentados e dos pensionistas do INSS [Instituto Nacional do Seguro Social]. Além de justa, essa política é importante para o crescimento da economia e ela acaba beneficiando todos os brasileiros”, avaliou.
Outra ação destacada pela presidenta é a isenção de cobrança de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 6 mil de participação nos lucros das empresas. Segundo Dilma, a medida era uma reivindicação das centrais sindicais e representa um estímulo aos trabalhadores que conseguiram negociar com as empresas a distribuição de parte do que elas lucraram ao longo do ano.
Dilma também falou sobre a decisão do governo de reduzir a conta de energia elétrica a partir de fevereiro do próximo ano. Ela lembrou que as tarifas cobradas no país estavam entre as mais elevadas do mundo. “Agora, com a redução, nós melhoramos a vida das pessoas e a nossa indústria vai ter melhores condições para produzir mais, porque vai ser mais competitiva no mercado internacional e vai aumentar também a sua produção no mercado nacional.”
Ao final do programa, Dilma fez votos aos brasileiros de um 2013 com muita prosperidade e alegria.
Fonte: Agência Brasil
“Bahia de Todas as Cores” livro de Carlos Roberto Chaves Faria 31/12/2012
Por Vaas
O fotógrafo e dentista Carlos Roberto Chaves Faria nasceu em Salvador (BA), em 1968, e começou a fotografar aos 30 anos de idade. É autor do livro “Bahia de Todas as Cores”, lançado na Galeria do Livro & Arte, em Salvador.
Carnaval de Maragojipe
Alegria, Alegria
Romaria do Padre Cícero
Metropolitano
Bicho Maluco Beleza
Lavagem do Bonfim
2011 é D'oxum
Procissão das Almas em Mariana-MG
Cavalhadas - Pirenópolis-GO
Cavaleiro Cristão
Na Janela
Lá vem a Bahia subindo a ladeira!
Esperança
Maracangalha
flickr.com/robertofaria
O fotógrafo e dentista Carlos Roberto Chaves Faria nasceu em Salvador (BA), em 1968, e começou a fotografar aos 30 anos de idade. É autor do livro “Bahia de Todas as Cores”, lançado na Galeria do Livro & Arte, em Salvador.
Carnaval de Maragojipe
Alegria, Alegria
Romaria do Padre Cícero
Metropolitano
Bicho Maluco Beleza
Lavagem do Bonfim
2011 é D'oxum
Procissão das Almas em Mariana-MG
Cavalhadas - Pirenópolis-GO
Cavaleiro Cristão
Na Janela
Lá vem a Bahia subindo a ladeira!
Esperança
Maracangalha
flickr.com/robertofaria
Petrobras adquire área para exploração na Bolívia 31/12/2012
A Petrobras adquiriu uma nova áreas para explorar hidrocarbonetos no oriente e no sul da Bolívia, informou neste domingo a empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).O vice-presidente de Administração, Contratos e Fiscalização da YPFB, Luis Alberto Sánchez, assinou uma resolução administrativa que repassa a Petrobras a área de Cedro, na região oriental de Santa Cruz.A YPFB convocou no início de dezembro um processo de licitação pública internacional para leiloar cinco áreas para a prospecção e exploração de hidrocarbonetos.
domingo, 30 de dezembro de 2012
Outra vez a Comuna de Paris 30/12/2012
13/11/2012, Juliet Jacques, NewStateman (com intervenções)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Barricadas frente à Madeleine, na Comuna de Paris. Imagem via WikiCommon |
Epígrafe
acrescentada pelo pessoal da Vila
Vudu:
Tese
8: “Os
teóricos que reconstituem a história deste movimento, colocando-se do ponto de
vista omnisciente de Deus que caracterizava o romance clássico, mostram sem
dificuldade que a Comuna estaria objetivamente condenada, que não teria
superação possível. Mas para os que viveram o acontecimento, a superação estava
ali”.
Tese
13:
“A guerra social de que a Comuna constitui um momento continua sempre (por muito
que tenham mudado algumas condições superficiais). Sobre o trabalho de “tornar
conscientes as tendências inconscientes da Comuna” (Engels) ainda não foi dita a
última palavra”.
Guy
Debord em: “14
Teses sobre a Comuna de Paris”, Internationale
Situationiste,
n. 7, Abril de 1962
Émile Zola |
Apesar do
curto período de existência, de março a maio de 1871, a Comuna de Paris inspirou um
romance de Émile Zola (La Débâcle, 1892), filmes de Grigori Kozintsev e Peter
Watkins, e várias análises propostas por pensadores socialistas, a começar por
A
Guerra Civil na França, de Karl Marx, sobre o que o curto sucesso e
o estrondoso fracasso da Comuna têm a ensinar aos muitos, sobre como reorganizar
a sociedade.
De fato, a única
correção que Marx e Engels fizeram ao Manifesto
Comunista brotou de lição da Comuna, a qual, escreveram eles, demostrara que
“a classe trabalhadora não pode apenas ocupar a máquina já existente do Estado
para usá-la para seus próprios objetivos”.
Prosper-Olivier Lissagaray |
A narrativa da Comuna tornou-se
profundamente ideologizada, depois que as tropas da 3ª República francesa a
esmagaram, ainda furiosas pela derrota da França na guerra franco-prussiana
e pelo acordo
punitivo de janeiro de 1871.
Agora,
já praticamente em 2013,
a editora Verso volta a editar a seminal História da Comuna de Paris (em português) do communard Prosper-Olivier
Lissagaray (1838-1901), publicada em francês pela primeira vez em 1876, com
Lissagaray ainda exilado na Bélgica, e traduzida
ao inglês por sua
mulher, Eleonora Marx [filha de Marx].
Com
essa história detalhadíssima, Lissagaray visava a combater “as mentiras e
calúnias burguesas” que se seguiram à supressão da Comuna, para extrair lições e
demarcar os fatos para historiadores futuros.
Eleonora Marx |
O
que os leitores contemporâneos aprendem da história de Lissagaray?
A palavra “comuna” sugere
“comunismo”, mas já era usada para designar o conselho da cidade, como
autoridade local autônoma. A denominação tem raízes na Revolução Francesa, e já
houvera uma comuna de Paris entre 1789 e 1795, a qual, sob controle dos
jacobinos, recusara-se a obedecer ordens do governo central depois de
1792. A
Comuna de 1871 aconteceu depois de Paris ter sido sitiada pelos prussianos,
cerco que começou em setembro de 1870, depois do colapso do Segundo Império de
Napoleão III. Preparando para o ataque iminente,
a Guarda Nacional Francesa foi aberta para a classe trabalhadora parisiense, que
elegeu seus próprios líderes do Comitê Central da Guarda. Muitos desses líderes
eram radicais, republicanos ou socialistas jacobinos, sobretudo no norte, os
mesmos que, adiante, tornaram-se líderes da Comuna.
Essa
guarda parisiense destinava-se a defender a cidade contra a invasão prussiana e
pela restauração da monarquia, sobretudo depois que, nas eleições para a
Assembleia Nacional, em fevereiro de 1871, os monarquistas perderam a maioria.
Cada dia mais radical, a Guarda Nacional parisiense acumulou armamento pesado;
até que, no dia 18/3/1871, Adolphe Thiers, eleito recentemente “Autoridade
Executiva” do novo governo, e temeroso das consequências de a municipalidade em
Paris estar tão pesadamente armada, ordenou que os soldados confiscassem toda a
munição que havia em Montmartre. Os parisienses revoltaram-se; dois generais
foram assassinados; Thiers recolheu-se, com todo o gabinete administrativo, para
o Palácio de Versailles, deixando um vácuo de poder, que foi rapidamente
preenchido pelo Comitê Central da Guarda Nacional parisiense.
A
Comuna nasceu sitiada, o que tornou absolutamente urgente e necessário
distribuir comida, dinheiro e armas entre os communards; nasceu também
constituída de trabalhadores; e a constituição operária do Comitê Central da
Comuna de Paris tornou-o excepcionalmente interessante para Marx e seus
seguidores. Embora separasse estado e igreja; tenha cancelado aluguéis a pagar
durante o sítio; tenha abolido o trabalho noturno nas padarias e todos os tipos
de juros sobre dívidas; e admitisse que os operários ocupassem lojas e fábricas
abandonadas, a Comuna nunca foi formalmente socialista – as ideias de Marx ainda
não haviam penetrado na esquerda francesa; e, em 1871, os teóricos utopistas,
como Charles Fourier, já haviam saído de moda.
Louis-Auguste Blanqui |
Louis-Auguste
Blanqui – que tentara assumir o poder em outubro de 1870; que viu seu projeto
sobreviver apenas 12 horas; e que foi preso um dia antes de as tropas chegarem a
Montmartre para desarmar a guarnição local – era, então, ainda, o pensador mais
influente. Por isso os Communards fizeram várias tentativas para
libertá-lo, tentando uma troca de prisioneiros: Blanqui, em troca de padres que
os Communards tomavam como reféns. Thiers rejeitou todas as propostas.
Mas
eram poucos, entre os Communards, os que partilhavam o desejo blanquista
de implantar uma ditadura do proletariado; a maioria tendia a eleger membros
para o Comitê e o novo Conselho Executivo. Para Lissagaray, o principal problema
parecia ser a falta de ideologia e de organização. As eleições elegeram
radicais, moderados e conservadores, e não havia qualquer linha partidária por
trás da atividade da Comuna; os líderes consumiam tempo precioso em infindáveis
discussões, quando o mais urgente seria agir contra a mobilização dos soldados
de Thiers em Versailles.
Lissagaray
aponta, logo à primeira página, para a divisão insuperável entre a esquerda
radical e a esquerda parlamentar (a esquerda parlamentar já aliada, de fato, a
Thiers). A desunião tornar-se-ia afinal pública, entre o Comitê Central e o
Conselho Executivo da Comuna; separação provocada, pelo menos em parte, por o
Comitê não se decidir a assumir o controle sobre Banco da França.
“Naqueles
cofres (...) há 4,6 milhões de francos” – Lissagaray lamenta – “mas as chaves
estão em Versailles; e, dada a tendência do movimento para conciliar-se com os
prefeitos [delegados Varlin e Jourde, do Comitê Central da Comuna], ninguém se
atreve a arrombar os ferrolhos e fechaduras”.
