Pacote nacionalista e protecionista solidifica aliança Dilma-indústria
Para evitar que nova fase da crise mundial afete a indústria e seus trabalhadores, governo lança pacote de medidas de apoio e proteção ao setor. Plano corta impostos, incentiva investimentos e inovação tecnológica, dificulta importações e garante preferência para fornecedor nacional em compras públicas. Objetivo é assegurar que mercado interno continue sustentando crescimento econômico. "A indústria tem em mim uma aliada", diz Dilma Rousseff, que fez questão de lançar pacote no máximo até o dia D da dívida norte-americana.
André Barrocal
BRASÍLIA – Com o mundo à beira de uma nova fase da crise financeira mundial iniciada em 2008, momento que tem como símbolo máximo a crise da dívida dos Estados Unidos, a presidenta Dilma Rousseff lançou nesta terça-feira (02/08) um pacote de medidas em defesa da indústria nacional no qual explicita uma aliança com o setor para que o mercado interno continue sendo o motor do crescimento.
O pacote reduz impostos, oferece crédito público mais barato para financiar investimentos e inovação das empresas, dificulta certos tipos de importação e assegura que fornecedores brasileiros tenham preferência em compras do governo, entre outras coisas.
O objetivo principal do pacote, batizado de Brasil Maior, é evitar que o dólar barato – efeito quase inevitável, na avaliação do governo, da nova etapa da crise mundial – quebre empresas brasileiras exportadoras e aquelas que concorrem com importados no país. A dificuldade dos dois segmentos poderia gerar demissão de trabalhadores e desaceleração da economia, o que o governo tenta evitar.
“Estamos iniciando uma cruzada em defesa da indústria brasileira diante de um mercado internacional com uma competição, na grande maioria das vezes, desleal e predatória”, disse Dilma, no discurso de lançamento do pacote. “A insensatez pode ter sido evitada, mas a instabilidade produzida lá fora vai continuar”, completou.
“Insensatez” foi a palavra mais usada nos últimos por Dilma e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para se referir à crise da dívida dos Estados Unidos. A negociação entre o presidente Barack Obama e seus inimigos republicanos arrastaou-se até a véspera do prazo a partir do qual poderia haver um calote, justamente nesta terça-feira (02/08).
Segundo Carta Maior apurou, Dilma exigiu de seus ministros que fechassem o pacote a tempo de ser lançado no máximo até o dia D da dívida norte-americana. A presidenta entende que assim será mais fácil defender um pacote protecionista de adversários de visão mais liberal. Não por acaso, ela começou o discurso dizendo justamente que o dia 2 de agosto pode ter um “significado especial” no Brasil e no mundo.
O discurso de Dilma encerrou uma sequência de falas de ministros e de um empresário em que o tom nacionalista e protecionista foi marcante.
Primeiro orador do evento, Guido Mantega foi o mais enfático. Usou palavras fortes e frases de efeito, ao apresentar o pacote formada por industriais e políticos – sindicalistas optaram por boicotar o lançamento, por discordarem do processo de elaboração do plano e de uma das medidas, a desoneração da folha de salário para alguns setores.
Segundo Mantega, o mundo “está em crise” e vive um “ambiente extremamente adverso”, caracterizado por “concorrência predatória” nas exportações e por “mercados de manufatura [que] subiram”. “Temos que ter a perspectiva de que [a situaçào] não vai melhorar”, afirmou o ministro. “O mercado brasileiro precisa ser usufruído pela indústria brasileira e não pelos aventureiros que vêm de fora.”
O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, não ficou atrás. Parafraseando o slogan do governo Dilma (“País rico é país sem pobreza”) disse que “país desenvolvido é país que tem indústria” e que o governo vai estimular o setor. “É obrigação do Estado brasileiro defender o mercado local e a indústria local”, declarou.
Único orador do setor privado a falar, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, foi só elogios. Disse que, “num momento simbólico”, o pacote “reafirma o papel da indústria no desenvolvimento da economia e prioriza competitvidade e inovação na estratégia da política industrial.”
“A indústria nacional tem em mim uma aliada”, afirmou Dilma Rousseff. “Nós não acreditamos que o desenvolvimento possa abrir mão da indústria e se dedicar prioritariamente a construir uma economia de serviços”, completou.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o tamanho da economia, o setor industrial respondeu, no ano, por 24% do chamado produto interno bruto. Já o setor de serviços, onde estão os bancos, por exemplo, ficou com 58%.
