quarta-feira, 31 de julho de 2013

Nova revelação de Snowden ofusca liberação de documentos pelos EUA 31/07/2013


WASHINGTON, 31 Jul (Reuters) - Novas revelações feitas por Edward Snowden sobre as atividades de espionagem digital dos Estados Unidos vieram à luz nesta quarta-feira, enquanto parlamentares norte-americanos submetem a crescente escrutínio os programas de vigilância secreta do governo.
O jornal britânico The Guardian publicou, com base em documentos entregues por Snowden, materiais de treinamento da Agência de Segurança Nacional (NSA) para o programa XKeyscore, que a reportagem disse ser um sistema que abrange "praticamente tudo que um usuário típico faz na internet".
Analistas de inteligência podem exercer vigilância por intermédio do XKeyscore, bastando para isso preencher na tela do computador um formulário com uma "justificativa ampla" para vasculhar comunicações, sem necessidade de autorização judicial ou de outros funcionários da NSA, segundo o Guardian.
No mês passado, Snowden, ex-funcionário terceirizado do serviço de inteligência dos Estados Unidos, revelou que o governo norte-americano espionava secretamente as comunicações telefônicas e via computador de milhões de pessoas, dentro e fora do país, num caso que provocou indignação internacional.
Autoridades de inteligência dizem que essas atividades ajudaram a impedir atentados terroristas.
"É falsa a conclusão de que a coleta pela NSA é arbitrária e irrestrita", disse a agência em nota respondendo à reportagem do Guardian e descrevendo o sistema XKeyscore como parte do "sistema legal de coleta de sinais de inteligência estrangeira pela NSA".
Parlamentares têm exigido uma maior supervisão sobre os programas de vigilância, que foram vastamente ampliados depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos.
Nesta quarta-feira, funcionários de inteligência foram interrogados na Comissão de Justiça do Senado a respeito das formas de coleta de informações, da falta de transparência e dos lapsos de segurança que permitiram que Snowden obtivesse tantos dados.
No mesmo dia, o gabinete do Diretor Nacional de Inteligência divulgou três documentos, agora liberados do sigilo, que autorizavam e explicavam a coleta "a granel" de dados das comunicações telefônicas.
Em nota, o gabinete disse que a divulgação dos documentos "atende ao interesse de uma maior transparência". Na verdade, grande parte das informações ali constantes já havia sido citada em audiências públicas por autoridades de inteligência.
(Reportagem de Alina Selyukh e Patricia Zengerle)

Greve de trabalhadores nas redes de fast-food expõe a face da miséria nos EUA 31/07/2013


Por Redação, com agências internacionais - de Nova York, EUA

As condições de vida e moradia se degradam com rapidez nos grandes centros norte-americanos
As condições de vida e moradia se degradam com rapidez nos grandes centros dos EUA
Centenas de trabalhadores de redes de fast-food (McDonald’s, King’s Burger etc) de sete cidades dos Estados Unidos entraram no segundo dia da greve iniciada nesta e pretendem manter a paralisação durante toda esta semana. Eles protestam nos EUA contra o que chamam de “salário de miséria de US$ 7,25 a hora”. De acordo com reportagem da revista Forbes, muitas das lojas dessas empresas estão fechadas ou funcionam com capacidade reduzida. As cidades norte-americanas em que ocorre a greve são Nova York, Chicago, St. Louis, Detroit, Milwaukee, Kansas City e Flint.
As empresas de fast-food norte-americanas costumam pagar aos seus atendentes e cozinheiros no país o salário mínimo de US$ 7,25 por hora (cerca de R$ 16). Segundo os trabalhadores, isso não é suficiente para garantir a sobrevivência familiar. Além do baixo salário, eles também reclamam da ausência de benefícios, das precárias condições de trabalho e da grande pressão em que têm que trabalhar. O movimento paredista atinge as lanchonetes Mc Donald’s, Burger King, Wendy’s, KFC e Domino’s Pizza.
Miséria
Nos EUA, em 2013, há mais de 23 milhões de desempregados ou severamente subempregados. Mais de 146 milhões – 48% da população – vive com renda menor do que a mínima necessária para sobreviver ou já mergulhou na indigência, recorde nacional. Os salários reais foram incansavelmente empurrados para baixo, ao longo dos últimos 30 anos. Se corrigido pela inflação, o salário mínimo hoje é 45% menor do que era em 1968.
Segundo o relatório divulgado pela agência inglesa de notícias Reuters, baseado em dados recentes do Censo, em 2011 havia 200 mil famílias de “pobres trabalhadores” a mais do que em 2010. Cerca de 10,4 milhões dessas famílias – ou 47,5 milhões de norte-americanos – agora vivem na linha da pobreza, definida nos EUA como sendo uma renda inferior a US$ 22.811 por ano, para uma família de quatro pessoas.
Na realidade, quase um terço das famílias trabalhadoras dos Estados Unidos atualmente enfrenta dificuldades, segundo a análise. Em 2007, quando a recessão nos EUA começou, eram 28%.
“Embora muita gente esteja voltando a trabalhar, elas estão muitas vezes assumindo vagas com salários menores e menos segurança no emprego, em comparação aos empregos de classe média que tinham antes da crise econômica”, disse o estudo. As conclusões ocorrem quase três anos depois de o país ter oficialmente deixado a recessão, no segundo semestre de 2009.
Contração
Brandon Roberts, coautor da pesquisa, nota que os resultados são surpreendentes pois, no ano passado, funcionários do Censo disseram que a taxa de pobreza no país se estabilizara. Vários outros dados recentes, no entanto, demonstram ao longo do tempo que há uma contração da classe média, apesar da recuperação econômica gradual dos últimos anos e um aumento vertiginoso na concentração de renda. Os dados mostram que os 20% mais ricos dos EUA receberam 48% de toda a renda nacional, enquanto os 20% mais pobres ficaram com apenas 5%. Este fenômeno pode ser observado nos Estados do Sul, como Geórgia e Carolina do Sul, e do Oeste, como Arizona e Nevada, onde há o maior crescimento no número de famílias trabalhadoras pobres.
O efeito da pobreza sobre o crescente número de crianças que vive nessas famílias – um aumento de quase 2,5 milhões de menores em cinco anos – também coloca em xeque o modelo econômico do país. Em 2011, cerca de 23,5 milhões (ou 37%) das crianças dos EUA viviam em famílias trabalhadoras pobres, contra 21 milhões (33%) em 2007, segundo o relatório. Parte do problema é que mais pais estão trabalhando no setor de serviços, o que resulta em longas jornadas noturnas, com as decorrentes dificuldades para cuidar dos filhos, além de salários baixos e um involuntário status de trabalhador de meio período, segundo a análise.

Lula dá sua visão das manifestações, defende novo jeito de fazer política, nova consertação, e Dilma 2014 31/07/2013


A Revista Brasileiros que está chegando agora, publica entrevista feita com o presidente Lula, daquelas do tipo "sem medo de ser feliz". Foi feita quando ele ainda estava na Etiópia, durante as comemorações dos 50 anos da União Africana. Segue a entrevista:

Ecos na África

Nos 50 anos da União Africana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de encontro de combate à fome, tema de reportagem na próxima edição da Brasileiros. Em entrevista exclusiva, concedida na Etiópia, Lula defende manifestações no Brasil, fala sobre corrupção, consertação e de uma nova maneira de fazer política

texto e fotos Hélio Campos Mello e Luiza Villaméa, enviados especiais a Adis Abeba, na Etiópia

Em Adis Abeba, a capital da Etiópia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela primeira vez em público sobre os protestos que se espalharam pelo Brasil e surpreenderam o mundo. Cercado por líderes políticos e comunitários ávidos para implementar em seus países programas criados quando ele estava à frente da Presidência da República, Lula lembrou dos tempos em que ele próprio ocupava as ruas como forma de pressionar mudanças. Para Lula, as manifestacões são, em parte, resultado do que foi feito no Brasil nos últimos dez anos: “Feliz é o povo que tem liberdade de se manifestar. E mais feliz ainda é o país que tem um povo que se manifesta e vai para as ruas querendo mais”.


Dois dias depois, em entrevista exclusiva à Brasileiros, ainda em Adis Abeba, Lula afirmou que o povo tem razão em reclamar. “As pessoas podem querer mais ou querer menos, podem até querer exageros, mas isso é positivo. É bom para que se faça nova consertação no País”, disse o ex-presidente, que tem acompanhado de perto as mudanças na forma de fazer política no cenário nacional e internacional. Não por acaso, ele defende que governos e políticos entrem em sintonia com as novas mídias e os tempos em que “as pessoas se comunicam sem pedir licença”. O ex-presidente estava em Adis Abeba para um encontro promovido pela União Africana (que comemora 50 anos em atividade), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Instituto Lula.

Brasileiros – Como o senhor está vendo o Brasil? De repente, o índice de popularidade da presidenta Dilma Rousseff despencou.