Essa
decisão tornou-se a mais amplamente criticada em todas as histórias que se
escreveram depois. Foi bem claramente a decisão, considerada isoladamente, que
Lissagaray mais profundamente lamenta. Escreveu que o governo da Comuna optou
por “submeter-se ao Banco da França”, opção que potencializou o fracasso mais
amplo de só fazer aprovar “legislação insignificante (...), sem plano militar,
sem programa (...), deixando-se arrastar em discussões em que nada se decide e a
partir das quais nada se faz”.
O
caos assim gerado – que se percebe no tom de absoluta urgência que há no texto
de Lissagaray e, até, na dificuldade que o leitor encontrará, ainda hoje, para
compreender e acompanhar as rápidas modificações na estrutura da Comuna – levou
à ditadura.
Em
pouco tempo, um novo Comitê de Segurança Pública sobrepujou o Conselho, que
cometeu o erro de não admitir que o povo participasse de suas reuniões, o que
gerou a imagem de que seria paranoico e antidemocrático; e assumiu a
responsabilidade pela defesa de Paris.
Daí
em diante, a Comuna ficou à mercê dos líderes militares, cuja negligência e
insuficiente competência tática – sobretudo ao instalar barricadas, já tornadas
inúteis depois que o Barão Haussmann reformara Paris nos anos 1860s – a
condenaram à derrota.
A
retaliação foi violenta: 3.000 parisienses mortos ou feridos nas batalhas de
maio de 1871; e Lissagaray estima que cerca de 20 mil morreram até meados de
junho – três mil a mais do que admitidos pela justiça militar do governo. Muitos
mais foram presos, na França e nas colônias; só foram anistiados em julho de
1880.
Guy Debord |
Os Situacionistas Guy Debord,
Attila Kotányi e Raoul Vaneigem, em suas Teses
sobre a Comuna de Paris
publicadas em março de 1962,
procuraram separar a experiência da Comuna, de tentativas anteriores, para
inferir dela uma teoria de como poderia funcionar uma ditadura do proletariado.
Escreveram
que “A Comuna de Paris foi vencida menos pela força das armas que pela força do
hábito. O exemplo prático mais escandaloso foi a recusa em recorrer ao canhão
para tomar o Banco de França, quando o dinheiro fazia tanta falta. Enquanto
durou o poder da Comuna, a banca permaneceu como um enclave em Paris, defendida
por algumas espingardas e pelo mito da propriedade e do roubo. Os restantes
hábitos ideológicos foram desastrosos sob todos os pontos de vista (a
ressurreição do jacobinismo, a estratégia derrotista das barricadas em memória
de 48, etc.)” (Tese n. 8).
Escreveram
que “Há que retomar o estudo do movimento operário clássico de uma forma
desenfeudada e em primeiro lugar desenfeudada das diversas classes de herdeiros
políticos ou pseudo-teóricos, pois não possuem mais que a herança do seu
fracasso. Os êxitos aparentes deste movimento são os seus fracassos fundamentais
(o reformismo ou a instalação no poder de uma burocracia estatal) e os seus
fracassos (a Comuna ou a revolta das Astúrias) são até agora os seus êxitos
abertos, para nós e para o futuro”. (Tese 1).
Talvez
cada geração, posta ante diferentes crises do capitalismo, que as gerações
anteriores não conheceram, identifique diferentes lições na Comuna
(...)
Terceiro navio de desembarque russo partiu para a Síria 30/12/2012
Porto de Tartus
|
© Flickr.com/ syrialooks /cc-by-nc-sa 3.0
|
O navio de desembarque Novocherkassk, da Esquadra do Mar Negro, zarpou da base naval de Novorossiisk rumo ao porto sírio de Tartus, informou hoje uma fonte no Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia.
Em 31 de dezembro, o Novocherkassk deverá
passar pelos estreitos de Bósforo e dos Dardanelos, saindo para o Mar
Egeu. O navio tem a bordo uma unidade de fuzileiros navais e várias
unidades de material de guerra. O Novocherkassk chegará a Tartus na primeira semana de janeiro.
Dois outros navios de desembarque, o Azov e Nikolay Filchenkov, com fuzileiros e material de guerra a bordo, passaram os referidos estreitos em 28 de dezembro, acompanhados pelo cruzador Moskva, rumo às costas da Síria.
Brasil prepara plano para ampliar mão de obra estrangeira 30/12/2012
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
O governo quer fazer do Brasil um país mais aberto a imigrantes
estrangeiros do que nações como Canadá e Austrália, famosas por buscar
ativamente esse tipo de mão de obra.
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República vai propor em março uma série de medidas para elevar a entrada de mão de obra estrangeira qualificada no Brasil e aumentar a competitividade do país, informou à Folha Ricardo Paes de Barros, secretário de Ações Estratégicas da SAE.
Entre as propostas em estudo, adiantou Paes de Barros, está o fim da exigência de contrato de trabalho para conceder visto para profissionais altamente qualificados.
Um estrangeiro com um doutorado em engenharia no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), por exemplo, poderia emigrar para o Brasil sem um contrato de trabalho fechado e prospectar empregos aqui. Hoje, ele só consegue visto de trabalho quando já tem contrato.
Outra proposta é permitir que estudantes de faculdades conceituadas do exterior façam "summer job" em empresas brasileiras, como meio de atrair essa mão de obra.
O "summer job" é um estágio de férias, tradicional em pós-graduações no exterior e muito usado para recrutar os alunos mais destacados.
Outra medida, diz Paes de Barros, é flexibilizar regras ao estrangeiro que muda de emprego ou cargo no Brasil. "Hoje, um estrangeiro contratado pela Vale para trabalhar no Rio precisa refazer todo o processo no Ministério do Trabalho se for trabalhar na Vale no Espírito Santo, por exemplo, ou se for promovido pela mesma empresa", afirma o secretário.
O Brasil é um dos poucos locais que exigem que o estrangeiro saia do país quando arruma emprego em outra empresa, para iniciar novo processo de pedido de visto.
Paes de Barros defende também que cônjuges e filhos de imigrantes estrangeiros qualificados tenham permissão para trabalhar no Brasil.
"Queremos transformar o Brasil em um dos países mais modernos e ágeis na atração de imigrantes e, para ser mais atrativos que Canadá, Austrália e EUA, precisamos abrir muito nosso mercado", diz PB. "Não deixar a mulher do imigrante dar aulas de inglês ou o filho dele trabalhar prejudica a mobilidade desse trabalhador estrangeiro."
COMPETITIVIDADE
Segundo Paes de Barros, por causa da complexidade do processo, muitas empresas no país nem tentam contratar estrangeiros, apesar de não encontrarem um funcionário de qualificação semelhante no Brasil. "A dificuldade de trazer imigrantes qualificados afeta a competitividade do Brasil", diz.
Hoje, 0,3% da população brasileira é de imigrantes. Segundo dados do Censo, o número de estrangeiros no país encolheu na última década, de 683 mil em 2000 para 593 mil em 2010. E 43% deles têm mais de 60 anos. No mundo, a média de imigrantes na população é 3%; na América Latina, fora o Brasil, fica em 1,5%; nos EUA, em 15%.
"Nós somos muito mais fechados do que o resto da América Latina. Precisamos aumentar muito nosso fluxo migratório, pelo menos até [chegar a] 3% da população", afirma o secretário.
Ele reconhece que isso vai levar no mínimo 20 anos. "Para atrair esses estrangeiros, precisamos tornar o processo de entrada mais simples e as opções para vir trabalhar no Brasil mais amplas."
Brasil terá US$ 25 bi em investimentos de montadoras 30/12/2012
- Setor vai ampliar em 60% sua capacidade, alçando o país ao posto de terceiro maior mercado do mundo
Lucianne Carneiro
RIO — A indústria automobilística brasileira vai ampliar em 60% sua
capacidade de produção até 2016, ganhando fôlego para fabricar nada
menos do que 2 milhões de automóveis e comerciais leves a mais do que
agora, o que fará a capacidade total do setor chegar a 5,3 milhões de
unidades por ano. O salto será possível com investimentos de US$ 25
bilhões, incluindo os já inaugurados em 2012, segundo levantamento feito
pela PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil). O montante é uma demonstração
clara do que se espera para o mercado nacional, que já é hoje o quarto
maior do mundo e deve disputar o terceiro lugar em 2016, na avaliação de
executivos do setor entrevistados pela KPMG.
A aposta no crescimento da demanda nos próximos anos ocorre depois de um 2012 que deve registrar a primeira queda anual na produção após nove altas seguidas. A projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de redução de 1,5%. O número podia ser ainda pior, mas foi amenizado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor — que passou a vigorar em maio e foi novamente renovado.
Renda em alta, taxas de juros menores e uma relação ainda baixa entre o número de habitantes e o de veículos são algumas das razões que sustentam as boas perspectivas para o mercado. Ainda assim, já cresce o debate se há risco de excesso de capacidade na indústria nacional — hoje uma questão restrita aos países desenvolvidos.
E esses investimentos ocorrem num momento de mudança para o setor: o Inovar Auto, novo regime automotivo, passa a vigorar em 2013. Quinze empresas já estão habilitadas no programa, segundo o Ministério do Desenvolvimento, e terão direito à isenção do aumento de 30 pontos percentuais do IPI que o governo anunciou. O novo regime passa a atrelar a redução do IPI a investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética.
— Temos mais de US$ 25 bilhões de investimentos previstos, de quem já estava no mercado e de entrantes. Acreditamos que o mercado continua a crescer no Brasil — afirma Marcelo Cioffi, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil).
Depois de uma queda de produção de 1,5% em 2012, por causa do recuo de 21,3% nas exportações e a concorrência com importados, a Anfavea estima que a fabricação de veículos — incluindo carros, comerciais leves, caminhões e ônibus — suba já em 2013.
Um dos principais indicadores apontados por analistas para comprovar o potencial de expansão da indústria automobilística no Brasil é a relação entre o número de veículos e o de habitantes. Em países ricos, essa taxa chega a ser de um habitante por veículo, como nos Estados Unidos (1,2), no Japão (1,7) e na Alemanha (1,8). No Brasil, a relação é de 6,1 habitantes por veículos, abaixo de nações como México (3,5) e Argentina (4).
