quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Armas nucleares americanas deixarão território da Alemanha 01/03/2013

 





A Alemanha irá exigir a retirada total das armas nucleares norte-americanas do país, revela o relatório anual sobre o desarmamento adotado hoje pelo gabinete.

De acordo com peritos, em uma base aérea em Buchel (estado federado alemão da Renânia-Palatinado), desde a guerra fria, encontram-se cerca de 10-20 ogivas nucleares dos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, na cúpula da OTAN, realizada no ano passado em Chicago, os aliados da Alemanha na aliança deixaram claro que as armas nucleares são um importante meio de  dissuasão para um potencial inimigo.
portuguese.ruvr.ru

EUA: Corte de US$ 85 bilhões em várias agências do goveno federal 01/03/2013

Cortes orçamentários nos EUA parecem inevitáveis; crescem acusações


Por Roberta Rampton e Lesley Wroughton
WASHINGTON, 28 Fev Reuters - Na véspera da ativação de amplos cortes orçamentários, a Casa Branca e republicanos culparam um ao outro nesta quinta-feira por serem incapazes de evitar uma crise fiscal que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), pode desacelerar as economias norte-americana e mundial.
Na falta de um altamente improvável acordo de último minuto, cortes de 85 bilhões de dólares abrangendo várias agências do governo federal entram em vigor na sexta-feira.
Embora democratas e republicanos discordem sobre a severidade do impacto sobre serviços públicos, como controle de tráfego aéreo e aplicação da lei, o FMI disse que a recuperação econômica provavelmente será prejudicada pelos cortes automáticos de despesas.
"Vamos ver o que acontece na sexta-feira, mas todo mundo está assumindo que os cortes vão ter efeito", disse o porta-voz do FMI, William Murray. "O que isto significa é que nós vamos ter que reavaliar nossas previsões de crescimento para os Estados Unidos e outras previsões", acrescentou.
O fardo dos cortes automáticos será distribuído ao longo de sete meses e o Congresso pode interrompê-los a qualquer momento se ambos os partidos entrarem em acordo sobre como fazê-lo.
Isso torna difícil dizer como as medidas afetarão os norte-americanos comuns. O governo do presidente Barack Obama alerta que navios da Marinha podem ser desocupados e crianças podem perder vacinas se os cortes não forem impedidos.
O FMI provavelmente reduzirá sua projeção de crescimento econômico dos EUA em 2013 de 2 por cento para 1,5 por cento se os cortes forem integralmente implementados.
Transformados em lei em 2011 como parte de uma solução bipartidária para uma emergência fiscal anterior, os cortes são rejeitados por ambos os partidos em razão de seus impactos econômicos.
Poucos acreditavam, há dois anos, que os cortes seriam ativados mas, incapazes de chegarem a um acordo sobre qualquer outra maneira de reduzir o déficit orçamentário, líderes políticos estão acusando uns aos outros agora que as reduções de despesas parecem inevitáveis.
"São os cortes do presidente. Foi sua equipe que insistiu neles", disse o presidente da Câmara dos EUA, o republicano John Boehner.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que a recusa de republicanos em chegar a um compromisso para eliminar brechas tributárias que afetam os mais ricos é um dos motivos por que os cortes podem ser inevitáveis.
"Compromisso representa disposição de aceitar medidas que não são 100 por cento o que você quer. O presidente fez isso repetidamente. Infelizmente, republicanos não parecem dispostos a fazê-lo quando se trata dos cortes de gastos, então os cortes devem acontecer", disse Carney a jornalistas.

Relatório sírio revela que terroristas destruíram 2 mil escolas 01/03/2013


Cerca de 2 mil escolas foram destruídas na Síria por ataques e atos de terror cometidos pelos bandos armados que pretendem derrubar o governo de Bashar al-Assad, relatou nesta quinta-feira (28) o vice-ministro de Educação do país, Farah Suleiman al-Mutlak.


O vice-ministro denunciou também o assassinato de professores efetuado pelos mercenários, a sabotagem contra a Imprensa Nacional, contra a Escola de Alunos Destacados, os armazéns e caminhões que trabalham com livros didáticos e outros materiais escolares.

Durante uma conferência no Centro Cultural Sírio em Teerã, no Irã, al-Mutlak expôs os danos causados pela violência no meio escolar do país, segundo informou a agência de notícias síria, SANA.

O funcionário se referiu também à manutenção e ao desenvolvimento de vários projetos do Ministério da Educação que devem modernizar os programas de estudo e a educação pública.

Citou entre eles o plano de desenvolvimento do ensino e formação profissional e técnico, assim como o de expansão dos centros infantis, destacou a fonte.

Fonte: Prensa Latina

Vem aí a CPI da telefonia 01/03/2013

BRASÍLIA, 28 Fev (Reuters) - Deputados apresentaram nesta quinta-feira requerimento para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as tarifas e o serviço prestado pelas operadoras de telefonia móvel no Brasil.
A apresentação do documento, que recebeu o apoio de mais de 171 deputados, é o primeiro passo de um longo trajeto até que a CPI seja efetivamente criada.
"É pertinente a necessidade das principais operadoras apresentarem seus custos para justificar preços tão altos por uma prestação de serviço tão ineficiente", explica o deputado César Halum (PSD-TO), no requerimento de sua autoria.
Após a conferência das assinaturas, e a constatação por parte da assessoria jurídica da Mesa Diretora da Câmara de que há fato relevante que justifique a criação da CPI, o requerimento entra numa fila de espera que já conta com outros 11 pedidos de criação de CPIs.
Os primeiros itens da lista serão analisados pela Diretoria-Geral e pelo presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que decidirão pela criação ou não da CPI.
Além disso, há um limite de comissões que podem funcionar ao mesmo tempo. É permitido o trabalho de cinco CPIs de cada vez.
Atualmente, há três comissões de inquérito em funcionamento na Câmara do Deputados.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)

Brasília: Casa Militar está de olho em empresário que ameaçou governador 01/03/2013

Juliane Sacerdote_Brasília 247 – Quando lançou a licitação para a troca dos mais de 3 mil ônibus do transporte público da capital do país, em maio do ano passado, o governador Agnelo Queiroz disse que estava preparado para uma verdadeira guerra.
Pressões, troca de ofensas e enxurradas de liminares era certo que o petista ia enfrentar, e foi o que sua equipe jurídica encontrou desde então. Mas com certeza, ele não esperava enfrentar até ameaças de morte como as proferidas pelo dono do Grupo Amaral, ao saber que o GDF estava tomando de volta o controle da operação dos ônibus da empresa.
Quando tomou ciência da gravidade da intervenção, Dalmo Amaral teria ficado nervoso e dito que tem "contas a ajustar" com Agnelo Queiroz e o vice,Tadeu Fillippelli. Quem ouviu, entendeu a frase como uma clara ameaça de morte à cúpula do GDF. E por conta dessas ameaças, a segurança dos envolvidos na operação passou a ser reforçada, principalmente a do governador do Distrito Federal.
A informação foi confirmada pela assessoria do vice-governador, que informou ainda que homens também tem feito vigília para garantir a segurança do Secretário de Transportes, José Valter Vazques, do diretor do DFTrans, Marco Antônio Campanella, e o presidente da estatal de ônibus TCB, Carlos Alberto Koch desde o episódio.
Ao Brasília 247, o Coronel Rogério Leão destacou que a equipe da Casa Militar "está atenta" ao episódio, e que a segurança de Agnelo Queiroz tem sido feita com mais rigor.
"Os embates políticos são legítimos, mas situações criminosas como essa, de ameaçar autoridades vão ser tratadas com o devidor rigor. Ameaçar é crime. Não vamos nos furtar de acionar a Polícia Civil e o Ministério Público para garantir a segurança física do governador e do vice-governador", destacou à reportagem.
Ainda de acordo com o Coronel Leão, ainda não existem "tentativas físicas" de machucar o governador, mas que "qualquer movimento" do empresário nesse sentido, "é suficiente" para acionar a Polícia Civil para prender Dalmo Amaral.
Intervenção
A intervenção foi comemorada por alguns passageiros, que diziam não agüentar mais esperar nas paradas por ônibus que nunca vinham. Mas, ao mesmo tempo que a medida foi ovacionada, veio a cobrança por atitudes mais rígidas com relação às outras empresas.
O descontentamento com a Viplan, que detém cerca de 35% da frota atual, não é novo. A empresa tem pelo menos 730 ônibus com idade média de 15 anos, quase o dobro do que a lei permite.
Os coletivos quebrados se multiplicam pelas ruas todos os dias e Wagner Canhedo vem brigando na justiça, alegando que tem condições técnicas de participar da licitação.
O GDF conseguiu vencer a batalha em duas fases da concorrência pública. A empresa Pioneira vai operar a bacia 2, formada pelas cidades do Gama, Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Candangolândia, Lago Sul, Jardim Botânico, Itapoã e parte do Park Way. São 640 veículos no total.
A empresa São José foi habilitada para atuar na bacia 5 com 576 coletivos. Os veículos vão circular por Brazlândia, Ceilândia, SIA, SCIA, Vicente Pires e parte de Taguatinga.
Agora, a Secretaria de Transportes avalia as ofertas feitas por outras empresas para proclamar o resultado das bacias 1,3 e 4.
A expectativa é que os novos ônibus comecem a rodar até junho deste ano. A troca, quando efetivada, vai representar quase 100% da frota da capital do país, que tem funcionado desde sempre sem qualquer contrato ou licitação pública.

