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| Raul Longo | 
Raul  Longo
No   Brasil se contorna uma das 3 maiores costas atlânticas do mundo. E o  Oceano  Atlântico é a principal rota de comércio marítimo do  mundo.
Todo   país, até mesmo os prejudicados por não possuir saídas marítimas,  dependem  igualmente deste meio de transporte para suas produções. Mas o  Brasil, pela  natureza de seus principais produtos de exportação, é  particularmente dependente  da marinha mercante. E isso ainda mais se  ressalta quando lembramos que fazemos  fronteira com o país mais ao sul  do mundo: a Argentina, e ao mesmo tempo 7% do  território nacional está  no Hemisfério Norte. Longitudinalmente nossa principal  via de  comunicação conosco mesmo é o mar.
Considerando   ainda que a matéria prima básica de uma infinidade de produtos e  principal fonte  energética ainda empregada pela humanidade, até que se  descubra outra, no Brasil  é encontrada principalmente em águas  oceânicas profundas; talvez sejamos entre  todos os países onde a  indústria naval se torna de maior  importância.
Muito   difícil definir onde o governo do PSDB foi mais inepto e  irresponsável. Mas se  não o maior, um dos maiores crimes praticados por  aquele governo contra o Brasil  foi a paralisação e desmonte da  indústria naval brasileira. E,  proporcionalmente, um dos maiores  benefícios do governo Lula ao Brasil, foi a  promoção de seu  ressurgimento.
Em   palestra ao Sindicato da Indústria de Construção Naval, enquanto ainda   presidente, Lula lembrou que já tivemos a segunda mais importante  industria  naval do mundo, ultrapassada apenas pela do Japão. No  entanto, a retração no  setor que empregava 40 mil brasileiros, chegou a  registrar em 2002 menos de 2  mil trabalhadores.
Somente   em 2010, esse descalabro promovido ao longo do governo FHC custou ao  país o  déficit de U$ 6,4 bilhões em pagamentos de fretes   internacionais.
Conforme informa  Fernando Brito em  “O  que existe agora, sobre indústria naval, só pode merecer o nome de  Renascimento”, somente a  restauração e transformação pelo estaleiro  Inhaúma de material  sucateado e deteriorado pelo abandono, manterá no país mais  de U$ 1  bilhão que se enviaria ao exterior para importação de embarcações e   plataformas.
Desconsiderar   o significado dessas importâncias e realidades é um claro sintoma de  estupidez  ou alienação. No entanto, apesar do governo Dilma se  demonstrar tão sensível às  questões sociais e ambientais quanto o  anterior e nenhum outro antes deles, na  questão da retomada da  indústria naval têm dado mostras de imprevidência, como  foi percebido  aqui em Biguaçu no ano passado e neste ano em Porto Açu, no  município  de São João da Barra, no norte fluminense. E através do mesmo   empresário que se orgulha de ser o homem mais rico do Brasil e se  anuncia  pretendente ao mesmo posto em âmbito mundial: Eike  Batista.
No   ano passado, às vésperas do pleito eleitoral, Eike Batista anunciou a  instalação  de um mega estaleiro no município de Biguaçu, através da  dragagem de parte do  estreito canal que separa a Ilha de Santa Catarina  do continente, criando com  isso enorme comoção entre moradores,  pescadores e a comunidade científica da  grande Florianópolis.  Oceanógrafos das três principais universidades do estado,  a Federal  inclusive, provaram que o levantamento de impacto ambiental  encomendado  pela OSX, era uma fraude. Responderam com intimidações, mandando   fotografar manifestações públicas, enviando olheiros às reuniões  comunitárias e  desconhecidos para seguir as lideranças pelas ruas. Toda  uma série de  procedimentos ridículos que provocou muitas comparações  entre os remanescentes e  sobreviventes do período da ditadura militar.
O   Instituto Chico Mendes, órgão do Ministério do Meio Ambiente,  desaprovou a  instalação do projeto e isso provocou a mais descabida  coalizão suprapartidária  da história política do estado, além de  pronunciamentos absurdos do então  Ministro da Pesca sobre a  inexistência da atividade da qual sobrevivem cerca de  cinco mil  trabalhadores direta ou indiretamente ligados a pesca e  maricultura.