A professora do Departamento de Administração da FEA/USP Adriana Marotti de Mello lembra que há diferenças regionais muito grandes ainda no país, mas há um potencial a ser explorado e a perspectiva é positiva.
— Há uma aposta forte no Brasil. Todas as grandes montadoras estão se instalando aqui prevendo crescimento das vendas — afirma o sócio-líder das áreas de Industrial Markets e Audits da KPMG no Brasil, Charles Krieck.
O cenário é positivo, porém não está descartado o risco de um excesso de capacidade — ou seja, um aumento de produção além do que a demanda por veículos pode absorver.
— Se a gente tiver em 2013 um ano parecido com o de 2012, algo em que não se acredita, teremos casos de excesso de capacidade em algumas montadoras. Mas muito longe do que se vê em países ricos — diz Krieck.
Como lembra Cioffi, os investimentos estão sendo feitos levando em consideração um cenário de manutenção de renda elevada, taxa de juros baixa e um prazo de financiamento adequado. Se o contexto for outro, diz, as montadoras terão que lidar com excesso de capacidade.
O sócio de consultoria da Ernst & Young Terco René Martinez não vê excesso de capacidade:
— O Brasil é um mercado estratégico e o que tenho visto são análises de negócios bem direcionadas. Globalmente, há capacidade acima da necessária, mas não consigo enxergar isso no Brasil.
O diretor da consultoria IHS Automotive no Brasil, Paulo Cardamone, lembra que, com a exigência de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e maior eficiência energética, o novo regime automotivo é visto por analistas como uma boa oportunidade para o setor ficar mais competitivo. Mas, também, as empresas terão que se adaptar às novas regras:
— Algumas montadoras vão ter que correr mais atrás, outras menos — disse.
Entre as que terão que se mobilizar mais para se adaptar ao novo regime, estão as montadoras que estão há menos tempo no país e que estão montando suas fábricas ou organizando suas estruturas. No grupo, estão Hyundai, Toyota, Chery, JAC Motors e Nissan. No time de quem sai ganhando, estão Fiat, Ford, Volkswagen, Mercedes, Scania, MAN.
Com o regime, as importadoras terão direito a IPI sem aumento para até 4.800 unidades por ano. Só que esse limite acaba prejudicando as empresas que vendem carros mais populares e, por isso, em volume maior.
— As perspectivas são muito positivas, mas temos que lembrar que o novo regime traz desafios importantes, que vão exigir adaptação das empresas — destaca Martinez.
A aposta no crescimento da demanda nos próximos anos ocorre depois de um 2012 que deve registrar a primeira queda anual na produção após nove altas seguidas. A projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de redução de 1,5%. O número podia ser ainda pior, mas foi amenizado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor — que passou a vigorar em maio e foi novamente renovado.
Renda em alta, taxas de juros menores e uma relação ainda baixa entre o número de habitantes e o de veículos são algumas das razões que sustentam as boas perspectivas para o mercado. Ainda assim, já cresce o debate se há risco de excesso de capacidade na indústria nacional — hoje uma questão restrita aos países desenvolvidos.
E esses investimentos ocorrem num momento de mudança para o setor: o Inovar Auto, novo regime automotivo, passa a vigorar em 2013. Quinze empresas já estão habilitadas no programa, segundo o Ministério do Desenvolvimento, e terão direito à isenção do aumento de 30 pontos percentuais do IPI que o governo anunciou. O novo regime passa a atrelar a redução do IPI a investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética.
— Temos mais de US$ 25 bilhões de investimentos previstos, de quem já estava no mercado e de entrantes. Acreditamos que o mercado continua a crescer no Brasil — afirma Marcelo Cioffi, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil).
Depois de uma queda de produção de 1,5% em 2012, por causa do recuo de 21,3% nas exportações e a concorrência com importados, a Anfavea estima que a fabricação de veículos — incluindo carros, comerciais leves, caminhões e ônibus — suba já em 2013.
Um dos principais indicadores apontados por analistas para comprovar o potencial de expansão da indústria automobilística no Brasil é a relação entre o número de veículos e o de habitantes. Em países ricos, essa taxa chega a ser de um habitante por veículo, como nos Estados Unidos (1,2), no Japão (1,7) e na Alemanha (1,8). No Brasil, a relação é de 6,1 habitantes por veículos, abaixo de nações como México (3,5) e Argentina (4).
A professora do Departamento de Administração da FEA/USP Adriana Marotti de Mello lembra que há diferenças regionais muito grandes ainda no país, mas há um potencial a ser explorado e a perspectiva é positiva.
— Há uma aposta forte no Brasil. Todas as grandes montadoras estão se instalando aqui prevendo crescimento das vendas — afirma o sócio-líder das áreas de Industrial Markets e Audits da KPMG no Brasil, Charles Krieck.
O cenário é positivo, porém não está descartado o risco de um excesso de capacidade — ou seja, um aumento de produção além do que a demanda por veículos pode absorver.
— Se a gente tiver em 2013 um ano parecido com o de 2012, algo em que não se acredita, teremos casos de excesso de capacidade em algumas montadoras. Mas muito longe do que se vê em países ricos — diz Krieck.
Como lembra Cioffi, os investimentos estão sendo feitos levando em consideração um cenário de manutenção de renda elevada, taxa de juros baixa e um prazo de financiamento adequado. Se o contexto for outro, diz, as montadoras terão que lidar com excesso de capacidade.
O sócio de consultoria da Ernst & Young Terco René Martinez não vê excesso de capacidade:
— O Brasil é um mercado estratégico e o que tenho visto são análises de negócios bem direcionadas. Globalmente, há capacidade acima da necessária, mas não consigo enxergar isso no Brasil.
O diretor da consultoria IHS Automotive no Brasil, Paulo Cardamone, lembra que, com a exigência de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e maior eficiência energética, o novo regime automotivo é visto por analistas como uma boa oportunidade para o setor ficar mais competitivo. Mas, também, as empresas terão que se adaptar às novas regras:
— Algumas montadoras vão ter que correr mais atrás, outras menos — disse.
Entre as que terão que se mobilizar mais para se adaptar ao novo regime, estão as montadoras que estão há menos tempo no país e que estão montando suas fábricas ou organizando suas estruturas. No grupo, estão Hyundai, Toyota, Chery, JAC Motors e Nissan. No time de quem sai ganhando, estão Fiat, Ford, Volkswagen, Mercedes, Scania, MAN.
Com o regime, as importadoras terão direito a IPI sem aumento para até 4.800 unidades por ano. Só que esse limite acaba prejudicando as empresas que vendem carros mais populares e, por isso, em volume maior.
— As perspectivas são muito positivas, mas temos que lembrar que o novo regime traz desafios importantes, que vão exigir adaptação das empresas — destaca Martinez.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/brasil-tera-us-25-bi-em-investimentos-de-montadoras-7163179#ixzz2GaJTwMqd
© 1996 - 2012. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Será que o renminbi chinês substituir o dólar EUA como moeda de reserva primária do mundo? 30/12/2012
Do The Truth
Por Michael
A maioria dos americanos não tem idéia da enorme vantagem que os Estados Unidos possuem por ter a principal moeda de reserva do mundo, e a maioria dos americanos também não têm idéia de quão perto o dólar dos EUA esta' de perder esse status.
Nos últimos 40 anos, a grande maioria de todo o comércio global (incluindo a compra e venda de petróleo) foi feito em dólares americanos. Esse ainda é o caso hoje, mas as coisas estão começando a mudar. Por todo o globo internacional acordos estão sendo feitos para se afastar do dólar dos EUA e usar outras moedas no comércio global.
A segunda maior economia do mundo, a China, tem sido particularmente agressiva na tentativa de alterar a ordem financeira existente. Como você verá abaixo, a China tem executado em todo o planeta acordos com outros países para começar a conduzir uma quantidade crescente de comércio em outras moedas que não o dólar dos EUA. E, claro, os chineses vão fortemente promover a sua própria moeda - o yuan. Então, por que isso está acontecendo?
Bem, por um lado, a verdade é que os Estados Unidos ja' não são a única superpotência do mundo. A economia chinesa esta' projetada para se tornar maior do que a economia dos EUA em 2016, e por algumas medidas a economia chinesa já é maior. Assim, os líderes chineses têm sido muito abertos sobre o fato de que eles acreditam que ele simplesmente não faz mais sentido que a grande maioria de todo o comércio global deva continuar a ser realizada em dólares norte-americanos, especialmente considerando a impressão de dinheiro imprudente de que o FED (Reserva Federal) tem feito. Numa altura em que o status do dólar dos EUA já está escorregando, QE3 está profundamente minando a confiança na moeda dos EUA. E quando o dólar dos EUA perde status de moeda de reserva, as consequências para os Estados Unidos vão ser absolutamente catastróficas.
Infelizmente, a maioria dos americanos nem sequer sabem o que é uma "moeda de reserva" é ou que o dólar dos EUA está sob ataque.
Os chineses não estao apenas falando sobre substituir o dólar - eles estão fazendo isso. O seguinte é um trecho de uma história recente de Alan Wheatley , correspondente a economia mundial para a Reuters:
Alimentado com o que vê como negligência maligna de Washington no dólar, a China está ativamente promovendo o uso transfronteiriço de sua própria moeda, o yuan, também conhecido como renminbi, no comércio e no investimento.
O objetivo é tanto comercial - para reduzir os custos de transação para os exportadores chineses e importadores - quanto estratégico.
Deslocando o dólar, Pequim diz, irá reduzir a volatilidade dos preços do petróleo e de commodities e tardiamente corroer o "privilégio exorbitante" dos Estados Unidos desfruta como o emissor da moeda de reserva no coração de uma arquitetura internacional pós-guerra financeira que agora vê como irremediavelmente fora de moda.
Os principais meios de comunicação nos Estados Unidos ignoram quase inteiramente estes desenvolvimentos, mas a verdade é que tudo isso é um negócio muito, muito grande.