Haddad, PT, e Alckmin, PSDB, farão juntos 20 mil lares 01/03/2013

247 – O prefeito Fernando Haddad, do PT, e o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, deram nesta quinta-feira 28 em São Paulo um importante exemplo de colaboração administrativa saudável, mesmo em partidos e com posições políticas diferentes. Confirmando informação publicada esta semana por 247, em entrevista exclusiva com Haddad, eles anunciaram a construção, em parceria da qual também participa a administração federal, de 20 mil moradias na região central da capital paulista.
Desde a posse o prefeito, o entendimento entre ele e o governador vem se dando no plano pessoal, em mais de um e encontro, e, vê-se, com resultados já sendo alcançados.
Os investimentos nos empreendimentos serão de R$ 4,6 bilhões, sendo que a Prefeitura irá investir R$ 404 milhões, uma média de R$ 20 mil por unidade habitacional. A iniciativa privada ficará com o encargo de R$ 2,6 bilhões e a contrapartida do Governo do Estado de São Paulo, a fundo perdido, será de R$ 1,6 bilhão, em parceria subsidiada pelo programa "Minha Casa Minha Vida", da União.
As 20 mil unidades habitacionais são destinadas às famílias de trabalhadores da região central com renda de até cinco pisos salariais do Estado (R$ 755).  O processo licitatório para a construção foi iniciado nesta quinta 28, na sede da Secretaria de Cultura Estadual. Empresas privadas foram convocadas para a PPP (Parceria Público-Privada) que será a primeira na área de habitação de interesse social do País.
Segundo texto distribuido pela Prefeitura, o novo modelo de utilizar a iniciativa privada para a construção de moradias atenderá demanda histórica para o desenvolvimento e revitalização da região central da cidade. Também irá proporcionar inclusão social e melhorar da qualidade de vida desses trabalhadores da região, mediante a oferta de moradias próximas aos seus locais de trabalho.
Na medida em que os empreendimentos contarão com espaços para comércios e serviços, a iniciativa também irá gerar mais emprego, renda, além de aliviar o sistema de transporte urbano. "Estamos começando a corrigir esse grave desequilíbrio da cidade de São Paulo, que afastou o morador do seu posto de trabalho, causando tantos transtornos, sobretudo na questão da mobilidade urbana, que não se resolve só com transportes", destacou o prefeito, que continuou: "Serão de 20 a 40 mil trabalhadores que deixarão de se deslocar dos bairros distantes para seus locais de trabalho, no Centro da capital".
"Temos a participação do Estado, da Prefeitura, do Governo Federal e da Iniciativa Privada para trazer de volta às pessoas para morarem na região central, onde está praticamente um quinto dos empregos de São Paulo, diminuindo os deslocamentos e recuperando a região do Centro", afirmou o governador Geraldo Alckmin.
O projeto prevê a construção de empreendimentos nos distritos da Sé e República, e nos bairros do entorno do Brás, Bela Vista, Belém, Bom Retiro, Cambuci, Liberdade, Mooca, Pari e Santa Cecília.  O maior número de unidades habitacionais – 7.076 – será concentrado nos bairros da Barra Funda, Santa Cecília, Pari e Bom Retiro. A área formada por República e Bela Vista deve receber 2.857 novas unidades. Nos bairros do Cambuci e da Mooca, os projetos preveem a construção de 2.409 unidades. Bresser e Belenzinho devem receber 2.594 novas moradias e a região da Celso Garcia e adjacências, no Belém, 2.377.
"Trazer habitação para o centro implica um investimento muito elevado em função do preço da terra, que no Centro é muito mais alto que na periferia extrema. Porém, existe a vantagem de você trazer o morador para perto do seu posto de trabalho e isso desonera toda a infraestrutura de transporte da cidade", lembrou Haddad.
Os beneficiários deverão ser trabalhadores do centro da Capital Paulista, que não possuem imóveis em seu nome. Do total de 20.221, 12.508 unidades habitacionais serão destinadas à população com renda de até R$ 3.775 (cinco pisos salariais estaduais). As outras 7.713 unidades serão para trabalhadores com renda entre R$ 3.775 e R$ 10.848. Duas mil unidades devem ser destinadas a entidades pró-moradia, habilitadas pela Secretaria de Estado da Habitação.
As prestações pagas pelos moradores serão proporcionais à sua renda e conforme as regras de financiamento das instituições financeiras apresentadas pelo parceiro privado. Para as menores faixas salariais, o comprometimento da renda será na ordem de 20%. Na faixa entre um e dois pisos salariais estaduais, a prestação inicial ficará entre R$ 151 e R$ 302. Na segunda faixa, de dois a três pisos salariais, as prestações serão de R$ 332 a R$ 498. Quem ganha entre três e quatro pisos pagará inicialmente entre R$ 566 e R$ 755 de prestação mensal. Já para as famílias com renda entre quatro e cinco pisos, a prestação será de R$ 815 a R$ 1.019.
Este será o maior investimento concentrado em habitação na capital nos últimos 30 anos. O conjunto de empreendimentos resultantes dessa PPP também será o maior em unidades habitacionais em todo o país. Sua estratégia de ação será a utilização de imóveis subutilizados nos bairros e nas áreas contíguas às linhas férreas, corredores de transporte e grandes avenidas centrais. A maioria dos empreendimentos deve ser viabilizada em áreas de ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social), definidas pelo Plano Diretor da Cidade, elaborado em 2002, ainda inexploradas tanto pela iniciativa privada quanto pelo poder público.

A Torre de homens cegos 28/02/2013

Por Vaas
Karma: A Torre de homens cegos por Do Ho Su -Karma é uma escultura de 7 metros feita a partir de 98 figuras de aço inoxidável, instalada no New Orleans Museum of Art.
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Aguardando o conclave 28/02/2013

Por ROSE
Pintura: Aguardando o conclave…
HENRI ADOLPHE LAISSEMENT

VICTOR MARAIS MILTON


JEHAN GEORGE VIBERT

FRANÇOIS BRUNERY    
 
 CHARLES EDOUARD DELORT

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GEORGES CROEGART

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GEORGES CROEGART

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EDUARD VON GRUTZNER                                                
V.Gonzalez-The Attentive Student
                                           V. GONZALEZ

As finanças secretas e caóticas da Igreja Católica 28/02/2013

Da Carta Maior
As finanças secretas e caóticas da Igreja Católica
A investigação por lavagem de dinheiro do Banco do Vaticano, as indenizações pelos escândalos sexuais e o número decrescente de fieis e doações são alguns dos problemas que o próximo pontífice herdará. Em entrevista à Carta Maior, o jornalista Jason Berry, fala sobre as finanças secretas da Igreja Católica, tema que foi objeto de sua investigação nos últimos 25 anos. Essa história, segundo ele, remonta à guerra fria e à massiva injeção de dinheiro da CIA no Vaticano para neutralizar a ameaça do Partido Comunista Italiano. A reportagem é de Marcelo Justo.
Londres - O Papa Bento XVI abandona o barco em meio a sérios problemas financeiros. A investigação por lavagem de dinheiro do Banco do Vaticano, as indenizações pelos escândalos sexuais e o número decrescente de fieis e doações são alguns dos problemas que o próximo pontífice herdará. Ninguém sabe exatamente quanto gasta a Igreja Católica em nível mundial, mas segundo uma investigação da revista inglesa The Economist, publicada no ano passado com base em dados de 2010, a cifra rondaria os 170 bilhões de dólares. Em um livro sobre as finanças secretas da Igreja Católica, o jornalista Jason Berry, que investigou o tema nos últimos 25 anos, afirma que a estrutura financeira da igreja é “caótica” e “opaca”.

Em entrevista à Carta Maior, Berry falou das dificuldades econômicas do Vaticano que, para ele, remetem à guerra fria e à massiva injeção de dinheiro da CIA no Vaticano para neutralizar a ameaça do Partido Comunista Italiano, então o mais poderoso da Europa ocidental.

Carta Maior: Como é a estrutura financeira da Igreja Católica em nível mundial?

Jason Berry: A Igreja Católica é muito hierárquica, monárquica eu diria, com o Papa como líder e dioceses dirigidas por arcebispos e bispos em todo o globo. Mas, em virtude de seu próprio tamanho, é internamente caótica e ingovernável. Cada bispo trabalha em sua diocese como se estivesse comandando um principado.

CM: O que sabemos de concreto sobre a riqueza do Vaticano?

JB: Há uma absoluta opacidade nas contas. Quando o vaticano declara suas rendas e gastos anuais não inclui o Instituto para as Obras de Religião, o IOR, mais popularmente conhecido como o Banco do Vaticano, cujos fundos são estimados em cerca de 2 bilhões de dólares. O IOR tem sido administrado em um clima de absoluta falta de transparência, o que o converteu em um veículo perfeito para o trânsito de todo tipo de fundos. Mas agora, com a investigação do Banco Central da Itália sobre lavagem de dinheiro, isso está mudando.

CM: Segundo algumas informações, o Vaticano tem interesses em uma empresa de espaguete, no setor financeiro, aviação, propriedades e uma companhia cinematográfica. Diz-se, inclusive, que controla entre 7 e 10% da economia italiana. Mas, dada a opacidade de suas contas, até onde é possível confirmar essas informações?