Luiz Inácio Lula da Silva – Não é a presidenta. O terremoto que aconteceu no País pegou tudo. Pegou desde a imprensa, que estava perplexa e depois virou apoiadora do movimento, até o Congresso Nacional. Pegou todo mundo, os políticos, os prefeitos, como se fosse um vulcão em erupção. Quem estava ali na frente foi se queimando. Como temos de encarar isso? Primeiro, é inegável a evolução que aconteceu no Brasil nos últimos dez anos. Teve crescimento do emprego, do salário e do PIB, além de controle da inflação. Durante dez anos seguidos, o salário mínimo aumentou. Durante dez anos seguidos, as pessoas tiveram mais crédito, viraram consumidoras. Na campanha, Fernando Haddad dizia uma frase que eu achei genial.

Brasileiros – Qual?

Lula – Ele falava “da porta para dentro de suas casas as coisas melhoraram. Da porta para fora, as coisas não melhoraram”. É lógico que o povo tem razão de reclamar do transporte. E não é pelo preço não. É pela qualidade do transporte. Basta pegar um ônibus para sentir o problema. O metrô era chique em São Paulo, quando andava meio vazio. Agora, que entra três vezes mais gente do que cabe no vagão, acabou. À medida que a sociedade evolui, ela quer mais, exige mais. Então, nada de ficar nervoso ou irritado porque os movimentos estão acontecendo. Vamos agradecer que a sociedade está viva, querendo coisas. As pessoas podem querer mais ou querer menos, podem até querer exageros, mas isso é positivo.

Brasileiros – Como?

Lula – É bom para que se faça uma nova consertação no País, para que se façam novos acordos. As pessoas criticam a Copa do Mundo… Eu fico muito feliz que a Copa do Mundo venha para o Brasil. Fiquei felicíssimo com a vitória do Brasil contra a Espanha. Se as pessoas entendem que tem custo a mais, vamos explicar para as pessoas se não tem, se tem a mais ou a menos. Quem é responsável por fazer os estádios tem de explicar. Manda os empresários se explicarem, os governadores se explicarem por que custou 100, 200 ou 300. O governo federal está muito à vontade porque não tem dinheiro para estádio. Tem financiamento do BNDES, como qualquer outro financiamento. Quem toma o empréstimo tem de dar garantia e tem de pagar. O governo tem investimento para obra de infraestrutura, que é outra coisa. Precisa ser feito. Como diz o Andrés Sanchez, do Corinthians, o estádio é do Corinthians, não é da Copa. Se a Copa quiser utilizar, tudo bem. E, no caso das obras públicas, elas têm de ser feitas. No Brasil, todos nós sabemos que faltam coisas. Não precisa nem fazer manifestação. É só acompanhar as pesquisas de opinião pública. E todo mês os políticos têm pesquisa. Todo santo dia tem pesquisa mostrando o que está bom e o que não está bom na percepção do povo. Nisso não há nenhuma novidade. A novidade é que o povo resolveu dizer “olha, nós existimos”.



Brasileiros – Em discurso para líderes políticos e comunitários no Centro de Convenções da União Africana, o senhor considerou os protestos saudáveis para o País.

Lula – Considero saudável, primeiro, porque o povo está fazendo uma manifestação pacífica. Nas greves do passado, mesmo quando a gente pedia para os trabalhadores “olha, não queremos que vocês estourem pneus de ônibus”, sempre aparecia um engraçadinho para quebrar o vidro de um ônibus. Sempre aparecia um engraçadinho com um alicate para tirar a válvula e esvaziar o pneu. Eu dizia “não peçam para fazer piquete que eu não vou fazer”. Eles faziam e depredavam. É sempre assim. Separando isso, as manifestações são legítimas e devem ser encaradas como normais. Aliás, a Dilma tem tido um comportamento muito digno com relação a isso. Mas o mundo não sabe que a polícia é estadual, não é federal. No Brasil, você tem a educação básica, que é municipal e estadual. Há uma mistura. O mundo não sabe disso. Em dez anos, conseguimos mais do que dobrar o número de jovens na universidade. Em dez anos, nós fizemos mais do que foi feito desde 1920, quando foi criada a primeira universidade no Brasil. O ProUni foi uma revolução no ensino brasileiro. Colocou para estudar um milhão e 300 mil pessoas que não teriam condições de entrar para a faculdade se não fosse o programa.

Brasileiros – Ainda há muitas demandas.

Lula – As pessoas querem mais mesmo. É normal. Isso é até dentro da casa da gente. E, depois, tem também o jeito moderno de fazer política. Hoje, eu não preciso ir num comício. Não preciso ouvir um carro de som. Hoje, monta-se uma rede. O que o governo precisa fazer? Tem de se atualizar, ter política de informação por meio de rede também. É um debate cotidiano. Os partidos, os sindicatos têm de se modernizar. Tenho feito reunião com muita gente. Um pouco com a preocupação de compreender, mas também sem precisar compreender. Quando acontece um negócio desses, fica todo mundo querendo adivinhar o que está por trás. Eu me lembro que na greve de 1978 na Scania também havia a curiosidade de saber quem estava por trás … Eu nunca tinha ouvido falar no Almino Affonso (político que tinha chegado do exílio dois anos antes). Aí, diziam: “É o Almino Affonso que está fazendo a greve”.

Brasileiros – Desta vez o senhor ouviu o quê?

Lula – Ouvi gente chamar de fascista, de não sei das quantas. Vamos supor que nas manifestações tenha um cara de direita, outro de extrema esquerda, mas tem muita gente do povo, que está ali porque entende que também pode gritar.

Brasileiros – E o senhor também está tentando entender as novas mídias, não é verdade?

Lula – Mais do que entender, nós temos de nos preocupar e nos modernizar. O jeito de fazer política está mudando no mundo. Não é no Brasil. É no mundo. Hoje, as pessoas se comunicam sem pedir licença. Antigamente, na porta de uma empresa, eu tinha de conversar com o segurança para ver se deixavam entrar o carro de som. Hoje, milhares de jovens se comunicam, sentados no sofá (Lula começa a tamborilar na mesa o som de teclas), comendo batatinha. É um negócio fantástico. Onde isso vai parar no mundo eu não sei. O fato concreto é que a comunicação mudou. E nós temos de evoluir. De qualquer forma, sempre que a sociedade alerta é muito importante prestar atenção. A Dilma agiu rapidamente. No Brasil, o problema do transporte é crônico. Não é um problema de hoje.

Brasileiros – O que mudou?

Lula – A juventude tem outra linguagem hoje. Eu fui conversar com o companheiro Capilé (o produtor cultural Pablo Capilé, do Casa Fora do Eixo). Depois de meia hora de conversa, falei para o Capilé: “Vou ter de arrumar um tradutor para conversar com você”. A linguagem é nova, mas não temos de reclamar. Temos de trabalhar nesse mesmo campo. Estamos fazendo isso dentro do instituto (Instituto Lula). Como é que um partido do tamanho do PT não tem estrutura para conversar com essa meninada em tempo real? Não dá para conversar com essa juventude pelos jornais, pelas vias tradicionais. Tudo isso acabou. Eu vejo lá em casa. Meus filhos não veem televisão, não leem jornal. Eles passam o dia na internet. Tenho um neto de 16 anos que passa o dia conectado. Então, a palavra de ordem agora é: “Vamos nos conectar! Vou me conectar!”.

Brasileiros – Corrupção e reforma política.

Lula – Não sei se haverá grandes mudanças se a reforma política for feita pelos mesmos que hoje estão no Congresso. Quando eu estava na Presidência, cheguei a discutir com a minha equipe política sobre uma Constituinte soberana. Uma Constituinte só para fazer a reforma política. Mas não se consegue passar isso no Congresso. Muita gente prefere que fique do jeito que está. É preciso conhecer as perguntas que serão feitas no plebiscito para saber o que mudará de concreto. De qualquer forma, só o debate já é importante. O problema da corrupção também é crônico. Quanto mais se combater, mais ela vai aparecer. E tem duas formas de combater a corrupção.

Brasileiros – Quais?

Lula – Uma delas é alguém denunciar e você ir atrás do denunciado. Outra é ter mecanismos de investigação. Eu me sinto muito à vontade. Posso dizer que nunca antes na história do País um presidente criou tantos mecanismos para investigar como nós criamos. Nenhum país do mundo tem a transparência que o Brasil tem hoje. Se quiserem acompanhar os gastos do governo, as pessoas podem fazer isso pela internet.

Brasileiros – Como?