A seguir, são apenas alguns dos acordos internacionais de divisas que a China tem feito nos último dois anos:
-China e Alemanha ( Veja Aqui )
-China e Rússia ( Veja Aqui )
-China e Brasil ( Veja Aqui )
-China e Austrália ( Veja Aqui )
-China e do Japão ( Veja Aqui )
-China e Chile ( Veja Aqui )
-China e os Emirados Árabes Unidos ( Veja Aqui )
-China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul ( Veja Aqui )
A maioria dos economistas norte-americanos descartam essa ameaça, apontando que a China tem estocados tantos dólares norte-americanos e tanta dívida dos EUA que, se alguma coisa acontecer com o sistema financeiro dos EUA, a China seria significativamente prejudicada.
Isso pode ser verdade até certo ponto, mas o que também é verdade é que a maioria dos americanos não compreendem, fundamentalmente, a nossa relação com a China.
A maioria dos norte-americanos acreditam que somos "amigos" da China só porque eles estão realizando comércio com a gente.
Infelizmente, não é assim que os chineses nos enxergam. Eles nos vêem como "a concorrência", e planejam sair por cima no final.
Agora, os chineses estão estocando grandes quantidades de ouro. Eles estão se preparando para o dia em que o dólar dos EUA cair e quando os ativos tangíveis tomarem o lugar dele.
E alguns estão até mesmo a especular que os chineses podem estar planejando fazer um lastro de sua própria moeda com o ouro em algum ponto.
O seguinte é um excerto de um artigo recente por Christopher K. Potter , o presidente da Administração do Norte Border Capital:
Durante três mil anos, a China tem estado na vanguarda da inovação monetária. Foi o primeiro a legalizar o dinheiro de ouro no século X aC e dois milênios depois, foi o primeiro a emitir moeda em papel. Fast forward para 2012 e a China está de volta, ultrapassando a Austrália como o maior produtor de ouro e aumentando as suas reservas de ouro monetário a uma taxa alarmante. Cinco anos atrás, a China ultrapassou os EUA na produção de ouro e cinco anos a partir de agora ele vai possuir mais ouro do que o governo federal dos EUA.
Não julgue isso como apenas mais um exemplo de apetite insaciável da China por recursos naturais. Não é. A China se prepara para um mundo além do dólar de papel inconversível, um mundo em que o renminbi, sustentada por ouro, torna-se a moeda de reserva dominante.
Para que não fique qualquer dúvida, apenas considere o seguinte: O governo chinês recentemente removeu todas as restrições sobre a propriedade pessoal de ouro; legalizado fundos ouro domésticos negociados em bolsa; está comprando 100% da produção nacional mina de ouro; importou mais de 750 toneladas de ouro (27% da produção mundial) nos últimos 12 meses; declarou publicamente a sua intenção de adicionar 1.000 toneladas por ano de suas reservas de ouro do banco central, e está comprando participações em grandes empresas estrangeiras de mineração de ouro. A escala desta iniciativa é extraordinária.
Quando o sistema financeiro norte-americano falir, o que você acha que o resto do mundo vai querer - papel moeda dos EUA que está rapidamente se tornando inútil ou renminbi apoiado por ouro?
A China é muito séria sobre este esforço para manter ouro. Alegadamente, a quantidade de ouro que a China importou em 2012 só é maior do que a quantidade total de ouro que o Banco Central Europeu está oficialmente segurando.
E a China está devorando as operações de mineração de ouro em todo o planeta a um ritmo vertiginoso. Eu discuti isso extensivamente em um artigo anteriorque você pode encontrar aqui .
Ok, então o que acontece se o resto do mundo começa a rejeitar o dólar dos EUA como moeda de reserva e começa a se mover para outras moedas, como o yuan chinês?
A mudança seria potencialmente dramática.
Até agora, tem havido uma crescente demanda por dólares no resto do mundo. Eles precisaram de dólares para comprar petróleo e ao comércio com o outro. [NT: o Brasil, em particular, tem feito esforcos para aumentar suas reservas e manter o dolar sobrevalorizado.]
Essa demanda manteve o valor do dólar dos EUA. Mas se o resto do mundo começar a rejeitar o dólar, seu valor cairia como uma pedra.
Quando o valor do dólar declinarem, as importações se tornarao mais caras.
Assim, o preço do petróleo subira', e você vai pagar mais pela gasolina nos postos.
E já que quase tudo é feito fora do país nos dias de hoje, tudo o que você compra no Wal-Mart se tornara' significativamente mais caro.
A era das importações baratas estaria terminada e nosso padrão de vida teria de sofrer uma adaptação de grande amplitude.
Então, quão ruim as coisas poderiam ser?
Bem, como a sua vida mudaria se você fosse à loja daqui a alguns anos e o custo de tudo for o dobro ou o triplo do que é hoje?
Sim, eu sei que isso soa dramático, mas uma crise de moeda principal juntamente com impressão de dinheiro imprudente pelo Federal Reserve poderia realmente produzir tal resultado.
Então aproveite as importações baratas, enquanto você ainda pode. Os dias do dólar dos EUA sendo a única moeda de reserva primária do mundo estão contados, e quando o dólar morrer, isso provavelmente vai acontecer muito rapidamente.
Por Michael
A maioria dos americanos não tem idéia da enorme vantagem que os Estados Unidos possuem por ter a principal moeda de reserva do mundo, e a maioria dos americanos também não têm idéia de quão perto o dólar dos EUA esta' de perder esse status.
Nos últimos 40 anos, a grande maioria de todo o comércio global (incluindo a compra e venda de petróleo) foi feito em dólares americanos. Esse ainda é o caso hoje, mas as coisas estão começando a mudar. Por todo o globo internacional acordos estão sendo feitos para se afastar do dólar dos EUA e usar outras moedas no comércio global.
A segunda maior economia do mundo, a China, tem sido particularmente agressiva na tentativa de alterar a ordem financeira existente. Como você verá abaixo, a China tem executado em todo o planeta acordos com outros países para começar a conduzir uma quantidade crescente de comércio em outras moedas que não o dólar dos EUA. E, claro, os chineses vão fortemente promover a sua própria moeda - o yuan. Então, por que isso está acontecendo?
Bem, por um lado, a verdade é que os Estados Unidos ja' não são a única superpotência do mundo. A economia chinesa esta' projetada para se tornar maior do que a economia dos EUA em 2016, e por algumas medidas a economia chinesa já é maior. Assim, os líderes chineses têm sido muito abertos sobre o fato de que eles acreditam que ele simplesmente não faz mais sentido que a grande maioria de todo o comércio global deva continuar a ser realizada em dólares norte-americanos, especialmente considerando a impressão de dinheiro imprudente de que o FED (Reserva Federal) tem feito. Numa altura em que o status do dólar dos EUA já está escorregando, QE3 está profundamente minando a confiança na moeda dos EUA. E quando o dólar dos EUA perde status de moeda de reserva, as consequências para os Estados Unidos vão ser absolutamente catastróficas.
Infelizmente, a maioria dos americanos nem sequer sabem o que é uma "moeda de reserva" é ou que o dólar dos EUA está sob ataque.
Os chineses não estao apenas falando sobre substituir o dólar - eles estão fazendo isso. O seguinte é um trecho de uma história recente de Alan Wheatley , correspondente a economia mundial para a Reuters:
Alimentado com o que vê como negligência maligna de Washington no dólar, a China está ativamente promovendo o uso transfronteiriço de sua própria moeda, o yuan, também conhecido como renminbi, no comércio e no investimento.
O objetivo é tanto comercial - para reduzir os custos de transação para os exportadores chineses e importadores - quanto estratégico.
Deslocando o dólar, Pequim diz, irá reduzir a volatilidade dos preços do petróleo e de commodities e tardiamente corroer o "privilégio exorbitante" dos Estados Unidos desfruta como o emissor da moeda de reserva no coração de uma arquitetura internacional pós-guerra financeira que agora vê como irremediavelmente fora de moda.
Os principais meios de comunicação nos Estados Unidos ignoram quase inteiramente estes desenvolvimentos, mas a verdade é que tudo isso é um negócio muito, muito grande.
A seguir, são apenas alguns dos acordos internacionais de divisas que a China tem feito nos último dois anos:
-China e Alemanha ( Veja Aqui )
-China e Rússia ( Veja Aqui )
-China e Brasil ( Veja Aqui )
-China e Austrália ( Veja Aqui )
-China e do Japão ( Veja Aqui )
-China e Chile ( Veja Aqui )
-China e os Emirados Árabes Unidos ( Veja Aqui )
-China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul ( Veja Aqui )
A maioria dos economistas norte-americanos descartam essa ameaça, apontando que a China tem estocados tantos dólares norte-americanos e tanta dívida dos EUA que, se alguma coisa acontecer com o sistema financeiro dos EUA, a China seria significativamente prejudicada.
Isso pode ser verdade até certo ponto, mas o que também é verdade é que a maioria dos americanos não compreendem, fundamentalmente, a nossa relação com a China.
A maioria dos norte-americanos acreditam que somos "amigos" da China só porque eles estão realizando comércio com a gente.
Infelizmente, não é assim que os chineses nos enxergam. Eles nos vêem como "a concorrência", e planejam sair por cima no final.
Agora, os chineses estão estocando grandes quantidades de ouro. Eles estão se preparando para o dia em que o dólar dos EUA cair e quando os ativos tangíveis tomarem o lugar dele.
E alguns estão até mesmo a especular que os chineses podem estar planejando fazer um lastro de sua própria moeda com o ouro em algum ponto.
O seguinte é um excerto de um artigo recente por Christopher K. Potter , o presidente da Administração do Norte Border Capital:
Durante três mil anos, a China tem estado na vanguarda da inovação monetária. Foi o primeiro a legalizar o dinheiro de ouro no século X aC e dois milênios depois, foi o primeiro a emitir moeda em papel. Fast forward para 2012 e a China está de volta, ultrapassando a Austrália como o maior produtor de ouro e aumentando as suas reservas de ouro monetário a uma taxa alarmante. Cinco anos atrás, a China ultrapassou os EUA na produção de ouro e cinco anos a partir de agora ele vai possuir mais ouro do que o governo federal dos EUA.