JB: Há informação disponível a instituições que nos permite saber onde está o dinheiro do Vaticano. Na Itália, o Vaticano investiu muito no Banco de Roma, que foi fundamental na reconstrução da Itália depois do “Risorgimento” no século XIX. Também tem negócios na área dos transportes públicos. A isso deve-se somar propriedades na própria Itália, na Europa e nos Estados Unidos. O Vaticano chegou a ser um dos proprietários do edifício Watergate, do famoso escândalo que provocou a renúncia de Richard Nixon. O grande tema hoje em dia é averiguar até onde prestou serviços a clientes que o utilizam como um banco “off shore”.

CM: Que impacto econômico os escândalos sexuais tiveram nas finanças da igreja?

JB: Nos Estados Unidos esse impacto foi muito forte. As dioceses e ordens religiosas pagaram mais de dois bilhões de dólares. Em muitas cidades tiveram que fechar igrejas. Los Angeles, Chicago e Boston, três das mais importantes arquidioceses, tiveram um rombo médio de 90 milhões de dólares em seus fundos de pensão.

CM: Em seu livro “Vows of Silence” você fala do fundador dos Legionários de Cristo, o mexicano Marcial Maciel que chegou a controlar um império de 650 milhões de dólares e contou com a proteção do Papa João Paulo II, apesar das denúncias de abusos sexuais. Maciel teve fortes vínculos com o governo de Pinochet no Chile e com os governos da América Central. Há alguma figura equivalente na igreja de hoje?

JB: Maciel foi o mais bem sucedido coletor que a igreja teve. Começou no final dos anos 40 buscando apoio de milionários católicos no México, Venezuela e Espanha durante a perseguição dos padres no México e pouco depois da guerra civil espanhola. Com este dinheiro, Maciel formou sua própria base de poder em Roma e se converteu no porta-voz do setor mais conservador e militante da igreja. Assim como fez com Franco, se vinculou muito com Pinochet no Chile. Nos Estados Unidos o próprio diretor da CIA durante os anos Reagan, William Casey, fez uma doação de centenas de milhares de dólares aos legionários. Maciel comportava-se como um político que viajava pelo mundo arrecadando fundos para fazer avançar a causa do catolicismo conservador e a agenda política conservadora. Mas a verdade era que toda sua ideologia encobria um delinquente sexual com poderosos contatos.

Apesar de ter sido acusado de abusar de seminaristas, o Vaticano não o investigou até 2004, a pedido do cardeal Ratzinger, quando João Paulo II estava morrendo. Graças a isso sabemos que teve filhos com duas mulheres no México e que manteve ambos os lares com dinheiro da Legião de Cristo. O escândalo é que o Vaticano demorou tanto para investigá-lo e deixou que ele se transformasse em um Frankenstein. Não há hoje uma figura equivalente no que diz respeito à arrecadação de fundos.

CM: Há uma longa história de escândalos nas finanças do Vaticano. Nos anos 80 houve o escândalo do Banco Ambrosiano e seu presidente, Roberto Calvi, que apareceu enforcado debaixo da ponte de Blackfriars em Londres. Calvi tinha fortes vínculos com o então presidente do Banco do Vaticano, o arcebispo estadunidense Paul Marcinkus. Há uma continuidade entre esses escândalos e os atuais problemas do banco?

JB: Creio que na realidade é preciso retroagir à Segunda Guerra Mundial quando a CIA começou a transferir grandes somas para o Banco do Vaticano. Em 1948, foi a primeira eleição na qual o Partido Comunista italiano, convertido no mais importante da Europa, buscava o poder. Neste momento houve uma grande campanha nos Estados Unidos, patrocinada pelo governo, da qual participou Frank Sinatra, para financiar a democracia cristã. Este foi o começo da história do dinheiro que círculos dos serviços de inteligência estadunidenses para o Vaticano. Uma geração depois, com Roberto Calvi e Marcinkus, o banco havia se convertido em uma via muito lucrativa para a passagem de dinheiro. No final dos anos 80, o banco teve que pagar uma multa de 250 milhões de dólares. Já ali o banco funcionava como uma “off shore” para seus clientes privilegiados. Mas ainda falta muito por documentar sobre essa história.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Rodando de moto em Cuba 28/02/2013

Da Moto Adventure
UMA VOLTA NO TEMPO
Rodar de moto por Cuba é descobrir um mundo surpreendente ( e apaixonante )
por Marcelo Leite
Publicado na edição 146 da revista Moto Adventure
Quando cheguei a Portugal, depois de ter cumprido meu percurso pelos cinco continentes, precisava definir uma rota para voltar para casa. Voltar pelo lado oeste da América do Sul se mostrou uma alternativa interessante, afinal, eu passaria por Cuba, um velho sonho meu – e esta seria minha conexão entre Europa e América do Sul.
Comecei a acionar vários contatos e entidades para definir como eu poderia entrar, rodar com minha moto e, depois, sair de Cuba. As barreiras e dificuldades pareciam confirmar os conselhos que recebi para desistir dessa idéia. Chegaram a me dizer que seria “impossível”, que ninguém teria levado sua própria moto para lá e que eu estaria em “busca de problemas”. Mas a vontade de realizar meu sonho colocou minha moto encaixotada no Terminal de Cargas do Aeroporto de Havana.
NA TERRA DE FIDEL
Começaram, então, minhas peripécias com a Alfândega e o Departamento de Trânsito. Não havia um caso similar e tampouco um procedimento formalmente estabelecido para tratar do meu caso. Foi estipulado, então, um novo procedimento para garantir que eu entrasse e saísse com minha moto. Recebi uma placa provisória e uma autorização temporária de circulação pela ilha. Vale lembrar que, com oficiais me ajudando em um ambiente de colaboração e brincadeiras, percebi que em Cuba tudo seria diferente ( para o bem e para o mal ).
MOTOS
Em Cuba há muitas motos, principalmente, side-cars. A frota reflete a história do país. A influência norte-americana dos anos 1950 deixou muitas Harley-Davidson por lá. Elas estão impecavelmente conservadas e rodam por Havana. Do mesmo período são algumas raras e lindas motos europeias, como BMW R69, Triumph, Norton e até Matchless. O período pós-revolução e de influência soviética deixou um parque de modelos da Ural, CZs e Jawas, a maioria, em versão side-car. As indestrutíveis motos alemãs orientais MZ também são dessa época.
FOCO DAS ATENÇÕES
Imagine, então, como é rodar por lá com uma BMW GS, toda equipada e “cheia de botõezinhos”? A atração é garantida, no sinal, nas ruas ou estradas. E, como a BMW GS é um dos melhores produtos que a “sociedade de consumo” já produziu, imagine o reflexo disso. Rodando em plena Cuba socialista, poderia ser quase uma provocação, mas, ao final, torna-se um excelente pretexto para longas conversas com os cubanos, que são inteligentes e vivem intensamente a própria história.
GENTE BOA
Os primeiros dias em Havana me foram estranhos. Tudo funciona diferentemente do que conhecemos. E não havia como não tentar entender a vida daquele povo. As relações são fáceis e se estabelecem rapidamente. Não demorou para eu estar com o pessoal em um moto clube local. Reunimo-nos, montamos uma rota para as semanas seguintes e as pessoas das principais cidades foram acionadas. como se não bastasse, veicularam uma reportagem sobre o assunto no rádio. Algumas vezes, quando chegava a um local, alguém se lembrava da notícia, o que facilitava os contatos. Sempre fiquei hospedado em casas de cubanos. Às vezes pagando, às vezes como convidado.
BELAS PARAGENS
Em meio a tudo isso, rumei para Cienfuegos, na costa sul. O lugar tem um charme todo especial pela influência dos colonos franceses do século passado. ali, a arquitetura está preservada, seja nas casas coloniais ( com colunas e varandas no centro ) ou nas antigas mansões à beira-mar. Já na pequena Trinidad, surge o velho estilo colonial espanhol e as ruas estreitas são divididas por turistas estrangeiros e camponeses. À noite, música da melhor qualidade ecoa por todos os lados.
MAIS ESTRADA!
Retomei a estrada em direção ao extremo oriente da ilha. Cheguei a Santiago de Cuba apenas dez dias após o furacão Sandy ter passado por ali. Ventos de até 300km/h arrasaram a área rural, acabando com as plantações e derrubando mais de 10 mil árvores. Obviamente, o abastecimento da cidade foi afetado nos primeiros dias, mas tudo voltou à normalidade. A rede elétrica já fora restabelecida nas casas, mas as ruas ainda estavam às escuras.
TRADIÇÃO MUSICAL
Santiago tem uma pulsação forte e diferente de Havana. É o berço dos maiores mitos da música tradicional cubana. Em pleno dia, na praça da catedral, a Orquestra Municipal faz seu show no mais alto nível técnico, empolgando a todos.
PERCALÇOS
Geralmente, as estradas cubanas são boas e tranquilas. Nas cidades, algumas ruas são esburacadas e as faixas centrais concentram uma incrível quantidade de óleo, devido aos carros e caminhões velhos em circulação. Há gasolina e borracharias por todos os cantos. Os mecânicos cubanos são ótimos e criativos. Minha GS, que nunca teve vazamentos em seus 80.000km, apresentou este problema no motor e no cardã, ao mesmo tempo. O vazamento do motor foi fácil arrumar, mas o do cardã foi na base do “jeitinho”, até que eu chegasse à América do Sul para um reparo definitivo. A polícia cubana me parou várias vezes, mas nunca me pediu os documentos. Sempre foi para saber se precisava de alguma coisa ou para fazer perguntas sobre a moto. Ali, basta respeitar as regras essenciais e andar de luz apagada durante o dia.
CAMAGUEY
Também passei alguns dias em Camaguey e tive uma experiência especial. É uma cidade de porte médio, bem conservada e com um padrão aparentemente acima da média do país. Apesar do agito do comércio local, as pessoas parecem levar a vida sem estresse. No final da tarde, as mesinhas das docerias, bares e casas de xadrez ficam cheias. São famílias ou grupos de amigos jogando conversa fora e apreciando o fim do dia.
PAIXÕES
Além do xadrez e do baseball, outra paixão cubana é tomar um sorvete na Coppelia, ótima sorveteria estatal, com filiais por quase todas as cidades do país. As crianças saem da escola e fazem uma farra gostosa pelas ruas. Uma turminha me provocou para que eu levasse a moto, à noite, na praça, quando todos já teriam jantado e trocado de roupa. E assim o fiz, travando conversas gostosas com a criançada e com alguns de seus pais. Ainda em Camaguey, conheci Peter, um canadense. Este velho motociclista mudou-se para Camaguey, onde comprou uma bela casa. Orgulhoso de sua opção, ele me explicou: “Apesar de não ter acesso aos produtos que costumava comprar em Vancouver, vivo sem nenhuma preocupação, com segurança.”
NOVOS CAMINHOS
No caminho de volta para Havana, parei alguns dias em Remédios, uma pequena cidade no litoral norte, de onde é possível ir até a famosa Ilha Cayo Sta.Maria. rodei quase 3 mil km por Cuba, coheci lugares de beleza ímpar, ouvi música excelente e fui a praias dignas de cartão postal… Mas o melhor de Cuba são os cubanos. Ou, melhor dizendo, a experiência de viver entre eles. Cuba é um país onde as pessoas não sabem o que são problemas de segurança, drogas ou miséria. Deixei Cuba para trás, sabendo que era hora de embarcar para a Colômbia e, de lá, descer a América do Sul, até voltar para casa.

