AO LADO DE ARAMAR
Iperó ganhará um segundo reator nuclear
Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) será usado para a pesquisa, principalmente na medicina nuclear
31/08/2011 |
A cidade de Iperó terá um segundo reator nuclear. O equipamento, denominado Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), com potência de 30 megawatts, será usado para a pesquisa e, principalmente, para a produção de radioisótopos, utilizados na produção de contrastes e medicamentos na área da medicina nuclear. As instalações ocuparão uma área de 2 milhões de metros quadrados, ao lado de Aramar, e o projeto total para a obra e instalação custará cerca de R$ 800 milhões (US$ 500 milhões). Hoje, às 10h, em São Paulo, acontece a abertura dos envelopes com as propostas das empresas que concorrem na licitação que irá escolher a responsável pela elaboração dos projetos de engenharia conceitual e básico dos prédios, sistemas e infraestrutura do reator. Esta parte do projeto terá o custo de R$ 28.608.868,32.
O RMB terá três objetivos principais: produzir radioisótopos para aplicação na área da Saúde, indústria, agricultura e meio ambiente; irradiar materiais e combustíveis nucleares de forma a permitir sua análise de desempenho e comportamento; e proporcionar a realização de pesquisas científicas e tecnológicas com feixes de nêutrons. "A principal função desse reator é produzir radioisótopos para a medicina nuclear do país", garante o coordenador técnico do Projeto RMB e diretor técnico de projetos especiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), José Augusto Perrotta.
A infraestrutura do RMB ficará dentro de uma área total de 2 milhões de metros quadrados (exatamente 2.054.792 m2), sendo que 1.214.354 foram transferidos da área da Marinha do Brasil à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e outra área de 840.438 metros quadrados está sendo comprada. O RMB foi definido no ano de 2007 como meta do plano de ação na área de Ciência, Tecnologia e Inovação pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, dentro do Programa Nuclear Brasileiro.
A ideia do Cnen, segundo José Augusto Perrotta, é transformar o RMB em um Centro de Pesquisa Nacional, um braço da Cnen, para a pesquisa nesta área de energia nuclear. Ele dá exemplo de outros quatro reatores de pesquisa existentes no Rio de Janeiro, dois em São Paulo e um em Minas Gerais que funcionaram como polos de pesquisa e acabaram atraindo diversos pesquisadores. Perrotta diz que o que é planejado com o RMB faz parte de um projeto estruturante para o País e que parte da tecnologia para a montagem do RMB terá de ser importada, mas espera que 70% sejam produzidos com o conhecimento adquirido nacionalmente nesta área. O objetivo é que entre 2015 e 2016 o RMB esteja pronto.
Radioisótopos
A produção de radioisótopos no RMB abastecerá a indústria de radiofármacos nacional. O País tem tido problema desde 2009, quando os produtores de molibdênio 99 no mundo pararam suas produções por problemas em seus reatores, que já têm mais de 50 anos de funcionamento. Segundo o coordenador técnico do Projeto RMB, José Augusto Perrotta, o Ipen não consegue produzir todos radioisótopos usados nos radiofármacos. Por isso, o Ipen era obrigado a importar o molibdênio 99, que, segundo ele, é usado em 80% das aplicações de radiofármacos. "Nós importamos do Canadá. E é um problema mundial que está tendo. São só quatro fornecedores: o Canadá, a Bélgica, a Holanda e a África do Sul. No Canadá, o reator parou. Eles forneciam mais de 30% do molibdênio do mundo e o Ipen importava só do Canadá. O (reator) da Holanda vai parar também, que produzia mais de 20%. Então, a maioria da produção mundial parou."