Não julgue isso como apenas mais um exemplo de apetite insaciável da China por recursos naturais. Não é. A China se prepara para um mundo além do dólar de papel inconversível, um mundo em que o renminbi, sustentada por ouro, torna-se a moeda de reserva dominante.
Para que não fique qualquer dúvida, apenas considere o seguinte: O governo chinês recentemente removeu todas as restrições sobre a propriedade pessoal de ouro; legalizado fundos ouro domésticos negociados em bolsa; está comprando 100% da produção nacional mina de ouro; importou mais de 750 toneladas de ouro (27% da produção mundial) nos últimos 12 meses; declarou publicamente a sua intenção de adicionar 1.000 toneladas por ano de suas reservas de ouro do banco central, e está comprando participações em grandes empresas estrangeiras de mineração de ouro. A escala desta iniciativa é extraordinária.
Quando o sistema financeiro norte-americano falir, o que você acha que o resto do mundo vai querer - papel moeda dos EUA que está rapidamente se tornando inútil ou renminbi apoiado por ouro?
A China é muito séria sobre este esforço para manter ouro. Alegadamente, a quantidade de ouro que a China importou em 2012 só é maior do que a quantidade total de ouro que o Banco Central Europeu está oficialmente segurando.
E a China está devorando as operações de mineração de ouro em todo o planeta a um ritmo vertiginoso. Eu discuti isso extensivamente em um artigo anteriorque você pode encontrar aqui .
Ok, então o que acontece se o resto do mundo começa a rejeitar o dólar dos EUA como moeda de reserva e começa a se mover para outras moedas, como o yuan chinês?
A mudança seria potencialmente dramática.
Até agora, tem havido uma crescente demanda por dólares no resto do mundo. Eles precisaram de dólares para comprar petróleo e ao comércio com o outro. [NT: o Brasil, em particular, tem feito esforcos para aumentar suas reservas e manter o dolar sobrevalorizado.]
Essa demanda manteve o valor do dólar dos EUA. Mas se o resto do mundo começar a rejeitar o dólar, seu valor cairia como uma pedra.
Quando o valor do dólar declinarem, as importações se tornarao mais caras.
Assim, o preço do petróleo subira', e você vai pagar mais pela gasolina nos postos.
E já que quase tudo é feito fora do país nos dias de hoje, tudo o que você compra no Wal-Mart se tornara' significativamente mais caro.
A era das importações baratas estaria terminada e nosso padrão de vida teria de sofrer uma adaptação de grande amplitude.
Então, quão ruim as coisas poderiam ser?
Bem, como a sua vida mudaria se você fosse à loja daqui a alguns anos e o custo de tudo for o dobro ou o triplo do que é hoje?
Sim, eu sei que isso soa dramático, mas uma crise de moeda principal juntamente com impressão de dinheiro imprudente pelo Federal Reserve poderia realmente produzir tal resultado.
Então aproveite as importações baratas, enquanto você ainda pode. Os dias do dólar dos EUA sendo a única moeda de reserva primária do mundo estão contados, e quando o dólar morrer, isso provavelmente vai acontecer muito rapidamente.
Mais de mil jornalistas foram demitidos nos últimos doze meses 30/12/2012
Do Comunique-se
O ano de 2012 foi marcado por enxugamento das redações, principalmente devido ao fim da publicação de veículos e à migração do impresso para o online. Levantamento feito pelo Comunique-se mostra que mais de 1.230 jornalistas foram demitidos nesse período. A maioria das dispensas foi motivada por cortes orçamentários e reestruturações.
Destaque para os 450 cortes promovidos pela Rede TV, quase um terço do quadro total de funcionários. Entre os jornalistas, Rita Lisauskas deixou o canal em janeiro, após ter postado em seu perfil no Facebook uma reclamação sobre os atrasos salariais. Em março, pelos menos oito pessoas foram cortadas do departamento esportivo, o equivalente a 40% do núcleo. A emissora passou o ano em destaque no noticiário, por causa de demissões, atrasos nos salários e pelo não pagamento de benefícios, como o 13º salário.
Na Record foram registradas 70 demissões. A ordem teria sido cortar em 12% os custos de Record News e R7, informação não confirmada pela empresa. No veículo televisivo, 40 jornalistas de Brasília, Santa Catarina e São Paulo deixaram de fazer parte da equipe. Em nota, a emissora afirmou fazer “uma reformulação em sua grade de programação”.
Grandes impressos também enfrentaram problemas. A Folha de S. Paulo demitiu ao menos cinco jornalistas. Em junho, a versão online passou a usar a tecnologia do paywall, cobrando pelo conteúdo produzido. Claudio Ângelo e Lucio Vaz (repórteres da sucursal de Brasília), Carolina Vilanova (repórter de ‘Mundo’) e Lucia Valentim (repórter do caderno ‘Ilustrada’) foram dispensados. Ex-correspondente e ex-secretário de redação, Vaguinaldo Marinheiro também perdeu o emprego.
Concorrente da Folha, O Estadão demitiu 20 jornalistas em fevereiro. Do mesmo grupo, o Jornal da Tarde encerrou suas atividades no Dia das Bruxas, 31 de outubro. Em julho, o JT havia dispensado cerca de 20 profissionais e sinalizou que deixaria de circular aos domingos.
Outro impresso que encerrou suas atividades foi o diário esportivo Marca Brasil. Os jornalistas que trabalhavam no periódico seriam transferidos para outras publicações do Grupo Ejesa/Ongoing, responsável pelo portal IG e pelas edições dos jornais Meia Hora, O Dia e Brasil Econômico. A empresa não confirmou, mas na redação os comentários eram de que cerca de 70 foram dispensadas. Em dezembro, 13 funcionários de deixaram a companhia.
No segmento das revistas, o Grupo Abril encerrou o ano com 150 demissões, entre jornalistas e funcionários do setor administrativo. A editora também anunciou o fim da revista mensal Quatro Rodas Moto e a dispensa de quatro jornalistas da publicação.
Janeiro
R7 – 2
Rede TV – 1 (Rita Lisauskas)
Band – 20
Fevereiro
Band – 12
Estadão – 20
Março
TV Cultura – 50
Rede TV – 450
Maio
Rádio Globo – 1 (Marcus Aurélio de Carvalho)
Junho
RIT TV - 50
Julho
Band – 21
Folha de S. Paulo – 5
Jornal da Tarde – 20
A Tarde – 23
Setembro
IG – 12
Outubro
Diário de Natal – 30
Novembro
Grupo Ejesa/Ongoing – 70
Record – 70
Portal ESPN – 1 (Júlio Gomes Filho)
Grupo Paranaense de Comunicação – 7
Dezembro
Grupo Ejesa/Ongoing – 13
TV Climatempo – 20% do quadro
Correio Braziliense – 23
IstoÉ Gente – 6
Grupo Abril – 150
Info Money – 9
Rede TV – 15
Terra – 150
O ano de 2012 foi marcado por enxugamento das redações, principalmente devido ao fim da publicação de veículos e à migração do impresso para o online. Levantamento feito pelo Comunique-se mostra que mais de 1.230 jornalistas foram demitidos nesse período. A maioria das dispensas foi motivada por cortes orçamentários e reestruturações.
Destaque para os 450 cortes promovidos pela Rede TV, quase um terço do quadro total de funcionários. Entre os jornalistas, Rita Lisauskas deixou o canal em janeiro, após ter postado em seu perfil no Facebook uma reclamação sobre os atrasos salariais. Em março, pelos menos oito pessoas foram cortadas do departamento esportivo, o equivalente a 40% do núcleo. A emissora passou o ano em destaque no noticiário, por causa de demissões, atrasos nos salários e pelo não pagamento de benefícios, como o 13º salário.
Na Record foram registradas 70 demissões. A ordem teria sido cortar em 12% os custos de Record News e R7, informação não confirmada pela empresa. No veículo televisivo, 40 jornalistas de Brasília, Santa Catarina e São Paulo deixaram de fazer parte da equipe. Em nota, a emissora afirmou fazer “uma reformulação em sua grade de programação”.
Grandes impressos também enfrentaram problemas. A Folha de S. Paulo demitiu ao menos cinco jornalistas. Em junho, a versão online passou a usar a tecnologia do paywall, cobrando pelo conteúdo produzido. Claudio Ângelo e Lucio Vaz (repórteres da sucursal de Brasília), Carolina Vilanova (repórter de ‘Mundo’) e Lucia Valentim (repórter do caderno ‘Ilustrada’) foram dispensados. Ex-correspondente e ex-secretário de redação, Vaguinaldo Marinheiro também perdeu o emprego.
Concorrente da Folha, O Estadão demitiu 20 jornalistas em fevereiro. Do mesmo grupo, o Jornal da Tarde encerrou suas atividades no Dia das Bruxas, 31 de outubro. Em julho, o JT havia dispensado cerca de 20 profissionais e sinalizou que deixaria de circular aos domingos.
Outro impresso que encerrou suas atividades foi o diário esportivo Marca Brasil. Os jornalistas que trabalhavam no periódico seriam transferidos para outras publicações do Grupo Ejesa/Ongoing, responsável pelo portal IG e pelas edições dos jornais Meia Hora, O Dia e Brasil Econômico. A empresa não confirmou, mas na redação os comentários eram de que cerca de 70 foram dispensadas. Em dezembro, 13 funcionários de deixaram a companhia.
No segmento das revistas, o Grupo Abril encerrou o ano com 150 demissões, entre jornalistas e funcionários do setor administrativo. A editora também anunciou o fim da revista mensal Quatro Rodas Moto e a dispensa de quatro jornalistas da publicação.
