O governo chinês expressou nesta terça-feira (4) sua "firme rejeição" ao início do debate de um projeto de lei no Senado dos Estados Unidos que dá poderes ao Executivo para combater a desvalorização de moedas de outros países, em especial a China.
O projeto abriria a possibilidade dos EUA aplicarem sanções comerciais contra o país — acusado de manter o iuane abaixo de seu valor real, em prejuízo das exportações americanas. Em 2010, os EUA registraram um déficit comercial com a China de US$ 273 bilhões.
Em uma reação imediata, o Banco Central da China avisou que a aprovação da legislação "pode conduzir a uma guerra comercial a que não queremos assistir", disse a autoridade monetária chinesa.
“Usando a desculpa do chamado 'desequilíbrio cambial', isso aumentará o problema da taxa de câmbio, adotando uma medida protecionista que gravemente viola regras da OMC e seriamente perturba as relações econômicas e comerciais sino-americanas", disse o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Ma Zhaoxu, em comunicado publicado no site do governo nesta terça. "A China expressa sua oposição inflexível a isso."
O projeto dá ao Tesouro estadunidense a possibilidade de avaliar a força das divisas externas e lançar sanções caso estas sejam consideradas como artificialmente "fracas". As sanções podem passar por tarifas alfandegárias mais altas ou pela decisão do governo americano de não comprar bens e serviços nos países que fazem desvalorizações competitivas.
A nota do Banco Central chinês "lamenta" a postura americana, mas diz que não serão ações deste gênero que eliminarão os "verdadeiros" problemas dos EUA: um déficit comercial elevado, uma alta taxa de desemprego e escassez de poupanças.
Os Estados Unidos tentam visivelmente tapar o sol com a peneira. As razões do seu déficit externo não estão na taxa de câmbio chinesa, mas no processo irreversível de declínio de sua economia, motivado pelas suas próprias vulnerabilidades estruturais.
O porta-voz do Ministério de Comércio, Shen Danyang, disse que os EUA estão tentando culpar outros por suas próprias falhas. "Tentar transferir disputas domésticas para outro país é injusto e viola regras internacionais, e a China expressa sua preocupação".
Cenário político
A legislação para retaliar a China foi proposta por um grupo formado por senadores dos dois principais partidos políticos do país, a oposição republicana e governistas democratas. O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, empenhou-se pessoalmente para colocar o assunto na pauta.
Em junho de 2010, a China aceitou reiniciar um processo de lenta valorização de sua moeda. De lá para cá, o câmbio se fortaleceu 7% em termos nominais e 10% em termos reais, já que a inflação na China anda bem mais alta do que nos EUA. Desde o novo agravamento da crise financeira na Europa e nos Estados Unidos, no entanto, o dólar voltou a se valorizar diante das moedas do resto do mundo, já que os investidores ainda consideram os ativos americanos mais seguros.
Da redação com agências
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