Manifestantes acampados nas cercanias de Wall Street, rua considerada "coração financeiro" dos Estados Unidos, continuaram seus protestos contra a especulação financeira e a corrupção, a despeito da cada vez maior repressão promovida pelas forças de segurança da cidade de Nova York.
Centenas de ativistas anti-capitalistas se reuniram nesta segunda-feira (26) na Wall Street para dar sequência ao protesto iniciado há nove dias. Os manifestantes estão acampados em barracas improvisadas por 24 horas por dia em Lower Manhattan, perto do edifício da bolsa de valores de Nova York desde o último 17 de setembro, data que originou o nome do protesto: 17-S.
"A repressão contra aqueles que participaram das manifestações tiveram um aumento considerável nos últimos dias, afirmou Chris Hedges, um repórter americano que já venceu o prêmio Pulitzer e que cobre as manifestações.
Hedges afirmou também que a presença da polícia nas cercanias de Wall Street tornou a área perto da bolsa em uma nova "zona verde" e que o único meio de acessar a área é passando pelas barricadas feitas pelos policiais.
Entretanto, manifestantes e organizadores prometeram continuar acampados "até que nossas demandas" sejam satisfeitas.
"A nossa moral, como não poderia deixar de ser, continua elevada", afirmou Guy Steward, um dos manifestantes.
Steward afirmou que, apesar da brutalidade policial no sábado, a força da manifestação fez apenas crescer.
No sábado passado (24) a polícia prende mais de 80 manifestantes e usou gás de pimenta contra outros cinco.
Os protestos, inspirados pelas revoltas pró-democracia na Tunísia e no Egito, foram organizados por uma ong que se auto-intitula "Ocupem a Wall Street."
Os manifestantes exigem do presidente americano Barack Obama que estabeleça uma comissão que coloque um fim à influência do capital especulativo na política dos Estados Unidos.
Vários dos presos no último sábado foram soltos ontem domingo e regressaram às imediações da Praça da Liberdade.
O domigo foi um dia de descanso e não houve marchas, mesmo com a realização de palestras sobre o aumento do desemprego em várias cidades dos Estados Unidos, país com 14 milhões de desempregados e uma taxa nacional de desemprego de 9,1%.
Também ficou evidenciado nessas palestras como as pessoas começam a se identificar com o movimento e redescobrir um poder em si que podem usar para se opor ao das instituições.
Os grandes meios de comunicação continuam omitindo notícias sobre o movimento 17-S, de acordo com o jornal New York Observer, único que realiza uma cobertura jornalística de pequeno porte.
"A principal cobertura dos acontecimentos que ali ocorrem é feita por blogs pessoais, bem como meios alternativos", segundo disse o próprio jornal.
Outro jornal nova-iorquino que levantou o problema e que está afastado da grange mídia, o digital Metro.us, exibe em seu site declarações de vários manifestantes, que afirmam que os vídeos sobre a repressão policial têm atraído muitas pessoas.
"Esse tem sido um fator muito importante para que as pessoas que estavam a ponto de vir, se decidissem", disse Kyle Kneitinger, de 22 anos, que permanece nas imediações de Wall Street há uma semana.
Algumas imagens mostram policiais jogando gás pimenta na cara de mulheres manifestantes desarmadas.
"Enquanto os policias de Nova York reprimem aqueles que estão em Wall Street, aumenta ainda mais o número de manifestantes", reconheceu a publicação digital.
Com agências
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