Janeiro
R7 – 2
Rede TV – 1 (Rita Lisauskas)
Band – 20
Fevereiro
Band – 12
Estadão – 20
Março
TV Cultura – 50
Rede TV – 450
Maio
Rádio Globo – 1 (Marcus Aurélio de Carvalho)
Junho
RIT TV - 50
Julho
Band – 21
Folha de S. Paulo – 5
Jornal da Tarde – 20
A Tarde – 23
Setembro
IG – 12
Outubro
Diário de Natal – 30
Novembro
Grupo Ejesa/Ongoing – 70
Record – 70
Portal ESPN – 1 (Júlio Gomes Filho)
Grupo Paranaense de Comunicação – 7
Dezembro
Grupo Ejesa/Ongoing – 13
TV Climatempo – 20% do quadro
Correio Braziliense – 23
IstoÉ Gente – 6
Grupo Abril – 150
Info Money – 9
Rede TV – 15
Terra – 150
CE é o 1º lugar em aprovação no ITA 30/12/2012
Do Diário do Nordeste
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) fica em São José dos Campos (SP), para onde seguirão os 43 cearenses selecionados Foto: Agência Estado
Ao classificar 19 estudantes, o Colégio Farias Brito se tornou a instituição de ensino do Ceará que mais classificou alunos para o ITA. Segundo o diretor do colégio, Tales de Sá Cavalcante, esse número expressivo se deve ao trabalho feito individualmente com cada um desses jovens.
"Cada um dos estudantes é acompanhado por um grupo de professores para saber no que ele precisa melhorar. Além disso, temos mestres de muita qualidade e um sistema focado no ITA", afirmou Cavalcante.
Ele acrescentou que algo que não faltou aos estudantes que se classificaram foi motivação e bom astral. "Uma semana antes da prova temos uma programação toda voltada para que eles tenham um astral muito elevado quando forem fazer a prova".
Ele fez questão de destacar a participação dos cearenses. Principalmente porque outras grandes cidades como Porto Alegre e Curitiba conseguiram colocar, no máximo, dois jovens no Instituto Tecnológico de Aeronáutica. "É difícil conseguir uma vaga", frisou.
Cavalcante ressaltou que vai acompanhar todos os estudantes do Farias Brito até São José dos Campos para que realizem a matrícula. "Me sinto muito orgulhoso", concluiu.
O fim de ano será ainda mais especial para os 43 cearenses que foram convocados para ingressar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). O Ceará é o Estado com maior número de estudantes que passaram no exame neste ano. Ficando à frente de São Paulo, que teve 19 classificados, e Rio de Janeiro, com 12 aprovados. O resultado foi divulgado ontem.
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) fica em São José dos Campos (SP), para onde seguirão os 43 cearenses selecionados Foto: Agência Estado
Ao classificar 19 estudantes, o Colégio Farias Brito se tornou a instituição de ensino do Ceará que mais classificou alunos para o ITA. Segundo o diretor do colégio, Tales de Sá Cavalcante, esse número expressivo se deve ao trabalho feito individualmente com cada um desses jovens.
"Cada um dos estudantes é acompanhado por um grupo de professores para saber no que ele precisa melhorar. Além disso, temos mestres de muita qualidade e um sistema focado no ITA", afirmou Cavalcante.
Ele acrescentou que algo que não faltou aos estudantes que se classificaram foi motivação e bom astral. "Uma semana antes da prova temos uma programação toda voltada para que eles tenham um astral muito elevado quando forem fazer a prova".
Ele fez questão de destacar a participação dos cearenses. Principalmente porque outras grandes cidades como Porto Alegre e Curitiba conseguiram colocar, no máximo, dois jovens no Instituto Tecnológico de Aeronáutica. "É difícil conseguir uma vaga", frisou.
Cavalcante ressaltou que vai acompanhar todos os estudantes do Farias Brito até São José dos Campos para que realizem a matrícula. "Me sinto muito orgulhoso", concluiu.
A extinta União Soviética completa 90 anos. Tal país, qual arte? 30/12/2012
Sul 21
A ensaísta Flora Süssekind, num livro sobre literatura brasileira, criou o belo título Tal Brasil, qual romance? É com este espírito — apenas com o espírito, pois nossa pobre capacidade nos afasta inexoravelmente de Flora — que pautamos para este domingo o que representou (ou pesou) a União Soviética em termos culturais. Sua origem, a Rússia czarista, foi um estado que mudou o mundo não apenas por ter se tornado o primeiro país socialista do planeta, mas por ter sido o berço de uma das maiores literaturas de todos os tempos. Quem lê a literatura russa do século XIX, não imagina que aqueles imensos autores — Dostoiévski, Tolstói, Tchékhov, Turguênev, Leskov e outros — viviam numa sociedade com resquícios de feudalismo. Através de seus escritos, nota-se claramente a pobreza e a base puramente agrária do país, mas há poucas referências ao czar, monarca absolutista que não admitia oposição e que tinha a seu serviço uma eficiente censura. Na verdade, falar pouco no czar era uma atitude que revelava a dignidade daqueles autores.
No início do século XX, Nicolau II, o último czar da dinastia Romanov, facilitou a entrada de capitais estrangeiros para promover a industrialização do país, o que já ocorrera em outros países da Europa. Os investimentos para a criação de uma indústria russa ficaram concentrados nos principais centros urbanos, como Moscou, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessas cidades, formou-se um operariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas, que recebiam salários miseráveis e eram submetidos a jornadas de até 16 horas diárias de trabalho, sem receber alimentação e trabalhando em locais imundos. Ali, havia um ambiente propício às revoltas e ao caos social, situação que antecedeu o nascimento da União Soviética, país formado há 90 anos atrás, em 30 de dezembro de 1922.
Primeiro, houve a revolta de 1905. No dia 9 de janeiro daquele ano, um domingo, tropas czaristas massacraram um grupo de trabalhadores que viera fazer um protesto pacífico e desarmado em frente ao Palácio de Inverno do czar, em São Petersburgo. O protesto, marcado para depois da missa e com a presença de muitas crianças, tinha a intenção de entregar uma petição — sim um papel — ao soberano, solicitando coisas como redução do horário de trabalho para oito horas diárias, assistência médica, melhor tratamento, liberdade de religião, etc. A resposta foi dada pela artilharia, que matou mais de cem trabalhadores e feriu outros trezentos. Lênin diria que aquele dia, também conhecido como Domingo Sangrento, foi o primeiro ensaio para a Revolução. O fato detonou uma série de revoltas internas, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no Encouraçado Potemkin) e soldados do exército.
Se internamente havia problemas, também vinham péssimas notícias do exterior. A Guerra Russo-Japonesa fora um fiasco militar para a Rússia, que foi obrigada a abrir mão, em 1905, de suas pretensões sobre a Manchúria e na península de Liaodong. Pouco tempo depois, já sofrendo grande oposição interna, a Rússia envolveu-se em um outro grande conflito, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), onde também sofreu pesadas derrotas em combates contra os alemães. A nova Guerra provocou enorme crise no abastecimento das cidades, desencadeando uma série de greves, revoltas populares e fome de boa parte da população. Incapaz de conter a onda de insatisfações, o regime czarista mostrava-se intensamente debilitado até que, em 1917, o conjunto de forças políticas de oposição (liberais e socialistas) depuseram o czar Nicolau II, dando início à Revolução Russa.
A revolução teve duas fases: (1) a Revolução de Fevereiro, que derrubou a autocracia do czar Nicolau II e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal e (2) a Revolução de Outubro, na qual o Partido Bolchevique derrubou o governo provisório. A Revolução Bolchevique começou com um golpe de estado liderado por Vladimir Lênin e foi a primeira revolução comunista marxista do século XX. A Revolução de Outubro foi seguida pela Guerra Civil Russa (1918-1922) e pela criação da URSS em 1922. A Guerra Civil teve como único vencedor o Exército Vermelho (bolchevique) e foi sob sua liderança que foi criado o Estado Soviético. Lênin tornou-se, assim, o homem forte da Rússia, acompanhado por Trotsky e Stálin. Seu governo foi marcado pela tentativa de superar a crise econômica e social que se abatia sobre a nação, realizando reformas de caráter sócio-econômico. Contra a adoção do socialismo na Rússia ergueu-se uma violenta reação apoiada pelo mundo capitalista, opondo o Exército Vermelho aos russos brancos (liberais).
O país que emergiu da Guerra Civil estava em frangalhos. Para piorar, em 1921, ocorreu a Grande Fome Russa que matou aproximadamente 5 milhões de pessoas. A fome resultou do efeito conjugado da interrupção da produção agrícola, que já começara durante a Primeira Guerra Mundial, e continuou com os distúrbios da Revolução Russa de 1917 e a Guerra Civil. Para completar, houve uma grande seca em 1921, o que agravou a situação para a de uma catástrofe nacional. A fome era tão severa que a população comia as sementes em vez de plantá-las. Muitos recorreram às ervas e até ao canibalismo, tentando guardar sementes para o plantio. (Não terá saído daí a fama dos comunistas serem comedores de criancinhas? Bem, continuemos).
Vitorioso, Lênin criou o NEP, um plano econômico que visava reerguer a produtividade nacional e normalizar a economia. Em 1922, diversas repúblicas asiáticas e europeias agregaram-se à Rússia, originando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Não era, evidentemente, o ambiente ideal para a criação de um estado democrático aos moldes da eterna receita dos EUA. O país vinha de uma guerra civil, tinha oposição interna e externa, havia outros regimes fortes quilômetros depois das fronteiras, um histórico recente de conflitos, grande parte da população era saudosa de seu paizinho (o czar) e, fundamental e principalmente, não tinha nenhuma tradição democrática. Aliás, não tem até hoje, mesmo sob o governo eleito de Putin.
Depois desta época, a história é mais conhecida. Lênin morreu em 1924 e seu lugar foi ocupado por Stálin de 1927 a 1953. Com mão de ferro e utilizando-se dos gulags e de expurgos a fim de aniquilar seus opositores dentro e fora do Partido Comunista, Stálin fez avançar o país na direção da industrialização e do desenvolvimento. Antes dos anos 30, os artistas russos que não eram contra-revolucionários gozaram de relativa liberdade. Apesar dos frequentes embates com a burocracia, Vladimir Maiakovskie seu futurismo deram digna sequência à tradição russa. Maiakovski suicidou-se em 1930, mas o fato não parece ter relação coma política ou a censura. Desta forma, ele não conheceu Jdanov.
Nos anos 30, os artistas e escritores russos depararam-se com um gênero de censura inteiramente diferente do que era conhecido até ali. Stálin, apesar da imagem que foi criada no Ocidente, era um fino apreciador da música erudita e muitas vezes dava palpites estéticos diretamente a compositores como Shostakovich, Prokofiev e Khachaturian.
