sábado, 30 de abril de 2016

Brasil "O golpe em boa parte já foi dado" 30/04/2016



– "Eliminou a direção política do governo brasileiro, a sua capacidade de liderança"
– "Dirigimo-nos para um governo chantagista que vai implantar o programa da grande rapinagem"
por Virgínia Fontes
entrevistada por Gabriel Brito


O Senado já aprecia o processo de impeachment de Dilma, que por sua vez parece se concentrar em promover gestos finais de despedida, em especial por conta de envios de projetos de lei de viés progressista que jamais estiveram em pauta quando vida parecia normal. De toda forma, continuam obscuros alguns pontos que ativaram a ofensiva dos setores dominantes pelo fim de seu mandato e, ao passo que os alguns líderes discutem o eventual governo de transição, o Correio publica entrevista com a historiadora Virgínia Fontes.

"Tem algo muito estranho na origem do processo que deve nos deixar em alerta, pois a situação não está completamente clara. Parece que há tensões em setores dominantes. Tensões entre o 'clube do milhão' e o 'clube dos mil milhões', uma vez que as estruturas representativas do setor empresarial são muito mais voltadas ao primeiro do que ao pequeno grupo de grandes empresas bilionárias, constituídas desde o processo de privatizações da era FHC. E não está claro o que tudo isso significa", disse.

Nesse sentido, Virginia afirma que está na ordem do dia o desafio de uma melhor interpretação a respeito das características regionais das diversas frações da burguesia brasileira, o que ajuda a explicar a eterna primazia do PMDB na mediação do jogo de interesses que costuma excluir os interesses das maiorias das grandes decisões.

"O PMDB assume centralidade diante da impotência do PT em ser de fato um partido de esquerda e do PSDB de ser algo além de expressão regional de uma certa burguesia, enclausurada em São Paulo, Minas Gerais e um pedaço do Paraná, enquanto as burguesias brasileiras são mais amplas. Temos o desafio de entender a regionalização da grande burguesia, as estratégias das suas estruturas representativas e o fato de que seu conjunto tenha adotado todos os partidos ao longo dos anos", explicou.

Além de explorar a questão das disputas intercapitalistas, nacionais e internacionais, Virgínia não deixou de abominar o que considera um autêntico golpe – a seu ver já consumado na prática – marcado pelo "espetáculo inadmissível" da votação dos deputados em 17 de abril. Por fim, enfatiza que se abrem as porteiras para um ciclo de exploração capitalista praticamente sem limites e leis.

"Estamos nos dirigindo para um governo capitaneado por um grupo chantagista que vai implementar o programa da grande rapinagem com um acordo frouxo, por enquanto, dos outros partidos da direita. E tais partidos (incluindo da atual oposição) irão aderir na medida em que a rapinagem for aplicada. Mas tenho absoluta certeza de que a massa da população brasileira não aguenta mais suportar o que suportou", pontuou.

A entrevista completa com a historiadora Virginia Fontes pode ser lida a seguir.

Em primeiro lugar, como avalia a situação do Brasil e em especial da presidente Dilma após aprovação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados?

Avalio ser uma situação gravíssima, vivemos efetivamente um golpe, embora não seja exatamente como se explica em alguns casos. Significa, fundamentalmente, uma intervenção de uma Câmara dos Deputados dominada por um grupo extremamente complicado, com processos nas costas e irritados uns com os outros, a avançar sobre o voto popular. Não tenho dúvidas disso. Tal processo não começa na votação do impeachment, mas em meados de março, quando ficam evidentes as formas seletivas de interferência tanto do judiciário como nas decisões do legislativo. Portanto, um momento gravíssimo.

Esse momento gravíssimo, a meu ver, não tem uma razão disparadora clara. Por que razão começa se a grande burguesia brasileira foi absolutamente contemplada ao longo dos governos Lula e Dilma – em seu segundo, ainda mais? Se não tem resposta imediata, tal questão não pode ficar obscurecida, porque os fatores disparadores imediatos são vários. Um deles é o temor de setores da grande burguesia de irem para a cadeia. E não posso me furtar de dizer que a palavra de ordem da Fiesp é a mais esquisita, ou explícita, segundo uma leitura freudiana: "não vamos pagar o pato" significa que o empresariado brasileiro não o fará, mas a população sim.

Tem algo muito estranho na origem do processo que deve nos deixar em alerta, pois a situação não está completamente clara. Parece que há tensões em setores dominantes. Como já disse antes, tensões entre o "clube do milhão" e o "clube dos milhares de milhões", uma vez que as estruturas representativas do setor empresarial são muito mais voltadas ao primeiro do que ao pequeno grupo de grandes empresas bilionárias, constituídas desde o processo de privatizações da era FHC. E não está claro o que tudo isso significa.

A situação política e econômica do Brasil não está clara e é muito inquietante. Outro ponto importante a mencionar é que, na ausência de clareza das tensões internas entre setores burgueses, um elemento que se torna mais evidente é que a direção intelectual e moral – como diria Gramsci – do processo vem sendo conduzida por uma aliança entre os setores mais retrógrados da sociedade e alguns mais reacionários, que não são exatamente retrógrados no sentido de serem herdeiros de períodos anteriores, mas coligados a setores mais reacionários e à direita do cenário internacional e em especial à extrema-direita dos EUA. Isso vem sendo expresso através do papel de entidades associativas do tipo Instituto Liberal e Movimento Brasil pela Democracia, cujos dirigentes são formados em grupos e escolas próximos da extrema-direita norte-americana.

Portanto, uma situação complexa. Nem o disparador e nem os desdobramentos estão claros. Uma situação gravíssima e de golpe, em meu juízo.

Antes de entrarmos em outras questões da política brasileira, o que comenta do discurso de Dilma na ONU, que evitou o uso do termo golpe e foi criticada por diversos setores que apoiam a manutenção do seu mandato?

É preciso analisar a timidez, para dizer o mínimo, quando levamos em conta que há dois anos a Dilma não fazia discursos políticos em âmbito internacional. Não sei o que forma sua estratégia discursiva, mas não fez discursos de 1º de maio ou intervenções mais pontuais em questões sociais gravíssimas etc. A meu ver, tem a ver com a ambiguidade na qual vive o governo por ela dirigido. Foi eleita com uma plataforma e no dia seguinte adotou outra. Não se apresenta como uma direção efetivamente política para a classe trabalhadora brasileira. Dilma procura apresentar-se como pêndulo suspenso acima das classes sociais, a procurar coordenação entre elas, uma posição impossível de sustentar por alguém apoiado por alguma coisa que um dia se chamou Partido dos Trabalhadores.

Portanto, a ignorância da existência de classes sociais, a tentativa de fazer conciliação pelo alto e acatar exigências do capital aceitando uma "piora menor" aos setores populares geram a postura vista na ONU. Significa que não temos uma liderança expressa pela presidente Dilma, com convicção clara da situação brasileira.

Voltando ao plano interno, como viu e sentiu o "espetáculo" da votação do impeachment no domingo, 17 de abril? O que comenta da postura dos membros da casa legislativa?

