quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Governo finaliza plano com metas para reduzir obesidade em 10 anos 29/12/2011



FERNANDA BASSETTE - O Estado de S.Paulo
Os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social, em parceria com outros 17 ministérios, finalizaram um documento que vai subsidiar as metas para controle e redução da obesidade no Brasil para os próximos dez anos. O plano deve ser lançado em janeiro.
O Plano Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade tem como objetivos principais reverter a curva de crescimento da obesidade reduzindo drasticamente os índices entre crianças de 5 a 9 anos e estacionar a evolução do problema entre adultos.
Segundo Maya Takagi, secretária nacional de segurança alimentar e nutricional do Ministério de Desenvolvimento Social, o plano terá três eixos para atingir as metas: o primeiro é aumentar a disponibilidade e a oferta de alimentos frescos (frutas, hortaliças, grãos e peixes), fortalecendo o programa de alimentação escolar, ofertando cardápios mais saudáveis em restaurantes populares e ampliando a comercialização das 15 frutas e das 10 hortaliças mais consumidas.
O segundo eixo é de educação e informação, detalhando como a alimentação saudável deve ser trabalhada em escolas e em políticas públicas. A ideia é atualizar os guias alimentares levando em consideração as condições regionais e elaborar materiais de orientação à população, com campanhas educativas na TV, rádio, jornais, redes sociais etc.
O terceiro eixo é a promoção de modos de vida mais saudáveis, com incentivos para a construção de ciclovias, academias populares e outras ações que tenham como foco a adoção de hábitos para uma vida saudável.
"Esse é um plano que temos fomentado. As metas são para dez anos porque mudar hábito alimentar não é uma coisa que se muda de uma hora para outra. Por isso, nossa proposta é lançar o plano já com ações operacionais no início de 2012", diz Maya.
Epidemia. A obesidade é considerada uma epidemia pelo Ministério da Saúde. Isso porque, em 1975, 18,5% dos homens adultos estavam com excesso de peso - em 2010, esse índice saltou para 50,1%. Os dados apontam que na década de 70, apenas 2,8% deles eram obesos, enquanto em 2010 esse valor saltou para 12,4%.
Entre as mulheres adultas os valores também preocupam o governo: na década de 70, 28,7% delas tinham excesso de peso e 8% eram obesas. Em 2010, 48% delas estavam acima do peso e 16,9% eram obesas.
Infância. Evitar o avanço da obesidade infantil é uma das principais metas do plano. "Se conseguirmos barrar o crescimento da obesidade entre adultos já será um grande avanço. Por isso nosso foco será reduzir os índices entre crianças. Elas estão cada vez mais gordinhas e ainda estão adquirindo os hábitos alimentares", explica Maya.
Enquanto em 1975 apenas 2,9% dos meninos de 5 a 9 anos eram obesos, em 2009 eles somavam 16,6%. A meta é chegar ao patamar de 1998, de 8%.
Entre as meninas da mesma idade, em 1975, 1,8% delas eram obesas. Em 2009, 11,8% estavam obesas. Nesse caso, a meta também é chegar ao índice de 1998, que era de 5%.
"Se mantivermos essa tendência de crescimento da obesidade entre as crianças, em 13 anos chegaremos a um nível inaceitável. Deter o avanço dessa epidemia é uma questão de saúde pública", afirmou Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
Academias. Barbosa, do Ministério da Saúde, diz que uma das ações para tentar estimular a prática de atividade física entre a população foi o lançamento das academias da saúde em várias regiões do País.
São academias ao ar livre e com equipamentos públicos, instaladas em regiões mais pobres, em que um profissional orienta a população sobre prática de exercícios. O objetivo é inaugurar 4 mil unidades em quatro anos. "O fato de ter uma academia pública perto de casa aumenta em quatro vezes a prática de exercícios físicos", diz Barbosa.
Outra ação de combate à obesidade foi o acordo que o ministério fez com a indústria para redução dos teores de gordura, sódio e açúcar dos alimentos industrializados. "É um processo lento, ainda não é o ideal, mas a gente tem de começar de alguma maneira", diz o secretário.

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