Segundo Perrotta, um projeto como o RMB "se faz necessário para o País". Ele diz que "a medicina nuclear depende disso. Por conta desse problema no Canadá, nós paramos de receber. Tem gente morrendo, tem gente na espera de um exame. E se daqui a pouco os reatores param e a gente não consegue mais importar? O Brasil importa 4% do molibdênio do mundo. (...) é um dos grandes consumidores, equipara-se a países como Japão. Ao ter esse reator, nós vamos poder aumentar as nossas quantidades e atender um maior número de pessoas. (...) A principal função desse reator é produzir radioisótopos para a medicina nuclear do país."
Dentro do projeto do RMB está prevista a produção de vários compostos, tais como: Molibdênio-99, Iodo-131, Cromo-51, e Samário-153, usados em radiofármacos injetáveis, Iodo-125 e Irídio-192 médico, usado na braquiterapia, método de tratamento de câncer de colo de útero, de mama, de próstata e de pele.
Abertura dos envelopes
Conforme as regras previstas no edital, a abertura dos envelopes acontecerão em ato público hoje, a partir das 10h, e poderá ser acompanhada por qualquer pessoa, na sede do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que fica na Cidade Universitária, na USP. As empresas que participam da licitação 001/2011 terão que apresentar três envelopes: um com os documentos de habilitação, o segundo com a proposta técnica e o terceiro com os preços.
Das 9h30 às 10h, acontece o credenciamento dos representantes das empresas licitantes. Na presença deles, a comissão de licitação abrirá os primeiros envelopes e verificará se as documentações estão habilitadas conforme as exigências previstas no edital. A comissão licitante poderá, caso ache necessário, suspender a reunião e marcar outra data e horário em que se reunirão. Por conta do prazo que as empresas inabilitadas terão para recorrer, a abertura dos envelopes de número 2 poderá acontecer também hoje, caso nenhuma seja inabilitada ou nenhuma empresa queira recorrer.
Caso alguma irregularidade seja verificada, os segundo e terceiro envelopes serão devolvidos ainda lacrados aos representantes das empresas inabilitadas. Tais procedimentos se repetirão até a abertura de todos os envelopes. As propostas de valor serão consideradas desclassificadas se superarem o valor global de R$ 28.608.868,32. Também serão desclassificadas as empresas caso apresentem o preço logo no primeiro envelope. Os critérios de julgamento levarão em conta as questões técnicas e o preço. Os resultados do julgamento que necessitem de avaliação técnica serão publicados na Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro (Redetec). A empresa contratada terá, a partir da assinatura do contrato, um prazo de 540 dias para apresentar os projetos da estrutura que abrigarão o Reator Multipropósito Brasileiro.
Razões para a instalação
Algumas condições levaram o Cnen a escolher aquela área em Iperó. A localização próxima a Sorocaba, Campinas e São Paulo, com ligação por "boas rodovias" e a proximidade de grandes centros universitários do país foram algumas das razões. "O sítio de Aramar (...) também fica próximo ao aeroporto de Viracopos, em Campinas, o que facilita os aspectos de transporte de radioisótopos".
O Conselho Nacional de Energia Nuclear também considerou que eles precisavam de área suficiente para que a Zona de Planejamento de Emergência (ZPE) - que no caso do RMB é de 800 metros - ficasse dentro da área reservada. Segundo o Cnen, a área de Aramar "possui dimensões apropriadas e está fora da região densamente povoada, e a instalação nuclear (reator) a ser instalada possui o raio de exclusão necessário de 800 metros para a ZPE".
Além disso, segundo dados do Cnen, já estava prevista ali a instalação de um reator de testes de materiais (Reator Retema), bem como o local já possui Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) executado, assim como licença ambiental, audiências públicas executadas, laboratório de monitoração ambiental e dados ambientais históricos. Para o Cnen, isso "deve facilitar bastante os aspectos de licenciamento ambiental do RMB (...) Da mesma forma que o licenciamento ambiental, o licenciamento nuclear também deve ser facilitado, uma vez que já existem instalações nucleares em processo de licenciamento em Aramar".