Lula – É só entrar no site do Ministério do Planejamento. Com a Lei da Transparência, as pessoas acompanham tudo o que quiserem. Em 2003, quando eu cheguei à Presidência, a Controladoria Geral da União era uma peça de ficção. Depois, virou um órgão de investigação. Grande parte das denúncias surge de nossa própria Controladoria. A Polícia Federal foi equipada e preparada para investigar. Ou se faz isso ou joga-se para baixo do tapete. Quando estava na Presidência, cansei de dizer: “Só tem um jeito de as pessoas não serem denunciadas. É serem decentes, honestas”. Se a pessoa roubar, um dia será descoberta. Quanto mais transparência houver, quanto mais debate a gente fizer, mais será importante. Às vezes, é cansativo. Às vezes, é desagradável. Não tem problema nenhum. O importante é que a gente está a caminho de construir uma nação muito forte democraticamente e mais consciente politicamente. Eu vejo muito os jovens. Muitas vezes, percebo que falta uma coordenação política melhor. Cansei de fazer discurso nesses últimos dez anos. Foi um ministro do Trabalho da direita, o Júlio Barata que disse: “O trabalhador que está satisfeito com o que tem, não merece o que tem”. Em minhas palestras, cansei de me dirigir ao jovem que protesta muito, que radicaliza muito. Na hora que o jovem estiver desanimado, na hora que ele achar que não tem nenhum político que preste no mundo, na hora que ele achar que todo mundo é ladrão, em vez de ficar desanimado, ele tem de entrar na política. O político perfeito que ele quer pode estar dentro dele.



Brasileiros – O senhor se enxerga nesses jovens?

Lula – Eu não sou mais jovem. Eu já me enxerguei nesse processo. Por isso, criei um partido político. Em 1978, quando o Geisel (o ex-presidente Ernesto Geisel) mandou para o Congresso Nacional uma lei criando as categorias essenciais, tentando proibir as categorias de fazer greve, eu fui conversar com os deputados. Quando cheguei lá, percebi: “Peraí, como é que eu quero que esses caras votem numa lei de interesse dos trabalhadores, se não tem trabalhador aqui?”. É assim. Prefiro que as pessoas descubram a necessidade de fazer política do que neguem a política. Não há exemplo na história de que a negação da política deu em coisa melhor. Sempre deu em coisa pior. Aí sim, pode-se fortalecer o fascismo, pode-se fortalecer coisas que não queremos. Precisamos fortalecer a política e a democracia. Quanto mais participação, melhor. Não vejo nenhum problema em o povo ir para a rua dizer o que quer. Na hora que ele disser uma coisa que não é correta, que se discuta com ele. O debate tem de ser livre. A democracia tem de ser respeitada. E vamos tocar o barco.

Brasileiros – O senhor falou em consertação. Até onde vai a sua consertação?

Lula – A minha não vai a lugar nenhum porque não sou prefeito, não sou deputado, não sou governador, não sou presidente da República. Estou fora da mesa de negociação. Não sou nem presidente do PT. Acho que a Dilma deu um passo importante. Ela conversou com amplos setores da sociedade. Conversou com os sindicatos, com os partidos, com os jovens, com o Movimento Passe Livre. E, como a Dilma é muito inteligente, ela certamente vai tomar as medidas que precisa tomar. Se algum jovem estiver fazendo uma coisa equivocada, é preciso debater com ele, mostrar que ele está equivocado. Se as pessoas querem o passe livre, é necessário dizer quem vai pagar. Alguém tem de pagar.

Brasileiros – A ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina tentou, mas não conseguiu.

Lula – A prefeitura não produz dinheiro, ela arrecada. É o seguinte: na hora de defender o passe livre, tem de dizer quem vai financiar. Quem vai assumir isso? Vai estatizar o transporte?

Brasileiros – Fala-se em sua volta. Onde o senhor vai estar em 2014?

Lula – Eu nem gosto de comentar esse assunto. Faz dois anos e meio que deixei a Presidência da República. Cumpri oito anos de Presidência. Se não fiz tudo, fiz muito do que achava que era preciso fazer. Temos de ter outras pessoas. A Dilma é uma excelente presidenta da República. Conheço muita gente neste País. Conheço muito político neste País. E conheço pouquíssimas pessoas com a competência da Dilma. Portanto, ela será minha candidata em 2014. E eu serei seu cabo eleitoral. É isso que vai acontecer.

Manifestação contra Alckmin termina em confronto na capital paulista 31/07/2013

O garoto foi atingido na cabeça durante ato contra o governador Geraldo Alckmin que foi rapidamente reprimido pela Polícia Militar. (Foto: Rodrigo Zaim/ Mídia NINJA)
O garoto foi atingido na cabeça durante ato contra o governador Geraldo Alckmin que foi rapidamente reprimido pela Polícia Militar | Foto: Rodrigo Zaim/ Mídia NINJA
Da Agência Brasil 
Manifestantes ocuparam, na noite de terça-feira (30), a Avenida Rebouças, sentido da Avenida Paulista, uma das principais vias da capital paulista.  O protesto criticava o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza no Rio de Janeiro e a militarização da polícia. A Força Tática usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes, após a depredação de agências bancárias e de uma concessionária de veículos. Com os rostos cobertos, manifestantes usaram marretas e pedras nos ataques. Muros e prédios também foram pichados.
Segundo a Polícia Militar, 15 pessoas foram detidas pelo policiamento local e cinco pelas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Todos foram levados para o 14º Distrito Policial, em Pinheiros, zona oeste. Um homem, que disse ser jornalista, foi detido pela Rota quando estava intoxicado pelo gás lacrimogêneo e não conseguia se levantar.
O protesto começou por volta das 18h30 no Largo da Batata, zona oeste paulistana e passou pela Avenida Brigadeiro Faria Lima antes de chegar à Avenida Rebouças. Antes mesmo dos manifestantes se concentrarem no local, a Polícia Militar estava presente com 16 viaturas no largo, além de um carro do Corpo de Bombeiros e o policiamento reforçado em outros pontos da região. Durante a tarde, a Secretaria de Segurança Estado de São Paulo divulgou nota informando que estava disposta a adotar as medidas necessárias para evitar atos de vandalismo como os vistos na última sexta-feira (26) na Avenida Paulista.
Parte dos manifestantes lembrava as denúncias de corrupção envolvendo as obras do metrô de São Paulo que vem sendo veiculadas pela revista IstoÉ. “Estou aqui contra o governo do PSDB e a corrupção que ele representa em relação a uma das prioridades da população, que é o transporte público”, disse o professor do ensino fundamental Cícero Barbosa. Ele reclamou ainda dos baixos investimentos estaduais em saúde e educação.
A estudante de comércio exterior Fernanda Avelino disse que participava do ato para protestar contra a desigualdade social. “É muita desigualdade para o tamanho da arrecadação [de tributos pelo governo]”, disse ao reclamar da má distribuição de renda e da falta de infraestrutura. Para ela, os avanços indicados pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgado ontem, não refletem a realidade do país. “Isso prova que as estatísticas não são nada ou é preciso algo muito além disso”.
Além de pedirem a saída de Alckmin, os manifestantes gritavam pedindo o fim da Polícia Militar e respostas para o caso de Amarildo de Souza, que desapareceu após ser levado para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, onde vivia.

Mídia Ninja vai buscar novas formas de financiamento, diz organizador do grupo 31/07/2013

Manifestaçāo contra Sergio Cabral, no Leblon,foi transmitida, ao vivo, pela web, peo Mídia Ninja | Foto: Mídia NINJA
Manifestaçāo contra Sergio Cabral, no Leblon,foi transmitida, ao vivo, pela web, peo Mídia Ninja | Foto: Mídia NINJA
Da Agência Brasil 
A atuação da “Mídia Ninja – Narrativas Independentes Jornalismo e Ação” foi debatida no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, nesta terça-feira (30). A discussão sobre a influência do Mídia Ninja no formato atual de jornalismo produzido pela mídia no país foi um dos assuntos do programa. O grupo tem transmitido pela internet, ao vivo, imagens dos recentes protestos que tomaram as ruas de várias cidades do Brasil.
Bruno Torturra, um dos coordenadores do grupo, falou sobre os objetivos da Mídia Ninja e afirmou que o grupo deve começar a buscar novas formas de financiamento e investir em outros formatos de cobertura jornalística.
Segundo Torturra, o trabalho da Mídia Ninja é a “quebra de uma narrativa midiática única, da grande mídia, sempre focada nos mesmos assuntos e nas mesmas óticas da informação”.
Durante o programa, professores de comunicação e jornalistas também comentaram sobre a importância do grupo. Para Leonel de Aguiar, professor de Comunicação Social da PUC-RJ, além de influenciar a “grande mídia”, a Mídia Ninja deverá influenciar mudanças, inclusive, nos cursos de jornalismo das universidades.
O professor também levantou uma questão: “como é que você junta estas duas questões: jornalismo e ativismo social?”. Segundo Torturra, os integrantes dão o seu ponto de vista durante a cobertura, mas, para ele, isso não significa que ocorra manipulação da informação. “A opinião durante a cobertura faz parte da concepção de atuação do grupo”, completa.
Para Ivana Bentes, professora de comunicação da UFRJ, o grupo consegue extrair informações extras do que está acontecendo nas manifestações porque estão lá no local, desde o princípio, “diferente de outros jornalistas que vão, fazem a matéria, e vão embora”, diz a professora.
A pesquisadora da Universidade Federal Fluminense, Sylvia Moretzsohn, discorda que a produção do grupo seja jornalismo. Ela critica a postura dos integrantes sobre os conteúdos divulgados: “Eles sequer sabem o que está acontecendo em determinados locais onde há manifestações e mesmo assim estão lá, transmitindo ao vivo. Parece que estão brincando de transmitir um evento”, afirma.
Para além das manifestações
O apresentador do programa, Alberto Dines, refletiu sobre como a Mídia Ninja vai fazer este mesmo trabalho quando terminar as manifestações nas ruas, já que a atuação do grupo é predominantemente ao vivo,  O cineasta, Eduardo Escorel, respondeu à pergunta dizendo que acredita que isso não é um problema para a cobertura alternativa da mídia, pois o que define a motivação da cobertura é o interesse dos integrantes: “havendo disponibilidade de ir para as ruas, sempre haverá o que cobrir ao vivo”, afirma.
Bruno também lembrou que o trabalho do grupo veio antes das manifestações. Segundo ele, além de algumas transmissões nas ruas, ao vivo, o Ninja priorizava debates em estúdios fechados sobre vários temas. “A ideia sempre foi criar um núcleo de jornalismo auto-sustentável, que tenha liberdade de atuação, que possa investigar”, diz o coordenador.
Financiamento
Bruno Torturra afirma que o Mídia Ninja pretende desvincular o financiamento de um intermediário entre o público e quem vai produzir a informação. Segundo ele, o Ninja pretende investir nos formatos “crowdfunding” em São Paulo e no Rio. São modelos alternativos de arrecadar recursos on-line, com a contribuição de pessoas que se simpatizam com o projeto. Ele explica que está sendo pensada uma assinatura mensal para acesso a alguns conteúdos para que as pessoas possam ajudar no financiamento e também para que o grupo possa “começar a pensar em remuneração” dos integrantes.
Para saber mais sobre o Mídia Ninja, acesse aqui o perfil do grupo no Facebook.