Mensalão tucano só será julgado em 2015, afirma promotor 28/02/2013

Por Walter Decker
O MENSALÃO TUCANO E A DIFERENÇA DE TRATAMENTO POR PARTE DA MÍDIA E DA JUSTIÇA
Em entrevista para a revista VEJA, promotor do MP de Minas, João Medeiros Neto, afirma que o mensalão tucano só será julgado em 2015, que não existe a possibilidade nem o esforço de se antecipar o processo e que o mesmo pode sim prescrever, se as penas forem baixas. Notem que em nenhum momento da entrevista a palavra "tucano " é pronunciada. E também não há a menor indignação da jornalista, não houve nenhum alarde da revista ou preocupação do promotor em relação a possibilidade de prescrição das penas. " É um processo a mais. Houve uma concentração dos esforços lá no Supremo para julgar o mensalão, mas aqui não existe essa possibilidade ", afirma o promotor.
Da Veja
Rigor do STF no mensalão terá reflexo no valerioduto mineiro, diz MP
Laryssa Borges, de Belo Horizonte
A denúncia contra os réus do valerioduto mineiro foi apresentada ao STF somente em 2007, nove anos depois dos crimes atribuídos aos réus terem acontecido. Existe risco de prescrição? Se as penas-base forem baixas, pode haver prescrição. Mas o Ministério Público não trabalha com essa lógica. Vamos sustentar não só a condenação, mas que as penas não sejam baixas. Isso é possível, porque as penas máximas para os crimes de lavagem de dinheiro e peculato são, respectivamente, de dez anos e doze anos de reclusão.
As condenações no processo do mensalão têm influência nas penas que podem ser aplicadas aos réus do valerioduto mineiro? O rigor do Supremo no julgamento do mensalão, o fato de ter de enxergado os agentes políticos como pessoas que atraem para si uma censura maior pelos desvios de comportamento, isso tudo vai ser importante no caso do valerioduto mineiro. Entendeu-se que esses crimes contra a administração pública são muito graves, não são coisa corriqueira.

É provável que, a exemplo do que ocorreu no mensalão, os réus tentem resumir o caso a caixa dois de campanha? O Ministério Público vai buscar o precedente do Supremo, de que nada do que aconteceu nesses crimes de peculato e lavagem de dinheiro é corriqueiro, é comum. Nada disso é pequeno.
Em alguns casos, o procurador-geral da República na época da denúncia, Antonio Fernando de Souza, entendeu que os beneficiários dos recursos do valerioduto mineiro praticaram só o crime de caixa dois. Essas pessoas viraram testemunhas e não se tornaram réus porque receberam o dinheiro e não declararam para fins eleitorais. O crime de caixa dois está prescrito e fora de discussão.

O desmembramento do valerioduto mineiro, deixando no STF apenas os dois réus com foro privilegiado, ajuda ou retarda a conclusão do caso? Todas essas testemunhas que estamos ouvindo na Justiça estadual estão sendo ouvidas também na Justiça federal. Por determinação do Supremo, os juízes da Justiça federal em Minas estão fazendo o mesmo trabalho. Muitas vezes se ouve o comentário de que a mesma pessoa prestou depoimento para falar as mesmas coisas. Tem de ser assim, é fruto do desmembramento. Se ele não houvesse acontecido, o trabalho seria menor, porque não se ouviriam duas vezes as mesmas testemunhas, para falar as mesmas coisas.

O julgamento do mensalão tinha mais réus e agora vai ter publicado o acórdão com as decisões do STF. Por que o caso do valerioduto mineiro está tão demorado? Aqui esse caso é um processo criminal comum. Ele está lá na vala comum. É um processo a mais. Houve uma concentração dos esforços lá no Supremo para julgar o mensalão, mas aqui não existe essa possibilidade. É um processo que trata dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro como outros tantos que existem. Do ponto de vista processual, é um processo a mais. Está tramitando dentro do que é possível, considerando o nosso volume de trabalho.
Nota da revista: A promotoria chegou a estimar que o caso seria julgado no segundo semestre de 2014, mas, devido à demora no andamento do processo, evita nova projeção.

O esquema do valerioduto foi apontado como o laboratório para os crimes praticados posteriormente no escândalo do mensalão. Quais são, afinal, as semelhanças?  O caso mineiro não tem a mesma característica do mensalão federal. Em comum há as empresas de publicidade e seus sócios, e a lavagem de dinheiro. Em Brasília, a questão era compra de apoio político, crime de corrupção, vantagens indevidas. Ao passo que em Minas trata-se de desvio de recursos de empresas estaduais e lavagem de dinheiro.
A estratégia de lavar dinheiro com agências de publicidade é a mesma. O know-how para o crime foi colocado em prática aqui. Tentou-se e, de certa forma, se conseguiu, porque o esquema foi descoberto bastante tempo depois, manobrar recursos públicos por meio de agências de publicidade. Até então, o uso da estrutura de agências de publicidade para desvios não era muito comum. A gente sempre ouviu falar em empreiteiras, que seriam os maiores ralos. Mas como publicidade é difícil de se medir, essa estratégia de usar empréstimos para lavar dinheiro, misturar dinheiro lícito ou ilícito, foi repetida no mensalão.

O Ministério Público trabalha com a possibilidade de penas altas para os condenados. As provas são robustas contra todos os réus? As penas do mensalão serão precedente para as penas do valerioduto. Isso é mais um motivo para o MP não cogitar daquela ideia de que a prescrição vai se dar porque as penas não têm como ser altas. Claro que têm como ser altas. E o Ministério Público não tem a menor dúvida da culpa dos réus. As provas são suficientes.

Portugal: As ideias transformam-se em forças quando as massas as assumem 28/02/2013

por Miguel Urbano Rodrigues

O povo é o agente das grandes rupturas históricas. Mas para que ele se assuma como sujeito é imprescindível um nível de consciência politica hoje insuficiente em Portugal. Não estamos no limiar de uma situação pré-revolucionária; longe disso. Os tempos são sombrios e no horizonte próximo esboçam-se novas agressões ao povo por um governo de contornos fascizantes. Mas, paralelamente, a resistência popular crescerá em torrente. Uma certeza: as massas derrotarão nas ruas e nos locais de trabalho o projeto da ditadura da burguesia.
Tenho escrito repetidamente que Portugal vive sob uma ditadura da burguesia de fachada democrática.

A afirmação tem suscitado reparos de camaradas. Alegam que a situação é muito diferente da existente na época do fascismo, com a crise a evoluir num quadro institucional garantido por uma constituição democrática.

Creio útil esclarecer algumas questões fundamentais.

A minha afirmação não estabelece um paralelo entre o regime instaurado por Salazar e o atual.

A relação de forças é hoje muito diferente da anterior ao 25 de Abril. Não existe a figura de um ditador e o governo PSD/CDS não é homogéneo, sequer ideologicamente. Há ministros que se distanciam da mentalidade dos homens de confiança de Salazar e Caetano. Mesmo no triângulo Passos-Gaspar-Relvas as contradições são inocultáveis.

Os três cultivam o discurso do "possível". Não podem expressar-se como os ministros de Salazar.

O fascismo contou durante décadas com o apoio incondicional das Forças Armadas. O Poder Judicial era então um dócil instrumento do governo. A repressão nas suas múltiplas frentes é hoje inviável à moda antiga.

