Dilma lança “Brasil Sem Miséria”. Mais 800 mil no Bolsa Família
  

Dilma quer qualificar 1,7 milhão de pessoas nas cidades
Com a meta de retirar 16,2  milhões de brasileiros da situação de extrema pobreza, a presidenta  Dilma Rousseff lançou nesta quinta-feira (2), em Brasília, o Plano  Brasil Sem Miséria, que agrega transferência de renda, acesso a serviços  públicos, nas áreas de educação, saúde, assistência social, saneamento e  energia elétrica, e inclusão produtiva. Com um conjunto de ações que  envolvem a criação de novos programas e a ampliação de iniciativas já  existentes, em parceria com estados, municípios, empresas públicas e  privadas e organizações da sociedade civil, o governo federal quer  incluir a população mais pobre nas oportunidades geradas pelo forte  crescimento econômico brasileiro.
O objetivo é elevar a renda e  as condições de bem-estar da população. O Brasil Sem Miséria vai  localizar as famílias extremamente pobres e incluí-las de forma  integrada nos mais diversos programas de acordo com as suas  necessidades. Para isso, o governo seguirá os mapas de extrema pobreza  produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  “O Brasil Sem Miséria levará o Estado às pessoas mais vulneráveis onde  estiverem. A partir de agora, não é a população mais pobre que terá que  correr atrás do Estado, mas o contrário”, afirma ministra do  Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
Busca ativa – Na estratégia da  busca ativa, as equipes de profissionais farão uma procura minuciosa na  sua área de atuação com o objetivo de localizar, cadastrar e incluir nos  programas as famílias em situação de pobreza extrema. Também vão  identificar os serviços existentes e a necessidade de criar novas ações  para que essa população possa acessar os seus direitos.
Mutirões, campanhas, palestras,  atividades socioeducativas, visitas domiciliares e cruzamentos de bases  cadastrais serão utilizados neste trabalho. A qualificação dos gestores  públicos no atendimento à população extremamente pobre faz parte da  estratégia.
O plano engloba ações nos  âmbitos nacional e regional. Na zona rural, por exemplo, incentiva o  aumento da produção por meio de assistência técnica, distribuição de  sementes e apoio à comercialização. Na área urbana, o foco da inclusão  produtiva é a qualificação de mão-de-obra e a identificação de emprego.  Além disso, as pessoas que ainda não são beneficiárias do Bolsa Família e  do Benefício de Prestação Continuada (BPC) serão incluídas nestes  programas de transferência de renda.
O plano vai priorizar a  expansão e a qualificação dos serviços públicos em diversas áreas,  assegurando, por exemplo, documentação, energia elétrica, alfabetização,  medicamentos, tratamentos dentário e oftalmológico, creches e  saneamento. Os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) serão  os pontos de atendimento dos programas englobados pelo Brasil Sem  Miséria. As sete mil unidades existentes no País funcionam em todos os  municípios e outros pontos serão criados.
Romper a linha da miséria – O  plano, direcionado aos brasileiros que vivem em lares cuja renda  familiar é de até R$ 70 por pessoa, cumpre um compromisso assumido pela  presidenta Dilma Rousseff. Do público alvo do Brasil Sem Miséria, 59%  estão no Nordeste, 40% têm até 14 anos e 47% vivem na área rural.
“Só foi possível reduzir a  desigualdade e a pobreza no Brasil, nos últimos anos, por que o governo  adotou ações que aliam crescimento econômico com inclusão social, como o  aumento do emprego, a valorização do salário mínimo, a ampliação dos  programas sociais e a expansão do crédito. Os resultados obtidos – 28  milhões de brasileiros saíram da pobreza e 36 milhões subiram para a  classe média – comprovam que as medidas foram acertadas. Com o Brasil  Sem Miséria, vamos juntar o mapa da extrema pobreza com o da geração de  oportunidades e permitir que milhões de brasileiros rompam a linha da  miséria”, destaca a ministra Tereza Campello. 
