domingo, 25 de dezembro de 2011

Operações de repressão são realizadas na linha da fronteira em tempo integral 25/12/2011


ROBERTO GODOY - O Estado de S.Paulo
Dia quente, um pouco nublado. E, de repente, um baita susto: ao lado do avião monomotor vindo da Bolívia estava um caça leve Super Tucano, o A-29 da Força Aérea, exibindo suas metralhadoras .50 e exigindo informações. O boliviano voava a apenas 500 metros, ignorou a mensagem e iniciou uma manobra de fuga em direção à fronteira. Recebeu ordem para pousar na cidade de Cacoal, Rondônia. Não atendeu, baixou para escassos 100 metros e continuou tentando escapar. Era um bandido - na definição dos caçadores.
Foi então que o piloto da FAB disparou um tiro à sua frente. Foi o suficiente para tornar cooperativo o invasor, que passou a responder aos contatos por rádio e a cumprir ordens. Todavia, não completamente. Embora sob escolta dos Super Tucanos, o piloto subitamente precipitou a aterrissagem numa estrada de Izidrolândia, um distrito rural. As aeronaves militares permaneceram vigiando a área para evitar uma decolagem até a chegada da polícia. Dois dias depois, os dois bolivianos que estavam a bordo do monomotor foram presos pela Polícia Federal em Pimenta Bueno.
O bandido não teve chance em nenhum momento - desde a entrada no espaço aéreo brasileiro, estava sendo monitorado por um grande jato radar R-99 do Esquadrão Guardião, de Anápolis. O olho digital, um sistema Erieye, pode acompanhar 300 alvos a qualquer altitude num raio de 350 km e lançar os caças no encalço dos clandestinos, não identificados.
O avião apreendido transportava 176 quilos de pasta base de cocaína, coisa de R$ 400 mil. O destino da droga era o Rio. Depois de refinada, a Europa.
A façanha foi comemorada com festa na Base Aérea de Porto Velho, onde está o Esquadrão Grifo, de onde decolaram os aviões de combate.
Esse tipo de operação virou padrão na FAB há cerca de quatro anos. O protocolo é flexível, mas funciona assim: a inteligência da Policia Federal detecta um foco de origem de rotas de entrega de drogas, armas e componentes eletrônicos e, em seguida, passa a informação para a Aeronáutica; por meio do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), medidas são tomadas para vigiar o espaço indicado com radares fixos e móveis. O Comdraba mobiliza recursos antiaéreos do Exército e da Marinha. No ar, o contrabandista é perseguido até seu destino, quase sempre um terminal de pouco movimento no interior de São Paulo. Sob risco de perder a presa, o procedimento muda e pode chegar até ao limite do abate da aeronave sob suspeita, passando antes por várias etapas. Isso nunca foi necessário.

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