O mal-estar nas Forças Armadas é transparente. Mas o governo não pode recorrer ao Exercito para reprimir maciçamente os protestos populares. O descontentamento dos militares exclui porem a hipótese de um golpe de estado. O funcionamento das engrenagens da União Europeia não é compatível com cuartelazos. O grande capital recorre hoje a outros meios para impor a sua estratégia de dominação.

O controlo do sistema mediático substituiu a censura como meio eficaz de proteção e difusão subliminar da ideologia do Poder.

Mas a impossibilidade de Passos & Portas se expressarem e governarem como desejariam não altera o seu pensamento político. Sob uma fraseologia pseudo-democrática é identificável uma mentalidade aparentada com a de Salazar e sua gente.

O executivo – repito – não é homogéneo. Mas alguns ministros e deputados da coligação escondem mal afinidades ideológicas com a ordem social do fascismo. Dela se sentem mais próximos do que do neoliberalismo ortodoxo de Friedrich Hayek.

O malogro inocultável da "estratégia de austeridade" obrigou o governo a reconhecer finalmente que não atingiu os objetivos fixados. A recessão será pelo menos o dobro da prevista no Orçamento. Passos & Gaspar imploram agora que lhes seja concedido mais um ano para a redução do défice do Orçamento. A troika, em mais uma visita a Portugal, certamente lhes atenderá o apelo. E, negando o que afirmavam semanas atrás, falam pela primeira vez da necessidade de crescimento económico para combater o desemprego galopante (já superior a 17%).

Os "produtores de opinião", empenhados em evitar a subida da maré da indignação popular, adotaram também um estilo diferente, acompanhando a mudança da oratória oficial. Persistem na crítica superficial a medidas do governo, mas insistem que não há alternativa para a política de submissão ao diktat do capital. Admitem a urgência da renegociação dos prazos impostos pelo pacto assinado com a troika, mas concluem que a redução de 4000 milhões de euros nas despesas da Saúde, da Educação e da Segurança Social é para eles uma fatalidade inevitável.

O mais influente desses intelectuais orgânicos da burguesia, Marcelo Rebelo de Sousa, descobriu subitamente uma estranha metamorfose no primeiro-ministro. Com surpresa identifica nele um político dialogante, aberto à crítica. Fala de um "novo" Passos.

Outro bombeiro do capital, José Gomes Ferreira, repete, incansável, que não há alternativa para a ofensiva que Gaspar prepara contra a Área Social.

Muitos intelectuais progressistas, sem disso tomarem consciência, refletem na sua intervenção politica os efeitos do discurso de uma burguesia cada vez mais arrogante no esforço para branquear o fascismo, reescrevendo a História.

A campanha para apresentar a ditadura de Salazar como um regime autoritário quase benigno colocou na moda a expressão "Estado Novo". É de lamentar que alguns historiadores marxistas temam já empregar a palavra fascismo.

Cabe relembrar o que Thomas Mann escreveu em 1951: "se nada mais me levasse a respeitar a Revolução Russa, seria a sua inabalável oposição ao fascismo".

AS VAIAS A RELVAS E SEUS PARES

Duas figurinhas ao serviço da troika. A solidariedade com a direita – inconfessada mas concreta – de dirigentes políticos do PS e da chusma de comentadores e analistas da TV ficou transparente nas reações aos protestos populares dos últimos dias.

Tudo principiou com as vaias a Miguel Relvas, quando o ministro de Estado foi repetidamente vaiado no Norte e depois impedido de falar no ISCTE por estudantes que cantaram ali o Grândola Vila Morena.

Passos Coelho na Assembleia da Republica e os ministros da Economia, da Defesa, da Administração Publica, da Agricultura e alguns secretários de Estado também escutaram a canção que assinalou o início da Revolução de Abril. Esses protestos populares assumiram tal frequência e amplitude que os membros do governo alteram os horários e saem pelas traseiras dos edifícios públicos onde são recebidos com cartazes de repúdio pela política da coligação reacionária. Mais de uma vez a PSP e a GNR identificaram os manifestantes como se fosse crime entoar nas ruas Grândola Vila Morena.

Por si só o argumento de que vaiar Passos e sua gente configura atentado à liberdade de expressão é definidor da opção politica das personalidades que que criticam essas manifestações.

A cumplicidade com o Poder de influentes comentadores das mesas redondas é tão transparente que alguns, em gesto de humor negro, afirmam que a imagem pública de Relvas melhorou desde o boicote e as vaias do ISCTE.

AS MASSAS COMO SUJEITO NA HISTÓRIA

É chocante que António José Seguro, António Costa, Vitorino e outros destacados dirigentes socialistas tenham condenado esses episódios recorrendo a uma linguagem acaciana.

Tal atitude é esclarecedora do que se pode esperar do PS no desenvolvimento da crise, agarrado como está ao memorando da troika como lapa à rocha.

É muito significativo que na semana passada Francisco Assis tenha defendido para a próxima legislatura um governo PS-PSD e elogiado Paulo Portas.

Coloco a questão porque o regresso do PS ao Governo me aparece como quase inevitabilidade após as próximas eleições legislativas, provavelmente antecipadas.

Na lógica do funcionamento do sistema, vai ocorrer uma deslocação de votos do PSD e do CDS para o PS para punir a equipa Passos-Portas.

Tudo indica que vamos assistir a uma dramática repetição das últimas farsas eleitorais.

Teoricamente, seria possível através do voto eleger uma Assembleia empenhada em levar adiante uma política progressista. Mas é uma ilusão romântica acreditar que isso vai acontecer. O PS e o PSD, somados, obterão mais uma vez uma ampla maioria. As engrenagens do sistema não conduzem a outra saída.

Porquê se a maré da indignação sobe torrencialmente, se a grande maioria da população repudia hoje a política do governo que levou o país à ruina e milhões de famílias à miséria?

Para se compreender a contradição é necessário tomar plena consciência de que o País está submetido – insisto – a uma ditadura de classe encoberta por uma enganadora fachada democrática.

A vigência de uma Constituição que garante liberdades e direitos fundamentais - muitos deles desrespeitados - não impede que a classe dominante exerça o poder discricionariamente, impedindo na prática – excepto na área das autarquias – a participação popular. Esta está reduzida ao voto, mas as escolhas do eleitorado são condicionadas por mecanismos controlados pelo capital. Os jornais e os audiovisuais encontram-se hegemonicamente nas suas mãos. A tão falada liberdade de expressão esconde a evidência: a liberdade dos proprietários dos media.

Outro factor impeditivo de uma vitória eleitoral de forças progressistas é aquilo que Marx, com clareza meridiana, definiu como "alienação".

A grande maioria dos cidadãos eleitores, incluindo uma parcela ponderável dos trabalhadores, não transformou ainda a consciência de classe em consciência política interveniente.

Sabe o que não quer, mas sente enorme dificuldade em atuar em defesa dos seus interesses. O avolumar dos grandes protestos "espontâneos" traduz bem essa realidade. Eles são positivos, mas insuficientes para enfrentar o poder da classe dominante.

As condições objetivas para a passagem dos protestos de uma juventude indignada à luta organizada contra o Poder são muito favoráveis.

A contribuição para esse objetivo da CGTP nos últimos meses, desde que Arménio Carlos assumiu a Coordenação da central sindical, tem sido muito importante.

Creio que a releitura do "Que fazer" de Lenin é muito útil nestas vésperas de grandes lutas sociais. Foi a sua grande contribuição para a construção do partido revolucionário de novo tipo. Mas o que lhe confere maior atualidade é a reflexão criadora do papel da vanguarda como única força capaz de mobilizar as massas organizadamente. Com fins bem definidos na luta contra o Poder que as oprime.

Não pretendo obviamente estabelecer qualquer analogia entre a situação existente na Rússia imperial antes da Revolução de 1905 e a que vivemos hoje em Portugal. Mas os ensinamentos de Lenin sobre o papel da vanguarda permanecem válidos.

Sem participação intensa do povo não há democracia autêntica (palavra de que se usa e abusa em Portugal onde ela é uma fachada).

O povo é o agente das grandes rupturas históricas. Mas para que ele se assuma como sujeito é imprescindível um nível de consciência politica hoje insuficiente em Portugal. Não estamos no limiar de uma situação pré-revolucionária; longe disso. Mas é cada vez ampla a convicção de que as coisas não podem continuar como estão. Eric Hobsbawm enuncia uma evidência ao afirmar que "as ideias não se transformam em forças até se apoderarem das massas" [1] . E isso é muito difícil, lento. Uma tarefa da vanguarda (no caso português o PCP) que exige muita paciência, quase magia, como lembra o historiador britânico.

Os tempos são sombrios e no horizonte próximo esboçam-se novas agressões ao povo por um governo de contornos fascizantes.

Mas paralelamente a resistência popular crescerá em torrente. Uma certeza: as massas derrotarão nas ruas e nos locais de trabalho o projeto da ditadura da burguesia.

Serpa e Vila Nova de Gaia, 23/Fevereiro/2013
[1] Eric Hobsbawm, "Como Mudar o Mundo - Marx e o Marxismo, 1840-2011", pág. 182, Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2011

O original encontra-se em http://www.odiario.info/?p=2784

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Pratos cuspidos e trilhos entalados 28/02/2013



O governo vai em romaria aos grandes centros financeiros mundiais para atrair investidores interessados em construir ferrovias, estradas, portos e aeroportos no país.

Não é um passeio. Pode ser uma cartada decisiva.