Meta é qualificar 1,7 milhão de pessoas nas cidades
As iniciativas de inclusão  produtiva urbana vão reunir estímulo ao empreendedorismo e à economia  solidária, oferta de cursos de qualificação profissional e intermediação  de mão-de-obra para atender às demandas nas áreas públicas e privadas,  totalizando dois milhões de pessoas.
Em relação à qualificação, a  proposta é atender 1,7 milhão de pessoas de 18 a 65 anos por meio de  ações articuladas de governo: Sistema Público de Trabalho, Emprego e  Renda; Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec); Programa  Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem); obras do Programa de  Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida; Rede de  Equipamentos de Alimentos e Nutrição; e coleta de materiais recicláveis.
Além da qualificação, o  trabalho de inclusão produtiva abrangerá a emissão de documentos, acesso  a serviços de saúde, como o Olhar Brasil, para exame de vista e  confecção de óculos, e o Brasil Sorridente, para tratamento dentário,  microcrédito e orientação profissional.
Catadores – O plano prevê ainda  o apoio à organização produtiva dos catadores de materiais recicláveis e  reutilizáveis. Para este público, está prevista a melhoria das  condições de trabalho e a ampliação das oportunidades de inclusão  socioeconômica. A prioridade é atender capitais e regiões  metropolitanas, abrangendo 260 municípios.
O Brasil Sem Miséria também  apoiará as prefeituras em programas de coleta seletiva com a  participação dos catadores de materiais recicláveis. O plano vai  capacitar e fortalecer a participação na coleta seletiva de 60 mil  catadores, até 2014, viabilizar a infraestrutura para 280 mil e  incrementar cem redes de comercialização.
Número de agricultores familiares em situação de extrema pobreza atendidos pelo PAA será quadruplicado
Uma das metas do Brasil sem  Miséria para a zona rural é aumentar em quatro vezes o número de  agricultores familiares, em situação de extrema pobreza, atendidos pelo  Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Subirá de 66 mil para 255 mil  até 2014. Com a expansão, a participação dos agricultores muitos pobres  no conjunto dos beneficiários do PAA será elevada de 41% para 57%.  Atualmente, 156 mil agricultores vendem sua produção para o programa e a  meta é ampliar para 445 mil até o final do atual governo.
Para acompanhar os  agricultores, haverá uma equipe de 11 técnicos para cada mil famílias.  Consta ainda do plano o fomento de R$ 2,4 mil por família, ao longo de  dois anos, para apoiar a produção e a comercialização excedente dos  alimentos. O pagamento será efetuado por meio do cartão do Bolsa  Família.
Além disso, 253 mil famílias  receberão sementes e insumos, como adubos e fertilizantes. Ampliar as  compras por parte de instituições públicas e filantrópicas (hospitais,  escolas, universidades, creches e presídios) e estabelecimentos privados  da agricultura familiar também é objetivo do plano.
750 mil famílias terão cisternas; 257 mil receberão energia elétrica
O acesso à água para o consumo e  a produção é outra ação que se fortalece com o Brasil sem Miséria. De  acordo com o plano, a construção de novas cisternas para o plantio e  criação de animais vai atender 600 mil famílias rurais até 2013. Também  haverá um “kit irrigação” para pequenas propriedades e recuperação de  poços artesianos.
No caso da água para o consumo,  a proposta é construir cisternas para 750 mil famílias nos próximos  dois anos e meio. Desde 2003, o governo destinou recursos para a  construção de 340 mil cisternas na região do semiárido.
Outra iniciativa é a  implantação de sistemas complementares e coletivos de abastecimento para  272 mil famílias. Todas essas ações irão contemplar populações rurais  dispersas ou que vivem em áreas mais adensadas e com acesso a fontes  hídricas.
O plano definiu também que mais  257 mil famílias terão acesso à energia elétrica até 2014. Esse  quantitativo foi obtido a partir de cruzamento dos dados da população  extremamente pobre, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e  Estatística (IBGE), com o cadastro das empresas de energia.