À época da fraude fiscal, Globo anunciava dificuldades 31/07/2013



Entre 2001 e 2002, a Globo Comunicações e Participações Ltda. (Globopar) operou um esquema financeiro para adquirir os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 que terminou sendo considerado fraudulento e criminoso pela Receita Federal, que a autuou.
A Globopar adquiriu uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas que cerca de um ano depois foi dissolvida, e os recursos apurados na operação foram usados pela Holding da família Marinho para pagar por aqueles direitos de transmissão.
A Receita representou com fins penais por aquela operação ter gerado evasão do pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), entre imposto principal devido, correção e multa. No total, a autuação somou mais de 600 milhões de reais.
Tudo isso ocorreu em uma época em que as notícias sobre os problemas financeiros das Organizações Globo se espalhavam pela imprensa brasileira e mundial.
Em outubro de 2002, a Globopar, então acionista da operadora de TV a cabo Net – da qual, futuramente, venderia a participação, para o grupo de comunicação mexicano Telmex – anunciou que iria renegociar novos prazos para quitar dívidas geradas por aquela participação societária.
À época, especialistas do mercado consideraram a medida como uma espécie de “concordata branca” da Globo.  O anúncio de suas dificuldades ocorreu no primeiro dia de operações do mercado financeiro após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
Naquele mesmo mês, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ainda presidente do PT, deputado José Dirceu, tratou da situação financeira dos grupos de mídia, incluindo a imprensa escrita.
Naquela entrevista, Dirceu afirmara que, apesar de a situação da imprensa nacional ser “preocupante” e merecer “ser analisada com cautela pelo novo governo” – o qual, pouco depois, passaria a integrar como chefe da Casa Civil -, não se pretendia utilizar recursos do BNDES para prestar socorro nem à Globo nem a outros veículos da mídia eletrônica ou impressa que se endividaram em dólar durante o governo Fernando Henrique Cardoso e que, com a maxidesvalorização do real, haviam ficado em situação econômica “preocupante”.
Eis, assim, a razão pela qual o governo Lula se tornaria “inaceitável” para esses grandes grupos de mídia: por se recusar a ajudar Globo, Folha, Veja, Estadão e companhia limitada a saírem do buraco em que FHC os meteu ao promover, no primeiro mês de seu segundo governo, a desvalorização do real que garantira, durante a campanha eleitoral de 1998, que não faria.
Parece difícil entender por que esses grupos de mídia defendem tanto um político que os meteu em uma fria como a descrita acima – FHC. A explicação é simples: se José Serra tivesse vencido Lula em 2002, o BNDES teria sido muito mais generoso com a Globo.
Isso sem dizer que as manobras do grupo empresarial da família Marinho para sair do buraco – as quais, tudo indica, passaram pela fraude fiscal – não teriam sido coibidas pela Receita, caso o PT não tivesse sido eleito e abandonado os barões da mídia à própria sorte.
Leia, abaixo, matéria de O Globo de 29 de outubro de 2002 sobre as próprias dificuldades financeiras.
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“Desvalorização do real faz Globopar reavaliar sua estrutura de capital”
 copyright O Globo
 29/10/02
“A Globo Comunicações e Participações S.A. (Globopar) anunciou ontem que vai reavaliar sua estrutura de capital, devido à desvalorização do real e da deterioração das condições econômicas no Brasil. A Globopar, controlada pela família Marinho, tem participações acionárias nos setores de televisão a cabo e via satélite, programação para TV por assinatura, editora de revistas e livros, gráfica e internet. As operações da TV Globo, da Infoglobo (que edita os jornais GLOBO, Extra’ e Diário de S.Paulo) e do Sistema Globo de Rádio são diretamente controladas pela família e administradas independentemente da Globopar.
Nesse processo de reavaliação, a Globopar e algumas de suas empresas controladas estão procedendo a uma revisão de seus planos de negócios, com ênfase na melhora da geração de caixa. Ao mesmo tempo, a Globopar e algumas de suas empresas controladas, a partir de hoje, reescalonarão o fluxo de pagamentos de suas obrigações financeiras. A Globopar espera dar novas informações sobre o processo nos próximos 90 dias.
A TV Globo é garantidora de parte das dívidas da Globopar, que já começou a conversar com alguns de seus credores. A Globopar contratou a Goldman Sachs & Co. e Houlihan Lokey Howard & Zukin Capital para o processo de reavaliação e atração de investidores. Debevoise & Plimpton e Barbosa, Müssnich e Aragão estarão prestando assessoria jurídica à Globopar. Já o Unibanco vai assessorar a Globopar com relação ao mercado brasileiro.
Membros da família Marinho investiram mais de US$ 170 milhões na empresa e em suas controladas nos últimos seis meses. Apesar do forte apoio financeiro de seus acionistas, a contínua desvalorização do real e a significativa redução de crédito para empresas brasileiras afetaram a dívida que a Globopar tem em dólares. Além disso, o prazo de retorno dos investimentos nos negócios de TV por assinatura se mostrou mais longo do que o esperado.
Apesar dos esforços da empresa e de seus acionistas para gerenciar a dívida da Globopar, por meio de significativos aportes de capital, a deterioração do ambiente macroeconômico evidenciou a necessidade de reavaliar o cronograma de pagamento da dívida da Globopar. Estamos trabalhando para rever nossos planos de negócios e tomar medidas para reduzir custos e aumentar o fluxo de caixa líquido. Esses esforços servirão como base para as conversas que pretendemos ter com os credores, disse Ronnie Moreira, presidente da Globopar.
A TV Globo não deve ser afetada de forma negativa pelo processo de reavaliação da Globopar. Segundo Roberto Irineu Marinho, presidente da TV Globo, a performance da TV Globo continua sólida, apesar das difíceis condições econômicas atuais. A programação da TV Globo permanece com os maiores índices de audiência e a empresa continua revendo suas operações para melhorar sua geração de caixa, mantendo a posição de líder baseada na alta qualidade de suas produções nacionais.

Senadores apresentam mais de 200 emendas à MP do Mais Médicos 31/07/2013


Os senadores apresentaram mais de 200 emendas à Medida Provisória (MP), que cria o programa Mais Médicos, com medidas como a contratação de médicos estrangeiros para atuar na atenção básica à saúde no interior e serviço obrigatório de dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS) para estudantes de medicina. No total, contadas as emendas de deputados, a matéria recebeu 567 propostas de mudanças.


A MP do Mais Médicos será examinada por uma comissão mista do Congresso a ser instalada no dia 7 de agosto. Depois, seguirá para votação nos plenários da Câmara e do Senado.

Entre os principais temas das emendas está a eliminação do segundo ciclo de dois anos de serviço obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS) para os estudantes de medicina. A exigência, que aumentaria o tempo do curso de seis para oito anos, é classificada como “trabalho forçado” por entidades médicas.

