sábado, 1 de outubro de 2011

Governo não vai combater crise arrochando salários, afirma Dilma 30/09/2011

A presidente da República, Dilma Roussef, afirmou nesta sexta-feira, 30, que o governo brasileiro não planeja descarregar sobre as costas da classe trabalhadora o ônus da crise, numa alusão ao que vem acontecendo em países europeus como Grécia, Portugal e Espanha.


"Nós não vamos nem achatar salário, nem precarizar mercado de trabalho ou manipular a taxa de juros" para enfrentar a crise internacional proveniente dos países desenvolvidos, prometeu a presidente.

Vergados sob a crise da dívida e submetidos à ditadura do FMI, Grécia, Irlanda e Portugal estão adotando receitas de ajuste fiscal que impõem sacrifícios inéditos à classe trabalhadora, com cortes de emprego, salários e benefícios. Em vez de animar a economia, os pacotes aprofundaram a crise e geraram revoltas entre os trabalhadores e trabalhadoras.

“Com coragem e com ousadia nós vamos atuar de forma defensiva (…). Nós queremos competir e nós queremos garantir que a nossa competitividade real não seja manchada por mecanismos informais de redução da nossa competitividade, sejam cambiais, financeiras e de qualquer tipo”, afirmou a presidente.

Segundo Dilma, o Brasil está em melhores condições para enfrentar a crise do que em 2008, pois tem reservas superiores a US$ 350 bilhões e, ainda, "US$ 420 bilhões em depósitos compulsórios”, enquanto governos de outros países já gastaram praticamente toda a munição e continuam no pântano, com elevado nível de desemprego e baixo crescimento. “Mas não achamos que somos uma ilha isolada, sabemos que a instabilidade financeira tem grande potencial de contágio", ressalvou Dilma.

Protecionismo


Para Dilma, a piora no cenário da economia em países desenvolvidos é normalmente acompanhada por aumento no protecionismo dos mercados - fato que está no radar do governo brasileiro. "Estamos alertas, porque sabemos que a diminuição do ritmo nas economias é acompanhada por um acirramento do protecionismo", disse a presidente durante evento em São Paulo.

Ela defendeu as parcerias público-privadas como forma de modernizar a infraestrutura do Brasil sem fazer com que outros setores paguem o preço, ponderando que não se deve esperar que o problema seja resolvido em 10 anos. "Acreditamos que esta forma é a mais correta, a mais produtiva e a mais barata”.

Papel do Estado


A presidente assegurou que o Estado nacional tem um papel fundamental no desenvolvimento econômico, especialmente quando se trata de investimentos em infra-estrutura. Numa referência às duas “décadas perdidas” (1980 e 1990), lembrou que o país ficou “20 anos sem investir [no setor]. Ou melhor, investimos um pouco, mas muito menos do que era preciso investir", salientou.

Dilma afirmou que o Brasil precisa construir aeroportos não apenas para eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, mas para criar uma capacidade sistemática de produção. "Vamos fazer concessões de aeroportos tendo no horizonte o ano de 2041. É para este ano que vamos orientar as concessões de aeroportos. Em outros, 2031", disse a presidente.

Serviços de qualidade


Ela também se referiu à necessidade do setor público prestar serviços de qualidade, uma demanda que cresce na medida em que o país consegue ume melhor distribuição da renda, já que a baixa qualidade dos serviços públicos é incompatível com a melhoria da renda dos cidadãos.

Enfatizou o programa de construção de milhares de creches e pré-escolas, bem como o esforço para formação profissional dos jovens e dos trabalhadores. O Brasil deve, em sua opinião, continuar com o crescimento sustentável da economia e a garantia mobilidade social e intensificar de forma mais sistemática “o debate sobre o nosso projeto de nação”.

Industrialização


Numa crítica velada à política neoliberal de desindustrialização adotada pelos tucanos, a presidente lembrou no governo Lula “puxamos a indústria naval pelo cabelo, ela tinha desaparecido em 2003”, embora seja uma indústria fundamental. “Este país não pode ser um produtor só de matéria-prima, tem de ser um país industrial”, proclamou.

Dilma não se furtou a falar dos juros. “Graças ao nosso compromisso de robustez fiscal, estamos dando espaço para que o Banco Central, diante da crise, possa realizar uma cautelosa e responsável redução da taxa básica de juros”, disse a uma plateia de empresários e executivos que participam de um fórum promovido pela revista Exame nesta sexta, 30, em São Paulo.

Da Redação, com agências


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