Bolsa Verde: R$ 300 para preservação ambiental
O governo federal vai criar um  programa de transferência de renda para as famílias, em situação de  extrema pobreza que promovam a conservação ambiental nas áreas onde  vivem e trabalham. É o Bolsa Verde, que pagará, a cada trimestre, R$ 300  por família que preserva florestas nacionais, reservas extrativistas e  de desenvolvimento sustentável. O valor será transferido por meio do  cartão do Bolsa Família.
Mais 800 mil no Bolsa Família; limite de benefícios por filho aumentará de 3 para 5
O Brasil Sem Miséria vai  incluir no Bolsa Família 800 mil famílias que atendem as exigências de  entrada no programa, mas não recebem o recurso porque ainda não estão  cadastradas. Para efetuar o cadastramento, haverá um trabalho pró-ativo  de localização desses potenciais beneficiários. O governo pretende  atingir essa meta em dezembro de 2013.
Outra mudança no programa é o  limite do número de crianças e adolescentes com até 15 anos para o  recebimento do benefício, que hoje é de R$ 32. Antes, independentemente  do número de crianças na família, a quantidade máxima de benefícios era  de três. Agora, passa para cinco. Com a alteração, 1,3 milhão de  crianças e adolescentes serão incluídos no Bolsa Família. Hoje, são 15,7  milhões. Da população extremamente pobre, 40% têm até 14 anos.
Em abril, o governo reajustou  em 45% o valor do benefício pago às crianças nesta faixa etária. Além da  expansão do programa federal, o governo está em negociação com os  estados e municípios para a adoção de iniciativas complementares de  transferência de renda.
Aumento de oferta de serviços públicos com qualidade
A expansão e a qualidade dos  serviços públicos ofertados às pessoas em situação de extrema pobreza  norteiam o Brasil sem Miséria. Para isso, o plano prevê o aumento e o  redirecionamento dos programas aliados à sensibilização, mobilização e  qualificação dos profissionais que atuam em diversas áreas.
As ações incluirão os seguintes  pontos: documentação; energia elétrica; combate ao trabalho infantil;  cozinhas comunitárias e bancos de alimentos; saneamento; apoio à  população em situação de rua; educação infantil; Saúde da Família; Rede  Cegonha; medicamentos para hipertensos e diabéticos; tratamento  dentário; exames de vista e óculos; combate ao crack e outras drogas; e  assistência social, por meio dos Centros de Referência de Assistência  Social (Cras) e Centros de Referência Especializados de Assistência  Social (Creas).
Os números do Brasil sem Miséria
Retirar 16,2 milhões da extrema pobreza
Renda familiar de até R$ 70 por pessoa
59% do público alvo está no Nordeste, 40% tem até 14 anos e 47% vivem na área rural
Qualificar 1,7 milhão de pessoas entre 18 e 65 anos
Capacitar e fortalecer a participação na coletiva seletiva de 60 mil catadores até 2014
Viabilizar a infraestrutura para 280 mil catadores e incrementar cem redes de comercialização
Aumentar em quatro vezes, elevando  para 255 mil, o número de agricultores familiares, em situação de  extrema pobreza, atendidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)
Equipe de 11 técnicos para cada mil famílias de agricultores
Fomento semestral de R$ 2,4 mil por  família, durante dois anos, para apoiar a produção e a comercialização  excedente dos alimentos
253 mil famílias receberão sementes e insumos
600 mil famílias terão cisternas para produção
257 mil receberão energia elétrica
Construir cisternas para 750 mil famílias nos próximos dois anos e meio
Implantação de sistemas complementares e coletivos de abastecimento para 272 mil famílias
Bolsa Verde: R$ 300 para preservação ambiental
Bolsa Família incluirá 800 mil
Mais 1,3 milhão de crianças e adolescentes incluídos no Bolsa Família
 
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