Em seu governo surgiu Andrei Jdanov, que tornou-se dirigente do PCUS em 1934 após o expurgo (assassinato) de Kírov. Jdanov foi o criador do Realismo Socialista nas artes. Na verdade, o Realismo Socialista tinha parâmetros políticos e estéticos inapreensíveis. Seus critérios eram metade artísticos, metade geopolíticos. A definição do Realismo Socialista era algo apenas claro na arquitetura. O restante escapava aos autores do país, que tinham sempre dificuldades de se adequarem a ele.
Aparentemente, o jdanovismo começou com a ópera de Shostakovich Lady Macbeth de Mtsensk, baseada numa novela de Leskov. Stálin, sempre criativo com as palavras, qualificou-a de pornofonia, e então os artistas descobriram que sexo era algo a evitar. As regras do que seria ou não censurado dependiam muito da circunstância política e das posturas de cada artista. Nem a estrondosa e heroica vitória na Segunda Guerra Mundial afrouxou a censura.
Serguei Eisenstein foi o cineasta que criou obras-primas como A Greve, O Encouraçado Potemkin, Que Viva México! (inacabado) e Aleksandr Nevski. Assim como o jovem Shostakovich, era um dos meninos de ouro do PCUS. Porém, após o extraordinário sucesso do Potemkin, o cineasta foi contratado pela MGM norte-americana. Quando voltou, o partido e a imprensa não perdoaram sua aventura capitalista. Sinal de que não se podia viajar para produzir fora da URSS.
Viajante e cosmopolita era Igor Stravinsky, que já estava na França desde os anos 10. Ele apenas voltou ao país para curtas visitas, sabedor dos problemas que teria para produzir na URSS. Quem retirou-se do país em 1919 para nunca mais voltar foi Vladimir Nabokov, escritor nascido no seio de uma família da antiga aristocracia. Mais fiel às origens foi Serguei Prokofiev, nascido em 1891. Em 1918, vendo que o ambiente não era o melhor para um compositor experimental, foi morar nos EUA. Poucos anos depois, passou à Suíça e finalizou sua aproximação da URSS em 1935. Em quase parceria com Eisenstein, fez Alexandr Nevski, filme que talvez seja um dos mais felizes casamentos entre imagem e música. Morreu em 1953.
O escritor Mikhail Bulgákov sofreu muito mais. Adversário do regime, chegou a alistar-se no Exército Branco. Finalizada a Guerra Civil, Stálin proibiu-o de emigrar ou de visitar seus irmãos em Paris. Bulgákov nunca apoiou o regime e o ridicularizou em seus trabalhos. Por essa razão, muitos deles ficaram inéditos por décadas. Em 1930, escreve uma carta a Stálin pedindo permissão para emigrar, já que a União Soviética lhe oferecia oportunidades. Como resposta, recebeu uma ligação do próprio Stálin, negando seu pedido e oferecendo-lhe trabalho no teatro. Stálin não costumava mandar recados. A obra-prima de Bulgákov, o monumental romance O Mestre e Margarida, escrito entre 1928 e 1940, foi publicado pela primeira vez apenas em 1966.
O imenso compositor Dmitri Shostakovich (1906-1975) sofreu ainda mais. Como qualquer autor de obras sinfônicas, dependia de orquestras e teatros; ou seja, do estado. Sua vida foi infernal: herói do regime e compositor nacional até 1934, caiu em desgraça pela citada ópera baseada em Leskov. Foi recuperado durante a Segunda Guerra Mundial para cair novamente em desgraça após Stálin dar-se conta — com toda a razão — de que sua Nona Sinfonia e outras composições eram notáveis e imortais peças do mais puro sarcasmo… ao stalinismo. Shostakovich considerava-se um sincero comunista e, mesmo quando não se tratava de encomendas, produzia peças em homenagem à Revolução Russa. Apesar de genial, nunca entendeu os critérios do Realismo Socialista.
Sob a vaga acusação de “excessivo subjetivismo”, o poeta e romancista Boris Pasternak passou a ter dificuldades em publicar seus livros nos anos 30. Sua situação é curiosa: na Rússia, é mais conhecido como poeta do que romancista, em virtude de o livro Doutor Jivagoter sido censurado na antiga União Soviética. O personagem principal do romance é, justamente, um poeta que tem problemas com as autoridades soviéticas, embora simpatizante da causa. Em 1958, Pasternak recebeu o Nobel de Literatura, mas não foi autorizado a recebê-lo.
Alexander Soljenítsin foi um ferrenho adversário do PCUS. Seus livros foram absolutamente proibidos, mas circulavam através do samizdat. O samizdatera uma ação coletiva na qual indivíduos e grupos de pessoas copiavam e distribuíam clandestinamente livros e outros bens culturais proibidos pelo governo. Soljenítsin escreveu extensa obra, toda ela antissoviética e de pouco valor artístico. Quando foi expulso do país, em 1974, soube-se de suas ideias políticas, que propunham um estado religioso. O golpe fatal em sua obra veio de quem mais o apoiara quando estava na URSS, os EUA: ao escrever sobre o absoluto protagonismo dos judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta soviética, foi tachado de antissemita e desmoralizado no exílio. Morreu em Moscou.
Desde seu primeiro longa metragem, o estupendo Andrei Rublev, o cineasta Andrei Tarkovski teve problemas com a burocracia. O filme, de 1966, foi apresentado no Festival de Cannes de 1969, fora de competição, e teve sua estreia na União Soviética somente em 1971, com cortes. Todos os seus trabalhos subsequentes, apesar de respeitadíssimos, foram prejudicados pela censura. Profundamente ressentido com o controle exercido sobre o seu trabalho, Tarkovski decidiu sair da URSS em 1983. Além de seus filmes sempre excelentes, Tarkovski deixou-nos o livro Esculpir o Tempo, obra essencial a todos os amantes do cinema.
Ainda temos outros grandes autores que comprovam a continuidade da tradição russa mesmo sob a censura. O que dizer da poetisa Anna Akhmátova e de escritores como Isaac Babel e Máximo Gorki, que tornaram-se inimigos pelo fato do primeiro combater e o segundo apoiar o governo da URSS? Melhor finalizar mostrando que, na atual Rússia de Putin, pouco mudou, como mostra o irônico e triste filme russo Minha felicidade. Mais provas? O fato da classe artística russa ter silenciado sobre a decretação de prisão do grupo feminino Pussy Riot. Não gostavam das meninas? Não, nada disso, é que as maiores estrelas do país tentam não se desentender com o presidente Vladimir Putin para não pôr em risco sua principal fonte de renda: os shows particulares para os super-ricos, que pagam muito bem. Ou seja, a censura tem várias formas: aqui, por exemplo, temos a censura ao Pussy Riot e a autocensura dos colegas.
Milton Ribeiro
A ensaísta Flora Süssekind, num livro sobre literatura brasileira, criou o belo título Tal Brasil, qual romance? É com este espírito — apenas com o espírito, pois nossa pobre capacidade nos afasta inexoravelmente de Flora — que pautamos para este domingo o que representou (ou pesou) a União Soviética em termos culturais. Sua origem, a Rússia czarista, foi um estado que mudou o mundo não apenas por ter se tornado o primeiro país socialista do planeta, mas por ter sido o berço de uma das maiores literaturas de todos os tempos. Quem lê a literatura russa do século XIX, não imagina que aqueles imensos autores — Dostoiévski, Tolstói, Tchékhov, Turguênev, Leskov e outros — viviam numa sociedade com resquícios de feudalismo. Através de seus escritos, nota-se claramente a pobreza e a base puramente agrária do país, mas há poucas referências ao czar, monarca absolutista que não admitia oposição e que tinha a seu serviço uma eficiente censura. Na verdade, falar pouco no czar era uma atitude que revelava a dignidade daqueles autores.
No início do século XX, Nicolau II, o último czar da dinastia Romanov, facilitou a entrada de capitais estrangeiros para promover a industrialização do país, o que já ocorrera em outros países da Europa. Os investimentos para a criação de uma indústria russa ficaram concentrados nos principais centros urbanos, como Moscou, São Petersburgo, Odessa e Kiev. Nessas cidades, formou-se um operariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas, que recebiam salários miseráveis e eram submetidos a jornadas de até 16 horas diárias de trabalho, sem receber alimentação e trabalhando em locais imundos. Ali, havia um ambiente propício às revoltas e ao caos social, situação que antecedeu o nascimento da União Soviética, país formado há 90 anos atrás, em 30 de dezembro de 1922.
Primeiro, houve a revolta de 1905. No dia 9 de janeiro daquele ano, um domingo, tropas czaristas massacraram um grupo de trabalhadores que viera fazer um protesto pacífico e desarmado em frente ao Palácio de Inverno do czar, em São Petersburgo. O protesto, marcado para depois da missa e com a presença de muitas crianças, tinha a intenção de entregar uma petição — sim um papel — ao soberano, solicitando coisas como redução do horário de trabalho para oito horas diárias, assistência médica, melhor tratamento, liberdade de religião, etc. A resposta foi dada pela artilharia, que matou mais de cem trabalhadores e feriu outros trezentos. Lênin diria que aquele dia, também conhecido como Domingo Sangrento, foi o primeiro ensaio para a Revolução. O fato detonou uma série de revoltas internas, envolvendo operários, camponeses, marinheiros (como a revolta no Encouraçado Potemkin) e soldados do exército.
Se internamente havia problemas, também vinham péssimas notícias do exterior. A Guerra Russo-Japonesa fora um fiasco militar para a Rússia, que foi obrigada a abrir mão, em 1905, de suas pretensões sobre a Manchúria e na península de Liaodong. Pouco tempo depois, já sofrendo grande oposição interna, a Rússia envolveu-se em um outro grande conflito, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), onde também sofreu pesadas derrotas em combates contra os alemães. A nova Guerra provocou enorme crise no abastecimento das cidades, desencadeando uma série de greves, revoltas populares e fome de boa parte da população. Incapaz de conter a onda de insatisfações, o regime czarista mostrava-se intensamente debilitado até que, em 1917, o conjunto de forças políticas de oposição (liberais e socialistas) depuseram o czar Nicolau II, dando início à Revolução Russa.