A continuidade do desenvolvimento requer algo em torno de R$ 500 bilhões em investimentos para dilatar a fronteira logística de um sistema econômico originalmente projetado para servir a 30% da sociedade.

O Brasil corre contra o tempo, mas o momento é favorável.

O governo oferece projetos de concessão pré-esquadrejados pelo Estado.

O interesse público define as prioridades , prazos, qualidade do serviço e taxas de retorno – atraentes, diga-se, de até 15% ao ano.

Num mundo estagnado pela desordem neoliberal, com juro negativo e dinheiro embolorando no caixa das corporações, pode dar certo.

Mas a romaria que começa nesta sexta-feira não visa apenas o capital externo.

Na verdade, destina-se também a desfechar um safanão no rentismo local.

Em 2012 ele já fora abalroado por um corte de 5,5 pontos na taxa da Selic.

Dilma roçou baixo o pasto gordo da renda fixa, livre, leve e líquida propiciada pelos títulos públicos.

Ainda assim a manada hesita.

Resiste em migrar dos piquetes de engorda de curto prazo para canteiros de obras de longo curso.Mesmo com taxas de retorno maiores que a do juro real da dívida pública.

A relutância não é totalmente espontânea.

Anima-a a lira musical conservadora que sassarica dando voltas no salão, a embalar expectativas de que o Brasil de Dilma vai acabar na próxima curva.

A estratégia tem lógica.

Trata-se de engessar a economia em um imenso gargalo de infraestrutura, capaz de emprestar alguma relevância ao discurso do senhor Neves, em 2014.

O governo tenta contornar a arapuca trazendo a concorrência do investidor estrangeiro para atiçar o investimeto local.

Mas não é o único obstáculo que enfrenta.

O país que pretende construir 10 mil kms de ferrovias nos próximos anos não dispõe de uma única fábrica de trilhos para atender a demanda prevista.

O colapso dos trilhos, curiosamente, não integra os hits da lira musical conservadora.

De todos os colapsos alardeados pelas manchetes nos últimos meses, o dos trilhos é o mais palpável.

Não como ameaça.

É a realidade palpitante dos dias que correm.

Um trecho de 600 km da Ferrovia Norte-Sul, que ligará as cidades de Ouro Verde (GO) e Estrela D"Oeste, em São Paulo, em construção pela Valec, está com as obras prestes a parar.

Por falta de trilhos, informa o insuspeito jornal Valor Econômico.

Que a fuzilaria midiática não se debruce sobre esse férreo gargalo causa espécie.

O Brasil, ao lado da Austrália, é o maior exportador de minério de ferro do mundo.

Não qualquer minério.

A mina de Carajás, no Pará, concentra a maior reserva de ferro de alto teor do planeta. Bom para fazer o aço requerido por uma laminadora de trilho.

Trata-se de uma reserva nuclear rodeada por um imenso estoque de manganês, além de ouro, dez jazidas de cobre e quatro de níquel.

Carajás, que fica próximo a Serra Pelada, tem fôlego para cerca de quatro séculos de exploração.

O paradoxo não fica nisso.

A China compra 70% do minério de ferro embarcado pelo Brasil.

E o país importa da China cada centímetro de trilho de aço de que necessita.

Quando há problema com as importações, como agora no caso da Valec, o comboio descarrila.

Como entender que o senhor Neves, seus padrinhos de partido e os embarcados da mídia não explorem um desconcerto como esse que grita ao sol do meio dia?

Uma rápida recapitulação ajuda a entender o paradoxo dentro do paradoxo.

A Vale do Rio Doce, detentora da jazida de Carajás, foi privatizada por R$ 3,3 bilhões, em 1997 no governo FHC --com o empenho firme de Serra, gosta de contar o ex-presidente tucano.

Um trimestre padrão de lucro da empresa pagaria o valor atualizado da transação.

A Vale exporta, em média, uns US$ 25 bi ao ano em minério de ferro bruto.

Fundamentalmente para a China, no valor médio de US$ 130 a tonelada.

O Brasil importou, só em um edital de compras, em 2010, para citar um exemplo, 244,6 mil toneladas de trilhos.

Fundamentalmente da China e secundariamente do leste europeu.

Preço médio: US$ 864 a tonelada.

Quase sete vezes o valor do minério bruto embarcado.

Durante seus dois governos, Lula insistiu inúmeras vezes, em público e em encontros privados, para que a Vale investisse em siderurgia e beneficiasse o minério brasileiro.

Transformando-o em trilhos.

Seus apelos foram recebidos com estupefação pela mídia sempre ciosa dos interesses superiores dos acionistas, em relação às necessidades secundárias do país.

E tratados com senhorial indiferença pelo presidente executivo da Vale, o tucano Roger Agnelli, que dirigiu a empresa de 2001 a 2011, por indicação dos acionistas privados, conforme reza o esperto escopo da privatização.

Uma laminadora de trilhos adquire escala econômica a partir de 500 mil toneladas ano de produção.

A demanda do país chegou a 496 mil toneladas em 2010 .

Ou seja, antes de deflagrar os planos que agora projetam o maior investimento ferroviário dos últimos 40 anos.

O Brasil nem sempre foi assim tão paradoxal.

Foi preciso empenho para chegar onde chegamos.

Em 1996, um ano antes de privatizar a Vale do Rio Doce , o governo Fernando Henrique Cardoso desativou também o laminador de produção de trilhos da Companhia Siderúrgica Nacional.

A CSN criada por Vargas.

O tucano que prometeu enterrar o ciclo Vargas fez barba e bigode.

Entregou o minério bruto.

E inviabilizou a agregação de valor local.

Não foi um plano demoníaco.

Foi a pacífica convicção anti-desenvolvimetista na complementariedade dos livres mercados.

Movida por uma fé esférica nas vantagens comparativas 'naturais' --que a história não tem direito de contrariar, como Vargas o fez.

Ao mandar Vargas e o desenvovimentismo às favas, o ciclo tucano definiu que cabe ao Brasil fazer o que sabe melhor: raspar Carajás até o fundo do tacho.

Abastecer o mundo.

E importar o que for preciso.

Acionistas da Vale nunca reclamaram dessa lógica.

Nem a mídia que agora fuzila a Petrobrás, pelos índices de nacionalização impostos às encomendas de equipamentos.

Nem o colunismo que ecoa a 'pátria dos acionistas', inconformado com o desvio de dividendos da estatal para a 'irrealista' meta de construir quatro refinarias --e ainda por cima, uma delas com a Venezuela-- que agreguem valor ao pré-sal.

Enquanto comandou a Vale, com a cobertura dos acionistas privados, da mídia amiga e dos tucanos, Roger Agnelli jamais permitiu tamanho disparate.

Foi assim que seu nome foi alçado à galeria dos melhores CEOs do planeta.

O seleto grupo de ‘matadores’ de um capitalismo reflexo, rapinoso e imediatista, em que as coisas dão certo quando tudo dá certo.

Quando dá errado, como na crise de 2008, a Vale, de Agnelli, foi a primeira empresa brasileira a baixar o porrete grosso: demitiu 1.300 operários numa tacada.

A Petrobrás não demitiu ninguém. E engoliu um congelamento estratégico do preço da gasolina, martelado como escândalo pelo jornalismo especializado no direito dos acionistas graúdos.

O herói pró-cíclico consagrou-se assim.

Esburacando o país para saciar a fome das siderúrgicas internacionais.

Graças a sua resistência, a obra tucana de privatizar o subsolo e esfarelar a superfície industrial manteve-se intacta por uma década.

Um ciclo de fastígio da república dos dividendos.

Hoje o Brasil é um paradoxo mineral: exporta ferro e vive sob a ameaça de um colapso na oferta de trilhos.

O governo do PT teve tempo.

Poderia ter montado uma laminadora estatal de trilhos, por exemplo. Por que não o fez?

O governo errou.

Mas a mesma mídia que agora retrucará assim – não sem razão – seria a primeira a disparar alarmes e sinalizadores contra 'o estatismo ineficiente e empreguista' do PT.

Ou não é exatamente como agem hoje em relação à Petrobrás e ao pré-sal?

FHC reclama que Dilma cospe no prato fino que os seus oito anos de governo legaram ao país.

O colapso dos trilhos revela a ponta da gororoba, o imenso angu de caroço acumulado sob a película do caviar.