É lamentável, desastroso e inadmissível o que aconteceu naquele dia. Na verdade, o dramático aconteceu pelo conjunto do processo que se desenha. Uma Câmara de Deputados sem nenhuma legitimidade, cujo presidente já deveria estar afastado há muito tempo de suas prerrogativas, faz, por uma espécie de vingança própria, um determinado encaminhamento que é uma afronta a qualquer processo democrático burguês, por mais limitado que seja. Afronta brutal!

A partir do momento em que tais personagens começam a afronta, uma parcela da grande burguesia brasileira, para não dizer toda, embarca nela. Tal conjunto é constituído por um partido sem credibilidade, uma direção da Câmara sem credibilidade e uma série de deputados que devem uns aos outros, em prováveis esquemas de chantagem que nos deixam ligados a situações no mínimo envergonhantes. Tal conjunto toma a iniciativa, recebe o apoio de quase toda a classe dominante e inicia um processo altamente perigoso para a população brasileira. Para não falar do imenso apoio da grande mídia.

Acho que qualquer pessoa com o mínimo de dignidade humana se sente enojada, afrontada. Não é exatamente surpresa, mas até que ponto é possível ir o espetáculo da degradação da política? Talvez o caso mais exemplar seja a deputada que votou em nome do marido que no dia seguinte foi preso. E do Bolsonaro, uma afronta a qualquer democracia. Um deputado que declara voto em nome da defesa de procedimentos de tortura na ditadura. Em qualquer país, e olha que eu acompanho debates parlamentares de vários países, é inadmissível. Foi inaceitável o espetáculo, em seu todo.

O conjunto do processo de impeachment é o conjunto do processo de golpe. E mais do que sobre a presidente Dilma, é um golpe sobre os setores da população brasileira que consideram uma sociedade de iguais como condição fundamental da existência humana. Isso precisamos ter claro. Não sei se a presidente está de acordo com isso, acredito que não, ante os discursos que faz. Mas aquele golpe colocado é contra a classe trabalhadora, contra sua auto-organização e em especial contra todas as parcelas dessa classe que tentam se organizar de forma autônoma, independente e com clareza da luta que precisam levar.

Como avalia a postura do PMDB e alguns outros partidos outrora aliados na evolução da crise?

Aqui tem uma situação interessante, porque o partido assumiu uma posição central por conta de uma estrutura de chantagem clássica que perdurou da ditadura para o Estado de direito de uma limitada democracia no Brasil, após 1989. Limitada em boa medida em função do PMDB, mas não apenas. Também pelo funcionamento do DEM e PSDB. Se o PMDB assumiu lugar principal foi exatamente pelo fato de ser quem centraliza ou coordena as estruturas de chantagem no cenário político nacional. Assim, é capaz de trazer ou pelo menos bloquear o conjunto dos outros, trazendo boa parte dos partidos de aluguel e bloqueando os três partidos de fato da esquerda brasileira – PSOL, PSTU e PCB.

Portanto, a postura do PMDB, que há tempos domina o Estado, é a síntese do conjunto de partidos da burguesia. São mais de 20 e nenhum destes expressa nenhum setor direto da burguesia. As burguesias brasileiras, desde o primeiro governo Lula, adotaram para elas praticamente todos os partidos que estão na disputa eleitoral. Financiam todos, dividem entre eles os recursos e assim, em seus mais diferentes formatos, as burguesias passaram a ter em sua mão o espectro dos partidos, desde a esquerda à extrema-direita do capital. Todo o espectro conforma o partido da burguesia. Em outros termos, o Partido da Ordem, termo de Marx retomado por Florestan Fernandes, é composto por uma quantidade enorme de partidos. E todos eles devem sua penetração às burguesias brasileiras, em termos de financiamento, acesso à mídia, programas e sobrevivência mais imediata.

Dentro disso, o PMDB é um daqueles que têm penetração e organização de escala nacional, e é síntese da podridão de uma política de tal tipo, herdada da estrutura ditatorial. Essa é uma situação complicada porque ocorreu em algum momento o que venho chamando de certo "paulistocentrismo", isto é, uma oposição entre PSDB e PT muita clara em SP, mas não tanto assim pelo país, onde o papel de cada um deles é diferente.

Para ficar claro, com exceção dos três partidos de esquerda, os demais são partidos da ordem burguesa, inclusive o PT, que faz a esquerda desse partido. Dentre os partidos que estão ali, nenhum deles têm claramente delimitado qual setor e fração representa das classes dominantes. Estas, investiram em todos eles, de maneira peculiar. O paulistocentrismo é uma avaliação um pouco irônica, porque a classe trabalhadora de São Paulo é forte, extremamente variada, rural e urbana, de escala enorme, mas tal conceito não se refere a ela. E de certa forma o PT adotou essa formula paulistocêntrica, criada na década de 40 na figura da Locomotiva do País, que por sua vez deveria seguir os desígnios ditados de São Paulo.

Entra no jogo o complicador da postura do PMDB e outros partidos. Embora o PSDB tenha veia fundamentalmente paulista e carioca, nunca conseguiu de fato uma distribuição nacional. PT e PMDB são os únicos que têm inserção, escala e abrangência nacionais. Ainda assim, ficamos encolhidos a um debate que opõe PSDB e PT em escala nacional. O problema dessa limitação é que só sobra o PMDB para mediá-la, pois abrange estados circunscritos de problemas de organização da política e da vida social que não podem ser resolvidos pelo PSDB e poderiam, mas não foram, ser enfrentados pelo PT.

O PMDB assume centralidade por diversas razões: a primeira é sua escala nacional. A segunda é que herda da ditadura as formas mais apequenadas da política: a negociação direta, caso a caso. Dessa herança, constitui uma parcela importante de sua liderança como algo diretamente chantagista, tanto com as classes dominantes como em relação aos setores populares.

Nessa circunstância, o que é o pior da nossa política do ponto de vista de herança histórica, o PMDB assume centralidade diante da impotência do PT em ser de fato um partido de esquerda e do PSDB de ser algo além de expressão regional de uma certa burguesia, enclausurada em São Paulo, Minas Gerais e um pedaço do Paraná, enquanto as burguesias brasileiras são mais amplas.

Portanto, estamos diante de um imenso desafio de compreensão, não simplesmente de uma resposta. Temos o desafio de entender a regionalização da grande burguesia, as estratégias das suas estruturas representativas e o fato de que seu conjunto tenha adotado todos os partidos ao longo dos anos.

O que pensa da postura da oposição após a vitoriosa votação pelo impeachment, por ela também apoiado?

Continuamos numa situação gravíssima e longe de amainar. O fato de que todos tenham aderido a uma aventura golpista e uma vez, também devido a isso, que estejam todos numa bola de neve com a qual não podem brincar, não significa que não estejam com medo.

Em alguns artigos escrevi, e continuo pensando assim, que a Operação Lava Jato e o medo de grandes empresários de serem presos são temores reais, inclusive de partidários do impeachment, porque as operações da PF [Polícia Federal] atingiram apenas o PT até o momento. Por um lado, há um temor real do que pode acontecer, um movimento que fuja de seu controle, afinal, como dissemos, o disparador de tudo isso ainda é um tanto incógnito.

