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Por raquel_
Do Wall Street Journal/Valor
Dez anos depois, sombra do escândalo Enron ainda persiste
Por JEAN EAGLESHAM
O começo do fim para a Enron Corp. aconteceu há exatamente uma  década. Ainda assim, o grande colapso da gigante de energia lança uma  enorme sombra sobre os esforços do governo para punir os erros cometidos  durante a crise financeira.
Em outubro de 2001, a companhia de Houston, no Texas, chocou os  investidores com um prejuízo enorme. Menos de dois meses depois, a Enron  estava falida, e o escândalo gerou 42 ações civis por reguladores de  valores mobiliários e processos criminais contra 33 pessoas e o auditor  da companhia, segundo os cálculos do escritório de advocacia Davis Polk  & Wardwell LLP.
Mais de uma dúzia de pessoas se declararam  culpadas. O ex-diretor-presidente da Enron, Jeffrey Skilling, hoje com  57 anos, está cumprindo pena de 24 anos na prisão federal do Colorado,  seguindo sua condenação por fraude em 2006.
Algumas pessoas que ajudaram a esclarecer o escândalo da Enron dizem  que os resultados mostram como os reguladores e os promotores estão  falhando na hora de trabalhar em casos ligados à crise financeira. Até  agora, nenhum alto executivo foi mandado para a prisão por algum crime  relacionado à crise.
"Simplesmente não houve um esforço máximo, um esforço dirigido do  Departamento de Justiça para lidar com a crise do sistema de poupança e  empréstimo e fraude corporativa epidêmica liderada pela Enron, WorldCom e  centenas de casos que vieram depois", disse Chris Swecker, um  ex-diretor assistente do FBI, a polícia federal americana, que agora  dirige a empresa de consultoria em segurança em Charlotte, no estado da  Carolina do Norte.
Phil Angelides, presidente da Comissão de Inquérito da Crise  Financeira, criada pelo congresso para investigar a crise, reclama que  as "lições dos escândalos do começo dos anos 2000 foram rapidamente  esquecidas."
Uma porta-voz do Departamento de Justiça diz que é injusto comparar a  Enron a companhias engolidas pela crise. "Nossa resposta à recente  crise financeira tem envolvido investigações agressivas e completas – em  Wall Street e por todo o país – e nós continuaremos a perseguir  condutas criminais onde nós as encontrarmos", disse a porta-voz. A  agência "prendeu centenas de pessoas responsáveis criminalmente por suas  condutas durante a crise financeira", acrescentou ela.
John Hueston, promotor responsável pelo julgamento de Skilling e do  ex-presidente do conselho da Enron, Kenneth Lay, diz que ninguém deveria  ficar surpreso com o longo tempo que está levando para promotores  federais desvendarem os casos criminosos dignos de manchete de jornal.
"Nós cavamos fundo para mostrar as mentiras encobertas e ações em  benefício próprio, trabalhando desde as bases", disse Hueston, hoje  sócio do escritório de advocacia Irell & Manella LLP. "O que  descobrimos com a Enron, e não tenho certeza que as lições tenham sido  aprendidas com a crise, é que não existem atalhos fáceis no  esclarecimento de casos que envolvem circunstâncias financeiras  complexas."
Lay foi condenado, mas logo depois morreu de ataque cardíaco. A condenação dele foi anulada.
Apenas sete das 13 pessoas que foram a julgamento no caso Enron foram  condenadas, e quatro das condenações foram revertidas em instâncias  superiores, de acordo com Davis Polk.
Como resultado, os resultados do governal em geral são "mistos",  disse Linda Thomsen, ex-chefe de fiscalização da SEC (comissão de  valores mobiliários dos Estados Unidos) e agora sócia na firma de  advocacia Davis Polk.
Em março, o ex-executivo da Enron Rex Shelby declarou-se culpado pela  acusação de uso de informações privilegiadas relacionadas a supostos  exageros sobre a unidade de telecomunicações da Enron em 2000.
Shelby, indiciado em 2003, foi condenado a dois anos de prisão condicional.
"A vida dele foi paralisada por oito anos", disse Ed Tomko, advogado de Shelby.
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