quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A estrutura da força de trabalho mundial 28/10/2015



por Prabhat Patnaik [*]

A Organização Internacional do Trabalho ( OIT) proporciona dados úteis sobre a força de trabalho mundial. O conceito "força de trabalho" inclui tanto os empregados como os desempregados. A parte empregada da força consiste de: trabalhadores assalariados (os quais são chamados "empregados"); os trabalhadores auto-empregados com "empregados" (os quais são chamados "empregadores); e os trabalhadores auto-empregados sem "empregados" (dentre os quais estão "trabalhadores por conta própria", trabalhadores familiares não pagos e membros de cooperativas de produtores). Constata-se que a proporção de trabalhadores assalariados no emprego total do mundo é hoje cerca de 48 por cento.

A OIT tem também uma outra classificação. Ela considera que "trabalhadores por conta própria" e trabalhadores familiares não pagos constituem em conjunto aqueles que estão "empregados vulneravelmente"; ao passo que os "empregadores", juntamente com os trabalhadores assalariados, são considerados como constituindo os "empregados não vulneráveis". A composição da força de trabalho mundial nesta classificação pode ser dada como se segue: a proporção daqueles que estão desempregados é cerca de 6 por cento; os "empregados vulneravelmente" constituem 47 por cento (dos quais trabalhadores familiares não pagos são 14 por cento, e "trabalhadores por conta própria" são 33 por cento); e os "empregados não vulneravelmente" são outros 47 por cento (dos quais trabalhadores assalariados são 45 por cento e "empregadores" ou trabalhadores auto-empregados com "empregados" são 2 por cento.

Contudo, há um grande problema com os dados da OIT, nomeadamente que há sempre um segmento da força de trabalho que não aparece nem entre os empregados nem entre os desempregados. E este segmento não é contado de todo nas estatísticas da OIT, o que portanto subestima a magnitude da força de trabalho real. Este segmento consiste nos "trabalhadores desencorajados", os quais estão economicamente inactivos não porque assim pretendam, mas porque estão tão completamente desesperançados de encontrar emprego que nem mesmo informam estarem à procura de trabalho. Eles são realmente desempregados mas não são contados entre os desempregados porque não se classificam como procurando trabalho. É naturalmente difícil estimar o seu número, mas se tomarmos toda a população mundial no grupo etário dos 25-54 anos que está economicamente inactiva como pertencendo a esta categoria, e portanto à força de trabalho, então obtemos uma desagregação da força de trabalho total em 2011 tal como se segue (estimado a partir de Bellamy-Foster, McChesney e Jonna, Monthly Review, Nov, 2011): desempregados mais "trabalhadores desencorajados" 20 por cento; "empregados vulneravelmente" 43 por cento e "empregados não vulneravelmente" 37 por cento. Dentre os empregados não vulneravelmente, os trabalhadores assalariados seriam cerca de 35 por cento e os "empregadores", isto é, trabalhadores auto-empregados com "empregados" 2 por cento.

A partir destes números pareceria à primeira vista que 35 por cento de toda a força de trabalho global está empregada sob o capitalismo. Mas esta impressão é errónea. Dentre os "empregados" há alguns que são empregados pelos "auto-empregados" (os "empregadores" pela definição da OIT). Exemplo: uma parte dos 35 por cento da força de trabalho global que consiste de trabalhadores assalariados seria empregada pelos camponeses ricos. O facto de que eles empreguem trabalhadores iria, aos olhos de alguns, conferir-lhes o status de serem "capitalistas". Mas uma tal categorização é errónea. Sob tal categorização pode-se dizer que a Índia tem um sector capitalista significativo ao longo de grande parte da sua história, muito antes de o capitalismo surgir como fenómeno na Europa.

Na verdade, um debate prolongado sobre se o facto de o emprego contra pagamento de salário pode só por si afirmar que define o capitalismo teve lugar na Índia há alguns anos atrás. O consenso geral que emergiu foi que o mero emprego de trabalho contra pagamento de salário na agricultura não habilita o empregador a ser chamado de "capitalista". Segue-se portanto que a proporção da força de trabalho (labour-force) global que proporciona capacidade de trabalho (labour-power) directamente a empregadores capitalistas não pode ser mais do que um terço.

Por outro lado, temos 63 por cento da força de trabalho global, ou quase dois terços, consistindo de trabalhadores que estão ou desempregado, ou "desencorajados", ou "empregados vulneravelmente". Bellamy-Foster et al. consideram ser esta percentagem a dimensão máxima do exército de trabalho de reserva na economia mundial. Mas mesmo deixando de lado o aspecto exército de reserva, esta proporção constitui por definição o segmento vulnerável da força de trabalho mundial.



IMPRESSÃO ENGANOSA

Contudo, isto dá uma impressão enganosa. Assumir que todo o corpo de trabalhadores assalariados são "empregados não vulneráveis" é erróneo. Sabemos que entre os trabalhadores assalariados há trabalhadores casuais, trabalhadores em tempo parcial, trabalhadores temporários, trabalhadores intermitentes e assemelhados, os quais estão de facto num segmento altamente vulnerável da força de trabalho. Categorizá-los como não vulneráveis, como faz a OIT, equivale a uma grosseira violação da realidade.

Na Índia, por exemplo, apenas cerca de 4 por cento ou menos da força de trabalho total não é vulnerável à demissão instantânea à vontade do empregador. O segmento restante pode ser despedido sem qualquer aviso se o empregador assim quiser. Mesmo assim, contudo, vários dos chamados "investigadores" têm argumentado que o crescimento industrial da Índia é atrasado pela ausência deste poder absoluto da parte dos empregadores para despedir trabalhadores. E que a "flexibilidade do mercado de trabalho", a qual significa poder absoluto dos empregadores para despedir trabalhadores à vontade sempre que o desejem, deve ser introduzida de imediato para remover este obstáculo ao crescimento industrial da Índia. A magnitude total daqueles que estão "empregados vulneravelmente" excede portanto os dois terços da força de trabalho global mencionados anteriormente.

Há um ponto adicional importante que precisa ser notado. As várias proporções acima mencionadas, dos desempregados, da população economicamente inactiva na faixa etária dos 25-54 anos, os trabalhadores assalariados e o empregados vulneravelmente, na óptica da força de trabalho global dificilmente experimentou qualquer mudança significativa nos últimos anos, especialmente entre os anos 1997 e 2011 que são cobertos pelos número empíricos de Bellamy Foster et al. A proporção dos trabalhadores assalariados em relação ao total força de trabalho global por exemplo, que era de 35 por cento em 1997 mal ascendeu perceptivelmente para 37 por cento em 2011.

Entretanto, sabemos que durante este mesmo período houve um ataque maciço aos pequenos produtores, especialmente o campesinato, sob a égide do neoliberalismo. Na verdade foi desencadeado um verdadeiro processo daquilo a que Marx chamou "acumulação primitiva de capital". E na própria Índia tivemos uma queda no número de famílias camponesas entre os dois últimos recenseamentos, o que é indicativo do facto de que pequenos produtores deslocados estão a afluir para cidades em busca de empregos. Dada a alta taxa de crescimento do PIB na economia, poder-se-ia esperar uma procura florescente de capacidade de trabalho por parte do capital, a qual deveria ter aumentado a fatia dos trabalhadores assalariados na economia indiana e, portanto, em consequência (uma vez que uma experiência semelhante teria sido expectável alhures) na força de trabalho global.

DESIGUALDADE CRESCENTE NA DISTRIBUIÇÃO DO RENDIMENTO MUNDIAL

O facto de isto não ter acontecido, de que os rácios das várias categorias para o total da força de trabalho global ter permanecido mais ou menos inalterada ao longo do tempo, sugere que aqueles deslocados da economia agrária, ou da economia de pequena produção em geral, entraram outra vez no segmento dos empregados vulneráveis na cidades. Em suma, eles migraram de um segmento dos "empregados vulneravelmente" para outro segmento, da economia camponesa para o sector de serviços nas áreas urbanas.

Dito de modo diferente, o processo de acumulação primitiva de capital que se efectua sob o neoliberalismo não leva a um aumento na proporção da força de trabalho absorvida pelo sector capitalista. Este facto, ao nível global, à primeira vista pode parecer estranho. Ainda que o crescimento rápido da Índia não tenha levado a um aumento na proporção da sua força de trabalho absorvida no exército activo do trabalho empregue pelo capital, o mesmo poderia não ser verdadeiro na China onde mesmo o Economist de Londres tem falado acerca da emergência de um mercado de trabalho tenso devido à rápida industrialização (com base no pagamento de salários). No entanto, isto parece ser verdadeiro para a economia global como um todo. Por outras palavras, os pequenos produtores deslocados de sectores tradicionais, os quais tem estado a enfrentar todo o peso do ataque violento do capital, não foram absorvidos dentro das fileiras dos trabalhadores assalariados.

A magnitude do exército de reserva pode ser identificada de modo diferente sob critérios diferentes. Bellamy Foster et al. vêem a dimensão máxima do exército de reserva como consistindo nos desempregado, a população economicamente inactiva na faixa etária dos 25-54 anos, e nos empregados vulneravelmente. Entretanto o exército de reserva real seria mais pequeno, consistindo de apenas uma fracção deste máximo (uma vez que parte dele abrange camponeses e pequenos produtores que não estão de imediato no exército de reserva). Mas não importa como definamos isto, a dimensão relativa do exército de reserva no total da força de trabalho global (a qual inclui tanto os activos como o exército de reserva) para ter permanecido mais ou menos inalterada durante os últimos anos.

Isto é importante porque explica a desigualdade crescente da distribuição do rendimento mundial. A relativa não-contracção da dimensão do exército de reserva assegura que a magnitude absoluta do vector dos salários reais na economia mundial não aumenta mesmo quando a produtividade do trabalho sobe. Isto implica um aumento da proporção de excedente na produção mundial, isto é, na proporção de rendimento a acumular-se para capitalista e seus acólitos, o que se manifesta como um aumento na desigualdade de rendimento.

Isto também refuta teorias que sugere que o ritmo de acumulação de capital é restringido pelo crescimento da dimensão do exército total (activo e de reserva) do trabalho. A teoria económica burguesa, naturalmente, acredita que há sempre pleno emprego sob o capitalismo e que os únicos desempregados são aqueles que ou optam assim estarem ou estão "entre empregos". Ela portanto sustenta que necessariamente o ritmo de acumulação é constrangido pelo crescimento da força de trabalho. Mas mesmo entre autores que rejeitam a visão de que o "pleno emprego" prevalece sob o capitalismo, alguns ainda argumentariam que a acumulação de capital é constrangida pelo crescimento da força de trabalho. Otto Bauer, o conhecido marxista austríaco, a quem Rosa Luxemburgo criticou sobre este ponto, era um destes. As estatísticas da força de trabalho relativas à economia mundial não admitem esta visão.

25/Outubro/2015 [*] Economista, indiano, ver Wikipedia

O original encontra-se em peoplesdemocracy.in/2015/1025_pd/structure-world-labour-force .
Tradução de JF.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

domingo, 25 de outubro de 2015

EUA: por trás dos golpes, as garras, por Márcio Valley 25/10/2015

  Enviado por marcio valley


do blog do Marcio Valley

John Adams foi o primeiro vice-presidente dos Estados Unidos, tendo George Washington como presidente, e seu segundo presidente, governando no período de 1797 a 1801. Iluminista e republicano, está inserido num contexto histórico que representa o início do fim de uma longa tradição, cujo berço é Grécia clássica e seu filho dileto é o senado romano, na qual o pensamento filosófico e a arte da oratória ainda eram fortes na política. Tempos nos quais não havia esperança para um candidato a político alienado da razão, das verdades e das condições históricas de sua própria época, como hoje parece ser apanágio necessário de parcela considerável dos políticos brasileiros.