A chantagem, a meu ver, se antecipa ao medo. E no caso é o medo de ser preso. Respeito os argumentos da crise econômica, mas não me convence que tenham sido as razões principais do processo. Creio que temos a conjunção de crise econômica e fratura do pacto social um pouco mais complexa, relacionada também ao cenário internacional.

A certa cautela da oposição nos primeiros momentos após a votação na Câmara se deve ao temor do escândalo em que se meteu, coisa que o mundo inteiro reconhece e ela sabe. O Brasil não é uma republiqueta, como dizem, mas uma das dez maiores economias do planeta. Ao se abrir aqui uma situação que possa inaugurar um cenário de tensão social permanente, a América Latina toda pode incendiar-se.

Eles toparam a chantagem número 1, junto com um conjunto expressivo da grande burguesia brasileira, e ao mesmo tempo temem os desdobramentos. É absolutamente vergonhoso assistir, porque não há nenhum posicionamento que seja claramente político. Não há proposta, não há projeto. A única proposta é de rapina. Avançar na DRU , portanto, sobre os recursos da previdência, de tudo aquilo que a Constituição definiu como recursos públicos que não deverão financiar o capital. Há pelo menos 70 projetos de lei na Câmara e Senado de retirada de direitos do trabalhador.

Portanto, entram como aves de rapina no processo, de maneira avassaladora, a fim de retirar direitos, mas uma coisa retroage sobre a outra – a chantagem político feita pelo PMDB, admitida pelo PSDB, depois de este tentar se colocar como um ente limpo, quando nunca houve tentativa de limpeza alguma e os demais partidos são apenas de aluguel. Por isso, querem diminuir o número de partidos, o que visa excluir exatamente aqueles que não lhes pertencem. Nesse processo, tais partidos temem o que pode acontecer, mas agora não têm como travar o movimento iniciado por eles próprios. Por isso é gravíssima nossa situação.

Acredita que Dilma tem chance de sobreviver ao processo no senado?

Sou historiadora, não sou futuróloga. Para mim, independentemente de sobreviver ou não, a sinalização que ela tem dado é de fazer a política que eles estão determinando. O golpe em boa parte já foi dado. Eliminou a direção política do governo brasileiro a sua capacidade de liderança. Esse golpe já foi dado.

Subsequentemente, alguma possibilidade há de a Dilma voltar ao governo. Sempre há uma possibilidade alucinada qualquer de o Senado votar diferentemente da Câmara ou de ela voltar 180 dias depois. Isso não é impossível.

Ou se faz mobilização popular para enfrentar qualquer que seja o dirigente que saia desse processo, a fim de exigir respeito aos recursos públicos, o fim da rapinagem na estrutura política (totalmente coligada e dependente dos grandes capitais brasileiros e estrangeiros) e exigir e impor decência aos representantes ou vamos descer ladeira abaixo.

Assim, já não muda tanto o fim ou continuidade do mandato de Dilma, inclusive se ela sobreviver ao processo de impeachment.

Ela pode continuar no mandato com o golpe já feito e completamente refém. Ela já estava refém do que estava posto no início do mandato dela, por isso digo que tem alguma coisa opaca no disparador de todo o processo. Dilma foi eleita com uma plataforma na campanha e na semana seguinte à sua posse adotou uma política oposta. De quem ela adotou tal política? Dos grandes grupos brasileiros e estrangeiros que aqui atuam. Portanto, o tipo de enfrentamento que estamos assistindo não faria muito sentido.

Mas por que tal enfrentamento ocorre? Porque há uma disputa. A meu juízo temos duas disputas subterrâneas. Uma é sobre a continuidade da investigação da Polícia Federal para além do PT. E apesar da seletividade que a Polícia Federal e o Ministério Público já demonstraram, essa é uma ameaça latente e patente na situação brasileira. Ninguém sabe se Sérgio Moro continuará fazendo investigações sobre outros grupos. Mas a massa que foi para a rua contra a corrupção o fez apoiando um Sérgio Moro que não foi além.

Portanto, tem um problema aí e a Fiesp diz que ela não vai pagar o pato, o que significa que nenhum empresário será preso e o resto que pague o pato. Outro problema é a captura do programa com acordo da presidência e de uma grande parcela do PT desde o primeiro governo Lula.

Nesse momento aparece a questão: "se ela faz o programa deles, por que está acontecendo tudo isso"? Uma questão é a Polícia Federal. O PT jamais pôde controlá-la – e não porque não quisesse, mas porque não podia. Além disso, quem leu o Valor Econômico, O Globo, a Folha e o Estado de S Paulo nos últimos dois meses sabe que as promessas, e eles falam todos os dias, são jogar baldes de água nessas operações da Polícia Federal, estabelecer um grande cenário de pacificação nacional e diminuir o impacto das investigações de corrupção, tanto entre as empresas brasileiras quanto em algumas entidades do Estado, a exemplo da própria representação política. Esse é um dos elementos.

O segundo elemento é que um dos setores mais corrompidos do PMDB assume o enfrentamento: o setor do Eduardo Cunha. Essas duas circunstâncias capturaram o processo em um ponto em que não houve nenhum enfrentamento, até o Cardozo dizer que se tratava de um golpe. Mas não houve um enfrentamento ao golpe do ponto de vista partidário e da direção política do país.

Não há uma liderança no país, de modo que a burguesia quer prender o Lula e impedi-lo de falar, porque ele é uma liderança. Por mais que eu discorde do Lula e dos governos petistas, algo que sempre deixei bem claro, a situação atual é: uma parcela grande da burguesia associada a parlamentares completamente corroídos querem impedir que surja qualquer liderança com algum cheiro popular. Isso porque eles dispararam um processo que não terão como travar e ameaça abrir lutas sociais que eles não terão como controlar.

Dentro de todo esse jogo, que inclui o esfacelamento do lulismo como mediador dos conflitos de classes e interesses, como avalia a declaração de Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, a afirmar que o PT deve abdicar de se apresentar como liderança majoritária da esquerda brasileira?

Primeiro tenho um pouco de dúvida sobre a capacidade nacional de liderança do Haddad. Ele tem uma postura muito centrada em São Paulo. Apesar de ter sido ministro da Educação sua postura é muito centrada em São Paulo e, portanto, temos novamente a disputa PT-PSDB, que é muito característica de São Paulo. Em segundo lugar, a minha avaliação é um pouco diferente da dele.

O PT já não é uma liderança da esquerda brasileira há muito tempo. O PT é a liderança de uma esquerda voltada para o capital. O que é uma "esquerda voltada para o capital"? Esse é o título de um belo livro do Eurelino Coelho, que se chama "Uma esquerda para o capital" [1] , em que ele mostra como a expansão do capitalismo brasileiro precisou trazer para si, ou seja, para dentro do setor burguês, as lideranças que emergiam entre os trabalhadores, adequando-os à gestão do capital e se apresentando como uma esquerda capaz de lidar com o capitalismo. Não era mais uma social-democracia que fazia tal papel, estava mais próximo de um social-liberalismo, mas era essa a postura.

