Segundo o comunicado da agência de classificação, os grandes desequilíbrios fiscais, o alto endividamento em todos os setores e a perspectiva macroeconômica adversa justificam o rebaixamento que tirou o país de grau de investimento
SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Fitch rebaixou os ratings (nota de confiança) de longo prazo em moeda local e estrangeira de Portugal para BB+, de BBB-. O rating de curto prazo foi rebaixado para B, de F3. Após o rebaixamento os ratings foram retirados da revisão para possível rebaixamento, na qual haviam sido colocados em abril. Mas a perspectiva é negativa.
Segundo o comunicado da Fitch, os grandes desequilíbrios fiscais de Portugal, o alto endividamento em todos os setores e a perspectiva macroeconômica adversa significam que o perfil de crédito soberano não é mais condizente com o rating na faixa de grau de investimento. A Fitch é a segunda agência a tirar o grau de investimento de Portugal. Em julho, a Moody's já havia tomado a decisão.
A agência afirma que reduziu as previsões de crescimento para a economia portuguesa em função da piora das projeções europeias. A Fitch agora espera que o PIB de Portugal registre retração de 3% em 2012. Mas a agência diz que as reformas estruturais que devem ser implementadas sob o programa internacional de resgate recebido pelo país devem deixar Portugal em uma posição mais competitiva no longo prazo.
"Nos próximos dois anos, a recessão torna o plano de redução do déficit orçamentário do governo muito mais desafiador e vai impactar negativamente na qualidade dos ativos detidos pelos bancos do país. Entretanto, a Fitch julga que o compromisso do governo com o programa é forte", diz o relatório.
A previsão é que o país consiga atingir a meta de reduzir o déficit para 5,9% do PIB este ano, mas com o uso significativo de medidas extraordinárias. A mais importante delas é a transferência dos esquemas de pensão dos bancos para o setor público, o que deve gerar um ganho de até 1,7% no PIB.
Entenda a classificação
Os ratings são importantes na hora de atrair recursos de investidores estrangeiros. Isso porque muitos deles escolhem seus ativos em função da classificação de risco emitida pelas agências.
Foi após a crise financeira de 2008, quando diversos bancos e instituições financeiras respeitadas dos Estados Unidos quebraram, que elas entraram no foco de interesse das autoridades e da sociedade em geral. As classificações são a opinião da agência sobre a capacidade do emissor desses títulos de honrar seus compromissos com os investidores.
Como se trata de uma opinião, a credibilidade da nota depende em igual proporção à credibilidade da própria agência. Quanto mais respeitada for, mais considerados serão os ratings concedidos por ela. Moody´s, Standard&Poor´s e Fitch, todas norte-americanas, estão entre as mais importantes.
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