Adams disse uma obviedade que, proferida pela boca de um pensador que experimentou o poder, ganha densidade: “Existem duas maneiras de conquistar e escravizar uma nação. Uma é pela espada, a outra é pela dívida.”

E disse outra que merece profunda e necessária reflexão pelos brasileiros, que estamos numa grave turbulência democrática: "Democracia nunca dura muito e logo se desperdiça, exaure, e mata a si mesma. Nunca houve até agora uma democracia que não tenha cometido suicídio."

As palavras chave aqui são espada, dívida e escravidão.

A sociedade ocidental experimenta, como forma de organização política, a democracia submetida ao estado de direito, entendida a democracia como o direito do cidadão de participar do poder político, em oposição às ditaduras e tiranias, e o estado de direito como o cabedal jurídico que limita a atuação estatal ao garantir os direitos e liberdades individuais, impedindo o despotismo e o esmagamento do cidadão pelo peso do Estado.

Não se pode discordar da afirmação de Churchill de que a democracia é o pior dos regimes políticos, porém não existe nada melhor. De fato, a democracia dá voz potencial a todos os cidadãos na escolha do próprio destino, sendo que a participação nos rumos da coletividade é um dos principais fatores de elevação da autoestima. Mesmo para quem advogue o socialismo, a democracia deve ser considerada indispensável como meio de alcançar a felicidade comum, caso contrário pode-se repetir a farsa que foi a experiência soviética.

A democracia, como forma de governo, encontrou um sistema econômico que aparentemente com ela forma um par perfeito na direção dos negócios públicos e privados: o capitalismo. Baseado na propriedade privada, nenhuma pessoa que defenda o liberalismo, entendido como a liberdade de autodeterminação da própria vida, pode ser contra o capitalismo sem incorrer numa contradição em termos.

Ainda assim, democracia e capitalismo parecem estar fracassando no objetivo de estender à humanidade a qualidade de vida que deveria ser um efeito necessário do desenvolvimento humano. Por quê?

A resposta parece ser: democracia e capitalismo degeneraram por excesso de liberdade deste último.

Praticamente todas as ações humanas estão sujeitas a alguma restrição de liberdade individual, pois tal restrição é absolutamente necessária à manutenção da saúde do tecido social. Seria impossível viver numa sociedade que não penalizasse o homicídio, a apropriação indevida do patrimônio alheio e a violação da liberdade sexual, apenas para ficar nesses exemplos.

A democracia e o capitalismo, como produtos da ação humana, não podem ficar de fora dessa restrição nas respectivas atuações. E, na verdade, estão de fato sujeitos a diversas restrições.

O problema é que o capitalismo consegue escapar dessas amarras e, livre, corrompe a democracia.

Enquanto o capitalismo manteve-se essencialmente territorial, ainda era possível exercer sobre ele algum pouco controle, ante a necessidade do capital, e muitas vezes do próprio capitalista, de permanecer no local da produção. Obrigado a estar no local, devia alguma submissão às leis locais, ainda que mínima. Tal possibilidade de controle, ainda que bastante rarefeita, não mais existe. Atualmente, desvinculado de qualquer território específico, nenhum país é capaz de lhe restringir a liberdade.
A primeira vítima dessa liberdade é justamente a democracia.

Historicamente, os ricos sempre foram senhores do Estado, num primeiro momento como monarcas e, posteriormente, como eleitores privilegiados. Salvo poucas exceções, ou os ricos estão no poder diretamente ou o poder é exercido pelos escolhidos da riqueza. A estreiteza da relação riqueza-governo é de tal ordem que se chega a justificar a existência do Estado como instituição garantidora da propriedade, nada mais.

Democracia real, portanto, sempre foi e continua a ser uma utopia longínqua.

Mesmo quando se fala em democracia clássica grega, isso guarda pouca relação com o que se entende hoje por democracia popular. O comparecimento à praça da Ágora era exclusividade de cidadãos homens nascidos de pais atenienses, uma casta de privilegiados. Mulheres e estrangeiros residentes eram excluídos da democracia. Além disso, havia servidão e escravidão em Atenas, obviamente sem direito algum, o que por si contraria o sentimento que temos hoje em relação aos fins e objetivos da democracia.

Contudo, num único e breve momento da história, que não chegou a cem anos, um espirro histórico em quase cinco mil anos de civilização, uma parte da própria elite, talvez entediada pela mesmice, inaugurou uma nova forma de pensar que hoje designamos por Iluminismo.

Os iluministas eram membros altamente intelectualizados da elite, pensadores que puseram a razão acima dos temores mitológicos que até então dominavam a humanidade. Durante esse período, Nietzche chegou a decretar a morte de Deus. O filósofo só não previu que, tratando-se de um ser todo-poderoso, no final do século seguinte, Ele ressuscitaria, e com bastante disposição para angariar fundos, nas igrejas pentecostais.

Essa facção diletante e aborrecida da elite europeia começou a pensar em coisas como o abandono das barbaridades da Idade Média, do obscurantismo religioso e das arbitrariedades do Estado. Iniciou um processo de valorização do ser humano, visando à construção de uma nova sociedade, fundada axiologicamente no altruísmo social e na dignidade da pessoa humana. Havia um quê de utilitarismo no objetivo pretendido por essa elite de intelecto entendiado que ousou desafiar as repugnâncias de sua época. Não era, propriamente, o bem do indivíduo que se buscava, mas da sociedade. Afinal, uma sociedade com uma carga menor de carências individuais é certamente capaz de gerar um ambiente menos perigoso para circular, possivelmente com um grau de felicidade geral maior e mais cheirosa e bonita de se ver.

Embora o ciclo do pensamento iluminista tenha durado pouco, encerrando-se no despertar do século XIX, ecos dessa forma racionalista de pensar, pressupondo a valorização do ser humano, persiste até os dias de hoje e foi consagrada em instrumentos históricos notáveis, como a constituição americana e a carta dos direitos humanos. Nossa constituição é recheada de valores iluministas.

Esse espirro histórico durante o qual uma fração da parcela rica da sociedade foi confrontada com sua obrigação moral de cuidar dos desvalidos veio a causar, tempos depois, reforçada pela influência de outros eventos históricos importantes, como a ascensão das ideias de Marx e as grandes guerras, um pequeno, mas significativo relaxamento na sofreguidão pelo lucro.
Por um breve momento, repentinamente parecia que a sociedade humana tinha encontrado o caminho para o florescimento de grande parte dos indivíduos, um arranjo saudável entre a busca pelo lucro e a necessidade de excluir a experiência humana da miséria abjeta.

Durante esse piscar de olhos, nós parecíamos realmente ser a espécie mais inteligente do planeta.

A legislação trabalhista protetiva ganhou impulso, um patamar salarial mínimo é garantido, estipula-se um máximo de horas para o trabalho, o Estado passa a conceder assistência social aos desfavorecidos, o acesso a uma educação fundamental é garantida, assim como o acesso à saúde básica, além de outras iniciativas vocacionadas à eliminação da condição de vida degradante.

Um pouco depois disso, em meados do século XX, ao bem-estar da população veio agregar-se uma outra concessão do capital: a redução da miséria pelo incremento na renda. Foi a época dos baby boomers americanos e dos Trinta Gloriosos da França. Nesse momento histórico também se inclui os cinquenta anos em cinco de Juscelino, no Brasil.

Entretanto, quando tudo indicava que a democracia e o capitalismo iriam cumprir o desígnio para o qual estavam predestinados, de conduzir a humanidade ao paraíso na Terra, salvar o planeta da miséria, eis que se inicia um desagradável retrocesso e se reacende a fogueira quase apagada da degradação da condição humana. Perdem-se totalmente ou são mitigadas as conquistas históricas do desenvolvimento civilizatório iniciado a partir do final do século XIX.

A América Latina viu-se arrebatada por ditaduras, no Oriente Médio inicia-se um processo de desestabilização política que ainda continua, a Europa ser torna um fantasma do que chegou a ser do que poderia ainda ser.

Quem é o culpado? Quem estragou a festa da civilização?

O culpado mais provável é a ressurgência da ótica do poder absoluto que dominava o cenário na época da barbárie humana, dos faraós, czares e imperadores. Retorna a vontade do rico de usar o seu poder de forma absoluta, inquestionável, acima do bem e do mal. Poder absoluto que, hoje, se traduz na perspectiva do lucro a qualquer preço, pensamento bárbaro similar à conquista total e da terra arrasada, que se colocou no passado e se coloca no presente acima dos interesses da humanidade. Esse espírito deletério é representado por algo que é celebrado e olhado de forma positiva até por quem é sua vítima: a globalização da economia.

A globalização não é um movimento recente, as grandes navegações do século XVI já representavam esse intuito, e tampouco é culpada pelo problema, trata-se apenas de ferramenta extremamente útil para alcançar o real objetivo: lucratividade desmedida, poder sem limites.

A globalização é atualmente a maior responsável pela renovação da escravidão em roupagens modernas. Hoje o senhor do escravo não precisa mais construir senzalas e nem necessita morar na casa grande. Ele obtém o trabalho gratuito pagando, por exemplo, cinquenta centavos de dólar por uma camisa numa fábrica em Bangladesh, que emprega costureiras por 20 dólares mensais. A corporação fashion americana ou europeia pode afirmar, assim, que não é ela a responsável por pagar esse salário miserável a um trabalhador seu. Certamente.

Numa sociedade saudável, a globalização seria ótima, desde que entendida como a liberdade plena de deslocamento do ser humano no planeta, pessoas e seus patrimônios. No despertar da humanidade, a globalização era um fato, inexistiam fronteiras e impedimentos ao tráfego humano.

Nossa sociedade, porém, está muito longe de ser saudável. Alguém já afirmou que somente uma pessoa muito doente pode se dizer perfeitamente adaptada a essa sociedade degenerada. Nesse sentido, a inquietação, o inconformismo, é que seria sinônimo de inteligência e saúde mental.

A globalização, vista sob seu aspecto meramente econômico, admite apenas a liberdade de tráfego para o capital. Pessoas continuam locais e impedidas de atravessar fronteiras, vide o exemplo trágico dos refugiados, alvo da “piedade” europeia muitas vezes traduzida no afundamento de seus barcos.

Atualmente, o poder político real não está mais nas mãos dos presidentes das nações. Voltamos à era dos faraós, dos reis, dos imperadores. A única diferença é que, hoje, eles sentam em tronos incógnitos. Não se sabe mais quem são os reis e onde estão os seus castelos, porque eles perderam o ancestral orgulho de estar no comando. A nova onda do imperador é não ser admirado, somente temido. A invocação da genealogia e da heráldica tornaram-se anacrônicas e até perigosas para os soberanos num mundo apertado por sete bilhões de pessoas, em grande parte faminta, no qual matar milhares, em caso de convulsão, não é mais assim tão glamouroso. Hoje, nossos novos monarcas se apetecem somente pelo poder e pela riqueza. Alguns poucos, menos cerebrais, à isso acrescentam a vontade da fama.

Os novos reis não possuem um local definido, uma área geográfica, para a ação imperial. No antigo modelo, cada nação representava um pedaço do planeta dominado por seu próprio rei. O poder do rei estava adstrito ao território da nação. Isso é passado. Na atual divisão do poder, território nada mais significa. O comando não mais se divide entre nações e seus territórios, mas entre corporações e seus ramos de negócios. A economia está fatiada e cada uma das fatias representa um reino específico comandado por poucos monarcas absolutos. Há quem sustente que temos atualmente 147 reis, cada um deles comandando as corporações que encabeçam e que, em desdobramento, dominam todas as demais (http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-c...).