É preciso qualificar melhor o que estamos chamando de esquerda e o Haddad não está qualificando. Está simplesmente considerando que o PT historicamente expressa a esquerda, mas que esquerda expressa o PT? O PT já expressou uma esquerda, mas desde quando ele parou de expressá-la, desde agora?

Provavelmente, como um partido à esquerda do capital o PT não perde seu papel e nele continuará. Certamente, não é mais o papel de atuar como liderança máxima, uma vez que ao longo dos seus períodos de governo perdeu a capacidade convocatória que lhe dava acesso fundamental de esquerda conveniente para o capital.

Mas não estamos assistindo a isso somente no Brasil; acontece no mundo inteiro. Os partidos oficiais que vêm de uma tradição, seja do socialismo, do trabalhismo ou de qualquer viés de esquerda e se colocaram para atuar como uma mão esquerda do capital, estão perdendo rapidamente credibilidade social e capacidade aglutinativa. Basta ver o caso do PSOE espanhol, do Partido Socialista Português, do Partido Socialista Francês e de outros tantos partidos que transigiram tanto tempo com o capital, foram perdendo espaço inclusive de atuação como mão esquerda do capital e abriram espaço, desgraçadamente, para a ascensão de uma extrema-direita que vem calcada em valores que tais partidos da esquerda do capital perderam, que são os valores da negociação a qualquer custo com a dominação. Estamos assistindo no cenário internacional à ascensão de uma direita difusa, muito articulada e bastante truculenta, ao lado do crescimento de formas de expressão da rebeldia popular descrentes dos partidos.

E não precisamos ir muito longe. Temos o "Podemos" na Espanha e o movimento "Nuit Debout" ("Noite Desperta") na França, cujos participantes passam noites em pé na praça da República em Paris e em várias outras cidades francesas. São expressões da rebeldia popular com a clareza de que estão lutando pela classe trabalhadora e de recusa aos partidos. Essa é uma situação dramática porque nós precisamos de organização. Precisamos da junção desses movimentos sociais às formas de organização que ainda resistem nas classes trabalhadoras. A situação é muito inquietante, mas podemos remontar mais atrás ao Occupy Wall Street e outras formas anteriores, como a Geração à Rasca de Portugal, o Syriza na Grécia, entre tantas outras.

Vivemos no mundo uma situação muito peculiar. E no caso brasileiro, com a situação golpista, é ainda mais complexo. Sequer as regras burguesas de funcionamento tradicionais vêm sendo respeitadas. Por essas razões que a declaração do Haddad me pareceu pretensiosa, ao partir do pressuposto de que o PT liderava, até agora, a esquerda brasileira.

Apesar de toda a discussão e o quadro complicadíssimo, qual poderia ser a melhor saída para a crise em sua visão? E como imaginaria um "governo de transição" capitaneado pelo PMDB?

Como Gramsci, sou uma pessimista da razão e uma otimista da vontade. Vamos para os dois aspectos. Primeiro, o pessimismo da razão. Do ponto de vista de uma análise absolutamente fria do que vem acontecendo, estamos nos dirigindo para o pior. Estamos nos dirigindo para um governo capitaneado por um grupo chantagista que vai implementar o programa da grande rapinagem com um acordo frouxo, por enquanto, dos outros partidos da direita. E tais partidos irão aderir na medida em que a rapinagem for aplicada. O PSDB, por exemplo, está oscilando, esperando as eleições, mas quando a rapinagem for flagrante estará ao lado. Algumas das suas lideranças inclusive já o declararam. Do ponto de vista do pessimismo da razão, eu diria que vamos para uma situação muito difícil, na qual certamente teremos lutas duríssimas.

Antes de entrar no aspecto do otimismo da vontade vou introduzir outro elemento que o Gramsci não considera, que é a razão conflitual. Do ponto de vista dessa razão conflitual, tais grupos não têm apoio social para implementar o programa de rapinagem que querem e, portanto, terão de defrontar-se com lutas que não sabemos quais são. Não sabemos quem conduz, nem que posição ou partido e nem quais movimentos emergirão para tentar unificar os setores e grupos contrários à rapinagem. Mas sabemos que surgirão. Isso porque a sociedade brasileira é uma sociedade complexa, hoje altamente urbanizada e já mostrou que não quer perder direitos – e o que está proposto é uma devastação dos direitos da maioria da população brasileira.

Portanto, eu não tenho dúvidas de que o pessimismo que a direção principal do processo traz tem de ser temperado por essa razão conflitual. É a razão conflitual que me permite dizer, como Gramsci, que existe um otimismo da vontade. A população brasileira, após um experimento de democracia, ainda que mendigada, dificilmente aceitará uma ditadura levada adiante pelo pior que essa sociedade já produziu. Vamos enfrentar lutas poderosas e eu tenho confiança de que se não for de maneira instantânea, mas a curto ou médio prazo, estaremos aqui enfrentando situações nas quais a classe trabalhadora dirá claramente que é insuportável aceitar alguma coisa do tipo que se desenha.

Sou pessimista pelo encaminhamento das nossas direções partidárias altamente comprometidas, basta ver o que estão fazendo e que são rapinantes, oportunistas e sem nenhuma responsabilidade sobre o conjunto da população brasileira. Assim, com eles sou pessimista. Mas tenho absoluta certeza de que a massa da população brasileira não aguenta mais suportar o que suportou. E em boa parte suportou pelo PT porque o próprio PT dizia ser em seu nome. Agora não terá quem diga ser em seu nome, portanto a razão conflitual tende a emergir. Ao emergir, temos chances de ir muito além do que já fomos até aqui.

28/Abril/2016 [1] COELHO, Eurelino. Uma esquerda para o capital: Crise do Marxismo e Mudanças nos Projetos Políticos dos Grupos Dirigentes do PT (1979-1998). Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense, UFF, 2005. O livro pode ser descarregado aqui .

O original encontra-se em www.correiocidadania.com.br/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

http://resistir.info/brasil/virginia_28abr16.html

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Movimentos sociais param o Brasil contra o Golpe! Fotos 15/04/2016



Manifestações em 10 Estados mostram que o povo não aceitará o impeachment




publicado 15/04/2016


O Conversa Afiada reproduz fotos e informações das manifestações contra o Golpe que acontecem em 10 Estados:

Movimentos Populares estão fechando as vias do país. Sabem pq? Pq #GolpeAquiNãoPassa e tah tendo luta!


Estamos em todos os cantos, esquinas e praças! Somos o povo e reafirmamos: #GolpeAquiNãoPassa


Deputadxs, estejam certos de q o povo nunca vai esquecer dos que votarem pelo Golpe





O que acontece pelo Brasil:


SÃO PAULO

A Ponte das Bandeiras, que cruza o rio Tietê em SP encontra-se interditada! #GolpeAquiNãoPassa Fotos: Cauê Badaró





A zona sul de SP tb amanheceu paralisada contra o Golpe!







Mov Populares trancam nesse momento o cruzamento das avs Ipiranga e São João, no centro de SP. #GolpeAquiNãoPassa



#SP Av Cupecê, em Jabaquara; Washinton Luis, em São Carlos; e Marginal Tietê, na Ponte Tatuapé: #GolpeAquiNãoPassa!







