terça-feira, 3 de janeiro de 2012

AL: economia se expande, bolsas declinam 03/01/2012



Por raquel_

Do Wall Street Journal

Na América Latina, a economia se expande mas as bolsas declinam
Por PAULO WINTERSTEIN
Os países latino-americanos conseguiram proteger, relativamente bem, suas economias subjacentes da volatilidade global. As bolsas, no entanto, foram uma história bem diferente em 2011 — e há sinais que voltarão a enfrentar um ciclo difícil em 2012.
Espera-se que as principais economias da região registrem um crescimento saudável em 2012, à medida que os altos preços de minerais e fortes exportações agrícolas nos últimos anos aumentaram suas reservas em moeda estrangeira e regras bancárias conservadoras ajudaram a capitalizar as instituições de crédito. Isso dá espaço para que os governos adoptem medidas de estímulo e, como observou a agência de classificação Fitch Inc., os torna "mais resistentes a choques adversos externos". E com uma classe média em expansão na América Latina disposta a gastar sua recém-descoberta riqueza, é provável que o consumo sustentará o crescimento por algum tempo.
Mas com a Europa lidando com os persistentes problemas da dívida e a China enfrentando desaceleração do crescimento, os analistas estão cautelosos quanto às perspectivas da América Latina. As economias locais dependem muito das commodities e dos fluxos de investimentos vindos de países desenvolvidos, que no momento estão cambaleando.
O Brasil, a maior economia da região, é um exemplo de como a dinâmica de crescimento local é prejudicada pelos problemas globais. Depois de cair mais de 18% em 2011, o índice de referência Ibovespa provavelmente não vai recuperar todas as suas perdas em 2012, segundo investidores.
Na região, é o Brasil que "provavelmente tem mais espaço para cortar os juros. Portanto, o Brasil é, de certa forma, a economia ideal para se investir durante esta crise", escreveram recentemente Frederick Searby e Francisco Schumacher, estrategistas do Deutsche Bank.
O ano passado começou com o mercado acionário brasileiro, tal como em muitos países, atingido pelos temores de que o fardo da dívida pública europeia iria desencadear uma segunda recessão global. Os mercados também sofreram com as preocupações com o crescimento global, ao assistir ao Japão ser atingido por um terremoto e um tsunami, e os protestos no Oriente Médio e norte da África derrubando governos.
A isso vêm se somar as circunstâncias próprias do Brasil. O banco central aumentou o juro, que já era alto no primeiro semestre, para 12,5% em julho, depois de que o crescimento de 7,5% do PIB em 2010 despertou temores de superaquecimento econômico e inflação.
Mesmo depois que o Ibovespa fraquejou, na primeira metade do ano, os investidores continuaram otimistas em relação ao segundo semestre. Alguns bancos até projetaram que o índice terminaria o ano com força, batendo em 89.000 pontos, em comparação com cerca de 62.000 no final do primeiro semestre. Foi então que a crise europeia se aprofundou e todas as previsões foram por água abaixo.
Em agosto, o Ibovespa despencou 22%, para 48.668 e, juntamente com uma queda de 13% no índice mexicano IPC, ajudou a derrubar o índice MSCI América Latina em mais de 18% em apenas cinco semanas. Depois, foi a vez de o índice chileno Ipsa, que despencou em outubro para o menor nível desde 2009, enquanto o IGBC da Colômbia aprofundou uma queda livre iniciada em novembro de 2010.
"É como dizem: Se você acha que está ruim, espere, pois ainda vai piorar", disse o economista-chefe da corretora Banco Fator, José Francisco Gonçalves, em sua análise do final do ano. "Nossa perspectiva para 2011 não era das mais animadoras, mas a realidade foi cruel."
O crescimento da economia brasileira deve desacelerar-se para cerca de 3% em 2011, segundo uma pesquisa do banco central, que também prevê um crescimento de 3,4% em 2012. O Brasil, segundo o Deutsche Bank, nào é o único país da região com um "forte" balanço soberano servindo de proteção para resistir a uma recessão global. Analistas observam, no entanto, que a capacidade da região para reduzir as taxas de juros não é universal, à medida que a inflação em algumas economias continua a ser uma preocupação. Na Colômbia, os juros devem subir este ano.

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