O poder dos novos reis emana, tanto das riquezas do passado, decorrentes da acumulação primitiva, como das riquezas modernas, obtidas por empreendedorismo e oportunismo. Munidos da força dessas riquezas, manipulam a política como meio de controlar os sistemas monetário e financeiro, ou seja, a toda a economia. Não se trata de uma conspiração, mas de orientação identitária a partir de uma ideia contida no senso comum, de que a riqueza deve ser mantida nas mãos de quem as detém e ampliada ao máximo, independentemente das consequências. Embora não seja uma conspiração, em toda a plenitude da palavra, isso não significa que não se reúnam ocasionalmente para traçar diretrizes comuns. Fazem isso com frequência regular no Fórum Econômico de Davos, na reunião de Bilderberg e em outros grupos menores, mas não menos importantes, como a sociedade Skull & Bones, além de outros, alguns dos quais talvez nem chegue ao conhecimento do público.

Como todo rei, eles precisam de um exército. Esse exército, atualmente, se chama Estados Unidos da América.

Os Estados Unidos não são "o" império, como muitos pensam. São apenas o soldado do imperador, a interface do poder, a máscara com a qual é encenado o teatro farsesco da democracia e da liberdade. São também a espada de que nos alertava John Adams, com a qual é imposta a vontade absoluta dos reis a todos os países.

Os Estados Unidos, como braço armado dos imperadores, submete a economia mundial à vontade do poder de quatro modos distintos: (a) corrompendo os governos nacionais, (b) mediante a concessão de empréstimos condicionados a exigências futuras virtualmente impossíveis de cumprir, concedidos por instituições como Banco Mundial e FMI, (c) assassinando políticos de países estrangeiros que incomodem ou (d) pelo velho, tradicional e eficaz método de invasão armada.

Independentemente do método, o objetivo é o mesmo: fragilizar a nação-alvo e obrigá-la ao cumprimento da agenda corporativa. Um interesse presente é a venda de ativos do colonizado. A privataria tucana praticada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso não possui outra explicação. Um intuito marcadamente presente é o controle de recursos naturais, principalmente o petróleo. Outras vezes, o desejo é instalar bases militares americanas no país. Enfim, a submissão das demais nações é interessante sempre e pelos mais variados motivos, mas principalmente por interesse em recursos minerais ou de proteção aos produtos das corporações internacionais.

Embora na superfície se tratem de solicitações americanas, o interesse subjacente, e principal, é das corporações. Apenas como exemplo, a guerra do Iraque favoreceu empresas de construção e petrolíferas, tendo o governo americano arcado com a totalidade do prejuízo. Na privatização brasileira, foram corporações que se beneficiaram do sucateamento de nossas estatais.

Constitui fato histórico reconhecido que o governo dos Estados Unidos atuou para desestabilizar governos de países soberanos, muitos deles pacíficos e amigos dos americanos, inclusive através de assassinatos políticos.

Foi assim em 1949, quando o governo americano auxiliou o golpe de estado que conduziu Husni al-Za'im ao comando da Síria. Alçado ao poder, Za'im implementou ações em benefício de corporações do petróleo.

Em 1953, os americanos, com apoio dos ingleses, derrubaram Mohammed Mossadegh, que fora democraticamente eleito presidente do Irã. Mossadegh ousou nacionalizar a indústria de petróleo iraniana, até então controlada por uma corporação britânica, porque entendia que essa riqueza mineral deveria beneficiar primeiramente o povo iraniano. Em seu lugar, ascendeu Mohammad Reza Pahlavi, um tirano autoritário, porém simpático ao poderio americano. Reza Pahlavi permaneceu no poder até 1979, quando uma revolução iraniana, liderada pelo Aiatolá Khomeini, o depôs.

Como agiram os americanos nesse episódio? Enviaram um emissário, munido de milhões de dólares, para corromper os adversários políticos de Mossadegh. Mossadegh, um democrata eleito, foi retratado pela imprensa como um tirano, enquanto Reza Pahlavi, um monarca absolutista despótico, era fantasiado de liberal.

Conduzido pela desonestidade da imprensa e por políticos corruptos totalmente desvinculados dos interesses do Irã, o povo aderiu ao golpe a auxiliou na queda de Mossadegh. Tiro no próprio pé, movido pela ignorância e pela fraude.

O modelo utilizado no Irã, contra Mossadegh, torna-se padrão para a derrubada discreta de governos incômodos: envio de poucos emissários americanos, preferencialmente um homem só, com acesso ilimitado a dinheiro, para corromper a imprensa e políticos locais.

O modus operandi é relatado por John Perkins, no livro Confissões de um Assassino Econômico, ele próprio tendo sido um desses agentes infiltrados.

Em 1954, na Guatemala, o governo de Arbenz Guzmán, eleito democraticamente presidente em 1951, desejava realizar uma ampla reforma agrária no país, em benefício de seu povo. Isso, porém contrariava amplamente os interesses de uma corporação americana do ramo de frutas. O governo dos EUA enviou emissários para corromper os políticos da oposição. Novamente a imprensa mundial agiu, passando a imagem de que Arbenz era um agente soviético. Arbenz foi deposto, sendo substituído por uma ditadura militar que atendia aos interesses da corporação prejudicada. Esse é considerado o primeiro dos vários golpes militares patrocinados pelos americanos na América Latina, Brasil inclusive.

Em 1963, no Iraque, o general Abd al-Karim Qasim, que havia liderado um golpe contra monarquia e proclamado a república, foi deposto e preso com apoio dos americanos. Qasim era nacionalista, o que sempre desagrada as corporações. De 1963 a 1968 há uma sucessão de golpes e assassinatos no poder iraquiano, sempre com suspeitas de participação dos americanos, até se estabilizar a presidência nas mãos de Ahmed Hassan al-Bakr do Partido Baath, auxiliado por um jovem político, que se tornará seu vice-presidente em 1979 e, finalmente, dez anos depois, passará a comandar o país, Saddam Hussein.
Saddam se tornaria marionete dos EUA em suas tentativas de derrubar o governo do Irã, iniciadas em 1980, novamente por interesses no petróleo.

Em 31 de março de 1964, João Goulart, democraticamente eleito vice-presidente do país e que assumiu de forma constitucional a presidência após a renúncia de Jânio Quadros, também sob a pecha de agente soviético e que também pretendia realizar uma reforma agrária no país, foi deposto por um golpe militar apoiado financeiramente pelo governo dos Estados Unidos. Como sempre, em seu lugar assumiu uma ditadura militar, que vigorou até 1984, vinte anos após.

Em 1981, Jaime Roldós, eleito democraticamente presidente do Equador em 1979, morreu num acidente de avião. Existem fortes suspeitas de que o acidente tenha sido obra do governo americano. Roldós, assim como Mossadegh no Irã, desejava, e estava adotando ações para esse fim, que o petróleo equatoriano beneficiasse o povo do Equador, o que desagradou as corporações do petróleo. Afirma-se que, não sendo possível desinstalar Roldós pela corrupção, restou a opção de simular um acidente de avião.

Hugo Chavez, eleito democraticamente para presidente da Venezuela em 1998, reelegendo-se em 2000 e novamente em 2006, foi duramente combatido pelo governo americano, com apoio integral da imprensa venezuelana. O discurso de Chavez era anti-neo-liberalismo e contrário à geopolítica americana. Em sua primeira eleição, Chavez encerrou um ciclo de 43 anos no poder de um conluio de políticos corruptos que englobava os três maiores partidos venezuelanos. Chavez utilizou o imenso poderia da Venezuela no petróleo como uma arma contra os americanos. Novamente um político nacionalista pretendendo utilizar o petróleo para ajudar o próprio povo. O percentual de venezuelanos classificados como pobres despencou de quase metade da população, 49,4% no ano de 1999, para menos de um terço, 27,8% no ano de 2010. A história revela que esse comportamento não agrada às corporações. Por isso, em 2002, com a imprensa totalmente contrária a Chavez, um golpe de estado o depôs, com fortes indícios de participação ativa dos americanos, que imediatamente reconheceram a legitimidade do governo golpista. Entretanto, ante a reação mundial negativa, o golpe foi um fracasso e, três dias depois, Chavez voltou ao poder.

Os exemplos de intervenção americana direta e indireta poderia continuar por longo tempo, como no golpe do Chile em 1973, na Argentina em 1976, na morte de Omar Torrijos do Panamá em 1981, na tragédia do Afeganistão, na invasão do Iraque em 2003, na Nicarágua e em El Salvador na década de 1980, Camboja, Vietnã e etc e etc...

Brasil. 2002. Um partido criado pelos trabalhadores e com origem nitidamente socialista elege o seu candidato para a presidência da república. O político de origem sindicalista e sem formação acadêmica, Luis Inácio Lula da Silva, após três tentativas infrutíferas, finalmente sobe a rampa do Palácio do Planalto, não sem antes se comprometer formalmente a não instalar um governo comunista no país, num documento denominado Carta aos Brasileiros, nítida concessão às corporações.

Lula surpreende os conservadores, pois sob seu governo a economia avança admiravelmente. De fato, no período de 2003 a 2010, o PIB brasileiro apresenta um aumento anual médio de 4% ao ano, enquanto o representante da elite neoliberal, o acadêmico laureado Fernando Henrique Cardoso, nos oito anos anteriores, obteve somente 2,3% ao ano. No último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, a taxa de desemprego era de 10,5% da população economicamente ativa. Lula a reduz para 5,3%. A arrecadação tributária bate recordes em cima de recordes, não por aumento da tributação, mas como reflexo de um incrível incremento no mercado interno. Lula liquida a dívida brasileira com o FMI e aumenta as reservas de US$ 37,6 bilhões para US$ 288,5 bilhões . A taxa de juros Selic cai de 25% ao ano para 8,75% ao ano. O Brasil atravessa sem grandes danos a maior crise econômica desde 1929, que foi a crise de 2008. O salário mínimo, que teve redução real (descontada a inflação) no governo FHC de cerca de 5%, consegue aumento real de cerca de 54% nos oitos anos do governo petista.

Enfim, Lula surpreendeu positivamente durante os oito anos de seu mandato. Contudo, somente obteve paz no primeiro mandato, de 2003 a 2006. A partir do final do primeiro mandato, todavia, passou a ser alvo de crítica feroz da grande imprensa e dos políticos de oposição, principalmente do próprio PSDB.

O que mudou?

Muitas coisas podem ter provocado essa mudança de atitude. Uma delas, talvez a mais relevante, foi o anúncio da descoberta de imensas jazidas de petróleo na camada do pré-sal, ocorrida justamente em 2006. Segue-se à descoberta o anúncio do governo petista de que essas jazidas de petróleo seriam resguardadas para o interesse nacional, inclusive com a possibilidade de criação de uma estatal específica para elas, a Petrosal, o que desagrada às grandes corporações de petróleo do mundo.

Petróleo, nacionalismo, interesses corporativos, ação desestabilizadora. A história se repete.

Um governo cujo sucesso, até então, e embora com um certo ar blasé, era reconhecido pela imprensa, numa reviravolta passa a ser alvo de uma campanha difamatória impiedosa dessa mesma imprensa. Ilícitos que, quando comprovados em governos passados, sequer mereciam manchetes, passaram a ser estampados na capa de jornais e revistas por meras suspeitas.

Adotou-se a prática da escandalização do banal, da manipulação dos fatos e da culpabilidade por dedução lógica.

O escândalo do mensalão transforma uma prática corriqueira em todos os partidos, incorreta, porém usual, de utilização das sobras do caixa 2 de campanhas para a conquista de apoio político, é manejado para parecer compra de votos. Se foi comprovada a compra de votos para votar a emenda da reeleição da Fernando Henrique Cardoso, obviamente interessado nessa emenda, e nada respingou na reputação de FHC, no mensalão afirma-se a compra de votos para aprovação de leis de interesse público, como leis da previdência e outras, sem que se pare para pensar porque um partido iria adotar tal prática para aprovação de projetos de interesse nacional. E ainda que se comprovasse o pagamento, e isso não foi provado, o erro estaria no partido que compra ou no político que precisa ser comprado para aprovar tais leis?

