Medida é resposta a países europeus, que estudam endurecer restrições às exportaões iranianas
Reuters
TEERÃ - O Irã ameaçou nesta terça-feira, 27, paralisar o fluxo de petróleo pelo estreito de Ormuz caso governos estrangeiros imponham sanções à exportação de petróleo iraniano, em decorrência do programa nuclear do país. O fechamento de Ormuz, única saída do golfo Pérsico, poderia desencadear um conflito militar com economias que dependem do petróleo da região. As tensões do Ocidente com Teerã têm aumentado desde 8 de novembro, quando a Agênia Internacional de Energia Atômica (AIEA, agência nuclear da ONU) divulgou um relatório reforçando as suspeitas de que o Irã estaria tentando desenvolver armas atômicas.
O Irã rejeita a acusação, alegando que deseja apenas gerar energia para fins civis. O país continua ampliando seu programa atômico, apesar de já ter sofrido quatro rodadas de sanções da ONU.
Muitos diplomatas acreditam que só sanções ao setor petrolífero, vitais para a economia iraniana, fariam o país desistir do programa nuclear. Mas Rússia e China, grandes parceiros comerciais de Teerã, impedem que a ONU adote essa medida.
O alerta iraniano de terça-feira ocorre três semanas depois de chanceleres europeus decidirem endurecer suas sanções unilaterais contra o Irã, discutindo planos para um possível embargo petrolífero, que pode vir a ser formalizado já em janeiro.
"Se eles impuserem sanções às exportações de petróleo do Irã, aí nem uma só gota de petróleo poderá fluir a partir do estreito de Ormuz", disse o vice-presidente Mohammad Reza Rahimi, segundo a agência estatal de notícias Irna.
O Irã é o quinto maior exportador mundial de petróleo, tendo a China e a Índia como maiores clientes. Os 27 países da União Europeia recebem 450 mil barris diários do produto iraniano, o que representa cerca de 18% das exportações da República Islâmica.
A China já alertou contra "ações emocionalmente carregadas" que possam agravar o impasse nuclear com o Irã. A Rússia, por sua vez, diz que sanções ao petróleo iraniano poderiam intensificar "uma espiral de tensão", reduzindo as chances de que o Irã venha a cooperar com o Ocidente na questão atômica.
Cerca de um terço do petróleo comercializado por mar em todo o mundo passou pelo estreito de Ormuz em 2009, segundo estatísticas americanas, e navios militares dos EUA patrulham a região para assegurar a normalidade do fluxo.
A maior parte do petróleo exportado por Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes, Kuwait e Iraque, e praticamente todo o gás natural liquefeito do Catar, precisam passar pelo estrito de Ormuz, que tem 6,4 quilômetros e separa o Irã de Omã. Analistas dizem que o Irã pode ter poucos incentivos a fechar o estreito, já que também sofreria consequências econômicas duras.
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