Trancamento agora em São Carlos, na Rodovia Washington Luiz. #GolpeAquiNãoPassa Foto: Frente Brasil Popular





Está fechada a divisa entre SP e PR




BAHIA

Na Bahia também teve trancaço!









Salvador parada! Motoristas e cobradores em greve contra o golpe!





Petroleiros contra o golpe e pelo pré-sal! Trabalhadores da Petrobras parados no Trevo da Resistência




MINAS GERAIS

Cerca de 200 manifestantes do MST e MSTB fazem fechamento da BR 050 em Uberlândia!









Em Uberlândia, a BR 050 encontra-se interditada! Hj é dia de trancaços no Br inteiro. #GolpeAquiNãoPassa Foto: JL MG




PARANÁ

No Blog do Esmael Morais: Golpistas abrirão as portas do inferno se depuserem a presidente Dilma







Em Foz do Iguaçu (PR) estudantes fazem jornada a favor da democracia e contra o golpe! #GolpeAquiNãoPassa




RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro MST tranca a Dutra Na luta contra o golpe, a memória do massacre de Eldorado dos Carajás -20 anos




BRASÍLIA

BSB: Em ritmo de luta! Amanhece no 5 dia do Acampamento Nacional de Luta Pela Democracia. #GolpeAquiNãoPassa






RIO GRANDE DO NORTE

Em Mossoró-RN o povo tá na rua pra dizer #GolpeAquiNãoPassa




ALAGOAS

Pipoca resistência dos sem terra contra o golpe em todo Estado! Mais de 20 trechos e rodovias trancadas!




Com informações da CUT, dos Jornalistas Livres e da Mídia Ninja no Twitter



http://www.conversaafiada.com.br/brasil/movimentos-sociais-param-o-brasil-contra-o-golpe

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Lutar ! por Samuel Pinheiro Guimarães [*] 11/04/2016



– Contra os abusos de magistrados e sua violação da Lei e dos direitos individuais. Pela democratização dos meios de comunicação e pela liberdade de expressão





Em defesa da soberania popular

Em defesa da democracia

Pela democratização dos meios de comunicação e pela liberdade de expressão

Contra qualquer tipo de golpe

Contra o impeachment, sem provas

Contra os abusos de magistrados e sua violação da Lei e dos direitos individuais

Contra a influência do poder econômico no Legislativo

Contra a influência do poder econômico no Executivo

Contra a influência do poder econômico no Judiciário

Contra a corrupção, os corruptos e os corruptores

Pelo desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil

Pela redução dos desequilíbrios regionais

Por políticas de desconcentração de renda e de riqueza

Pelo fim da violência e da discriminação racial, de gênero, de religião

Contra qualquer política de ajuste fiscal recessivo

Contra uma política absurda de taxas de juros Selic

Por um ajuste fiscal que não penalize os trabalhadores e os excluídos

Em defesa da reforma tributária

Pelo fim da isenção tributária sobre rendimentos do capital

Contra a agiotagem legal praticada pelos bancos

Contra a sonegação, os sonegadores e os coniventes

Pela cobrança enérgica dos devedores inscritos na Dívida Ativa da União

Em defesa da legislação do trabalho

Contra a terceirização do trabalho

Em defesa de uma política de valorização do salário mínimo

Em defesa da ampliação e fortalecimento da reforma agrária

Em defesa da reforma urbana

Em defesa da educação em tempo integral para todas as crianças e jovens

Em defesa da preservação, ampliação e fortalecimento do Bolsa Família

Pelo saneamento básico como prioridade absoluta da política de saúde

Em defesa do fortalecimento da indústria de capital nacional

Em defesa das empresas estatais, em especial da Petrobras

Pela construção de um bloco da América do Sul

Pela capacidade de defesa da soberania brasileira

Por uma política externa soberana, ativa e altiva
07/Abril/2016 [*] Diplomata. Ingressou no Itamaraty [Ministério das Relações Exteriores] em 1963, foi secretário-geral das Relações Exteriores no governo Lula e Alto-Representante Geral do Mercosul entre 2011 e 2014.

O original encontra-se em www.brasildefato.com.br/node/34775

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .





http://resistir.info/brasil/lutar_spg_07abr16.html

La sociedad de la transparencia en la geopolítica del dinero 11/04/2016

Lidia Fagale
Rebelión


"Transparencia y verdad no son idénticas. Esta última es una negatividad en cuanto se pone e impone declarando falso todo lo otro. Más información o una acumulación de información por sí sola no es ninguna verdad. Le falta la dirección, a saber, el sentido. Precisamente por la falta de la negatividad de lo verdadero se llega a una pululación y masificación de lo positivo. La hiperinformación y masificación y la hipercomunicación dan testimonio de la falta de verdad, e incluso de la falta de ser. Más información, más comunicación no elimina la fundamental imprecisión de todo. Más bien la agrava." "La sociedad de la transparencia". Byung-Chul Han.



En un mundo que se plantea políticas de “transparencia” de vez en cuando y al ritmo de la geoestrategia global del dinero, opaca y tergiversa la verdad.

Los millones de documentos que dan cuenta de la existencia de empresas off shore y algunos de los nombres revelados por el Consorcio Internacional Periodistas y el diario alemán Süddeutsche Zeitung, han generado un cúmulo de información que no constituye por sí sola ninguna verdad. Le falta dirección, darle “sentido” adoptando la clave de interpretación del filosofo coreano alemán, Byung-Chul Han, en su pequeño y didáctico libro La Sociedad de la Transparencia que he citado deliberadamente al comienzo de este artículo.

Algunos medios y sus periodistas sean o no del establishment no han colaborado en esto, o sólo lo han hecho parcialmente, a la hora de aportar categorías de comprensión que permitan saltar de la oscura transparencia informativa a un escalón más próximo a la claridad siempre imprecisa de la verdad. No se trata se ser crípticos frente a hechos reales y concretos. Es que se impone cada vez más sospechar de la sobreabundancia informativa y su dinámica demoledora que tritura el tiempo de la reflexión y todo atisbo que nos lleve a revelar el verdadero fin de todo esto. Por otro lado ha quedado claro que cada país y, de acuerdo al sector que tiene una clara posición dominante en sus estructuras mediáticas y que conforman la dirección de la hegemonía cultural, ha encontrado en el baúl de estos documentos la materia prima para denostar, salpicar, ensalzar, ocultar o manipular “a piachere” de acuerdo a la aspiración y al escenario local. Mientras el sistema económico sigue impoluto y ajeno a todo reproche y condena, así como los principales factores de poder real que lo sostienen, las políticas domésticas juegan su guerrita política en la última división de este partido que abreva en las cuevas del imperio y claro, también de sus tentáculos y representantes nacionales.