Sem conseguir evitar a reeleição de Dilma pelo PT, mesmo com o mensalão, a escandalização avança, provocando dissensões no próprio tecido social. Amigos deixam de se falar, parentes se dividem, pessoas brigam nas ruas por conta de opiniões contrárias, cadeirantes são agredidos por se manifestarem a favor do PT, velórios são vilipendiados pelo ódio político, pessoas públicas são agredidas em restaurantes em função de exercerem cargo no governo, sair à rua com uma estrelinha do PT aos poucos vai se transformando numa aventura mortal.

Nada impede a imprensa e um setor menos intelectualizado do PSDB de prosseguir nessa sanha acusatória. O governo se vê envolvido numa trama que envolve a grande mídia, um partido (PSDB) que representa os interesses neoliberais desejado pelas corporações, parcela do Ministério Público Federal e do judiciário federal simpáticos ao PSDB, com alguns de seus componentes inclusive tendo sido nomeados pelo próprio Fernando Henrique Cardoso.

A corrupção sistêmica, que Fernando Henrique Cardoso, recentemente, reconheceu existir desde o seu governo, e que soube e que nada fez pois sabia que isso seria mexer num vespeiro incontrolável, é atribuída ao único partido político que em toda a história brasileira agiu de forma republicana e deixou as instituições funcionarem no combate à corrupção.

Como se diz, o PT torna-se vítima de seu próprio republicanismo.

O povo, conduzido como massa de manobra, não percebe as discrepâncias no discurso oposicionista da moralidade seletiva e se agita contra o partido que forneceu as melhores condições jamais experimentadas pelos trabalhadores e pela parcela menos desfavorecida do país.

Contudo, por mais insana que se apresente a conduta da oposição tucana e da imprensa, não parece provável que assumiriam a possibilidade de causar uma ruptura social no país se não houvessem interesses ocultos muito mais sólidos.

A imprensa parece estar cavando a própria sepultura, ao enterrar sua credibilidade em toneladas de lama desveladas rapidamente pela internet. Um ato de suicídio dessa magnitude não pode representar um mero interesse em se livrar de um partido incômodo. Deve existir algo mais.

Quais são os verdadeiros interesses ocultos por trás desse movimento de desestabilização do governo brasileiro?

A equação possui governo de tendência socialista, petróleo, nacionalismo, escandalização pela imprensa e um partido político que atua de forma contrária aos interesses do próprio país.

Todas as vezes em que esses elementos estiveram presentes na mesma equação, os Estados Unidos da América atuaram em desfavor do governo nacional rebelde aos interesses das corporações.

Não há motivo algum para supor que agora fariam diferente.

Na eleição americana do ano 2000, Al Gore foi nitidamente alvo de uma fraude eleitoral que conduziu Bush filho ao poder. Poderia ter iniciado uma disputa jurídica acirrada para obtenção de recontagem. Republicanamente, porém, abdicou dessa disputa em nome da paz política dos Estados Unidos.

No Brasil, Aécio Neves, coloca a própria ambição política acima de um resultado político justo, honesto e reconhecido pelo seu próprio partido após realizar dispendioso e inútil esmiuçamento nas urnas eleitorais. Isso, todavia, não impede Aécio de assumir essa insanidade vexatória num comportamento que o fez ser apelidado corretamente por Jânio de Freitas de “taradinho do impeachment”.

Aécio Neves, cuja riqueza pessoal em grande parte é devida à ação política oligárquica de sua família e à sua própria atuação política, pois está envolvido na política desde antes de se formar na faculdade, se vende como um paladino da moralidade e da ética para maquiar o que é somente mera ambição política, egolatria e mania de grandeza. Se acha no direito de desestabilizar a nação em nome desses vícios de caráter, sendo ombreado nesse propósito por pessoa vaidosa que pensa incorporar a figura de estadista e de sábio político, Fernando Henrique Cardoso, mas que não revela a grandeza de impedir a luta fratricida que está se iniciando no Brasil.

Todavia, não se vê uma defesa contundente da democracia pelo “parceiro amigo” do Brasil, os EUA, que seriam capazes de adotar ações através das próprias corporações donas dos meios de comunicação brasileiros.

O silêncio dos americanos em relação a assuntos internos de outros países que com potencial de atingi-los, mesmo superficialmente, é revelador, pois sempre foi indicativo, não de neutralidade, mas de incitação, apoio material ou, no mínimo, posição favorável aos revoltosos.

O Brasil sempre foi um empecilho às corporações por sua inclinação a um alinhamento com os países sul-americanos e com outras nações menos privilegiadas.

Isso, por si só, já constitui uma ofensa ao imperialismo corporativo.

A gota d'água foi a política protecionista do pré-sal.

É muito possível, pelo que se extrai dos relatos históricos, que a tentativa de desestabilização do governo do PT, acentuado no governo da Dilma, possua garras de águia habilmente escondidas.

Garras que manipulam marionetes brasileiras.

no blog: http://marciovalley.blogspot.com.br/2015/10/estados-unidos-da-america-por-tras-dos.html

sábado, 24 de outubro de 2015

ALBA vs ALCA 24/10/2015



Arnold August
La pupila insomne


Palabras de Arnold August pronunciadas el 26 de septiembre de 2015 en el marco del Primer Encuentro de la Solidaridad de Nuestra América, organizado por la Embajada de la República Bolivariana de Venezuela en Ottawa, Canadá.





El acuerdo del Área de Libre Comercio de las Américas (ALCA), apoyado por Estados Unidos, fue propuesto con el propósito de eliminar gradualmente las barreras al comercio y a la inversión en todos los países de las Américas. Se trataba de una extensión del Tratado de Libre Comercio de América del Norte (TLCAN) suscrito entre Canadá, México y Estados Unidos. Su vocación era incluir a todos los Estados de las Américas —excepto a Cuba—, desde Canadá hasta Chile y la Provincia de Tierra de Fuego, Argentina. No obstante, los críticos opinaron que ese acuerdo era solo una movida, como en el caso del TLCAN, del que solo podrían beneficiarse los ricos y poderosos.

En lo personal considero que Hugo Chávez y la Revolución Bolivariana son los arquitectos de la nueva América Latina y el Caribe. Este nuevo adelanto es la antítesis del ALCA, controlado por Estados Unidos.

A fin de apreciar la evolución profunda que se está dando en América Latina y el Caribe, sería bueno poner las cosas en su contexto.

El 14 de diciembre de 1994, Hugo Chávez llegó por vez primera a La Habana tras habérsele concedido el indulto, dispensándolo así de cumplir en Venezuela el resto de su condena impuesta tras una rebelión cívico-miltar fallida. La escala en Cuba era la última de una gira por América Latina. Chávez trataba de fomentar el apoyo internacional del naciente movimiento que lideraba entonces. Al desembarcar del vuelo comercial que lo había conducido, se quedó atónico cuando vio al Presidente Fidel Castro esperándolo al pie del avión. Este fue el primero de los muchos encuentros que sostuvieran los dos revolucionarios. Según el historiador cubano Eusebio Leal, Castro captó el potencial de Chávez para convertirse en un elevado líder político y revolucionario de orden mundial.

Cuatro años después de su primer encuentro con Castro, Chávez fue electo por vez primera como Presidente de Venezuela, en diciembre de 1998 y recibió su investidura el 2 de febrero de 1999.

El ALCA fue lanzado el 11 de diciembre de 1994 durante la Cumbre de las Américas en Miami, Florida; sin embargo, solo captó a la atención del público a partir de la Cumbre de las Américas que se celebrara en la ciudad de Quebec, durante el fin de semana iniciado el viernes 20 de abril de 2001 —algunos años después del triunfo político de la Revolución Bolivariana. En Quebec, la reunión del ALCA fue objeto de protestas masivas contra la mundialización económica de las empresas. El Presidente Hugo Chávez fue un crítico virulento del ALCA, acuerdo al cual calificó de “plan de anexión” y “herramienta del imperialismo” destinada a explotar a América Latina. De los 31 Estados que participaron en la Cumbre de 2001, Venezuela, representada por Chávez, fue el único en oponerse.

El 14 de diciembre de 2004, tres años después de la reunión de la ciudad de Quebec, se estableció un acuerdo entre Cuba y Venezuela, en el décimo aniversario del primer encuentro histórico entre Hugo Chávez y Fidel Castro. Al acuerdo suscrito se le dio el nombre de Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América (ALBA).

Más tarde se le conoció como ALBA-TCP, Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América y Tratado de Comercio de los Pueblos. El término “Bolivariana” se refiere a la ideología de Simón Bolívar, el líder sudamericano de la independencia nacido en Caracas, quien deseaba que América Latina se uniese como una “gran nación”. De hecho, “Nuestra América” surge del concepto de José Martí de una América Latina y el Caribe gobernada por sus propios pueblos en vez de por intereses extranjeros.

Este acuerdo de cooperación entre Cuba y Venezuela, suscrito por los presidentes Hugo Chávez y Fidel Castro se centraba el intercambio de petróleo y de recursos médicos y docentes entre las dos naciones. Venezuela procedió a la entrega diaria a Cuba, a precios muy favorables, de unos 96.000 barriles de crudo producidos por su empresa estatal PDVSA. En contraparte, Cuba envió a los estados más pobres de Venezuela, así como a Caracas, una plantilla de 20.000 empleados del gobierno del sector médico y miles de docentes. El acuerdo de cooperación también hizo posible que los venezolanos viajaran a Cuba para seguir tratamientos médicos especializados, sin costo alguno.

Esto es lo que Chávez previó al declarase en contra del ALCA en la ciudad de Quebec, tomando cartas en el asunto para crear lo opuesto: el ALBA-TCP, una alianza cimentada no en intereses egoístas, sino en cooperación y solidaridad mutua y que además excluyera a Canadá y Estados Unidos. Fundada inicialmente por Cuba y Venezuela el 14 de diciembre de 2004, el ALBA se asoció con otros gobiernos que deseaban consolidar la integración económica regional en función de una visión compartida sobre la protección social, la ayuda al desarrollo y el intercambio económico, a fin de fortalecer la cooperación gracias al respeto mutuo y la solidaridad.

ALBA creció de dos a 11 miembros. Los 11 países miembros son Antigua y Barbuda, Bolivia, Cuba, Dominica, Ecuador, Granada, Nicaragua, Saint Kitts y Nevis, San Vicente y Granadinas, Santa Lucía, y Venezuela.

Conviene observar que el 15 de diciembre de 2009, el gobierno de facto de Honduras liderado por el Presidente Roberto Micheletti emitió un decreto ejecutivo según el cual Honduras debía salirse del ALBA. Honduras fue miembro del ALBA bajo el liderazgo del Presidente Mel Zelaya. Este fue uno de los motivos que motivaran a Estados Unidos a organizar un golpe de Estado contra Zelaya y su gobierno electo en 2009.

La Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América-Tratado de Comercio de los Pueblos (ALBA-TCP) es una plataforma de integración para los países de América Latina y el Caribe, que insiste en la solidaridad, la complementariedad, la justicia y la cooperación, que tienen el objetivo histórico y fundamental de unir las capacidades y fortalezas de los países que la integran. La meta es producir las transformaciones estructurales y el sistema de relaciones necesarias para alcanzar el desarrollo integral requerido para la continuidad de la existencia de los países de América Latina y el Caribe como naciones soberanas y justas. Es, además, una alianza política, económica y social en defensa de la independencia, la autodeterminación y la identidad de los pueblos que la integran.

