quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Para BC, crise menor que a de 2008 já permite reduzir juros

08/09/2011 - 10h48 O Banco Central avalia que há espaço para reduzir os juros, mesmo diante de uma crise externa de menor intensidade, porém mais duradoura que a de 2008/2009.
Na ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada nesta quinta-feira (8), que justifica a redução dos juros na semana passada, a instituição faz uma simulação com um "cenário alternativo" de crise.


Primeiro, o BC estima que a atual deterioração do cenário internacional cause um impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do observado na crise de 2008/2009. Além disso, "supõe" que a crise seja mais persistente, porém, menos aguda e "sem observância de eventos extremos".
Nesse caso, o BC avalia que a economia brasileira desacelera e a inflação recua, mesmo com alta do dólar e queda dos juros.
Na semana passada, os sete diretores que formam o Copom decidiram cortar a taxa básica de juros (Selic) de 12,50% para 12% ao ano, por cinco votos a dois.
O BC, de forma unânime, reconhece que o ambiente econômico se alterou "substancialmente" de modo a justificar uma reavaliação ou até reversão do processo de alta dos juros, que passaram de 10,75% para 12,50% entre janeiro e julho.
Entretanto, dois membros do comitê avaliaram que "o momento atual ainda não oferece todas as condições necessárias" para o corte dos juros.
Na terça-feira, durante o pronunciamento na cadeia de televisão e rádio, a presidente Dilma Rousseff disse que a crise atual "é mais complexa que aquela de 2008". Apesar disso, Dilma disse que ela "não ameaça fortemente" o Brasil.
"O mundo enfrenta os desafios de uma grave crise econômica e cobra respostas novas para seus problemas. [...] Os países ricos se preparam para um longo período de estagnação ou até de recessão, mas a crise não ameaça fortemente porque o Brasil mudou para melhor", disse Dilma em seu discurso, de cerca de 11 minutos.
SINAIS FAVORÁVEIS
Na ata divulgada hoje, o BC diz que o cenário para a inflação melhorou. A previsão para 2011 subiu, mas sem romper o limite de 6,5%. Para 2012, no entanto, caiu e está "ao redor" do objetivo de 4,5%.
A avaliação é que o ciclo de alta da inflação acumulada em 12 meses, que chegou a 7,23% em agosto, termina neste trimestre. A partir de outubro, as projeções indicam "tendência declinante".
"O Comitê pondera que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis", diz o BC na ata.
A instituição diz que o processo de desaceleração da economia brasileira, devido às medidas já adotadas, entre elas o aumento da taxa básica, "tende a ser potencializado pela fragilidade da economia global".
Pela primeira vez, a instituição avalia que os riscos do "descompasso" entre oferta e demanda são decrescentes e que a utilização da capacidade instalada recuou e está contribuindo para conter pressões de preços.
POLÍTICA FISCAL
O BC passou a trabalhar com uma meta de superavit das contas públicas equivalente a cerca de 3,15% do PIB para 2011, depois que o governo decidiu usar para pagar os juros da dívida o aumento de R$ 10 bilhões nas receitas.
A instituição também utiliza "como hipótese de trabalho", superavit primário em torno de 3,10% do PIB em 2012 e 2013, sem descontos.
"A recente revisão do cenário para a política fiscal torna o balanço de riscos para a inflação mais favorável", disse o BC na ata.

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