Outras alterações importantes sugeridas por senadores incluem a obrigatoriedade da revalidação de diplomas para médicos formados no exterior; a necessidade de aprovação em exame de proficiência em língua portuguesa; a responsabilidade solidária de tutores e supervisores pelos atos dos médicos intercambistas; a garantia de direitos trabalhistas para os médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior que vierem a atuar no programa.

De acordo com o governo federal, o objetivo do Mais Médicos é reduzir a carência de médicos nas regiões consideradas prioritárias para o SUS, a fim de reduzir as desigualdades regionais na área de saúde. No entanto, a medida provisória vem sofrendo críticas, principalmente de entidades que representam médicos.

Temas

Mesmo pertencendo a base governista, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) apresentou 15 propostas de mudanças no texto enviado pelo Planalto ao Congresso, em questões como a revalidação de diplomas para médicos formados no exterior.

Focalizando o aspecto regional, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) apresentou emenda reivindicando precedência na abertura de novos cursos de medicina para as regiões com maior carência de médicos – Norte e Nordeste. Outra de suas propostas amplia os gastos da União na área de saúde, dos atuais 7% para no mínimo 10% das receitas correntes brutas.

Emenda da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) propõe o pagamento de salários maiores para médicos contratados pelo programa para atender na região amazônica e outros locais de difícil acesso.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), ao comentar a MP em Plenário, classificou como “desatino” a decisão do governo de equacionar o problema da saúde através desse tipo de proposição legislativa.

Uma das emendas do senador elimina a autorização de custeio de despesas com deslocamento de médicos e seus familiares. Já alteração proposta pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) exige processo licitatório para pagamentos de bolsas a médicos contratados no programa.

O senador Sérgio Souza (PMDB-PR) demonstrou preocupação com a viabilização do programa. Emenda proposta por ele determina a fixação de um valor mínimo a ser repassado pelo Ministério da Saúde para o custeio das ações de atenção básica à saúde previstas na medida provisória.

O senador José Agripino (DEM-RN) propôs emendas fixando prazo para abertura de novos cursos de medicina e também fixando carga mínima de 120 horas para a disciplina de geriatria no primeiro ciclo de formação de médicos.

Outros senadores que apresentaram emendas ao texto foram Paulo Bauer (PSDB-SC), Ana Amélia (PP-RS), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Cícero Lucena (PSDB-PB), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Waldemir Moka (PMDB-MS), Paulo Davim (PV-RN), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Ruben Figueiró (PSDB-MS) e Eduardo Amorim (PSC-CE).

Fonte: Agência Senado

Catadores de materiais recicláveis terão créditos de R$ 200 milhões 31/07/2013


Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em cerimônia, hoje (31), no Palácio do Planalto, o governo anunciou R$ 200 milhões em créditos para empreendimentos de catadores de materiais recicláveis. O crédito é para ações que permitam a inserção de cooperativas no mercado da reciclagem e a agregação de valor na cadeia de resíduos sólidos. A iniciativa faz parte da terceira fase do Programa Cataforte e tem ênfase em negócios sustentáveis em redes solidárias.
No evento, foi lançado o edital para selecionar redes de cooperativas de recicláveis de todo o país para acessar recursos do programa. Dos R$ 200 milhões, cerca de R$ 170 milhões são recursos não reembolsáveis (sem necessidade de pagamento posterior), e aproximadamente R$ 30 milhões são reembolsáveis, de acordo com informações da Fundação Banco do Brasil.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, destacou o avanço das ações do Cataforte para absorver a mão de obra de catadores que vivam dos lixões. De acordo com Política Nacional de Resíduos Sólidos, os lixões devem ser extintos em 2014.
“Com isso você permite que pessoas que viviam marginalizadas passem a ser profissionais atuantes de forma cooperativada, o que é melhor. Portanto, dá um grau de profissionalismo a essa categoria, resgata a vida dessas pessoas e, ao mesmo tempo, dá uma inestimável contribuição à questão ambiental”, disse.
A integrante da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis e de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Londrina (Copersil), Verônica Cardoso, disse que a cooperativa reúne 238 trabalhadores e faz coleta em 84 mil domicílios de Londrina. Com a venda do material reciclado, os cooperados alcançam uma renda média mensal de R$ 1,3 mil. Na segunda fase do Cataforte, a Copersil foi beneficiada com caminhões e agora ela espera acessar mais recursos.
“Esperávamos que [existissem] essas políticas voltadas para nós [catadores]. Estamos sendo tratados com dignidade. Todos os catadores da nossa cooperativa têm cartão de crédito, têm conta bancária. Então abriu-se uma porta e é isso que queremos: o resgate da cidadania”, disse Verônica Cardoso.
Os recursos poderão ser usados para estruturar cooperativas e associações para que haja condições de se prestar serviços de coleta seletiva para prefeituras, participar no mercado de logística reversa e fazer conjuntamente a comercialização e o beneficiamento de produtos recicláveis. Nesta terceira etapa, a intenção é alcançar 35 redes, 200 empreendimentos solidários e mais de 10 mil catadores, de acordo com a Fundação Banco do Brasil.
O Cataforte começou em 2009 com capacitação de catadores para estruturarem unidades de coleta e atuarem em rede. Em 2010 foi iniciada a segunda fase com iniciativas para fortalecer a infraestrutura logística das cooperativas. Houve aquisição de 140 caminhões para 35 redes de cooperativas e associações e prestação de assistência técnica para elaboração de planos de logística.

Edição: José Romildo

Passe Livre volta às ruas em 14 de agosto contra propinoduto do tucanato paulista 31/07/2013


MPL calcula que passagem custaria R$ 0,90 se dinheiro supostamente desviado em governos do PSDB fosse aplicado no transporte. Foto: Mídia Ninja
por Igor Carvalho, da Revista Fórum, via Brasil de Fato, sugestão de Igor Felippe
O Movimento Passe Livre anuncia que no dia 14 de agosto voltará às ruas. O grupo irá realizar uma manifestação em parceria com o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, por conta do propinoduto esquematizado nos contratos para as obras do Metrô, que pode ter desviado R$ 400 milhões dos cofres públicos. O caso, ocorrido em gestões do PSDB, foi denunciado pela multinacional Siemens.
“Nossa posição é que é um absurdo que o dinheiro público esteja sendo desviado do transporte. São mais de R$ 400 milhões desviados, isso daria para reduzir a tarifa a R$ 0,90”, afirma Matheus Preis, militante do MPL-SP.
A manifestação do dia 14 de agosto ainda não tem um local definido. No dia 6 de agosto, o MPL vai divulgar, em parceria com os metroviários, uma carta à população, informando o local do protesto.
Entenda o caso
A denúncia parte do recente acordo feito pela multinacional alemã Siemens com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no qual, em troca de imunidade civil e criminal, a companhia revelou como ela e outras empresas se articularam para formar cartéis que atuavam nas licitações públicas do setor de transporte sobre trilhos. Mesmo sendo alvo de investigações desde 2008, as empresas envolvidas continuaram a disputar e ganhar licitações.