La integración representa para los países de la América Latina y el Caribe una condición imprescindible para fomentar el desarrollo en medio de la creciente formación de grandes bloques regionales que ocupan posiciones predominantes en la economía mundial. El principio fundamental que guía al ALBA es la solidaridad más amplia entre los pueblos de América Latina y el Caribe, tal como lo confirmaban Bolívar, Martí, Sucre, O´Higgins y tantos otros próceres. Esta solidaridad excluye nacionalismos egoístas o políticas nacionales restrictivas que rechazan el objetivo de construir una Patria Grande en América Latina y hacer realidad los sueños de los héroes de las luchas emancipadoras.

El ALBA no alberga criterios mercantilistas ni intereses egoístas de ganancia empresarial o beneficio nacional en perjuicio de otros pueblos. Busca tener una amplia visión latinoamericanista, que reconozca la imposibilidad de que los países de América Latina y el Caribe se desarrollen y sean verdaderamente independientes de forma aislada, para lograr lo que Bolívar llamó “…ver formar en América la más grande nación del mundo, menos por su extensión y riqueza que por su libertad y gloria”, y que Martí concibiera como la “América Nuestra”, para diferenciarla de la otra América, expansionista y de apetitos imperiales. ALBA-TCP también se ha propuesto el desarrollo y la mayor expansión de la integración regional, al tiempo que el ALCA, respaldado por Estados Unidos, se ha ido extinguiendo.

¿Qué ocurrió con el ALCA?

Su última Cumbre tuvo lugar en Mar del Plata, Argentina, en noviembre de 2005, sin que se lograra ningún acuerdo sobre el ALCA. De los 34 países que participaron en las negociaciones, 26 de ellos acordaron volverse a reunir; sin embargo, la reunión nunca tuvo lugar. La falla de la Cumbre de Mar del Plata de implementar una agenda completa del ALCA, respaldada por Estados Unidos, marcó el fin de esta iniciativa. A la vez una amplia movilización popular desde todo el continente rechazó el ALCA en la misma sede de la Cumbre, en el estadio de fútbol de Mar del Plata, ante decenas de miles de personas que habían marchado por toda la ciudad, Chávez dio un histórico discurso donde dijo: “ALCA al carajo”.

Examinemos brevemente algunos de los logros del ALBA respecto de una mayor integración y programas. Si bien los ejemplos son múltiples, cito solo tres.
Petrocaribe

Cimentado en acuerdos anteriores suscritos entre Cuba y Venezuela, miembros fundadores del ALBA, Petrocaribe nació en 2005. Petrocaribe busca vender petróleo a través de acuerdos de financiamiento otorgado en condiciones muy ventajosas a los 14 países miembros del Caribe. Esta iniciativa suministra a las naciones del Caribe importantes reservas de hidrocarburos que muchos de ellos no poseen en sus territorios.
teleSUR

Lanzado en 2005, teleSUR es un conglomerado de medios masivos de comunicación que transmite noticias televisadas y emisiones de información sobre asuntos de actualidad a todos los integrantes del bloque ALBA. Este programa que se apoya en un canal de televisión que usa conexiones de internet, representa un esfuerzo cooperativo entre los gobiernos de Venezuela, Argentina, Uruguay, Cuba, Bolivia, Ecuador y Nicaragua. Conviene notar que Argentina y Uruguay no son miembros del ALBA. Si bien aún no emite televisión en directo, teleSUR en inglés ha sido creada recientemente como sitio web. Considero que teleSUR es el medio alternativo más importante para enfrentar la guerra conducida por los conglomerados mediáticos estadounidenses. Les sugiero consultar esta iniciativa de medios de comunicación en las direcciones www.telesurtv.net y www.telesurtv.net/english, y apoyarla.
CELAC

Los países del ALBA fueron esenciales para la creación de CELAC, la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños. CELAC es el bloque de los Estados latinoamericanos y caribeños concebido el 23 de febrero de 2010 en la Cumbre de la Unidad de América Latina y el Caribe, Grupo de Río. Esta Comunidad fue fundada el 3 de diciembre de 2011 en Caracas, Venezuela, con la firma de la Declaración de Caracas. Consiste en 33 países soberanos que representan aproximadamente 600 millones de personas. Dado que la organización se centra en los países latinoamericanos y caribeños, otros países y territorios de las Américas, Canadá y Estados Unidos en particular fueron excluidos. La CELAC ilustra el esfuerzo esmerado de una década para lograr una integración mayor dentro de América Latina y el Caribe. Se crea para intensificar la integración latinoamericana y caribeña y reducir la anterior influencia dominante de Estados Unidos en la economía y asuntos internos de América Latina. También se le percibe como una alternativa a la Organización de los Estados Americanos (OEA), el órgano regional organizado principalmente por Washington a partir de 1948. La CELAC está desarrollando relaciones con otros países, tales como China y Rusia. Con ello está contribuyendo significativamente a la transformación de un mundo unipolar, liderado por Estados Unidos, hacia un mundo multipolar. La Revolución Bolivariana y Hugo Chávez han depositado su huella en esta iniciativa internacional de gran envergadura.

Adicionalmente a los tres puntos antes citados, examinemos cuáles han sido las implicaciones prácticas del ALBA.

El descarrilamiento del ALCA es representativa de dos tendencias más amplias, fortalecidas por el ALBA: la corroboración de la voluntad de una América Latina post neoliberal y la reducción del imperialismo de Estados Unidos en favor de la independencia y autodeterminación.

El modelo económico que el ALBA está institucionalizando difiere del neoliberalismo ortodoxo en forma significativa. Por ejemplo, se restablece el Estado en calidad de actor económico a fin de restringir las fuerzas de un mercado sin límites.

Mientras que en el marco del modelo económico neoliberal con frecuencia se ha adoptado con un enfoque aplicable a todos los casos, el ALBA reconoce la diversidad de sus miembros y destaca que conviene tomar un enfoque distintivo. Ni la supresión universal de las barreras protectoras, tarifas y subsidios, ni el carácter obligatorio de la adhesión a los programas del ALBA constituyen una condición para formar parte del ALBA.

ALBA ha prestado su apoyo a los pueblos y gobiernos que han solicitado la erradicación en sus territorios de las bases militares de Estados Unidos y el cese de sus operaciones militares y policiales. Tal es el caso con la eliminación de las tropas estadounidenses de la base militar de Manta, en Ecuador, y la expulsión de Bolivia del personal de los organismos de lucha contra la droga respaldados por Estados Unidos.

El ALBA ha fomentado entre sus miembros una expansión comercial en favor de una mayor autosuficiencia y reducción de la añeja dependencia de estos países de los mercados estadounidenses. Asimismo el intercambio comercial dentro del ALBA ha sido complementado por una diversificación en los socios comerciales externos de los países miembros del ALBA. A través de la creación del Banco del ALBA y de una divisa regional nueva —el SUCRE—, el ALBA está proporcionando una alternativa a la dependencia tradicional de América Latina a las instituciones financieras internacionales contrapartes del status quo, que tantos juzgan están bajo el control efectivo de Estados Unidos y Europa.

En lo relativo a la Educación, un programa de alfabetización fundado principalmente sobre las experiencias e incidencia favorable de Cuba, ha resultado ser extremadamente concluyente. Según estimaciones, este programa ha permitido ayudar a más de 3.8 millones de personas y ha desempeñado un papel preponderante en Venezuela, Ecuador, Bolivia y Nicaragua, países estos que han llegado a marcar tasas de alfabetización que los clasifican, conforme a las normas establecidas por la UNESCO, como países libres de analfabetismo.

Considero que una de las características clave del ALBA son la solidaridad y la oposición a las interferencias de Estados Unidos.

Tomemos el caso de Venezuela. Tras un encuentro celebrado el 14 de septiembre de 2015, el ALBA-TCP emitió un comunicado especial intitulado “En defensa de la soberanía e independencia de Venezuela”, el cual cito integralmente a continuación:


“Los países de la Alianza Bolivariana para los Pueblos de Nuestra América – Tratado de Comercio de los Pueblos (ALBA-TCP), expresan su firme adhesión a los principios de independencia, autodeterminación de los pueblos, soberanía e igualdad jurídica de los Estados, los que permiten un armonioso relacionamiento de los miembros de la comunidad internacional.

“Los países del ALBA-TCP no pueden aceptar actitudes que busquen interferir o constituir injerencia en los asuntos internos de un Estado, por parte de otro u otros Estados. Expresan por ello su preocupación por valoraciones respecto de decisiones judiciales adoptadas en la República Bolivariana de Venezuela, por órgano del poder público correspondiente y en el marco de sus derechos y competencias soberanas, para enfrentar actos de naturaleza terrorista para la tutela efectiva de los derechos humanos de las víctimas.

“Determinados países que se han pronunciado sobre este hecho evidencian el doble rasero que atenta contra el orden jurídico internacional y favorece las condiciones políticas para derrocar gobiernos constitucionales a fin de apropiarse de sus recursos naturales estratégicos. Estas altisonantes declaraciones pretenden ocultar graves violaciones de los derechos humanos en sus propios territorios y a la vez impedir la profundización de los procesos democráticos y redistributivos que los países del ALBA-TCP vienen desarrollando en el ejercicio de su derecho de libre determinación.

“Los países del ALBA-TCP alertan a la opinión pública sobre la campaña de desprestigio y agresiones contra la República Bolivariana de Venezuela, por lo que estarán vigilantes ante las amenazas a su independencia y soberanía”.

“Caracas, 14 de septiembre de 2015”

Esto demuestra la importancia de confirmar nuestro apoyo a Venezuela en la actualidad. La meta del imperialismo de Estados Unidos es hacer fracasar la Revolución Bolivariana, liderada hoy por el Presidente Nicolás Maduro, electo constitucionalmente, para derrocar otros gobiernos progresistas, en especial a los de los Estados miembros del ALBA. Si bien el Gobierno de Estados Unidos ha estado esencialmente centrado en Venezuela y el Presidente Maduro, recientemente también ha estado muy activo tratando de desestabilizar los gobiernos electos constitucionalmente en Ecuador y Bolivia dirigidos respectivamente por Rafael Correa y Evo Morales.

En el contexto actual, el apoyo a Venezuela y al ALBA implica pronunciarse en favor de la soberanía, autodeterminación y justicia social no solo de los miembros del ALBA, sino también de la región más prometedora del mundo y del futuro del género humano: América Latina y el Caribe.Arnold August, periodista y conferencista canadiense, es el autor de Democracy in Cuba and the 1997–98 Elections y, más recientemente, Cuba y sus vecinos: Democracia en movimiento, disponible en Cuba. En Twitter @Arnold_August.

Fuente: https://lapupilainsomne.wordpress.com/2015/10/22/alba-vs-alca/

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=204869

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Brasil sí, México no 23/10/2015


Miguel Ángel Ferrer
Rebelión


Desde hace meses son visibles en Brasil los aprestos de un golpe de Estado. Y lo mismo es observable en Venezuela, Ecuador, Argentina y Bolivia. En principio se trataría de golpes suaves, que es el último grito de la moda en materia golpista. Digamos una versión sudamericana de las revoluciones de colores de Europa del Este. O una modalidad, adecuada a las circunstancias locales, de las revoluciones de la llamada primavera árabe.

En ambas modalidades, desde luego, está presente el financiamiento exterior: Human Rights Match, la Fundación Ford, la Open Society Foundations (organización propiedad del especulador multimillonario estadounidense, de origen húngaro, George Soros), el grupo Carlyle, Freedom House y, por supuesto, la National Endowment for Democracy, la celebérrima NED, organismo fachada de la CIA para la organización y ejecución de golpes suaves.

La NED es antigua conocida de los mexicanos. En la década de los noventa del siglo pasado financió a diversas personas y organizaciones opositoras al gobierno priista de entonces, todas, obviamente, de derecha y ligadas al imperialismo. Entre ellas estaban, por ejemplo, Ana Lilia Cepeda, Marie Claire Acosta y Sergio Aguayo Quesada. Esos nombres aparecían en el Presupuesto del Departamento de Estado, seguidos de las asignaciones monetarias otorgadas, las que en algunos casos llegaban a superar los cincuenta o cien mil dólares por año.