Hasta ahora, quienes se arriesgaron a tirar un poco de la cuerda y que pusieron bajo sospecha las verdaderas intenciones de la difusión de los Panamá Paper han advertido quienes son las Fundaciones u ONG que financian al Consorcio de Periodistas. [i] Este puede ser un dato, pero no suficiente, aunque nos oriente a conocer que sector o sectores están interesados en lavar la cara al sistema, corregir supuestamente “sus desvíos” y anteponerse a posibles ataques públicos. La organización Wikileaks destacó que el gobierno estadounidense y el especulador devenido en filántropo, George Soros, financiaron a una de las instituciones involucradas, Open Society, la fundación dirigida por Soros que financia a gran parte de las ONG de derechos humanos y libertad de expresión en el mundo, también está registrada como uno de los donantes del Proyecto de Reportajes sobre Crimen Organizado y Corrupción. No hace mucho, varios gobiernos en el mundo y en especial en Latinoamerica, críticos de Estados Unidos, acusaron a Usaid de financiar a grupos civiles y fuerzas políticas opositoras, en todos los casos dichas acusaciones fueron ciertas, de acuerdo a los datos aportados por comunicadores alternativos y a las investigaciones encaradas por algunos estamentos judiciales.

El vocero del Departamento de Estado, Mark Toner, reconoció hoy que Usaid, la principal agencia que financia en el exterior del país proyectos de desarrollo(¿?), ayudó al Proyecto de Reportajes sobre Crimen Organizado y Corrupción, el programa del Comité para la Protección de Periodistas que colaboró en la investigación mundial desatada por millones de documentos financieros filtrados.


En tanto, algunos medios han vociferado en un tono didáctico moralista su condena a “la corrupción”, como un mal que es actuado por “algunos individuos” y en clave de “fenómeno indeseado” dentro del sistema de las democracias actuales. Está claro que un funcionario, un presidente, no puede y no debe verse envuelto en hechos que se insertan en escenarios donde confluyen los negocios sucios de la clase económica y política mundial y a la vez evadir impuestos de los capitales colocados en los paraísos fiscales. Sin embargo, la condena queda en la inconducta y falta de ética del funcionario que se esconde del fisco estatal de su país, sin que esto colabore en darle otra vuelta a la llave que nos abre la puerta del corazón del sistema hacia su verdadera naturaleza..

En esta versión mediática más benévola "la trapisonda económica" torna “transparente” la información, mientras oculta la verdad, o una de las verdades más esenciales del sistema económico global. Tras el crack financiero de 2008, el control sobre los paraísos fiscales fue literalmente derrotado. La fuerza del capital se antepuso, incluso a las medidas adoptadas por la OCDE.

La situación amerita, claro está, de que esos individuos, funcionarios o representantes del empresariado local o internacional sean juzgados, de ser posible, por una justicia autónoma de los intereses económicos y políticos que están en juego, algo que escasea en un mundo donde millones de habitantes pagan con hambre y muerte los voluminosos capitales que se lavan en los paraísos fiscales al ser privados por parte de Estados con doble moral, de salud, educación, alimentación y trabajo bajo argumentos que nunca dan cuenta de que su recaudación fiscal, entre otros factores no menos importantes, está saqueada por empresas multinacionales y multimillonarios que evaden sus obligaciones. Existen datos fehacientes de cómo debido a la evasión fiscal, los Gobiernos no logran recaudar un tributo óptimo de las multinacionales y los multimillonarios, por lo que suelen optar por recortar en inversión pública, destinada a políticas sociales, o por subir los impuestos a los sectores más desfavorecidos, agravando las desigualdades.


Al ritmo de la dinámica de la crisis mundial desatada en 2008 la voraz especulación financiera ha buscado salvarse al amparo de “negocios” donde el lavado de dinero mueve la economía mundial de este Siglo, con el tráfico de armas, narcotráfico, tráfico de órganos, la trata de personas y los derivados de las guerras, como, por ejemplo, el de los refugiados políticos o los dineros destinados a la supuesta reconstrucción y ayuda a los países a los que acaban de demoler con objetivos nunca declarados, más bien inventados. El terrorismo y también sus negocios asociados (dinero para logística y armamento, entre otros) encuentra en los paraísos fiscales amparo para su protección y crecimiento.


La mafiatización de la economía es un proceso inherente a la naturaleza del propio capitalismo donde la corrupción (por evasión fiscal o lavado de dinero proveniente de la economía negra) es consustancial con su objetivo: mayor acumulación, mayor lucro a corto plazo. Lo que trae aparejado enormes e irreparables desgracias sociales.

Hoy, los conglomerados multinacionales están en pie de guerra contra las políticas proteccionistas que intentan implementar algunos Gobiernos, que les dieron otrora vía libre omitiendo los controles necesarios. Esto nos permitiría subir un escalón más y romper el límite que parece imponernos la superabundancia informativa en la lógica de la supuesta transparencia total.

En este tablero de ajedrez las piezas bailan al ritmo de una trituradora de alta velocidad. El capitalismo se devora a sí mismo y de vez en cuando aplica alguna política correctiva para no perder toda su capacidad de socialización, si es que algo le queda. Hoy, esta guerra que se hace más visible a partir de la difusión de los Panamá Papers parece encaminarse a mostrar como los Estados Capitalistas necesitan al haber tocado fondo y devorados por su propia política repatriar el capital hacia el interior de sus fronteras y de paso “tocar” a representantes que pueden ocupar cargos de mayor o menor porte en países donde necesitan un mayor alineamiento a las políticas de la gran potencia.

Para algunos este escándalo mediático será olvidado sin consecuencias reales para los que figuran en los documentos. Para otros, la investigación periodística llevará a cambios políticos reales en algunos países. También están quienes sostienen que la cobertura tendenciosa de la revelación hará que futuras filtraciones similares no tengan impacto ni la confianza del público. Un dato, bastante revelador, podría orientarnos mejor sobre las verdaderas razones de esta movida: La ausencia de empresarios y multinacionales de los EEUU, la cuna de todas las mafias, en los denominados Panamá Papers y la ostensible manipulación de algunos conglomerados mediáticos (que también participan como grupos económicos de esta modalidad, colocando activos en el exterior) que han centrado su atención en forma ostensible en uno de los principales enemigos de la potencia norteamericana, Vladimir Putin. Hoy, en el centro de la escena, más allá de sus reiteradas desmentidas. Algunos analistas sostienen que EEUU está reafirmando su propaganda hostil contra sus enemigos, tales como Rusia, China, Venezuela o Siria, para así seguir apostando por la desestabilización de aquellos gobiernos no alineados a las directrices de Washington. Al mismo tiempo sostienen que toda esta operación mediática es una maniobra de "shock" para que los grandes capitales se vean obligados a trasladar sus capitales a Estados Unidos y tratar de reactivar de este modo su maltrecha economía. Una jugada a escala internacional que aún está por verse si logra su cometido.

Este elemento podría colaborar a nuestra construcción de la verdad verdadera. No olvidemos que en la dinámica de la geopolítica actual, la posibilidad de una tercera guerra es un dato que no debe ni puede pasar inadvertido. Y la difusión de estos papeles que muestra una parte importante de la mugre de la alfombra global imperialista-capitalista y su mafia económica es también utilizada para descalificar oponentes o ponderar aliados. Además de intentar con el uso de estos datos, poner más de rodillas a Gobiernos que ya lo están o se resisten dignamente a los intentos que por distintas vías, tienen por objetivo no dejar un solo rastro de un proyecto político independiente del Imperio. El ajuste no es sólo económico es también político.