Dilma: "Cidades ficaram 30 anos sem investimentos" 31/07/2013

247 - Às 12h07, a presidente Dilma Rousseff iniciou seu pronunciamento na Prefeitura de São Paulo, onde irá assinar, em instantes, a liberação de R$ 8 bilhões em verbas para obras na capital. O encerramento se deu às 12h33.
- Talvez, assim como as mídias sociais, o grande acontecimento do século 21 é o surgimento de mega-cidades, iniciou a presidente Dilma. Sâo Paulo é uma mega-cidade, talvez a mais significativa, importante e desafiadora nessa parte do hemisfério. É grandiosa por sua população, mas também por seus problemas.
A presidente assinalou que "sem sombra de dúvida, São Paulo é recortada por desigualdades". "Eu vim anunciar mais uma contribuição do governo federal ao enfrentamento de grandes problemas", prosseguiu. "Serão R$ 8 bilhões: R$ 3 bilhões para mobilidade urbana, R$ 1,3 bilhão para obras contra enchentes, R$ 2,2 bilhões para drenagem e R$ 1,5 bilhão do Minha Casa, Minha Vida para moradias para 20 mil famílias", detalhou Dilma.
"Eu já morei na avenida Radial Leste", lembrou a presidente, sobre a principal avenida da Zona Leste da cidade. Ela fez a menção ao ressaltar a importância da criação de corredores de ônibus com parte das verbas liberadas agora. A Prefeitura anuncia a abertura de 96 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus.
"Não é a primeira vez que eu venho aqui em São Paulo anunciar obras, mas é a primeira vez que anunciamos de forma concentrada a liberação de R$ 8 bilhões", sublinhou a presidente. "Um ponto importante é que essas obras serão iniciadas rapidamente".
Dilma citou que 55% da população de 11 milhões de pessoas usa meios de transporte coletivo. "Como é possível uma cidade do tamanho de São Paulo não ter metrô, não ter transporte enterrado, como se diz", perguntou. "Somos a maior cidade do mundo com o menos sistema de transporte metroviário do mundo", comparou a presidente, numa crítica indireta às administrações estaduais do PSDB, no poder no Estado desde 1995. O governador Geraldo Alckmin não participa da cerimônia, tendo enviado um secretário como representante.
- Dar mobilidade urbana é devolver vida à população, classificou Dilma. "O governo federal está empenhando em assegurar metrô e veículos leves sobre trilhos. Já colocamos R$ 89 bilhões em mobilidade urbana, e agora vamos investir mais R$ 50 bilhões. É justo que a primeira cidade a receber R$ 8 bilhões desses R$ 50 bilhões seja São Paulo. É justo que seja aqui, porque é o nosso maior desafio de mobilidade urbana".
A presidente acentuou que sua gestão investiu diretamente na construções de linhas e estações de metrô nas capitais de "Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Distrito Federal, além de parceiras com São Paulo e Rio de Janeiro".
Abaixo, noticiário anterior:
247 - "São Paulo é grande demais para ficar isolada", afirmou, em discurso, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ao lado da presidente Dilma Rousseff, em cerimônia neste momento (11h53) na Prefeitura de São Paulo. A presidente irá anunciar, em instantes, a liberação de R$ 8 bilhões para obras na capital. "O que está sendo anunciado aqui é que vamos buscar incansavelmente um realinhamento entre São Paulo e o governo federal, assim como já ocorre com o governo estadual", completou Haddad. "O sucesso de São Paulo é o sucesso do Brasil".
Em seguida a Haddad, fala o ministro das Cidades, Agnaldo Ribeiro. "Estamos vivendo um momento histórico no País", disse ele. "Isso porque o governo da presidente Dilma retomou um tema que o Brasil havia se esquecido, o da mobilidade urbana", assinalou. "Antes, houve o desmonte de órgãos que eram imprescindíveis à infraestrutura urbana nas cidades brasileiras", apontou. "Me refiro ao Geipot, desmontado 23 anos atrás", citando o organismo que coordenava políticas públicas de transporte urbano, especialmente em regiões metropolitanas".
Boa parte dos recursos a serem anunciados pela presidente terá como destino a abertura de 127 quilômetros de corredores exclusivos de ônibus nas avenidas da capital. "Mobilidade urbana é ter tempo para se viver um pouco mais", definiu o ministro. Ribeiro afirmou que o governo federal destina atualmente R$ 89 bilhões para programas de mobilidade urbana. "É o maior programa de mobilidade urbana do mundo", definiu o ministro. Ele confirmou, às 12h02, que a presidente irá anunciar R$ 8 bilhões em recursos para obras na cidade.
O ministro anunciou, ainda, R$ 1,3 bilhão para obras contra enchentes, como canalização de córregos. Para limpeza e manutenção das represas Billings e Guarapiranga, os recursos federais serão de R$ 2,2 bilhões. Mais R$ 1,5 bilhão serão destinados à construção de 20 mil habitações populares. "Com isso, e mais os R$ 3 bilhões para mobilidade urbana, completamos R$ 8 bilhões", somou o ministro.

Cidades com o melhor IDHM do país 31/07/2013

Municípios com melhor IDH-M 2013 (Foto: Editoria de Arte/G1)

Ricos brasileiros têm quarta maior fortuna do mundo em paraísos fiscais 31/07/2013

Da BBC Brasil

Rodrigo Pinto
Os super-ricos brasileiros detêm o equivalente a um terço do Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas do país em um ano, em contas em paraísos fiscais, livres de tributação. Trata-se da quarta maior quantia do mundo depositada nesta modalidade de conta bancária.
A informação foi revelada este domingo por um estudo inédito, que pela primeira vez chegou a valores depositados nas chamadas contas offshore, sobre as quais as autoridades tributárias dos países não têm como cobrar impostos. 
O documento The Price of Offshore Revisited, escrito por James Henry, ex-economista-chefe da consultoria McKinsey, e encomendado pela Tax Justice Network, mostra que os super-ricos brasileiros somaram até 2010 cerca de US$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) em paraísos fiscais.
O estudo cruzou dados do Banco de Compensações Internacionais, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e de governos nacionais para chegar a valores considerados pelo autor.
Em 2010, o Produto Interno Bruto Brasileiro somou cerca de R$ 3,6 trilhões.
'Enorme buraco negro'
O relatório destaca o impacto sobre as economias dos 139 países mais desenvolvidos da movimentação de dinheiro enviado a paraísos fiscais.
Henry estima que desde os anos 1970 até 2010, os cidadãos mais ricos desses 139 países aumentaram de US$ $ 7,3 trilhões para US$ 9,3 trilhões a "riqueza offshore não registrada" para fins de tributação.
A riqueza privada offshore representa "um enorme buraco negro na economia mundial", disse o autor do estudo.
Na América Latina, chama a atenção o fato de, além do Brasil, países como México, Argentina e Venezuela aparecerem entre os 20 que mais enviaram recusos a paraísos fiscais.
John Christensen, diretor da Tax Justice Network, organização que combate os paraísos fiscais e que encomendou o estudo, afirmou à BBC Brasil que países exportadores de riquezas minerais seguem um padrão. Segundo ele, elites locais vêm sendo abordadas há décadas por bancos, principalmente norte-americanos, pára enviarem seus recursos ao exterior.
"Instituições como Bank of America, Goldman Sachs, JP Morgan e Citibank vêm oferecendo este serviço. Como o governo americano não compartilha informações tributárias, fica muito difícil para estes países chegar aos donos destas contas e taxar os recuros", afirma.
"Isso aumentou muito nos anos 70, durante as ditaduras", observa.
Quem envia
Segundo o diretor da Tax Justice Network, além dos acionistas de empresas dos setores exportadores de minerais (mineração e petróleo), os segmentos farmacêutico, de comunicações e de transportes estão entre os que mais remetem recursos para paraísos fiscais.
"As elites fazem muito barulho sobre os impostos cobrados delas, mas não gostam de pagar impostos", afirma Christensen. "No caso do Brasil, quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estejam blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo".
Chistensen afirma que no caso de México, Venezuela e Argentina, tratados bilaterais como o Nafta (tratado de livre comércio EUA-México) e a ação dos bancos americanos fizeram os valores escondidos no exterior subirem vertiginosamente desde os anos 70, embora "este seja um fenômeno de mais de meio século".
O diretor da Tax Justice Network destaca ainda que há enormes recursos de países africanos em contas offshore.

Governo prevê capacitar 1,3 milhão de técnicos empreendedores em 2014 31/07/2013

Da Agência EFE

Rio de Janeiro, 30 jul (EFE).- A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira uma grande ampliação do programa Pronatec Empreendedor, que deve capacitar 1,3 milhão de estudantes em 2014, em comparação aos mais de 181 mil deste ano.
Em sua coluna semanal "Conversa com a Presidenta" Dilma informou que o Pronatec Empreendedor prevê a inclusão de conteúdos sobre empreendedorismo nos cursos que já são ofertados pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
Esses conteúdos, sobre como identificar os diversos tipos de empreendedorismo, desenvolver atitudes empreendedoras e elaborar um plano de vida e de carreira, serão incorporados inicialmente a 15 cursos do Pronatec, e terão carga horária de 24 a 52 horas, explicou a presidente.
"Para 2014, (...) a previsão é de que 1,3 milhão de estudantes sejam capacitados, bem como 5 mil professores", acrescentou.
Dilma afirmou ainda que, desde 2010, o governo aumentou o número de escolas em tempo integral "de 10 mil para 49.300", e que a iniciativa já mostra resultados, como a Escola Municipal Beatriz Rodrigues da Silva, em Palmas (TO), "que aumentou sua nota no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 4,7, em 2007, para 8, em 2011".
Os interessados no Pronatec Empreendedor devem se inscrever em um dos 15 cursos que receberão os novos conteúdos, como eletricista; montador e reparador de computadores; técnico em informática; motorista de transporte escolar; cabeleireiro; cuidador de idoso e manicure e pedicure, entre outros.

OAB cobra investigação contra Barbosa 31/07/2013

247 – A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) quer explicações do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. O membro da Ordem Almino Afonso cobrou ontem investigação sobre a compra de apartamento em Miami pela empresa Assas JB Corp., criada pelo ministro no Estado da Flórida (EUA). O imóvel de 73 m² é estimado no mercado entre R$ 546 mil e R$ 1 milhão.
Pela norma da Loman (Lei Orgânica da Magistratura), um magistrado não pode ser diretor ou sócio-gerente de uma empresa, apenas cotista.
Afonso também defendeu que o Ministério Público apure o fato de o ministro do STF ter fornecido o endereço do imóvel funcional onde mora como a sede da empresa.
"Agora virou moda e até mesmo ministro da Suprema Corte compra apartamento no exterior usando uma empresa como se isso fosse comum, apesar da Loman não aceitar. Por certo isso será objeto de apuração do MP", disse.

