Por Altamiro Borges - de São Paulo
José Serra, o derrotado presidenciável tucano, começou o ano furioso, irritadiço. Numa solenidade nesta terça-feira, no Instituto do Câncer de São Paulo, ele foi ríspido com os jornalistas ao responder sobre o pedido protocolado na Câmara Federal de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os crimes cometidos no processo de privatizações das estatais no triste reinado de FHC.Acompanhando o governador Geraldo Alckmin, o papagaio de pirata primeiro disse desconhecer o pedido de criação da CPI apresentado pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) – que colheu 185 assinaturas em pleno final do ano, 14 a mais do que o mínimo constitucional de um terço dos 513 deputados. Na seqüência, mais agressivo, atacou:
– Não foi instalada nenhuma CPI ainda… Isso é tudo palhaçada, porque eu tenho cara de palhaço, nariz de palhaço, só pode ser palhaço.
Desespero
Segundo o jornalista Raoni Scandiuzzi, da Rede Brasil Atual, José Serra se mostrou incomodado com as perguntas. Depois de criticar a “palhaçada”, ele se afastou bruscamente dos repórteres “sem responder aos outros questionamentos sobre o tema”. O episódio confirma que o ex-governador está apavorado com os desdobramentos da CPI, que tem como fonte principal o livro de Amaury Ribeiro, A privataria tucana.
A obra, que já vendeu mais de 100 mil exemplares, apresenta inúmeros documentos, obtidos na Justiça, que comprovam a lavagem de dinheiro e outras maracutaias ocorridas durante o processo de privatização das estatais. O ex-ministro José Serra aparece como o maior beneficiário do esquema de corrupção. Sua filha, seu genro, seu primo e seu ex-tesoureiro de campanha seriam os pivôs dos crimes da privataria.
No picadeiro
Serra garante que não tem “cara de palhaço ou nariz de palhaço”, mas a sua atitude intempestiva deve ter rendido algumas gargalhadas – inclusive junto ao “fogo amigo” no interior do PSDB. O ex-todo-poderoso tucano adora brandar pela abertura de CPIs e se travestir de vestal da ética. Agora, diante da possibilidade de apuração do “maior assalto ao patrimônio público” da história do Brasil, ele perde o rebolado.
Ele finalmente está na picadeiro!
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