Segundo o Cnen, "a instalação do RMB no local facilitará o transporte e manuseio de combustíveis e materiais irradiados. Com o RMB fora deste sítio, seria necessária uma instalação idêntica junto ao RMB", além do que, Aramar teria infraestrutura de energia elétrica, produção de água, plano diretor estabelecido, arruamento interno, oficinas de apoio, proteção física e patrimonial, características essas que "facilitam o início da construção do RMB, até que uma infraestrutura própria seja criada."
O RMB terá três objetivos principais: produzir radioisótopos para aplicação na área da Saúde, indústria, agricultura e meio ambiente; irradiar materiais e combustíveis nucleares de forma a permitir sua análise de desempenho e comportamento; e proporcionar a realização de pesquisas científicas e tecnológicas com feixes de nêutrons. "A principal função desse reator é produzir radioisótopos para a medicina nuclear do país", garante o coordenador técnico do Projeto RMB e diretor técnico de projetos especiais do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), José Augusto Perrotta.
A infraestrutura do RMB ficará dentro de uma área total de 2 milhões de metros quadrados (exatamente 2.054.792 m2), sendo que 1.214.354 foram transferidos da área da Marinha do Brasil à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e outra área de 840.438 metros quadrados está sendo comprada. O RMB foi definido no ano de 2007 como meta do plano de ação na área de Ciência, Tecnologia e Inovação pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, dentro do Programa Nuclear Brasileiro.
A ideia do Cnen, segundo José Augusto Perrotta, é transformar o RMB em um Centro de Pesquisa Nacional, um braço da Cnen, para a pesquisa nesta área de energia nuclear. Ele dá exemplo de outros quatro reatores de pesquisa existentes no Rio de Janeiro, dois em São Paulo e um em Minas Gerais que funcionaram como polos de pesquisa e acabaram atraindo diversos pesquisadores. Perrotta diz que o que é planejado com o RMB faz parte de um projeto estruturante para o País e que parte da tecnologia para a montagem do RMB terá de ser importada, mas espera que 70% sejam produzidos com o conhecimento adquirido nacionalmente nesta área. O objetivo é que entre 2015 e 2016 o RMB esteja pronto.
Radioisótopos
A produção de radioisótopos no RMB abastecerá a indústria de radiofármacos nacional. O País tem tido problema desde 2009, quando os produtores de molibdênio 99 no mundo pararam suas produções por problemas em seus reatores, que já têm mais de 50 anos de funcionamento. Segundo o coordenador técnico do Projeto RMB, José Augusto Perrotta, o Ipen não consegue produzir todos radioisótopos usados nos radiofármacos. Por isso, o Ipen era obrigado a importar o molibdênio 99, que, segundo ele, é usado em 80% das aplicações de radiofármacos. "Nós importamos do Canadá. E é um problema mundial que está tendo. São só quatro fornecedores: o Canadá, a Bélgica, a Holanda e a África do Sul. No Canadá, o reator parou. Eles forneciam mais de 30% do molibdênio do mundo e o Ipen importava só do Canadá. O (reator) da Holanda vai parar também, que produzia mais de 20%. Então, a maioria da produção mundial parou."
Segundo Perrotta, um projeto como o RMB "se faz necessário para o País". Ele diz que "a medicina nuclear depende disso. Por conta desse problema no Canadá, nós paramos de receber. Tem gente morrendo, tem gente na espera de um exame. E se daqui a pouco os reatores param e a gente não consegue mais importar? O Brasil importa 4% do molibdênio do mundo. (...) é um dos grandes consumidores, equipara-se a países como Japão. Ao ter esse reator, nós vamos poder aumentar as nossas quantidades e atender um maior número de pessoas. (...) A principal função desse reator é produzir radioisótopos para a medicina nuclear do país."