Israelenses e palestinos buscam acordo de paz em 9 meses 31/07/2013


Por Arshad Mohammed e Lesley Wroughton
WASHINGTON, 30 Jul (Reuters) - Israelenses e palestinos tentarão chegar a um acordo de paz no prazo de nove meses, e os negociadores se encontrarão novamente dentro de duas semanas após a realização de uma "positiva" primeira rodada de diálogo, disse o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, nesta terça-feira.
Assessores de alto escalão do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e do presidente palestino, Mahmoud Abbas, tiveram nesta semana suas primeiras conversas desde 2010, mas focadas em grande parte na estrutura das negociações, e não na essência da disputa.
Falando após as reuniões, que incluíram uma sessão com o presidente norte-americano, Barack Obama, e o vice-presidente Joe Biden, e também negociações diretas entre os dois lados sem autoridades norte-americanas presentes, Kerry disse acreditar que a paz é possível, apesar dos obstáculos.
"Tenho o prazer de informar que nas conversas que tivemos ontem à noite e hoje de novo, tivemos reuniões construtivas e positivas", afirmou ele, junto à ministro da Justiça de Israel, Tzipi Livni, e o negociador-chefe palestino, Saeb Erekat.
"Eu sei que o caminho é difícil. Não faltam céticos apaixonados. Mas com negociadores capazes, respeitados ... estou convencido de que podemos chegar lá", acrescentou. "Todas as questões centrais, e todas as outras questões, estão todas em cima da mesa de negociação."
Kerry, que tem sido persuadido pelos dois lados a retomar as negociações em uma enxurrada de visitas ao Oriente Médio durante seus menos de seis meses no cargo, pediu que israelenses e palestinos cheguem a "compromissos razoáveis​".
Os Estados Unidos estão tentando intermediar um acordo para uma "solução de dois Estados", em que Israel existiria pacificamente ao lado de um novo Estado palestino criado na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, territórios ocupados por Israel desde a guerra de 1967.
As principais questões a serem resolvidas nas negociações incluem fronteiras, o futuro dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, o destino dos refugiados palestinos e o status de Jerusalém.
O quarteto de mediadores do Oriente Médio fez um apelo a israelenses e palestinos nesta terça-feira para que evitem ações que prejudiquem as novas negociações de paz.
"O quarteto ... apela a todas as partes para que tomem todos os passos possíveis para promover condições favoráveis ​ao sucesso do processo de negociação e que se abstenham de ações que o comprometam", disse o grupo, formado por Estados Unidos, Rússia, Organização das Nações Unidas e União Europeia, em comunicado.
(Reportagem adicional de Adrian Croft, em Bruxelas)

Instituto Lula rebate FHC sobre resultados no IDHM 31/07/2013

247 - As já tradicionais comparações entre os governos tucano e petista ganharam um novo elemento nesta segunda-feria, quando o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apresentou, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro, o Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013. A notícia é muito boa para o Brasil, pois os dados indicam crescimento de 47,8% no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) brasileiro. Como trata dos últimos 20 anos, contudo, o levantamento deixou uma dúvida no ar: quem fez mais pelo País nesses anos, PT ou PSDB?
Os tucanos trataram logo de destacar que o IDHM cresceu mais durante a década em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso governou. "Entre 1991 a 2000, período que contempla o lançamento e a consolidação do Plano Real, o IDHM cresceu 24,4%", destacou o PSDB em seu site. "Já entre 2000 e 2010, década marcada pela chegada do lulismo ao poder, a evolução foi de 18,8%", comparam os tucanos, levando FHC a alfinetar por seu perfil no Facebook: "Verdades da História sempre vencem a propaganda política populista".
Coincidência ou não, horas depois o Instituto Lula publicaria texto intitulado 'Dados do IDH por município mostram escala das mudanças no Brasil nos últimos 10 anos', com evidente destaque para as melhorias por que o país passou entre 2000 e 2010. "O Brasil viveu uma radical mudança em qualidade de vida, distribuição de renda e educação entre 2000 e 2010", diz o texto que menciona comentário feito por Lula na semana passada, durante discurso na comemoração pelos 10 anos do PT no poder: "Tem gente querendo fazer com que as pessoas esqueçam o que fizemos nos últimos dez anos. Nós temos o direito de reivindicar tudo que falta, mas temos a obrigação de reconhecer tudo que conquistamos".
Ao analisar o levantamento, o Instituto Lula prefere se concentrar em outros dados. "Em 1991, 99,2% dos municípios brasileiros estavam nas faixas de IDH de Baixo e Muito Baixo desenvolvimento. Em 2000, 71,5% dos municípios, bem mais de dois terços do país, encontravam-se na mesma situação. Dez anos depois, esse número havia baixado para 25,2%, porcentagem menor do que a dos municípios no extremo oposto, de Alto e Muito Alto Desenvolvimento, que faziam 34,7% do país".

terça-feira, 30 de julho de 2013

O país vai bem, mas a MÍDIA vai mal 30/07/2013

[*] Raul Longo
MILICANALHAS
Nos anos 70 o então ditador Gen. Emílio Garrastazu Médici, compôs sua mais famosa frase: “O país vai bem, mas o povo vai mal”.
Ao exemplo da de outro ditador imposto pelas armas que sustentavam aquele regime, o Gen. João Batista Figueiredo que afirmou preferir “... o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo”, a frase de Médici se tornou famosa pela impropriedade de raciocínio a quem pretende governar uma nação.
Estupidez é algo que sempre obtêm grande repercussão no Brasil e Médici se notabilizou como tal por esta absurda afirmação. Quem mais concluiria ser possível um país ir bem se o seu povo vai mal, além de um general brasileiro dos tempos da ditadura militar?
Só mesmo um jornalista como Clóvis Rossi, da Folha de São Paulo, que para comentar das manifestações de junho inverteu a idiotice proferida pelo general, demonstrando que nesta frase a ordem das assertivas não disfarça a estupidez de quem a profere, pois quem além de Rossi poderia afirmar que “O povo vai bem, mas o país vai mal”?
O que é um país para Clóvis Rossi ou para Garrastazu Médici? Como pode um povo ir bem, se o país vai mal, ou vice-versa?
Médici
Garrastazu Médici também dizia que se sentia feliz por não ver, na época, o Brasil incluído nos noticiários sobre os problemas mundiais. Outra estupidez grosseira, pois enquanto os patrões da Folha de São Paulo do Clóvis Rossi emprestavam veículos da empresa para a repressão política do governo de Médici, aqueles mesmos repressores “suicidavam” todo jornalista que ousasse noticiar a realidade brasileira, importunando as fantasias do ditador. Como aconteceu com Vlado Herzog.
O país não ia bem coisa alguma. O “Milagre Brasileiro” decantado pela grande mídia da época logo se confirmou o que nunca deixou de ser: “O Inferno Brasileiro” que levou a vida de milhares de jovens e trabalhadores, enterrou a nação em dívidas externas e promoveu um dos maiores índices mundiais em pobreza e miséria.
Um país só vai bem quando seu povo vai bem. Se o povo vai bem, evolução de serviços prestados à população, da infraestrutura para melhorar a qualidade de vida, o combate a corrupção e demais reajustes para permanente desenvolvimento social, inclusive os políticos, serão consequências da maturidade nacional como um todo: povo e país.
A melhoria no atendimento à saúde da população já era uma providência anterior às manifestações que apenas a legitimaram, derrubando a obstrução da contratação de médicos estrangeiros proposta pelo governo porque o Brasil vai bem. Se o país vai bem é possível ao governo estender e aperfeiçoar o atendimento de saúde a todo o povo brasileiro, mesmo àqueles que não se enquadram nos interesses da categoria formada aqui no Brasil. É o que ocorre com o Reino Unido. Se a crise europeia perdurar e se aprofundar, o governo britânico não poderá mais manter os 40% de estrangeiros que compõem seu corpo médico. Se a Inglaterra for mal, ingleses e irlandeses do norte também irão mal.
E se o atendimento à saúde do brasileiro não melhora, é porque certos políticos se portam mal tornando cada proposta em benefício da saúde da população uma contenda congressual.
O radical projeto do governo para o combate à corrupção, criminalizando-a ao nível de homicídio por motivos fúteis ou estupro, foi formulado há dois anos exatamente porque o Brasil está bem e a compreensão do brasileiro sobre o problema melhorou muito desde o tempo em que corruptos eram eleitos sob o cínico e falso axioma do “rouba, mas faz”. Se nenhum corrupto foi condenado por prática de crime hediondo, é porque no congresso maus políticos sentaram em cima do projeto do governo.
Esses mesmos políticos são os que agora impedem o plebiscito proposto pela Presidenta. Não querem o plebiscito para não permitir que o povo seja conscientizado de que só o financiamento público de campanha eleitoral evitará maiores prejuízos à população e ao país que resultam na ausência de evolução da infraestrutura, na degradação dos serviços prestados à sociedade.
Por exemplo, no que se refere à mobilidade urbana. Para se descobrir porque não se expande e não moderniza, não apresenta novas e melhores opções, bastaria se conhecer o quanto os monopólios de empresas de transporte coletivo investem nas campanhas municipais, atrelando os prefeitos eleitos aos seus interesses em detrimento aos dos eleitores.
E os grupos políticos que impedem profundas e sensíveis melhorias no cotidiano do brasileiro, que se esforçam para que o povo vá mal e com isso o país ir mal para tornar a se locupletar entregando os potenciais nacionais pelo comissionamento dos interesses estrangeiros, são exatamente os apoiados pela mídia.