El financiamiento de grupos políticos opositores por cuenta de las citadas organizaciones del imperialismo ha sido bien documentado en el caso de los intentos de EU por derrocar al gobierno de Siria. Y se trata ahora de hacer lo mismo con los gobiernos de corte posneoliberal de Dilma Rousseff, Cristina Fernández, Nicolás Maduro, Evo Morales y Rafael Correa.

Curiosamente, en la lista de escenarios de un golpe de Estado suave no se encuentran Perú, Colombia, Paraguay o México. Los casos mexicano y colombiano son particularmente ilustrativos. Centenas de miles de muertos a lo largo de los últimos años, amplia y profunda presencia del narcotráfico en los órganos del Estado, existencia y libre actuación de escuadrones de la muerte, secuestros por miles, ejecuciones extrajudiciales, desapariciones forzadas por millares, fusilamientos sumarios de personas sospechosas de ser guerrilleros, violaciones generalizadas y permanentes de los derechos humanos no son motivo suficiente para que Washington emprenda en estas dos naciones lo que ahora pretende en Brasil, Venezuela, Argentina, Ecuador y Bolivia.

Y la razón es obvia: México y Colombia se ajustan perfectamente al modelo neoliberal. En tierra azteca continúan las privatizaciones salvajes de los bienes públicos para beneficio de amigos y socios nacionales y extranjeros. ¿Qué interés y conveniencia tendría tumbar a dos gobiernos amigos y serviciales?

Pero Brasil, Argentina, Venezuela, Ecuador y Bolivia son cosa muy distinta. Aquí hay que organizar, financiar y promover el cambio de gobierno. Y como no es posible acusarlos de ser dictaduras, ya que todos ellos han llegado al poder mediante elecciones documentadamente democráticas, se les acusa de corruptos o de ineficientes en la gestión económica. Y se ha llegado al extremo de acusarlos de abandonar y traicionar las políticas antineoliberales para pasar a la aplicación de algunas medidas neoconservadoras.

Si éste fuera en verdad el caso, cómo explicar la brutal enemistad de Washington contra esas cuatro naciones. Y cómo explicar la abrumadora campaña mediática universal que busca condenarlos para justificar la necesidad de un golpe. Venezuela, Brasil, Argentina, Ecuador y Bolivia serían amigas, como México y Colombia, y no las bestias negras del imperialismo. Pretexto golpistas aparte, lo importante es comprender dónde está la mano que mece la cuna de esos golpes suaves en marcha en Sudamérica.

Blog del autor: www.economiaypoliticahoy.wordpress.com

Rebelión ha publicado este artículo con el permiso del autor mediante una licencia de Creative Commons, respetando su libertad para publicarlo en otras fuentes.



http://www.rebelion.org/noticia.php?id=204844

De Peña Nieto nada podía esperarse TPP: La traición de Humala y Bachelet 23/10/2015



Ramón Mansilla González
Matrizur.org




El tratado de libre comercio transpacífico TPP puso en evidencia el predominio de los poderes reales en países latinoamericanos como Chile, Perú y México quienes han continuado la linea de los TLC con los EEUU en materia de protección de los monopolios de patentes medicinales en sus países y la cesión de soberanía en materia de seguridad de la salud de sus ciudadanos.

El capítulo de propiedad intelectual también propone la exclusividad de los datos de pruebas clínicas, que impediría a los laboratorios de genéricos y biocomparables salir al mercado de inmediato una vez expirada la patente. Las patentes farmacéuticas gozan actualmente de una protección de 20 años, según el Acuerdo sobre los Aspectos de los Derechos de Propiedad Intelectual Relacionados con el Comercio (Adpic) adoptado en 1994, en el marco de la creación de la Organización Mundial del Comercio (OMC). La vinculación de Patentes de Medicamentos con Registros Sanitarios, implicara no sólo retrasar la competencia de los genéricos en el mercado nacional, sino que debilita el significado de los registros sanitarios.

Como si tomara a los chilenos por tontos, el canciller de la presidenta Michel Bachelet, el señor Heraldo Muñoz, afirmó que “Ha sido satisfactorio (el TPP) para nosotros, se ha resguardado lo que nosotros decíamos: cinco años de protección y no más”, dijo sin considerar el retroceso que significó conceder en el TLC EEUU-Chile los 5 años de protección a los medicamentos en concepto de datos de prueba que en la práctica significa la extensión del período de vigencia de protección por patentes para las empresas farmacéuticas transnacionales.

Por su parte el presidente Ollanta Humala, como si le viera la cara de idiotas a sus compatriotas dijo que el Perú aceptó otorgar 5 años de protección de datos de prueba a medicamentos biológicos, vitales para tratar cánceres metastásicos y enfermedades autoinmunes, como para justificar el porqué de tamaña defección de un presidente ya podemos decir vendido a Washington tras aceptar la estancia de 3200 marines en una de sus bases militares peruanas. Perú no contaba con ninguna protección adicional sobre medicament y concedió asumir hasta 8 años (5+3) por datos de prueba e incrementar la prevalencia de monopolios para las medicamentos biológicos.

Peña Nieto simplemente entregó su poca credibilidad a las fámacéuticas estadounidenses.

Biológicos. Estos medicamentos son anticuerpos monoclonales diseñados para tratar determinados cánceres y enfermedades autoinmunes.

Biosimilares. Son medicamentos biológicos similares a otros ya autorizados sin diferencias clínicas significativas.

Datos de prueba. Son los ensayos clínicos desarrollados para garantizar la seguridad y eficacia. Estos datos pueden o no ser protegidos del aprovechamiento de terceros. Si se protegen, se otorga un periodo de exclusividad comercial. El principio activo durante el cual no se autorizan las copias.



Fuente: http://matrizur.org/index.php?option=com_content&view=article&id=36394:tpp-la-traicion-de-humala-y-bachelet-de-pena-nieto-nada-podia-esperarse&catid=47:conocimiento-y-tecnologia

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=204810

Companhias militares privadas ao serviço da classe capitalista transnacional 23/10/2015



por Peter Phillips [*]


 A globalização do comércio e da banca central impulsionou as corporações privadas a posições de poder e controle nunca vistas na história humana. Sob o capitalismo avançado, as exigências estruturais de um retorno sobre o investimento requer uma expansão infinita de capital centralizado nas mãos de cada vez menos pessoas. O centro financeiro do capitalismo global é tão altamente concentrado que menos de um milhar de pessoas domina e controla US$100 milhões de milhões (trillion) de riqueza.

Os poucos milhares de pessoas que controlam o capital global representam menos de 0,0001 por cento da população mundial. Eles são a classe capitalista transnacional (CCT), a qual, como a elite capitalista do mundo, domina estados-nação através de acordos de comércio internacionais e de organizações transnacionais de estados tais como o Banco Mundial, o Banco Internacional de Pagamentos (BIS, na sigla em inglês) e o Fundo Monetário Internacional.

A CCT comunica suas exigências políticas através de redes globais como o G-7 e G-20, e várias organizações políticas não governamentais tais como o World Economic Forum, a Comissão Trilateral e o Grupo Bilderberg. A CCT representa os interesses de centenas de milhares de milionários e bilionários que abrangem as pessoas mais ricos no 1 por cento de topo da hierarquia da riqueza mundial.

A CCT está agudamente consciente tanto do seu estatuto de elite como das suas crescentes vulnerabilidades a movimentos democráticos e à inquietação dos de baixo. O império militar dominado pelos EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) serve para proteger investimentos da CCT por todo o mundo. Guerras, mudanças de regime e ocupações executadas ao serviço do império apoiam o acesso de investidores a recursos naturais e suas vantagens especulativas no mercado.

Quando o império é lento a executar ou é confrontado com resistência política, firmas de segurança privada ou companhias militares privadas (CMP) preenchem cada vez mais as exigências da CCT para a protecção dos seus activos. Estes serviços de protecção incluem segurança pessoal para executivos da CCT e suas famílias, protecção de zonas residenciais e de trabalho, aconselhamento militar táctico e treino de polícias nacionais e forças armadas, recolha de inteligência sobre movimentos democráticos e grupos de oposição, aquisições de armas e administração de sistemas de armas, e forças de ataque para acções militares e assassinatos.

A crise em expansão de massas/refugiados desesperados, forças de trabalho alienadas, e a exaustão ambiental significam uma oportunidade ilimitada para as CMPs contratarem serviços de protecção para a elite global.

As estimativas são de que mais de US$200 mil milhões por ano são gastos em segurança privada que emprega 15 milhões de pessoas à escala mundial. A G4S é a maior CMP do mundo com 625 mil empregados abarcando cinco continentes em mais de 120 países. Nove das maiores firmas de gestão de dinheiro do mundo têm investimentos na G4S. Alguns dos seus mais importantes contratantes são os governos do Reino Unido, EUA, Israel e Austrália. No sector privado a G4S trabalhou com corporações como a Chrysler, Apple e Bank of America. Na Nigéria, a Chevron contrata a G4S para operações de contra-insurgência incluindo mercenários de reacção rápida. A G4S efectua operações semelhantes no Sudão do Sul e proporcionou equipamento de vigilância para pontos de controle e prisões em Israel, assim como segurança para colonatos judeus na Palestina.

Outro empreiteiro militar privado, a Constellis Holdings – antigamente Blackwater e Triple Canopy – é um dos principais fornecedores de segurança, apoio e serviços de aconselhamento militar para o governo dos EUA, governos estrangeiros, corporações multinacionais e organizações internacionais. A Constellis é administrada por um conselho de directores que inclui o bilionário Red McCombs, John Ashcroft, o antigo procurador-geral; o almirante reformado Bobby Inman; e Jack Quinn, um importante conselheiro [do Partido] Democrata que actuou como chefe de equipe para o vice-presidente Al Gore e como consultor para o presidente Clinton.

Centenas de empreiteiros militares privados agora desempenham um papel importante na segurança da CCT na evolução corporativa neo-fascista do mundo no século XXI. O capital será livre para viajar instantaneamente e internacionalmente para qualquer lugar onde lucros sejam possíveis, ao passo que estados-nação tornar-se-ão pouco mais do que zonas de contenção de populações com cada vez mais controles repressivos do trabalho. Por estas razões, as CMPs devem ser entendidas como um componente do imperialismo neoliberal que agora suplementa poderes policiais de estados-nação e poderiam finalmente acabar por substituí-los.

A tendência rumo à privatização da guerra é uma grave ameaça aos direitos humanos, aos direitos legais e à transparência e responsabilidade democráticas. O império militar EUA/NATO estabelece os padrões morais para a negação de direitos humanos através de utilização de drones sem piloto que matam civis sem respeito pelo direito internacional em várias regiões de resistência ao império. Etiquetar civis mortos como insurgentes e terroristas, a total falta de processo legal e de respeito de direitos humanos contradiz qualquer padrão de legitimidade moral do governo. Esta falta de legitimidade moral por sua vez estabelece padrões para companhias militares privadas em grande medida operarem com a mesma malícia na sombra do império.

A globalização das operações de CMPs lado a lado com o investimento do capital transnacional, acordos de comércio internacional e uma crescente concentração de riqueza na CCT significa que as práticas repressivas da segurança privada e da guerra inevitavelmente voltarão para o poleiro nos EUA, na União Europeia e em outros países do primeiro mundo.

Os 99 por cento de nós sem riqueza e poder de polícia privada enfrentam a ameaça que se agiganta da repressão aberta e da perda completa de direitos humanos e protecções legais. Vemos sinais disto diariamente com assassinatos pela polícia (agora próximos de uma centena por mês nos EUA), espionagem electrónica sem permissão, encarceramento em massa, pontos de verificação de tráfego aleatórios, segurança em aeroportos / listas no-fly, e compilações de bases de dados feitas pela Homeland Security de suspeitos de resistência.