Un escenario rico para analizar es la actual situación de algunos países de Latinoamérica donde las denuncias de casos de corrupción –sin perjuicio de la veracidad o no de los hechos y de su tangible manipulación en los relatos mediáticos- están sirviendo para pulverizar lo poco que ha quedado de los modelos económicos implementados tras el consenso de Washington que rompieron en parte con la agenda neoliberal, al aplicar políticas distributivas que habían sacado a vastos sectores de la población de la pobreza y el hambre. Es el caso de Brasil y fundamentalmente de Venezuela. Con este último país terminarían de liquidar la aspiración independentista que encarnó Hugo Chávez y que se irradió peligrosamente hacia el resto del territorio latinoamericano, con explícitos sentimientos antiimperialistas. En el caso de Argentina, aunque suene inimaginable, se trata de alinear mejor a la actual gestión que recibió con bombos y platillos al presidente de los Estados Unidos, Barack Obama, y que en 100 días aplicó políticas cuyos precedentes se pueden encontrar en el terrorismo de Estado y en el terrorismo económico durante la década del 90. Sin embargo, falta más. Hay otra agenda más a la derecha de la pantalla del televisor, aunque nos parezca inimaginable. El tratamiento mediático benevolo que tuvo el tema en torno a la vinculación del Presidente Macri con dos empresas off shore, no se condice con la beligerancia que tuvo y tiene el tratamiento mediático de otros casos de corrupción de funcionarios públicos o empresarios allegados a la gestión anterior. Y esto encuentra su explicación en el cambio político que dio un giro por una opción conservadora con el consenso y el voto de una ciudadanía que aspiraba a una alternancia política y a la militancia a favor de las políticas conservadoras del nuevo mandatario por parte de los grandes conglomerados mediáticos. En tanto, la respuesta “displicente”, “desprendida de toda responsabilidad” del Presidente Macri no parece estar en línea con la guerra declarada a los paraísos fiscales, por lo menos a algunos, del Presidente Barack Obama.

El mandatario norteamericano ha desatado una verdadera guerra al proponer modificar la legislación impositiva de su país y limitar así las operaciones de las multinacionales estadounidenses en el extranjero, apuntando a limitar su presencia en los paraísos fiscales. Y esto habla mucho de las garantías que pretende el gobierno de los Estados Unidos para su negocios en nuestras tierras. Además, entre bueyes no hay corneadas. Tampoco mexicaneadas.

Esta política que viene fracasando, incluso en la principal potencia del mundo, trata de impedir que esas empresas paguen menos impuestos y así recuperar para las arcas públicas más de US$ 210.000 millones en los próximos 10 años, según cálculos de analistas citados por The Wall Street Journal, que asegura que en los últimos años las empresas estadounidenses han depositado US$ 700.000 millones en bancos del exterior, muchos de ellos en paraísos fiscales.

Está claro, que esta es una de las batallas de la que ya se avizora su más contundente derrota. Porque lo que no podemos desconocer es la génesis y configuración de la nueva delincuencia organizada y del fenómeno del lavado de capitales, donde se destacan: la globalización de los "delitos de comercio ilícito" que conllevan la generación de inmensos beneficios; el proceso de desregularización y globalización producido en el sistema financiero, el cual ha favorecido el lavado de los beneficios forjados por estos delitos; y allanando el camino para el fraude fiscal. Un fenómeno complejo que, a su vez, es empleado por empresas, sociedades y particulares de todo el mundo y que surge, en gran medida, al inicio del fin de las trabas a la circulación de capitales muy bien aprovechado por las multinacionales de gran envergadura. Ambas realidades conviven, incluso en el entramado del escenario global se establecen puentes de conexión cuando la política imperial así lo requiere.

Retomemos. La nueva propuesta de Obama no fue bien recibida por empresas como la farmacéutica Pfizer, Oracle y Microsoft, la multinacional Johnson & Johnson y el conglomerado General Electric, que ya han empezado a presionar a los legisladores 'amigos' para bloquear la iniciativa de Obama.

Entre los argumentos que plantean las multinacionales estadounidenses es que de aprobarse la reforma no podrían seguir compitiendo de igual a igual con sus rivales extranjeros, muchos de los cuales están exentos de pagar impuestos en sus respectivos países por las operaciones que realizan en el exterior. Además son los que manejan realmente la política de la gran potencia. Mientras el Estado Capitalista está en guerra consigo mismo, necesita recursos para otros frentes de guerra.


En la nueva geopolítica mundial y, fundamentalmente a partir de la crisis del 2008, crecieron exponencialmente los paraísos fiscales. Son 77 repartidos en distintos puntos de este mundo. Un ejemplo: está ubicado en las Islas Caimán, tiene 350.000 habitantes y un territorio de unos 700 Km cuadrados, del que buena parte son islotes deshabitados. Allí están instalados 584 bancos y opera un total de 2200 fondos especulativos y fondos de pensiones. En total, manejan entre 500.000 millones y 2 Billones de dólares, que es tanto como el doble del PIB de España y hay domiciliadas y en activo unas 44.000 empresas.


Ya en la última cumbre del G-20 y, recientemente, Barack Obama, los estados capitalistas dieron la voz de alarma de cómo el capitalismo se devora a sí mismo. La guerra es entre aliados entrañables, socios de perrerías varias. Pero el crimen nunca es perfecto. Los estados atravesados por una furibunda e interminable crisis económica, no pueden seguir prescindiendo de los ciudadanos para renovar o sostener su andamiaje político. Hay que dales algo de comida, algo de trabajo, aunque sea precario, para seguir resistiendo el ajuste que recae sobre millones de seres humanos. Ahora, las condiciones que el propio Estado Capitalista creó necesita que quienes otrora aprendieron la lección y se titularon en la universidad de la especulación financiera vuelvan a casa y devuelvan en impuestos lo que acumularon. La iniciativa incluye claros beneficios que incluso no alcanzan a cubrir las expectativas de acumulación de riqueza y competencia de esas multinacionales. Se trata de Capitalismo versus Capitalismo. La dirección política e ideológica que se le imprime al tratamiento informativo en cada país y a nivel internacional mostrando y ocultando juega también su partido de ajedrez en los arrabales de la periferia capitalista y en los actores que protagonizan la política domestica. Los Panama Papers como decía mi abuela, sirven para un barrido como para un fregado. Depende de la dirección político-ideológica que le imprimamos al velo de la abundancia informativa que en este caso, sobrepasa 11 millones de documentos y sólo conocemos un par de líneas.