Engajado   nos ideais de defesa das classes populares e dos trabalhadores  brasileiros, tão  quanto a então candidata à presidência ou o então  presidente em exercício,  distribuí diversos alertas pela rede de  comunicação eletrônica, utilizando-me  inclusive daqueles de apoio à  campanha de Dilma Rousseff. Tive de fazê-lo até  porque se me  evidenciava que com o envolvimento de seus candidatos locais, aqui  no  estado o Partido dos Trabalhadores estava provocando um péssimo  desempenho  nas urnas para minha então candidata nacional.
De   fato, a Presidenta teve poucos votos na região, o que felizmente não  afetou sua  vitória. Quantos aos candidatos do PT local, deu-se o  esperado e imaginável,  apesar de eu ter sido repreendido por diversos  correspondentes, listeiros e  blogueiros petistas de outros estados.
Voto   no PT pelos seus candidatos e voto em candidatos com capacidade de  reconhecer  onde eventualmente tenham se enganado ou concluído mal. E  sei que isso ocorre  com todos os políticos ou qualquer ser humano. Mas  somente os realmente  inteligentes e honestos são capazes de reconhecer  os naturais erros de avaliação  ou enganos a que todos estamos sujeitos.
Somente   os estúpidos é que não reconhecem quando erram e por isso mesmo são os  que mais  erram. Este é um dos motivos por nunca ter votado nos  partidos e candidatos de  outros partidos, inclusive dos que usam  discurso da direita tentando se passar  por esquerda.
As  críticas que  recebi à minha postura em relação a aliança do PT local  às pretensões de Eike  Batista, vieram de todos os estados, inclusive do  Rio de Janeiro. Pois é a esses  companheiros do meu saudoso Rio de  Janeiro que peço que assistam às imagens  deste link e assumam a defesa  desses trabalhadores das terras desse estado ,  como junto com outros  assumi a dos trabalhadores do mar da Ilha de Santa  Catarina:  
Estou   certo de que serão capazes de entender que não estou aqui tentando  demonstrar  quanto estava certo, ou quanto estiveram errados. Até porque  apenas aproveitei a  oportunidade, pois o que realmente quero expor  aqui é a falta de uma providência  preliminar à tão desejável e  necessária retomada da indústria naval  brasileira.
Uma   providência simples e que vai plenamente ao encontro dos anseios da  Presidenta  Dilma, tal qual brilhantemente expos da abertura do  congresso das Nações Unidas.  Urge, antes que Eike Batista promova em  outros lugares a mesma comoção que está  promovendo em São João da Barra  e já o fez aqui na grande Florianópolis, que se  desenvolva um  levantamento de áreas litorâneas a serem exploradas pela indústria   naval.
É   fácil! Cada governo deve ter e os que não tiverem que providenciem um  mapeamento  ambiental, social e econômico da área litorânea de seus  estados. Certamente os  Ministérios do Meio Ambiente, da Pesca, da  Marinha e das Ciências e Tecnologia,  terão parâmetros para análise  desse levantamento, de forma a produzir indicações  neste imenso litoral  brasileiro, ideais para a instalação de estaleiros e todas  as  atividades correlatas à indústria naval.
E   pronto! Quer ser um empresário do setor é aqui. Não quer aqui, vai  aplicar em  outra coisa. Procure ser o mais rico do mundo com outra   coisa.
O   que não pode é se repetir o que já aconteceu aqui em nenhum outro  estado  brasileiro! O Promotor do Ministério Público de Santa Catarina  questionou a  diretoria da OSX sobre os motivos de não apresentarem  justificativas para  recusar localizações muito mais indicadas para o  tipo de empreendimento, ao  invés de insistirem justo na área de maior  impacto sócio ambiental do litoral do  estado.
Não   responderam! Apenas: “Se não deixar fazer aqui, vamos pro Rio de  Janeiro” – por  diversas vezes Eike fez essa declaração em tom de  ameaça. Resta saber a quem  estava ameaçando: se catarinenses ou  fluminenses?
Então   como é que é? Voltamos ao tempo em que Rony Cord entrava na Rua  Augusta a 120  por hora só para espantar Johnny e Alfredo?

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