Ao encerrar o discurso, Dilma recorreu a um dos símbolos do pensamento nacionalista e desenvolvimentista do Brasil, o economista Celso Furtado, morto há sete anos. Citou-o para dizer que “nossa economia já não é comandada de fora, de fora para dentro” e que “nós somos senhores do nosso próprio destino”.
O pacote reduz impostos, oferece crédito público mais barato para financiar investimentos e inovação das empresas, dificulta certos tipos de importação e assegura que fornecedores brasileiros tenham preferência em compras do governo, entre outras coisas.
O objetivo principal do pacote, batizado de Brasil Maior, é evitar que o dólar barato – efeito quase inevitável, na avaliação do governo, da nova etapa da crise mundial – quebre empresas brasileiras exportadoras e aquelas que concorrem com importados no país. A dificuldade dos dois segmentos poderia gerar demissão de trabalhadores e desaceleração da economia, o que o governo tenta evitar.
“Estamos iniciando uma cruzada em defesa da indústria brasileira diante de um mercado internacional com uma competição, na grande maioria das vezes, desleal e predatória”, disse Dilma, no discurso de lançamento do pacote. “A insensatez pode ter sido evitada, mas a instabilidade produzida lá fora vai continuar”, completou.
“Insensatez” foi a palavra mais usada nos últimos por Dilma e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para se referir à crise da dívida dos Estados Unidos. A negociação entre o presidente Barack Obama e seus inimigos republicanos arrastaou-se até a véspera do prazo a partir do qual poderia haver um calote, justamente nesta terça-feira (02/08).
Segundo Carta Maior apurou, Dilma exigiu de seus ministros que fechassem o pacote a tempo de ser lançado no máximo até o dia D da dívida norte-americana. A presidenta entende que assim será mais fácil defender um pacote protecionista de adversários de visão mais liberal. Não por acaso, ela começou o discurso dizendo justamente que o dia 2 de agosto pode ter um “significado especial” no Brasil e no mundo.
O discurso de Dilma encerrou uma sequência de falas de ministros e de um empresário em que o tom nacionalista e protecionista foi marcante.
Primeiro orador do evento, Guido Mantega foi o mais enfático. Usou palavras fortes e frases de efeito, ao apresentar o pacote formada por industriais e políticos – sindicalistas optaram por boicotar o lançamento, por discordarem do processo de elaboração do plano e de uma das medidas, a desoneração da folha de salário para alguns setores.
Segundo Mantega, o mundo “está em crise” e vive um “ambiente extremamente adverso”, caracterizado por “concorrência predatória” nas exportações e por “mercados de manufatura [que] subiram”. “Temos que ter a perspectiva de que [a situaçào] não vai melhorar”, afirmou o ministro. “O mercado brasileiro precisa ser usufruído pela indústria brasileira e não pelos aventureiros que vêm de fora.”
O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, não ficou atrás. Parafraseando o slogan do governo Dilma (“País rico é país sem pobreza”) disse que “país desenvolvido é país que tem indústria” e que o governo vai estimular o setor. “É obrigação do Estado brasileiro defender o mercado local e a indústria local”, declarou.
Único orador do setor privado a falar, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, foi só elogios. Disse que, “num momento simbólico”, o pacote “reafirma o papel da indústria no desenvolvimento da economia e prioriza competitvidade e inovação na estratégia da política industrial.”
“A indústria nacional tem em mim uma aliada”, afirmou Dilma Rousseff. “Nós não acreditamos que o desenvolvimento possa abrir mão da indústria e se dedicar prioritariamente a construir uma economia de serviços”, completou.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o tamanho da economia, o setor industrial respondeu, no ano, por 24% do chamado produto interno bruto. Já o setor de serviços, onde estão os bancos, por exemplo, ficou com 58%.
Ao encerrar o discurso, Dilma recorreu a um dos símbolos do pensamento nacionalista e desenvolvimentista do Brasil, o economista Celso Furtado, morto há sete anos. Citou-o para dizer que “nossa economia já não é comandada de fora, de fora para dentro” e que “nós somos senhores do nosso próprio destino”.
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