A revolução teve duas fases: (1) a Revolução de Fevereiro, que derrubou a autocracia do czar Nicolau II e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal e (2) a Revolução de Outubro, na qual o Partido Bolchevique derrubou o governo provisório. A Revolução Bolchevique começou com um golpe de estado liderado por Vladimir Lênin e foi a primeira revolução comunista marxista do século XX. A Revolução de Outubro foi seguida pela Guerra Civil Russa (1918-1922) e pela criação da URSS em 1922. A Guerra Civil teve como único vencedor o Exército Vermelho (bolchevique) e foi sob sua liderança que foi criado o Estado Soviético. Lênin tornou-se, assim, o homem forte da Rússia, acompanhado por Trotsky e Stálin. Seu governo foi marcado pela tentativa de superar a crise econômica e social que se abatia sobre a nação, realizando reformas de caráter sócio-econômico. Contra a adoção do socialismo na Rússia ergueu-se uma violenta reação apoiada pelo mundo capitalista, opondo o Exército Vermelho aos russos brancos (liberais).
O país que emergiu da Guerra Civil estava em frangalhos. Para piorar, em 1921, ocorreu a Grande Fome Russa que matou aproximadamente 5 milhões de pessoas. A fome resultou do efeito conjugado da interrupção da produção agrícola, que já começara durante a Primeira Guerra Mundial, e continuou com os distúrbios da Revolução Russa de 1917 e a Guerra Civil. Para completar, houve uma grande seca em 1921, o que agravou a situação para a de uma catástrofe nacional. A fome era tão severa que a população comia as sementes em vez de plantá-las. Muitos recorreram às ervas e até ao canibalismo, tentando guardar sementes para o plantio. (Não terá saído daí a fama dos comunistas serem comedores de criancinhas? Bem, continuemos).
Vitorioso, Lênin criou o NEP, um plano econômico que visava reerguer a produtividade nacional e normalizar a economia. Em 1922, diversas repúblicas asiáticas e europeias agregaram-se à Rússia, originando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Não era, evidentemente, o ambiente ideal para a criação de um estado democrático aos moldes da eterna receita dos EUA. O país vinha de uma guerra civil, tinha oposição interna e externa, havia outros regimes fortes quilômetros depois das fronteiras, um histórico recente de conflitos, grande parte da população era saudosa de seu paizinho (o czar) e, fundamental e principalmente, não tinha nenhuma tradição democrática. Aliás, não tem até hoje, mesmo sob o governo eleito de Putin.
Depois desta época, a história é mais conhecida. Lênin morreu em 1924 e seu lugar foi ocupado por Stálin de 1927 a 1953. Com mão de ferro e utilizando-se dos gulags e de expurgos a fim de aniquilar seus opositores dentro e fora do Partido Comunista, Stálin fez avançar o país na direção da industrialização e do desenvolvimento. Antes dos anos 30, os artistas russos que não eram contra-revolucionários gozaram de relativa liberdade. Apesar dos frequentes embates com a burocracia, Vladimir Maiakovskie seu futurismo deram digna sequência à tradição russa. Maiakovski suicidou-se em 1930, mas o fato não parece ter relação coma política ou a censura. Desta forma, ele não conheceu Jdanov.
Nos anos 30, os artistas e escritores russos depararam-se com um gênero de censura inteiramente diferente do que era conhecido até ali. Stálin, apesar da imagem que foi criada no Ocidente, era um fino apreciador da música erudita e muitas vezes dava palpites estéticos diretamente a compositores como Shostakovich, Prokofiev e Khachaturian.
Em seu governo surgiu Andrei Jdanov, que tornou-se dirigente do PCUS em 1934 após o expurgo (assassinato) de Kírov. Jdanov foi o criador do Realismo Socialista nas artes. Na verdade, o Realismo Socialista tinha parâmetros políticos e estéticos inapreensíveis. Seus critérios eram metade artísticos, metade geopolíticos. A definição do Realismo Socialista era algo apenas claro na arquitetura. O restante escapava aos autores do país, que tinham sempre dificuldades de se adequarem a ele.
Aparentemente, o jdanovismo começou com a ópera de Shostakovich Lady Macbeth de Mtsensk, baseada numa novela de Leskov. Stálin, sempre criativo com as palavras, qualificou-a de pornofonia, e então os artistas descobriram que sexo era algo a evitar. As regras do que seria ou não censurado dependiam muito da circunstância política e das posturas de cada artista. Nem a estrondosa e heroica vitória na Segunda Guerra Mundial afrouxou a censura.
Serguei Eisenstein foi o cineasta que criou obras-primas como A Greve, O Encouraçado Potemkin, Que Viva México! (inacabado) e Aleksandr Nevski. Assim como o jovem Shostakovich, era um dos meninos de ouro do PCUS. Porém, após o extraordinário sucesso do Potemkin, o cineasta foi contratado pela MGM norte-americana. Quando voltou, o partido e a imprensa não perdoaram sua aventura capitalista. Sinal de que não se podia viajar para produzir fora da URSS.
Viajante e cosmopolita era Igor Stravinsky, que já estava na França desde os anos 10. Ele apenas voltou ao país para curtas visitas, sabedor dos problemas que teria para produzir na URSS. Quem retirou-se do país em 1919 para nunca mais voltar foi Vladimir Nabokov, escritor nascido no seio de uma família da antiga aristocracia. Mais fiel às origens foi Serguei Prokofiev, nascido em 1891. Em 1918, vendo que o ambiente não era o melhor para um compositor experimental, foi morar nos EUA. Poucos anos depois, passou à Suíça e finalizou sua aproximação da URSS em 1935. Em quase parceria com Eisenstein, fez Alexandr Nevski, filme que talvez seja um dos mais felizes casamentos entre imagem e música. Morreu em 1953.
O escritor Mikhail Bulgákov sofreu muito mais. Adversário do regime, chegou a alistar-se no Exército Branco. Finalizada a Guerra Civil, Stálin proibiu-o de emigrar ou de visitar seus irmãos em Paris. Bulgákov nunca apoiou o regime e o ridicularizou em seus trabalhos. Por essa razão, muitos deles ficaram inéditos por décadas. Em 1930, escreve uma carta a Stálin pedindo permissão para emigrar, já que a União Soviética lhe oferecia oportunidades. Como resposta, recebeu uma ligação do próprio Stálin, negando seu pedido e oferecendo-lhe trabalho no teatro. Stálin não costumava mandar recados. A obra-prima de Bulgákov, o monumental romance O Mestre e Margarida, escrito entre 1928 e 1940, foi publicado pela primeira vez apenas em 1966.
O imenso compositor Dmitri Shostakovich (1906-1975) sofreu ainda mais. Como qualquer autor de obras sinfônicas, dependia de orquestras e teatros; ou seja, do estado. Sua vida foi infernal: herói do regime e compositor nacional até 1934, caiu em desgraça pela citada ópera baseada em Leskov. Foi recuperado durante a Segunda Guerra Mundial para cair novamente em desgraça após Stálin dar-se conta — com toda a razão — de que sua Nona Sinfonia e outras composições eram notáveis e imortais peças do mais puro sarcasmo… ao stalinismo. Shostakovich considerava-se um sincero comunista e, mesmo quando não se tratava de encomendas, produzia peças em homenagem à Revolução Russa. Apesar de genial, nunca entendeu os critérios do Realismo Socialista.
Sob a vaga acusação de “excessivo subjetivismo”, o poeta e romancista Boris Pasternak passou a ter dificuldades em publicar seus livros nos anos 30. Sua situação é curiosa: na Rússia, é mais conhecido como poeta do que romancista, em virtude de o livro Doutor Jivagoter sido censurado na antiga União Soviética. O personagem principal do romance é, justamente, um poeta que tem problemas com as autoridades soviéticas, embora simpatizante da causa. Em 1958, Pasternak recebeu o Nobel de Literatura, mas não foi autorizado a recebê-lo.
Alexander Soljenítsin foi um ferrenho adversário do PCUS. Seus livros foram absolutamente proibidos, mas circulavam através do samizdat. O samizdatera uma ação coletiva na qual indivíduos e grupos de pessoas copiavam e distribuíam clandestinamente livros e outros bens culturais proibidos pelo governo. Soljenítsin escreveu extensa obra, toda ela antissoviética e de pouco valor artístico. Quando foi expulso do país, em 1974, soube-se de suas ideias políticas, que propunham um estado religioso. O golpe fatal em sua obra veio de quem mais o apoiara quando estava na URSS, os EUA: ao escrever sobre o absoluto protagonismo dos judeus russos no Partido Comunista e na polícia secreta soviética, foi tachado de antissemita e desmoralizado no exílio. Morreu em Moscou.
Desde seu primeiro longa metragem, o estupendo Andrei Rublev, o cineasta Andrei Tarkovski teve problemas com a burocracia. O filme, de 1966, foi apresentado no Festival de Cannes de 1969, fora de competição, e teve sua estreia na União Soviética somente em 1971, com cortes. Todos os seus trabalhos subsequentes, apesar de respeitadíssimos, foram prejudicados pela censura. Profundamente ressentido com o controle exercido sobre o seu trabalho, Tarkovski decidiu sair da URSS em 1983. Além de seus filmes sempre excelentes, Tarkovski deixou-nos o livro Esculpir o Tempo, obra essencial a todos os amantes do cinema.
Ainda temos outros grandes autores que comprovam a continuidade da tradição russa mesmo sob a censura. O que dizer da poetisa Anna Akhmátova e de escritores como Isaac Babel e Máximo Gorki, que tornaram-se inimigos pelo fato do primeiro combater e o segundo apoiar o governo da URSS? Melhor finalizar mostrando que, na atual Rússia de Putin, pouco mudou, como mostra o irônico e triste filme russo Minha felicidade. Mais provas? O fato da classe artística russa ter silenciado sobre a decretação de prisão do grupo feminino Pussy Riot. Não gostavam das meninas? Não, nada disso, é que as maiores estrelas do país tentam não se desentender com o presidente Vladimir Putin para não pôr em risco sua principal fonte de renda: os shows particulares para os super-ricos, que pagam muito bem. Ou seja, a censura tem várias formas: aqui, por exemplo, temos a censura ao Pussy Riot e a autocensura dos colegas.
Assinar:
Postagens (Atom)