Portugal amanheceu nesta quinta-feira (24) sob os efeitos de uma greve geral, que atinge os serviços públicos. A paralisação foi deflagrada em meio a um quadro crescente de descontentamento com medidas de arrocho impostas pelo governo em troca de um pacote de ajuda de 78 bilhões de euros.
AP Portugueses passam em frente a muro com apelo à greve nesta quinta-feira (24) em Lisboa
A greve geral é comandada pela União Geral de Trabalhadores (UGT) e pela Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP) e afeta os setores de transporte terrestre, aéreo e ferroviário e serviços como educação e saúde.Reivindicações
O objetivo dos sindicatos é que a greve force o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, a modificar a política de arrocho que, paradoxalmente, pede mais sacrifícios dos setores mais afetados pela crise.
Os portugueses protestam contra medidas como cortes nos salários do funcionalismo público, aumento nos impostos e cortes nos serviços de educação e de saúde. As medidas foram elaboradas pela chamada troika – União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) – para reduzir o déficit português.
De acordo com a Prensa Latina, o secretário geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, ressaltou na quarta-feira (23) que a greve geral será um sinal muito forte de que os sacrifícios exigidos não têm sentido e conduzem a um maior empobrecimento. Ele enfatizou se trata de uma greve de indignação e descontentamento porque as pessoas veem que seus direitos estão sendo seriamente afetados.
Já o secretário-geral da UGT, João Proença, destacou a força da mobilização. Em entrevista ao jornal Correio da Manhã, ele apontou que há mais adesão à greve atual do que houve à paralisação geral do ano passado, apesar de ainda não haver confirmações sobre os números oficiais do balanço. Também a CGTP mostrou-se agradada com os números da paralisação. Os sinais são “extremamente positivos” e a "adesão é maior" do que no ano passado, porque “há um grande descontentamento” devido ao desemprego, à pobreza e à exclusão, disse.
Desconfiança
Em maio passado, Portugal se converteu no terceiro país da zona do euro, depois da Grécia e da Irlanda, a receber um resgate da União Europeia e do FMI para refinanciar sua dívida, estimada em 160 bilhões de euros no final de 2010.
Pesquisa recente de um dos principais jornais do país afirma que mais da metade dos consultados não confia no governo. Para 63%, o país não alcançará suas metas orçamentárias no ano que vem. O apoio ao governista Partido Social Democrata também caiu, como mostrou uma pesquisa do fim do mês passado.
A greve foi anunciada pela CGTP no início de outubro e contou também com o apoio da UGT. Esta é a terceira paralisação geral desde a criação da UGT em 1978. A primeira aconteceu em 1988 contra a intenção de Cavaco Silva, então primeiro-ministro, de mudar a legislação trabalhista.
Com informações de agências
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