Dentro do projeto do RMB está prevista a produção de vários compostos, tais como: Molibdênio-99, Iodo-131, Cromo-51, e Samário-153, usados em radiofármacos injetáveis, Iodo-125 e Irídio-192 médico, usado na braquiterapia, método de tratamento de câncer de colo de útero, de mama, de próstata e de pele.
Abertura dos envelopes
Conforme as regras previstas no edital, a abertura dos envelopes acontecerão em ato público hoje, a partir das 10h, e poderá ser acompanhada por qualquer pessoa, na sede do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que fica na Cidade Universitária, na USP. As empresas que participam da licitação 001/2011 terão que apresentar três envelopes: um com os documentos de habilitação, o segundo com a proposta técnica e o terceiro com os preços.
Das 9h30 às 10h, acontece o credenciamento dos representantes das empresas licitantes. Na presença deles, a comissão de licitação abrirá os primeiros envelopes e verificará se as documentações estão habilitadas conforme as exigências previstas no edital. A comissão licitante poderá, caso ache necessário, suspender a reunião e marcar outra data e horário em que se reunirão. Por conta do prazo que as empresas inabilitadas terão para recorrer, a abertura dos envelopes de número 2 poderá acontecer também hoje, caso nenhuma seja inabilitada ou nenhuma empresa queira recorrer.
Caso alguma irregularidade seja verificada, os segundo e terceiro envelopes serão devolvidos ainda lacrados aos representantes das empresas inabilitadas. Tais procedimentos se repetirão até a abertura de todos os envelopes. As propostas de valor serão consideradas desclassificadas se superarem o valor global de R$ 28.608.868,32. Também serão desclassificadas as empresas caso apresentem o preço logo no primeiro envelope. Os critérios de julgamento levarão em conta as questões técnicas e o preço. Os resultados do julgamento que necessitem de avaliação técnica serão publicados na Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro (Redetec). A empresa contratada terá, a partir da assinatura do contrato, um prazo de 540 dias para apresentar os projetos da estrutura que abrigarão o Reator Multipropósito Brasileiro.
Razões para a instalação
Algumas condições levaram o Cnen a escolher aquela área em Iperó. A localização próxima a Sorocaba, Campinas e São Paulo, com ligação por "boas rodovias" e a proximidade de grandes centros universitários do país foram algumas das razões. "O sítio de Aramar (...) também fica próximo ao aeroporto de Viracopos, em Campinas, o que facilita os aspectos de transporte de radioisótopos".
O Conselho Nacional de Energia Nuclear também considerou que eles precisavam de área suficiente para que a Zona de Planejamento de Emergência (ZPE) - que no caso do RMB é de 800 metros - ficasse dentro da área reservada. Segundo o Cnen, a área de Aramar "possui dimensões apropriadas e está fora da região densamente povoada, e a instalação nuclear (reator) a ser instalada possui o raio de exclusão necessário de 800 metros para a ZPE".
Além disso, segundo dados do Cnen, já estava prevista ali a instalação de um reator de testes de materiais (Reator Retema), bem como o local já possui Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) executado, assim como licença ambiental, audiências públicas executadas, laboratório de monitoração ambiental e dados ambientais históricos. Para o Cnen, isso "deve facilitar bastante os aspectos de licenciamento ambiental do RMB (...) Da mesma forma que o licenciamento ambiental, o licenciamento nuclear também deve ser facilitado, uma vez que já existem instalações nucleares em processo de licenciamento em Aramar".
Segundo o Cnen, "a instalação do RMB no local facilitará o transporte e manuseio de combustíveis e materiais irradiados. Com o RMB fora deste sítio, seria necessária uma instalação idêntica junto ao RMB", além do que, Aramar teria infraestrutura de energia elétrica, produção de água, plano diretor estabelecido, arruamento interno, oficinas de apoio, proteção física e patrimonial, características essas que "facilitam o início da construção do RMB, até que uma infraestrutura própria seja criada."
http://portal.cruzeirodosul.inf.br/acessarmateria.jsf?id=325734
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