Apoiados pela Editora Abril, pelos veículos da Editora Globo e emissoras da Rede Globo, pelo jornal O Estado de São de Paulo e pelo jornal Folha de São Paulo para o qual escreve Clóvis Rossi. São apoiados por toda a grande mídia brasileira associada ou afiliada a estas empresas que, com a melhoria da situação do país e do povo na última década, vão mal. Muito mal.
Tão mal que já começam a sonegar importâncias milionárias em impostos. Milionárias? Somando-se as da Rede Globo e de sua afilhada RBS a dívida aos cofres públicos alcança volume bilionário com o qual se poderia investir em melhorias na infraestrutura do sistema de atendimento à saúde, ou no transporte e na mobilidade urbana, em efetivos da Polícia Federal para combater a corrupção e muito mais do que a vã e fútil cogitação do Clóvis Rossi e dos manifestantes de junho possam imaginar.
Eduardo
Guimarães
Mas se o país vai bem porque o povo vai bem e vice-versa, por que as gigantescas manifestações de junho?
Quem responde com muita propriedade, “mostrando a cobra e matando o pau”, é o empresário Eduardo Guimarães. Leia-se atentamente o que ele escreveu para entender porque esses manifestantes, em grande maioria com idade por volta de 20 anos e sem possibilidade de memória de quando país e povo iam mal antes de terem completado 10 de existência, tomaram as ruas dos grandes centros do Brasil.

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[*] Raul Longo - Nascido em 1951 na cidade de São Paulo, atuou como redator publicitário e jornalista nas seguintes capitais brasileiras: São Paulo, Salvador, Recife, Campo Grande e Rio de Janeiro, também realizando eventos culturais e sociais como a “Mostra de Arte Sulmatogrossense”, (Circulo Cultural Miguel de Cervantes/SP), “Mostra de Arte Latinoamericana” (Centro Cultural Vergueiro/SP) e o Seminário Indigenista (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/CG). Premiado em concursos literários nacionais promovidos pelo Unibanco, Rede Globo e Editora Abril; pelo Circulo Cultural Miguel de Cervantes; e pelo governo do Estado do Paraná. Publicou Filhos de Olorum – Contos e cantos de candomblé pela Cooeditora de Curitiba, e poemas escritos durante estada no Chile: A cabeça de Pinochet, pela Editora Metrópolis de São Paulo. Obteve montagem de duas obras teatrais: Samba/Jazz of Gafifa, no teatro Glauce Rocha da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; e Graças & glórias nacionais, no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo. Atualmente reside em Florianópolis, Santa Catarina.

Golpe no Egito: “No Cairo, lendo Marx” 30/07/2013


29/7/2013, Kaveh L Afrasiabi, Asia Times Online
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O gigante pressupõe o anão. Cesar, o herói, deixou atrás de si um Otaviano... (Karl Marx)
Kaveh L. Afrasiabi
Quando o novo homem forte do Egito, general Abdel Fattah al-Sisi, convocou seus apoiadores para que manifestassem sua solidariedade ao Exército na 6ª-feira (26/7), 57º aniversário da nacionalização do Canal de Suez, ato do carismático Gamal Abdel Nasser, minha reação instintiva foi correr à prateleira, para reler O 18 de Brumário de Luis Bonaparte, de Karl Marx, em homenagem à analogia histórica. 
No livro de Marx, tem-se um modelo de análise de repetições históricas (a segunda vez, como farsa), que surge da comparação entre o golpe na França em dezembro de 1851 (orquestrado por um sobrinho do grande Napoleão, e o qual, embora sem ter nem uma mínima fração do gênio do tio, se autodenominou Imperador Napoleão III). Do ponto de vista de Marx, o golpe de 1851 foi uma caricatura do golpe de Napoleão em 1799 – devida, sobretudo, à “grotesca mediocridade” do sobrinho.
Abdel Fattah al-Sisi, o neopinochet 
Na comparação, o general Sisi, cujos atiradores assassinaram a sangue frio dúzias de manifestantes no Cairo e em outras cidades naquela 6ª-feira (26/7/2013), não chega a ser nem cópia pálida do Nasser pan-arabista, que pôs fim a 72 anos de dominação britânica no Egito e, assim, se tornou herói do anticolonialismo pós-Segunda Guerra Mundial. Sisi, não. Sisi mostra-se, a cada dia, mais e mais parecido com um neo-Augusto Pinochet, em tudo semelhante ao que Friedrich Engels, camarada de Marx, escreveu de Napoleão III: “o sargentinho e seu bando de marechais”.
Mohamed Mursi
Desde a derrubada do presidente Mohamed Mursi, dia 3 de julho, Sisi, o novo imperador do Egito, vem decaindo pela trilha dos ditadores mais brutais, mostrando pouca ou nenhuma piedade ou respeito pelos adversários, pronunciando discursos sombrios sobre “enfrentar o terrorismo”, desculpa capenga para disparar sem qualquer limite o seu reinado de terror, contra as vastas porções da população que se opõem ao golpe militar.
Por ironia, Sisi quer vencer em todas as frentes e a qualquer custo: quer obter a legitimidade, associando-se ao orgulhoso legado de Nasser, ao mesmo tempo em que ataca o presidente Mursi, deposto por fazer precisamente o que Nasser fez em meados dos anos 1950s: promulgar uma nova Constituição que centralizava o poder monopolizado, em suas mãos autoritárias.
Já não há dúvida alguma de que Sisi e seus co-conspiradores calcularam mal a extensão da oposição popular ao golpe contra Mursi – tacitamente aprovado por Washington, como se comprovou no empenho do presidente Obama dos EUA para não chamar o golpe, de “golpe”; no não tomar nenhuma providência para impedir o golpe; e no movimento de, sem um segundo de hesitação, anunciar que não haveria qualquer interrupção na ajuda militar e na venda de armas ao Egito.
Pseudo Nasser”
John Kerry
“Nenhuma lei nos obriga a dizer golpe ou qualquer outra coisa” – disse um porta-voz do governo dos EUA, frase dúbia e posição duvidosa que zombam da lei norte-americana e da responsabilidade legal e ética dos EUA. A lei norte-americana muito claramente proíbe que países vítimas de golpes de Estado recebam ajuda humanitária e inventar exceções a essa regra é desenvolvimento doentio que não augura qualquer boa notícia para o futuro das relações entre EUA e mundo árabe. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que não se deu sequer o trabalho de dar um telefonema aos generais egípcios integrados à lista de pagamento do Departamento de Estado, para desestimulá-los de insistirem no golpe que estava em curso, vive agora a gemer que o Egito está “à beira do abismo” e suplicando que todos os partidos retrocedam.
O que se vê aí é diplomacia de má qualidade, diplomacia inepta, orientada pelo velho vício imperial de controle e dominação, que já não oferecia qualquer garantia a partir do momento em que as urnas levaram Mursi e sua Fraternidade Muçulmana ao poder. Não surpreende que a desculpa que mais se ouve, para justificar o golpe, seja a “estabilidade” num país geoestrategicamente importante. De fato, o que se tem aí é o reflexo da velha húbris imperial, que errou seus cálculos e avaliou mal o desejo popular e a rejeição a qualquer golpe, também entre egípcios que pouco têm a ver com a Fraternidade Muçulmana. Resultado disso, a coalizão chefiada pela Fraternidade contra o golpe vai-se tornando mais forte a cada dia – como reação vital direta à repressão brutal que Sisi desencadeou e comanda. Falta a Sisi o horizonte intelectual dos nasseristas, que agiram segundo uma dialética interna da história egípcia.
Esse pseudo-Nasser, consumido integralmente pelos inimigos internos, opera como força de desagregação social, de desunião e discórdia, assegurando o resultado mais catastrófico. As forças seculares nacionalistas e liberais que o apóiam condenam-se a perder a própria legitimidade apenas por se aproximarem dos golpistas e desse neo-pinochet do Cairo, cujo discurso a favor da “unidade nacional” jaz afogado no fundo do Nilo. Ainda não se sabe o que o futuro reserva ao Egito, mas o lugar do general Sisi na lista dos líderes de farsa da narrativa que Marx construiu já está selado. “Caussidière por Danton, Louis Blanc por Robespierre, a Montanha de 1848 a 1851 pela Montanha de 1793 a 1795, o sobrinho pelo tio” – Marx escreveu; e a mesma caricatura aplica-se nas circunstâncias dessa recente edição de mal disfarçada neoditadura militar no Egito.