Postado por Saul Leblon

O vale tudo da imigração ilegal na Europa 28/02/2013


Hugo Gusmao
No Diario do Centro do Mundo

Nem a crise econômica detém as pessoas que querem migrar para os países europeus.
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DE GRANADA, ESPANHA.
A cena tranquila se torna tensa rapidamente. Três guardas surgem no enquadramento da câmera de vigilância no posto da fronteira de Melilla, território espanhol no norte da África. Eles tentam desesperadamente fechar os portões da cerca que separa a Espanha do Marrocos. Antes que consigam, um carro lotado rompe a barreira em alta velocidade, destruindo tudo em seu caminho.
Esta é uma das novas táticas usadas pelas máfias para introduzir imigrantes ilegais na Espanha, e leva o nome de “carro kamikaze”. É um novo capítulo neste antigo drama humano, que não recebe a devida atenção da mídia nem foi amenizado pela recessão do sul da Europa.
A imigração ilegal não pode ser abordada na realidade espanhola sem ponderação, pois é bastante peculiar. E de acordo com sua procedência geográfica, os desdobramentos podem ser mais ou menos aceitos socialmente.
Há uma clara distinção entre o imigrante ilegal proveniente da América Latina e aquele de origem africana. Os primeiros, apesar da clandestinidade, sempre gozaram de maior aceitação por parte da sociedade espanhola. O idioma contribui decisivamente para isto. Equatorianos, bolivianos, paraguaios, peruanos, etc., não enfrentam a barreira linguística. Sem mencionar que, no longo período de prosperidade que antecedeu a crise econômica, serviram como mão de obra em ocupações geralmente rejeitadas pelos espanhóis.
A imigração ilegal pelo Aeroporto de Barajas, em Madri, que era a via dos latino-americanos, já não vale mais a pena. A crise, particularmente intensa no setor imobiliário, deixou muitos trabalhadores sem emprego.
Ao mesmo tempo, a perspectiva de um contexto sócio-econômico mais favorável em seus países de origem atraiu de volta muitos desses imigrantes. Enquanto os espanhóis, por seu turno, começaram também a olhar com bons olhos empregos que antes rejeitavam.
Por outro lado, não se pode dizer que o quadro seja o mesmo para o fluxo migratório proveniente da África. Nem em relação à imersão social deste imigrante, nem em relação à sua vulnerabilidade à crise.
Em primeiro lugar, marroquinos, argelinos, senegaleses, entre outros, enfrentam uma verdadeira odisséia para chegar ao território europeu. Um autêntico jogo de xadrez com a morte.
Na verdade, se o imigrante latino tivesse que lidar com o mesmo nível de brutalidade e risco na sua própria trajetória, o fluxo que agora dá sinais de franco declínio sequer teria começado.
african
Os africanos atravessavam o mar aberto em frágeis embarcações em direção às Ilhas Canárias ou à costa espanhola no Mediterrâneo. Muitas vezes depois de percorrer milhares de quilômetros desde seus países de origem. Os relatos dessa odisséia intermediada por máfias, e ainda em contínuo fluxo, a despeito da crise, são aterradores.
Ao longo desta travessia os “passageiros” permanecem amarrados, para favorecer a estabilidade da embarcação no mar quase sempre revolto. Não raras vezes a viagem é feita sem água ou comida, e em muitos casos, alguns acabam caindo do barco e se perdendo no meio do Oceano na disputa por espaço. Quando ocorre um naufrágio, quase sempre ninguém escapa.
Por outro lado, tão apavorante quanto naufragar é ficar à deriva no Atlântico por uma mudança de rumo provocada por uma tormenta. Já que, ao navegar sem qualquer aparelhagem de orientação, não é difícil errar o alvo quando se trata de um arquipélago no meio do Oceano. Ou mesmo pensar estar navegando para as Canárias, quando na verdade o rumo terá se modificado em direção à Argentina.
Outras táticas de invasão ao território espanhol incluíram, no passado, o assalto massivo à cerca que divide a Espanha do Marrocos, em Melilla. E modalidades recentes como a do “carro kamikaze” ou do “imigrante pára-choque”, quando este vai encaixado na carroceria de um automóvel, mostram que ainda não há limites para a criatividade das máfias.
mapa

Rota das imigrações ilegais na Europa.
Finalmente, quando conseguem alcançar o território espanhol, ou quando são salvos pela guarda costeira (no caso da viagem marítima),conquistam o sonho de permanecer na Europa: não há acordo de extradição entre a Espanha e muitos dos países dos quais vêm esses imigrantes.
A partir daí inicia-se o longo, difícil e quase nunca bem sucedido processo de acomodação social – que nada tem em comum com aquele enfrentado pelo imigrante latino-americano. É nesse momento que se faz notar o profundo abismo cultural que separa o imigrante africano do cidadão europeu.
Este fluxo migratório continua a atingir a Europa, apesar de seu ocaso econômico. São as invasões bárbaras contemporâneas, imunes às oscilações financeiras. Pois enquanto o revés do cotidiano para o espanhol se expressa por meio de taxas de desemprego, para os africanos a morte é o limite.

A “gastança” pública dez anos depois 28/02/2013

João Sicsú em Carta Capital

Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do IPEA entre 2007 e 2011.

Em 2009, o PSDB soltou uma nota em que afirmava: “o Palácio do Planalto promove uma gastança…”. Em qualquer dicionário, gastança significa excesso de gastos, desperdício. A afirmação feita na nota somente tem utilidade midiática, mas não é útil para a produção de análises e discussões sérias em torno da temática das finanças públicas brasileiras.
A dívida pública deixada para o presidente Lula era superior a 60% do PIB. O déficit público nominal era de 4,4% do PIB. Esses são os números referentes a dezembro de 2002, o último mês de Fernando Henrique Cardoso na presidência.
Gasto social total per capita
Gasto social total per capita

De forma ideal, a administração das contas públicas deve sempre buscar a redução de dívidas e déficits. Deve-se buscar contas públicas mais sólidas. A motivação para a busca desta solidez não está no campo da moral, da ética, da religião ou do saber popular que diz “não se deve gastar mais do que se ganha”.
A motivação está no aprendizado da Economia. Aprendemos que o orçamento é um instrumento de combate ao desaquecimento econômico, ao desemprego e à falta de infraestrutura. Contudo, o orçamento somente poderá ser utilizado para cumprir estas funções se houver capacidade de gasto. E, para tanto, é necessário solidez e robustez orçamentárias.
A ideia é simples: folgas orçamentárias devem ser alcançadas para que possam ser utilizadas quando a economia estiver prestes a provocar problemas sociais, tais como o desemprego e a redução de bem-estar. Portanto, a solidez das contas públicas não é um fim em si mesma, mas sim um meio para a manutenção do crescimento econômico, do pleno emprego e do bem-estar.
A contabilidade fiscal feita pela equipe econômica do governo do presidente Lula mostrou como essas ideias podem ser postas em prática. Houve melhora substancial das contas públicas que resultaram da boa administração durante o processo de aceleração das taxas de crescimento. O presidente Lula entregou à presidenta Dilma uma dívida que representava 39,2% do PIB. Ao final de 2012, a dívida foi reduzida ainda mais: 35,1% do PIB. O presidente Lula entregou para a sucessora um orçamento com déficit de 2,5% do PIB. Ao final de 2012, este número foi mantido.
Foi essa administração fiscal exitosa que deu ao presidente Lula autoridade política e solidez orçamentária para enfrentar a crise de 2009, evitando que tivéssemos uma profunda recessão e uma elevação drástica do desemprego. No ano de 2009, a relação dívida/PIB aumentou para 42,1% e o déficit público nominal foi elevado de 2% para 3,3% do PIB. Em compensação, naquele ano de crise, foram criados mais de 1,7 milhão de empregos formais e o desemprego subiu apenas de 7,9%, em 2008, para 8,1%, em 2009.
Dívida líquida do setor público
Dívida líquida do setor público

Em paralelo à consolidação fiscal, os governos dos presidentes Lula e Dilma promoveram ampliação dos gastos na área social. A área social engloba: educação, previdência, seguro desemprego, saúde, assistência social etc. O investimento social per capita cresceu 32% em termos reais entre 1995 e 2002. De 2003 a 2010, cresceu mais que 70%. Cabe ser destacado que mesmo diante da fase mais aguda da crise financeira internacional de 2008-9 os investimentos sociais não foram contidos – a partir de 2009, houve inclusive uma injeção adicional de recursos nessa área.
Os números não são refutáveis. São estatísticas oficiais organizadas por milhares de técnicos competentes. O Estado brasileiro está consolidado em termos de responsabilidade com a geração de estatísticas. No Brasil, não há maquiagem ou ocultação de dados. Portanto, temos elementos para fazer análises consistentes das finanças públicas que dispensam a utilização de termos midiáticos jogados ao ar: gastança! Nos últimos dez anos não houve gastança, houve organização fiscal. Houve também aumento significativo de gastos na área social. Essa é a radiográfica precisa dos números.

Lula: Por que a gente não começa a organizar a nossa mídia? 28/02/2013



Durante ato pelos 30 anos da CUT, Lula cumprimenta Vagner Freitas. Foto: Roberto Stuckert/Instituto Lula 
porVitor Nuzzi, Rede Brasil Atual
Sâo Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (27) que o movimento sindical e os setores progressistas da sociedade invistam mais na organização de seus próprios meios de comunicação, em vez de esperar imparcialidade da mídia tradicional em relação aos governos e às reivindicações de esquerda. Para ele, é preciso parar de reclamar por não ter saído no jornal ou ganhado destaque na imprensa. Os chamados formadores de opinião, disse Lula, eram contra as eleições diretas para presidente, contra o impeachment de Fernando Collor e contra a eleição dele e da atual presidenta, Dilma Rousseff.
Em ato pelos 30 anos da CUT, que serão completados em agosto, Lula disse que o próprio movimento sindical tem um aparato ‘poderoso’ de comunicação, mas desorganizado. “Quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não dão espaço. Por que a gente não organiza o nosso espaço? Por que a gente não começa organizar a nossa mídia? Nós sabemos o time que temos, o time dos adversários e o que eles querem fazer conosco. Vocês têm de analisar qual é o espaço de imprensa que o movimento sindical tem.”
Dirigindo-se ao presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, Lula afirmou que a entidade tem de “dar um salto” e passar a atuar mais no auxílio aos movimentos sociais com pouca estrutura. “Não é apenas a luta corporativa. Esse economicismo é bom, mas não é tudo. Faça todas as brigas que tiver de fazer, internamente, mas quando terminar a CUT tem de ir pra rua. A CUT não nasceu para ficar dentro de um prédio.”
Segundo Lula, um dos criadores da CUT, em agosto de 1983, o radicalismo da central era necessário, nos primeiros momentos, para se firmar. “As pessoas não convidavam a gente para a festa deles. Tínhamos de falar grosso para subir um degrau. O importante é não perder o limite, a compreensão, as possibilidades da luta política, da correlação de forças.”
Assim, acrescentou, o movimento sindical não pode abrir mão de reivindicar, mas deve também saber negociar. “Se vocês virarem dirigente sindical chapa-branca, não vale a pena. Se for só do contra, também não vale a pena. Para valorizar o que a CUT tem feito e vai fazer, temos de imaginar como seria o Brasil sem ela. É preciso repensar o papel histórico da CUT.”
O ato teve a presença de todos os ex-presidentes da central: Jair Meneguelli (1983-1994), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (1994-2000), Kjeld Jakobsen (interino, de maio a agosto de 2000), João Felício (2000-2003), Luiz Marinho (2003-2006) e Artur Henrique (2006-2012). Dois prefeitos foram à cerimônia – o próprio Marinho, reeleito em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e Carlos Grana, de Santo André.