Rebelión ha publicado este artículo con el permiso de la autora mediante una licencia de Creative Commons, respetando su libertad para publicarlo en otras fuentes.

http://www.rebelion.org/noticia.php?id=210992

sábado, 2 de abril de 2016

146 accionistas controlan el 40% del valor total de las empresas 02/04/2016



Quién controla el mundo: las 10 empresas que participan en más de 40.000

Narciso Pizarro
El Salmón Contracorriente


Un total de 737 accionistas, el 0,123%, controlan el 80% del valor de las más de 43.000 compañías multinacionales





En 2011, S. Vitali, J.B. Glattfelder, and S. Battiston, publicaron un artículo de gran importancia, no sólo muy citado, sino muy leído: The network of global corporate control (PLOS ONE, 26 de octubre de 2011) donde expusieron los resultados de una investigación gigantesca, realizada en la Escuela Politécnica de Zúrich, sobre la relación entre los propietarios de las mayores empresas del mundo.

Esta investigación examina las relaciones de propiedad existentes entre las 43.060 mayores empresas multinacionales del mundo, con datos procedentes de la base de datos Orbis en 2007. Esas relaciones se analizan como cadenas de participaciones en el capital de una empresa en otra. Los autores encuentran 1.006.987 cadenas de relaciones de propiedad entre 600.508 nodos, actores económicos que incluyen a las más de 40.000 multinacionales y a otros agentes no incluidos en esta lista inicial de empresas.

Los resultados del análisis de esta red son muy interesantes: 737 accionistas, el 0,123% del total, controlan el 80% del valor de las más de 43.000 compañías multinacionales. Y, además, 146 de estos accionistas, el 0,024%, controlan el 40% del valor total de estas empresas. Es decir, existe una alta concentración del control. Y, lo que es quizás todavía más importante, esos accionistas están extremadamente conectados entre ellos. En el artículo se expone además la lista de los 50 mayores accionistas que se encontraron con los datos que, no olvidemos, son de 2007.

Con una metodología diferente y con datos de 2012, procedentes de la base de datos OSIRIS, la Dra. Reyes Herrero, de la Universidad Complutense de Madrid, estudiando las redes formadas por los accionistas comunes entre las 150 mayores empresas del mundo, encontró unos resultados muy semejantes. Los accionistas más importantes en este estudio coinciden casi totalmente con los de Vitali, Glattfederer y Batiston. Incluimos aquí la lista de los 10 inversores más importantes, con el número de empresas participadas por cada uno de ellos, que constituye una manera de ver directa e intuitiva de la importancia de los mayores inversores.



Lo más significativo además es que en muchas de las participadas están presentes simultáneamente varios de esos inversores. Y que, por otra parte, son accionistas unos de otros.

Como toque de atención para españoles: muchos de estos accionistas están en las empresas del IBEX 35. El caso de Blackrock ha alcanzado una triste notoriedad, sobre todo en Madrid, como comprador de viviendas públicas a bajo precio.

Poco importa que hablemos de la investigación de la Escuela Politécnica de Zúrich o de la realizada sin medios económicos en Madrid en lo que a lo esencial se refiere: unos pocos grandes inversores interconectados controlan la economía mundial. ¿Hay que molestarse en subrayar que controlan también los gobiernos y los Estados?

Los escándalos de corrupción de los que tanto se habla exponen los vínculos entre políticos y empresas. En los relatos nos centramos en los políticos y denunciamos su comportamiento. Pero no tenemos bastante en cuenta a las empresas corruptoras: si el político se vende es porque alguien compra. Y lo que las empresas compran es la voluntad política. Imponen las decisiones que benefician sus intereses financiando a los partidos y a sus miembros. Las gigantescas cantidades de dinero de las que disponen son una herramienta de control. De control del mundo. La dimensión científica y técnica de esta investigación se expone claramente en el vídeo ¿Quién controla el mundo?


Vídeo en:http://www.rebelion.org/noticia.php?id=210673

Fuente: http://www.elsalmoncontracorriente.es/?Quien-controla-el-mundo-Las-10

Movimento de direita oferece dinheiro a quem hostilizar Ciro Gomes e filmar 02/04/2016




O Movimento "Endireita Brasil" publicou em sua página no Facebook na noite desta sexta-feira (1º) um chamado para que as pessoas se dirigissem a um restaurante em São Paulo onde estava o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), para que o hostilizassem e filmassem; em troca, ganhariam R$ 1 mil; a publicação gerou grande repercussão negativa

2 de Abril de 2016 às 09:17




247 - O Movimento "Endireita Brasil" publicou em sua página no Facebook na noite desta sexta-feira (1º) um chamado para que as pessoas se dirigissem a um restaurante onde estava o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), para que o hostilizassem e filmassem. Em troca, ganhariam R$ 1 mil.

A publicação gerou grande repercussão negativa. Muitos seguidores criticaram o pedido do movimento. Criadores da página, no entanto, contestaram as críticas e mantiveram o pedido.

Um seguidor sugeriu uma bala perdida contra o Ciro. Mas outro lembrou que incitar agressões é crime.



http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/223659/Movimento-de-direita-oferece-dinheiro-a-quem-hostilizar-Ciro-Gomes-e-filmar.htm

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Resultado das manifestações: Protestos contra a emissora acendem o alerta para os anunciantes 01/04/2016

Anunciantes da Globo vão cair fora!
Protestos contra a emissora acendem o alerta

publicado 01/04/2016


No Portal Sidney Rezende:
Protestos contra a Globo preocupam anunciantes
A sucessiva multiplicação de palavras de ordem, faixas e cartazes contrários ao Grupo Globo nas manifestações populares a favor da democracia e a rejeição estampada nas redes sociais - inclusive expressada por artistas contratados - começa a preocupar anunciantes. O temor de algumas companhias é que este movimento possa crescer e expor ao risco as suas marcas e o consumo dos seus produtos.

A sistemática cobertura a favor do impedimento da presidente Dilma Rousseff e o noticiário envolvendo o ex-presidente Lula acenderam o sinal de alerta nas direções de marketing de grandes empresas.

Numa reunião fechada realizada ontem no fim da tarde, em São Paulo, e que o SRZD teve acesso ao resultado final, dois presidentes que representam os interesses de companhias que estão entre os 30 maiores anunciantes do Brasil, seis vice-presidentes de empresas de áreas diversas que atuam em higiene e limpeza, setor automotivo e varejo decidiram encomendar uma análise a uma agência internacional de acompanhamento de postagens na internet para avaliar os humores dos consumidores em relação aos produtos e serviços dos patrocinadores.

A ideia é que o estudo seja concluído em até 90 dias. E o parecer se restringirá às marcas que já anunciam nos veículos do Grupo Globo.

Um dos executivos chegou a desabafar: "Todos respeitamos a Globo pelo seu profissionalismo e pela larga vantagem sobre os demais órgãos de comunicação, mas o jornalismo está manipulando de forma criminosa e já há movimentos nas redes sociais pressionando nossos consumidores a não comprarem os produtos que produzimos. Assim não dá. Isso não pode crescer". A fala causou um certo mal estar no ambiente. O silêncio enigmático dos demais sinalizou concordância com a análise e a preocupação de como criar uma alternativa publicitária ao maior meio de comunicação do Brasil.

A Globo, por sua vez, já se manifestou oficialmente, várias vezes, no sentido de que apenas informa os fatos políticos com isenção. E que não é geradora dos acontecimentos políticos e econômicos que noticia.