Cada vez que olhamos os crimes passados do império perdemos uma porção da nossa própria integridade. Ignorar a repressão torna-se parte do compromisso contínuo nas nossas vidas diárias que leva a um mal-estar moral e a crescentes sentimentos de impotência. Devemos levantar-nos e exigir transparência democrática, assim como a fiscalização internacional dos direitos humanos. A menos que desafiemos colectivamente o império, enfrentamos um mundo que está a evoluir para uma nova era medieval de totalitarismo neo-feudal diferente de tudo o que era anteriormente conhecido.

20/Outubro/2015 Ver também:
Terrorist Training in America: ISIS Colonel was Trained in "Counter-Terrorism" By Blackwater and U.S. State Department for 11 Years

[*] Professor de Sociologia na Sonoma State University e presidente da Media Freedom Foundation/Project Censored. A versão integral deste artigo, com 24 páginas, encontra-se em Estudo completo, apresentado em Censored 2016: Media Freedom on the Line .

O original encontra-se em www.projectcensored.org/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Os pastores do Congresso 22/10/2015


Como os evangélicos construíram uma das bancadas mais fortes do Congresso para barrar avanços no campo da moral e garantir privilégios para as igrejas
por Agência Pública — publicado 22/10/2015 02h51


Mídia Ninja


 

Manifestação contra a redução da maioridade penal em julho, no Rio de Janeiro
* Por Andrea Dip

Homens de terno e mulheres de saia com a Bíblia na mão vão enchendo o auditório. Alguém regula o som do violão e dos microfones. A música que celebra “júbilo ao Senhor” estoura nos alto-falantes, e a audiência canta junto. Em um púlpito no palco, os pastores abrem o culto com uma oração fervorosamente acompanhada pelos fiéis.

Uma descrição comum de um culto evangélico não fossem os pastores, deputados, falando de um o púlpito improvisado no Plenário Nereu Ramos da Câmara dos Deputados de um país laico chamado Brasil. E se o (até então) presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), anunciado do púlpito ao entrar no recinto pelos pastores João Campos (PSDB/GO) e Sóstenes Cavalcante (PSD/RJ), não tivesse deixado de lado a agenda oficial para participar da celebração e tirar selfies com pessoas que se amontoavam ao seu redor.

Certamente seria bem menos estranho se logo atrás de mim, no fundo do auditório, assessores de parlamentares não estivessem fazendo piadas de cunho homofóbico e rindo alto durante boa parte do evento, que se tornou show com a chegada da aclamada cantora gospel Aline Barros, vencedora do Grammy Latino 2014 e um dos cachês mais altos do mundo gospel brasileiro. Cunha era cercado por um séquito e não raramente aplaudido de pé, apesar dos escândalos / Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ela tinha viajado do Rio a Brasília com o marido, o ex-jogador de futebol e hoje pastor e empresário gospel Gilmar Santos, especialmente para cantar e orar naquela manhã de quarta-feira no Congresso. Ao final do culto/evento, todos receberiam um CD promocional de Aline.

Aline Barros entoou alguns de seus sucessos com o auxílio de um playback, antes da pregação do marido. O tema é a luta do profeta Elias contra Jezebel, a princesa fenícia que se casou com o rei de Israel e, uma vez rainha, perseguiu e matou profetas israelitas. A imagem da mulher poderosa de alma cruel é usada por dezenas de sites religiosos, que comparam Jezebel à presidente Dilma Rousseff, ameaçando-a de acabar como a rainha, comida por cães.

“Em Tiago capítulo 5, versículo 17, está escrito que Elias era um homem como nós. Ele orou e durante três anos e meio não choveu. Depois ele orou de novo e Deus manda vir a chuva”, diz o pastor Gilmar, dirigindo-se aos parlamentares. “Muitas vezes a gente tem orado ‘Deus sacode esse país, traz um avivamento, faz algo novo’. Deus está fazendo. Mas a forma que Deus está fazendo nem sempre é do jeito que a gente quer, da nossa maneira.

Muitas vezes a gente queria que Deus fizesse chover dinheiro do céu, que fizesse anjo carregar a gente no colo pra levar a gente pra todos os lados e queria pedir pra Deus pra sentar numa rede, pra ele trazer um suco de laranja e operar, trabalhar. ‘Manda fogo, destrói aquele endemoniado, aquele idólatra.’ Mas Deus não faz dessa forma.”

Por que Deus escondeu Elias? Por que Deus tem escondido muitos de vocês e ainda não estão nos jornais como sonharam ou não tiveram reconhecimento como sempre sonharam? […] Deus está te escondendo, querido.

No momento certo tudo vai acontecer, você vai ser exaltado. Deus sabe como honrar. […] Pode ser o momento mais difícil do seu mandato, mas continua confiando. Muitas pessoas podem estar vivendo uma seca nesse país. Nosso país pode estar vivendo o momento mais seco da história. Vidas secas. Mas o céu nunca vai estar em crise. Nunca tem crise, nunca tem crise.”

Sem crise

O número de evangélicos no Parlamento cresceu, acompanhando o aumento de fiéis. Segundo os últimos dados do IBGE, que são de 2010, o número de evangélicos aumentou 61% na década passada (2000-2010). Por sua vez, a Frente Parlamentar Evangélica (FPE), encabeçada pelo deputado e pastor João Campos, agrega mais de 90 parlamentares, segundo dados atualizados da própria Frente – os números podem variar por causa dos suplentes – o que representa um crescimento de 30% na última legislatura.

A mistura de política e religião é a marca da atuação dos pastores deputados. Campos, por exemplo, é presidente da Frente Parlamentar Evangélica, autor do projeto de lei apelidado de “cura gay” e defensor destacado da redução da maioridade penal, como a maioria da chamada “bancada da bala” – em 2014 ele recebeu R$ 400 mil de uma empresa de segurança para sua campanha. Cavalcante ex-diretor de eventos do pastor Silas Malafaia, seu padrinho na fé e na política, é presidente na Comissão Especial que trata do Estatuto da Família.

Encorajada por Eduardo Cunha, que assumiu a presidência da Câmara dizendo que “Aborto e regulação da mídia só serão votados passando por cima do meu cadáver”, a bancada evangélica tem conseguido levar adiante projetos extremamente conservadores, como o Estatuto da Família (PL 6.583/2013), que reconhece a família apenas como a entidade “formada a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou de união estável, e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus filhos”, que deve seguir para o Senado nos próximos dias.

A PEC 171/1993, que usa passagens bíblicas para justificar a redução da maioridade penal, também foi aprovada na Câmara e aguarda análise do Senado, sem previsão de votação. O próprio Eduardo Cunha é autor do PL 5.069/2013, que cria uma série de empecilhos para o direito constitucional das mulheres vítimas de violência sexual realizarem aborto na rede pública de saúde.

Esse está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara. Também foi nesta legislatura que a bancada conseguiu barrar o trecho que trata do ensino da ideologia de gênero nas escolas no Plano Nacional de Educação.

Ainda segundo os dados fornecidos pela FPE, a maioria dos parlamentares pertence a igrejas pentecostais: a Assembleia de Deus é a que mais congrega esses fiéis, seguida pela Igreja Universal do Reino de Deus, que tem como figura de destaque o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Também tem representantes no Congresso as igrejas Sara Nossa Terra e a Igreja Quadrangular.

Como acontece com os partidos na política, os membros também trocam de denominação. Eduardo Cunha recentemente trocou a Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus, onde já estavam os colegas João Campos e Marco Feliciano. Entre os membros das protestantes históricas estão Jair Bolsonaro (batista) e Clarissa Garotinho (presbiteriana).



http://www.cartacapital.com.br/politica/os-pastores-do-congresso-3910.html

Estudantes da rede pública paulista enterram a Educação de Alckmin e apresentam o “chuchuleco” 22/10/2015





Ato contra o fechamento das escolas: Enterro da Educação e surge o “chuchuleco”

por Antônio de Souza, especial para o Viomundo

Nessa terça-feira, 20, a cidade de São Paulo foi palco do ato em defesa das escolas públicas estaduais organizado pelos movimentos que lutam contra o fechamento de mais de 150 unidades pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).

Segundo a grande mídia que dá sustentação incondicional ao governo tucano paulista, cerca de 10 mil pessoas foram as ruas.

Foi realmente um importante ato cívico. E um novo ato foi marcado para dia 29 de outubro, às 15hs no Masp.

Um dos momentos simbólicos do ato de terça foi o enterro das 155 escolas que serão fechadas pelo governo Alckmin. Na foto abaixo se vê o caixão com papéis colo dos com os nomes das escolas.

A grande novidade da manifestação foi o aparecimento dos bonecos do governador Geraldo Alckmin e do secretário da Educação, Herman Voorwald.

O boneco do governador foi batizado de Chuchuleco, em referência aos constantes escândalos na administração do governo Alckmin.

Aqui em São Paulo, a Lava Jato localizou ação do esquema do doleiro Youssef na Secretaria da Fazenda, que tinha multas de R$ 1 bilhão e foi beneficiado por fiscais acusados de receberem propina, conforme denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo.

Isso sem falar no caso dos frigoríficos e das operações da soja fictícia, que desviaram pelo menos R$ 2 bilhões, que poderiam ser aplicados na Educação e Saúde.

Se somarmos somente os desvios da Lava Jato em São Paulo, dos frigoríficos e operações de soja fictícia são R$ 3 bilhões.

Eles retiraram dos cofres públicos 30%, ou R$ 900 milhões, que poderiam ser aplicados no pagamento de melhor salário aos professores, em melhorias nas escolas públicas e nas universidades estaduais. E mais R$ 360 milhões que iriam para saúde.

Na verdade, é incalculável o prejuízo da sonegação fiscal ainda não revelada. Se o governo Alckmin a tivesse combatido não seria necessária a “reorganização” fajuta da rede pública estadual.

Isso sem falar também dos bilhões que foram desviados pelo cartel do Metrô e da CPTM, como apontam várias ações do ministério público, especialmente nas reformas de trens.

Devemos lembrar ainda que o governador Alckmin insiste em falar em “escolas ociosas”. Mas qual é o critério da ociosidade? Serão ociosas as classes com menos de quarenta alunos? Ou seja, as classes devem ser superlotadas ?

A “reorganização” tucana não trará qualidade à educação pública paulista, visto que a superlotação ou salas com 35 alunos será a regra. Dessa forma, em vez de reduzir o número de alunos para melhorar a qualidade da educação, se faz o contrário.

Ou seja, Alckmin tem visão da educação como despesa e de curto prazo. Mais uma demonstração de que não é um estadista, que ainda opta por enterrar o futuro da juventude paulista.



http://www.viomundo.com.br/denuncias/antonio-de-souza-estudantes-da-rede-publica-paulista-enterram-a-educacao-tucana-e-promovem-nascimento-do-chuchuleco.html

De onde vem a revolta contra o PT? 22/10/2015



Do Jornalistas Livres

Para as Marias que vão com as outras

Por Fernando Castilho*, do Blog Análise e Opinião, colaboração para osJornalistas Livres

As pessoas que defendem a defenestração de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, a prisão de Lula e o fim do PT, não o fazem por causa da corrupção, está claro.

Sobre a honestidade da presidenta não pairam dúvidas, fato reconhecido até por FHC.

Sobre Lula, a mídia e a oposição tentaram criminalizar o lícito de apresentar empresas para obras no exterior e de receber doações dessas mesmas empreiteiras, mas esbarraram nas corretas prestações de contas do Instituto Lula e também na coincidência de que naquele exato momento Obama levava empresas americanas para Cuba. Além disso, FHC também recebe doações para seu instituto. Então não deu.

