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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Movimento sem-terra do Paraguai aceita deixar terras de “brasiguaios” 28/02/2012
Um grupo de sem-terra do Paraguai acampados numa fazenda de produtores brasileiros de soja começou a deixar a propriedade nesta segunda-feira (27) após negociações e o compromisso do governo de atender suas reivindicações. A fazenda fica localizada em Ñacunday, a 400 quilômetros de Assunção, no Paraguai.
O governador do departamento de São Pedro, José Ledesma, que se reuniu com o grupo de sem-terras, conhecidos como “carperos”, confirmou que os camponeses aceitaram ser transferidos em caminhões militares ao Parque Nacional de Ñacunday. As autoridades propuseram aos “carperos” que eles aguardem no parque enquanto buscam uma solução para o conflito que ocorre desde meados do ano passado na região, que faz fronteira com o Paraná.
Os sem-terra exigem do governo a devolução de terras públicas que teriam sido transferidas de maneira irregular durante a ditadura de Alfredo Stroessner ao brasileiro Tranquilo Favero, o maior produtor individual de soja do Paraguai, que arrenda parte de seus terrenos a outros produtores “brasiguaios”, como se conhece os colonos brasileiros neste país.
Um dos advogados de Favero, Guillermo Duarte, criticou o acordo e disse que a polícia deveria despejar os “carperos” por invasão de propriedade. Duarte disse ainda que a decisão faz com que os camponeses possam não ser processados. Ele reclamou também que os sem-terra não foram retirados para um local realmente afastado da propriedade de Favero. A medida também foi criticada por organizações de proteção ao meio ambiente, que alertaram para possíveis danos no Parque Nacional Ñacunday.
Advogada de Favero pede ajuda a senadores
A advogada dos produtores rurais brasileiros no Paraguai, Marilene Sguarizi, pediu nesta segunda-feira (27) ajuda aos senadores do Brasil para que intervenham perante o governo paraguaio. Marilene participou de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
“Os grupos de campesinos migram de uma propriedade para outra. Quando as autoridades viram as costas, eles voltam para o mesmo lugar de novo. Isso quando conseguimos que as ordens judiciais sejam cumpridas”, contou a advogada.
Marilene defendeu que os brasileiros compraram as terras no Paraguai legalmente e têm seu direito reconhecido pela lei paraguaia, mas um decreto presidencial tem propiciado brigas judiciais e invasões de terra.
Cautelosos, os senadores que participaram da reunião lembraram que o Paraguai é um vizinho amigo e que a questão deve ser resolvida respeitando a soberania do país e demonstraram preocupação que ações do governo brasileiro possam despertar sentimentos de hostilidade entre os dois países.
Ao fim da audiência, o ministro da Embaixada do Paraguai, Didier Adorno, entregou aos senadores uma carta do presidente paraguaio em que Lugo se compromete a trabalhar para pôr fim aos conflitos. No documento, Lugo ratifica que a ação governamental irá respeitar a lei vigente e o Estado de Direito e que o Poder Judiciário do país ficará encarregado de dirimir os conflitos. Além disso, ele se compromete a trabalhar pelo respeito aos direitos dos produtores que adquiriram terras legalmente.
Com informações da Efe e da Agência Brasil
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