PE vai investir mais R$ 3 bi na infraestrutura de Suape Global até o ano que vem 28/02/2013




Principal frente de desenvolvimento do Estado de Pernambuco, o projeto Suape Global – Pólo Provedor de Bens e Serviços para Indústria de Petróleo, Gás e Naval – receberá, até o ano que vem, investimentos em obras de infraestrutura no valor de R$ 3 bilhões.Estão previstas dezenas de obras de dragagem, terraplenagem e construção de acessos, com destaque para a duplicação da rodovia PE-60, a construção de via expressa e a dragagem do canal de acesso externo ao Porto – fundamental para receber qualquer tipo de navio.O projeto Suape Global foi tema da primeira reunião de trabalho do Plano de Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais para o Setor de Petróleo, Gás e Naval, realizada nesta terça-feira, 26, em Brasília.Integrante do Plano Brasil Maior e do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), da Petrobras, o plano de desenvolvimento irá atingir, inicialmente, cinco territórios-precursores: Ipojuca-Suape Global (PE), Maragogipe-São Roque (BA), Rio Grande-São José do Norte (RS), Ipatinga-Vale do Aço (MG) e Itaboraí-Conleste (RJ).O objetivo do projeto é ampliar, a preços competitivos, a capacidade de oferta da indústria nacional à cadeia global de fornecedores nas áreas de petróleo, gás e naval. Para isso, serão utilizados diversos instrumentos de apoio e de crédito do MDIC, da Petrobras, do BNDES e da Finep, além de instrumentos que vierem a ser desenvolvidos e incorporados ao longo da execução do projeto.O Complexo Industrial Portuário de Pernambuco tem provocado uma verdadeira revolução na indústria do estado, avalia o diretor do projeto Suape Global , Silvio Leiming. “Pernambuco vivia uma fase terrível, em que a indústria estava quase dizimada”, relata.Suape conta hoje com uma refinaria e três plantas petroquímicas que somam investimentos da ordem de U$20 bilhões. São 25 mil empregos diretos e 50 mil empregos na construção civil.

Bahia planeja investir US$ 10 bi em infraestrutura para atrair investimentos em petróleo e gás 28/02/2013



O Estado da Bahia planeja investir mais de U$ 10 bilhões de dólares em obras de infraestrutura logística e de mobilidade urbana para atrair novos investimentos para a produção de petróleo e gás na região de Maragogipe.De acordo com o diretor estadual do Departamento de Indústria da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, Elcio Pereira, estão previstas a construção de ponte para ligar Salvador à Ilha de Itaparica e a construção de uma via expressa sobre a Baía de Todos os Santos.A Bahia produz diariamente 47,5 mil barris de petróleo e 9,2 milhões m³ de gás natural. A estratégia do governo estadual é investir em obras de infraestrutura que facilitem o escoamento da produção para as regiões norte, nordeste, centro-oeste e sudeste.A indústria baiana de petróleo foi tema da primeira reunião de trabalho do Plano de Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais  para o Setor de Petróleo, Gás e Naval, realizada nesta terça-feira, 26, em Brasília.O projeto faz parte do Plano Brasil Maior e do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) e irá atingir, inicialmente, cinco territórios-precursores: Maragogipe-São Roque (BA), Rio Grande-São José do Norte (RS), Ipatinga-Vale do Aço (MG), Ipojuca-Suape Global (PE) e Itaboraí-Conleste (RJ).O objetivo do projeto é ampliar, a preços competitivos, a capacidade de oferta da indústria nacional à cadeia global de fornecedores nas áreas de petróleo, gás e naval. Para isso, serão utilizados diversos instrumentos de apoio e de crédito do MDIC, da Petrobras, do BNDES, da Finep, além de instrumentos que vierem a ser desenvolvidos e incorporados ao longo da execução do projeto.Durante a apresentação do Estado da Bahia, Elcio Pereira apontou que, com a implantação das APLs no setor, são esperados mais incentivos à indústria, capacitação das empresas para ampliação de mercados, apoio à qualificação de recursos humanos, apoio ao desenvolvimento tecnológico, acesso a recursos financeiros e estruturação de condomínios de empresas do setor.Atualmente, Maragogipe conta com um canteiro offshore em São Roque do Paraguaçu, mas até o fim de 2014 deve ser instalado um estaleiro. Apesar de ser uma indústria relativamente nova no Estado, Elcio reforça que o setor de petróleo, gás e naval já representa 11,1% dos investimentos realizados. São 19 companhias atuando em terra e mar, sendo que a maioria da produção pertence à Petrobras.

Brasil receberá R$ 3,8 trilhões em investimentos até 2016 28/02/2013



O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou nesta quarta-feira que os investimentos nacionais e estrangeiros na economia do Brasil somarão R$ 3,8 trilhões até 2016.Pimentel participou de uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, integrado por diversos órgãos do Governo e representantes de grandes empresas, na qual afirmou que 2013 será "um ano com um forte crescimento dos investimentos".As previsões de investimento incluem os setores público e privado, assim como empresas tanto nacionais como estrangeiras, e se apoiam, segundo Pimentel, em projeções do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).No caso dos investimentos estrangeiros, o Governo prevê que se manterão entre US$ 65 bilhões e US$ 70 bilhões anuais, a mesma média dos últimos anos.O grosso dos investimentos esperados provirá do setor público e implica ambiciosos planos para a construção ou melhoria de aeroportos, portos, estradas e outras infraestruturas que o Governo anunciou no ano passado e começarão a ser executados durante 2013.Pimentel sustentou que, enquanto os fluxos de investimentos se reduziram no mundo todo como consequência da crise global, no Brasil "o processo é diferente" e não foi registrada uma retração dos capitais."O Brasil tornou-se mais atrativo para o investimento estrangeiro direto" e, além disso, conta com instrumentos financeiros "poderosos", como o citado BNDES e outros organismos financeiros do âmbito estatal, afirmou.Segundo Pimentel, existem enquetes feitas entre empresas multinacionais, nas quais o Brasil aparece como o terceiro melhor destino para o investimento estrangeiro atrás de China e Estados Unidos.Na opinião do ministro, esse atrativo "deve ser transformado em uma avalanche para o crescimento" econômico, que no ano passado calcula-se que foi próximo a 1%, mas que para 2013 se prevê que atingirá uma taxa superior a 3%.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Embraer vence disputa para fornecer 20 aviões para Força Aérea dos EUA 27/02/2013

A Embraer (EMBR3) venceu a norte-americana Beechcraft em uma disputa para fornecer 20 aviões leves de apoio para a Força Aérea dos Estados Unidos, que serão utilizados por militares do Afeganistão para treinamento e contra-insurgência.

A Embraer e sua parceira norte-americana, Sierra Nevada, ganharam o negócio de US$ 427,5 milhões, anunciou o Pentágono nesta quarta-feira (27).
As duas empresas ganharam um contrato de US$ 355 milhões inicial em dezembro de 2011, mas o negócio foi desfeito depois de ser questionado pela Beechcraft, então conhecida como Hawker Beechcraft.

Entenda o impasse

No fim de 2011, a Força Aérea dos Estados Unidos definiu que a Sierra Nevada e a Embraer tinham ganhado o contrato para venda de 20 aviões Super Tucano A-29, assim como treinamento e suporte. De acordo com a licitação, as aeronaves da Embraer seriam fornecidas em parceria com a norte-americana Sierra Nevada Corporation (SNC) e seriam utilizadas para treinamento avançado em voo, reconhecimento e operações de apoio aéreo no Afeganistão.
Entretanto, a licitação foi paralisada em janeiro, quando a Hawker Beechcraft entrou na Justiça questionando a decisão.
Na época, a Força Aérea norte-americana disse que a seleção tinha sido justa e transparente.
"A concorrência e a avaliação de seleção foram justas, abertas e transparentes. A Força Aérea está confiante nos méritos de sua decisão de concessão do contrato e espera que o litígio seja rapidamente resolvido", divulgou, na época, em nota John Dorrian, porta-voz da Força Aérea norte-americana.
Porém, em meados de fevereiro de 2012, a Força Aérea informou ter cancelado o contrato, citando problemas com a documentação.
(Com Reuters)