Eduardo Cunha até agora é o único político que pode ser preso com provas (esqueçam o tesoureiro do PT, Vaccari que está preso sem nenhuma prova, já que não haveria como saber se as doações para campanhas eram dinheiro de propinas ou não, certo?), mas nem por isso alguém saiu às ruas para protestar contra ele.

Aécio Neves, além do aeroporto construído em terras de seu tio-avô, tem agora contra si a divulgação feita pela Folha a pedido, possivelmente de José Serra ou de Geraldo Alckmin, de que fez 124 viagens ao Rio de Janeiro em finais de semana com jatinho oficial. E ninguém bateu uma mísera panelinha que fosse. Talvez só Serra ou Alckmin.

Portanto, não é pela corrupção.

E se o motivo não é esse, qual seria?

O PT em 12 anos de governo foi exitoso em tirar o Brasil do mapa da fome, além de criar inúmeros programas sociais, o que acabou por criar uma nova classe social, a daqueles que deixaram de ser pobres passando a possuir poder de consumo.

Então está claro que a revolta contra o PT passa pela velha luta de classes de quem não aceita que outros ascendam socialmente. É só isso. Mais nada, certo? Mas é claro que há gente que está sendo iludida por uma mídia que a dirige em direção ao golpe. Mostra somente o lado ruim do governo. Omite suas realizações. E as Marias acabam por ir com as outras. Os Mários também.

Pois bem, caso consigam seu intento, após o golpe contra Dilma, como vai ser o dia seguinte?

Primeiramente é preciso que demonstremos que ainda não há uma crise econômica instalada no país. Pelo menos com as cores que estão pintando.

As reservas internacionais estão na casa de US$ 371 bilhões ou R$ 1,47 trilhão de reais, enquanto na época de FHC, em 2002, eram de apenas US$ 37,8 bi (R$ 150 bilhões de reais).

A inflação projetada para 2015 está em cerca de 5,95%, enquanto que em 2002 chegou a 12,53%.

O desemprego está por volta de 8,3%. No governo FHC chegou a 12,6%.

O salário mínimo está em 200 dólares enquanto que em 2002 estava em apenas 50 dólares.

Seguem agora vários gráficos comparativos do governo Dilma com governos passados.

Divirtam-se, como eu me diverti.






Fonte: Banco Mundial






Fonte: Banco Central do Brasil






Fonte: ONU






Fontes: Banco Central e ABECIP






Fonte: FMI






Fonte: Banco Central






Fonte: Banco Central






Fonte: Petrobras

Entendem agora? Já está desenhado. Lógico que nesses gráficos não se incluem os avanços sociais, afinal quem se dá ao trabalho de confeccioná-los? Eles que deveriam ser os mais importantes? As coisas estão maravilhosas no Brasil? Claro que não, afinal há uma crise internacional e o Brasil não escapa. Até a China acusa problemas na economia.

Mas entendem no que é que a oposição quer por a mão? A dica está nesse gráfico verde aí em cima.

A oposição precisa derrubar Dilma para que as investigações cessem e não atinjam políticos que estão sendo delatados. Só assim as coisas poderão continuar com dantes no quartel de Abrantes.

Enquanto ficamos hipocritamente protestando contra uma CPMF de 0,2%, os ratos fazem a festa na nossa frente, com o nosso apoio.

Derrubada a presidenta, em menos de três meses, com outro presidente, as notícias na mídia serão todas otimistas. E então dirão que para por ordem na casa será necessário privatizar a Petrobras e entregar o Pré-sal para os americanos.

E todos, Marias que vamos com as outras nesta Internet, exultantes e felizes com a queda daquela dentuça encheremos o peito e suspiraremos: que bom, agora o Brasil vai pra frente!




*Fernando Castilho é arquiteto urbanista, professor e blogueiro. Analisa e comenta fatos importantes da vida política no país, fora da lente da grande mídia.



http://jornalggn.com.br/noticia/de-onde-vem-a-revolta-contra-o-pt-por-fernando-castilho

Carteis estrangeiros dominam o Brasil desde o final dos anos 50 22/10/2015

Adriano Benayon


FHC entregou a Vale e metade da Petrobras a interesses externos: não deu tempo de vender toda a Petrobras

O que é estratégico?

Adriano Benayon * 16.10.2015

Demonstrando abissal ignorância sobre o que é, ou não, estratégico, ou então desprezo pela segurança nacional, os falsos desenvolvimentistas, desde JK (1956-1960), consideraram que bastava ter sob comando nacional as telecomunicações, a energia, notadamente o petróleo, e a área nuclear.

2. Se olhassem com seriedade para a História, teriam percebido que nenhum país foi capaz de se defender, tendo entregado sua economia e suas finanças a controle estrangeiro. Isso se tornou cada vez mais nítido, à medida que a capacidade bélica foi ficando mais dependente da indústria e da tecnologia.

3. Mas, mesmo antes do século XVIII, quando a sorte nas armas se vinculou à mecânica pesada e às indústrias básicas – que lhe fornecem insumos -, as guerras, sempre foram movidas a dinheiro, tal como a política.

4. Revela-se, pois, enorme e múltipla a leviandade dos dirigentes do País, uma vez que o “modelo econômico brasileiro”, de JK aos governos militares, se caracterizou, não só pela dependência tecnológica, mas também pela dependência financeira.

5. Depois, isso continuou a agravar-se, culminando com as manipulações eleitorais que levaram às presidências de Collor e FHC, nas quais, além de tudo, as Forças Armadas foram deliberadamente debilitadas.

6. E por que isso foi possível? Porque quem monopoliza o dinheiro grosso e comanda a mídia submissa, determina as políticas. Claro que essas não foram as de interesse do País.

7. Acaso? Não, mas, sim, algo que se desenhou com o golpe de agosto de 1954, quando as decisões econômicas foram entregues a “técnicos” do agrado dos centros financeiros angloamericanos.

8. Desde o final dos anos 50, o domínio dos carteis multinacionais sobre a economia resultou em enormes déficits de transações correntes: esses carteis transferiram ao exterior – principalmente como despesas – lucros de fato, decorrentes dos preços elevadíssimos, no mercado interno, dos bens aqui produzidos e dos importados, e preços baixos na exportação.

9. Daí derivou absurda dívida externa, inflada também com os juros e demais despesas decorrentes do financiamento externo de investimentos públicos e privados efetuados no País.

10. Afora os colossais pagamentos do serviço da dívida externa, ao exterior, ainda maiores nos anos seguintes à Constituição de 1988, parte dessa dívida foi transformada em interna, a qual passou a crescer exponencialmente, em função de juros e correção monetária absurdos – mais um sinal de que o País não tem autonomia política.

11. Montou-se, assim, a engrenagem viciosa, através da qual a dependência política alimenta o crescimento da dependência econômica, a qual acentua a submissão política, e assim por diante.

12. O conceito adotado por pró-imperiais assumidos e inconscientes, era que se deveria abrir às grandes transnacionais, com matrizes no exterior, as indústrias de transformação – consideradas não-estratégicas – como a de bens de consumo durável, inclusive veículos automotores, o ridículo carro-chefe da arrancada para o falso desenvolvimento.

13. Tão grande foi a irresponsabilidade para com o País e seu futuro, que – através das Instruções da SUMOC, a partir de janeiro de 1955 – propiciaram subsídios desmedidos para que os carteis industriais estrangeiros se assenhoreassem facilmente do mercado brasileiro, que nunca lhes esteve fechado.

14. Ademais, permaneceram abertas as brechas que permitiram crescente penetração do capital estrangeiro no sistema financeiro do País.

15. Sessenta anos depois, passados numerosos governos aparentemente diferentes, deu-se a desnacionalização praticamente completa, a causa da desindustrialização.

16. O balanço é o pior possível: a) a dívida interna, que continua crescendo exponencialmente, por efeito da capitalização de absurdos juros, já atingiu mais de R$ 3,8 trilhões; b) boa parte dos títulos pertence a residentes no exterior; c) o passivo externo financeiro bruto – onde avultam os investimentos estrangeiros diretos (IEDs) – supera US$ 1 trilhão.

17. Os IEDs acumularam-se principalmente com recursos estatais, subsídios governamentais e reinvestimento de lucros, o que denuncia a natureza autorretroalimentada do processo de desnacionalização.

18. Finaliza-se o processo, com o enfraquecimento e maior infiltração da própria Petrobrás por interesses forâneos, além de preparar-se luz verde a petroleiras transnacionais para apoderar-se das reservas descobertas pela estatal. Além disso, deterioraram-se e desnacionalizaram-se infra-estruturas essenciais, como as de energia, transportes e comunicações.

19. Não bastasse isso tudo, a engenharia, último ramo sobrevivente com tecnologia competitiva, está sob fogo interno, teleguiado do exterior, para que os mercados que conquistou no Brasil, e fora dele, também caiam sob controle de empresas estrangeiras.

20. O Brasil está inerme, com seus recursos terrestres, águas e subsolo, dotado de minerais preciosos e estratégicos, tudo aberto ao saqueio das corporações estrangeiras. Grande parte do território amazônico foi subtraído à jurisdição efetiva do País, sob o pretexto de demarcar terras supostamente indígenas.

21. Que aconteceria se mudasse de política? A violência das intervenções imperiais na Líbia, Iraque e Síria, entre outras, deveria alertar para reverter as políticas levianas aqui praticadas, há mais de 60 anos.

22. Mauro Santayana afirma que o Brasil talvez seja o país mais indefeso do mundo, e o pouco que ainda tem de empresas nacionais na indústria bélica está sendo adquirido por grupos estrangeiros, ou controlado por estes mediante associações, principalmente as firmas que desenvolveram tecnologia militar, nos últimos anos.

23. A vulnerabilidade decorre também do baixo conteúdo local das peças do equipamento de defesa, mesmo no caso de blindados ligeiros. Que dizer das carências em tecnologia eletrônica, até mesmo chips desenhados e fabricados no País?

24. Esse é o resultado da entrega, favorecida pelos governos, do controle do grosso da economia a empresas e grupos financeiros transnacionais. Era questão de tempo a entrega também dos setores ditos estratégicos.

25. Em vez de “lideranças” civis e militares cuidarem disso, ignoraram que o desenvolvimento econômico verdadeiro só se faz com capital nacional e tecnologia nacionais.

26. Além disso, tiveram a visão ofuscada pela crença que lhes foi inculcada, de que o inimigo estratégico seria o comunismo, termo em que foi abusivamente englobado tudo que desagradasse o império e seus adeptos locais.

27. Nas lideranças e cidadãos, em geral, foram incutidas divergências ideológicas que se tornaram fossos intransponíveis, geradores de exclusões, perseguições e conflitos envenenados.

28. Assim, além da economia dominada, o que, mormente após a pseudo-democratização de 1988, levou os interesses antinacionais a controlarem o sistema e as decisões políticas, acelerando a desindustrialização e primarização da economia, a falência estratégica foi acentuada por outra: a falta de coesão nacional.

29. Para esta deficiência estratégica contribuiu a abertura ao arrasamento da cultura e dos valores éticos, através da permissividade das “autoridades” para com os meios de comunicação mundiais e locais, acompanhada da deformação dos fatos políticos e econômicos em todo o mundo.

30. Se é que o poder emana do povo, que poder emanaria de um povo submetido a processos de psicologia aplicada e a outras intervenções destinadas a apassivá-lo?

31. Machiavello ensinou que “o poder emana do ouro e das armas.” Nesta vertente, como o Brasil precisa ter poder para viver com dignidade, e até para sobreviver, impõe-se entender que:

a) o desenvolvimento econômico e social é indispensável para a defesa e segurança; b) ele depende de autonomia, tanto nas decisões governamentais como na das empresas.

* Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

http://www.viomundo.com.br/politica/adriano-benayon-carteis-estrangeiros-dominam-o-brasil-desde-o-final-dos-anos-50.html