Segundo pesquisa da Abimaq, valor é 57,5% superior aos investimentos realizados entre 2006 e 2009, que somaram R$ 1,9 trilhão
Marcelo Rehder, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Os grandes projetos na área de infraestrutura deverão garantir um salto dos investimentos no Brasil nos próximos anos. Entre 2011 e 2014, estão previstos investimentos da ordem de R$ 3,1 trilhões, o equivalente a 90% dos projetos monitorados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O número representa um crescimento de 57,5% na comparação com os investimentos realizados no período de 2006 a 2009, que somaram R$ 1,9 trilhão. As informações são de um estudo coordenado por Mário Bernardini, diretor do Departamento de Competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Mantidas as condições atuais, os fabricantes de máquinas e equipamentos instalados no País deverão faturar R$ 267,5 bilhões, o que representa aumento de 47,9% comparado com a demanda provocada pelos investimentos feitos entre 2006 e 2009. É um crescimento nada desprezível, da ordem de 10,3% ao ano, em média.
"Há dois fatores de grande impacto macroeconômico no cenário até 2014", diz Bernardini. "No mercado externo, temos a crise internacional com reflexos negativos nas exportações e no crescimento do País, enquanto no mercado interno, os eventos esportivos e a exploração de petróleo e gás devem ajudar o crescimento e neutralizar o cenário externo."
Tanto é que a soma do aumento esperado nos investimentos em petróleo e gás, agrícola, derivados de petróleo e energia elétrica representa um terço do crescimento total no País, em relação registrado no período de 2006 a 2009. Para um investimento extra da ordem de R$ 1,133 trilhão, esses quatro setores deverão contribuir com R$ 369,3 bilhões.
Por outro lado, os fabricantes brasileiros veem o crescimento do investimento concentrado em poucos setores como uma "ameaça". Principalmente quando esses setores são dominados por grandes empresas com forte atuação internacional e com fornecimento crescente de bens de capital fabricados no exterior.
"A participação da indústria nacional no bolo vai depender da melhoria das condições de competição das empresas brasileiras", diz o diretor da Abimaq.
Nas condições atuais, segundo ele, o cenário mais provável é que o aumento do investimento, se realizado, será atendido por fornecedores externos. "Custo Brasil crescente e câmbio apreciado em mais de 40% tornam sem efeito a proteção alfandegária, quando existe, e, na prática, impossibilitam a competição da indústria nacional", argumenta.
Escolhas. Para Bernardini, outro complicador é o fato de o governo Dilma ter várias "escolhas de Sofia" pela frente. "Precisa entregar um crescimento maior, acabar com a pobreza e exclusão social, investir mais em saúde e educação e gastar muito mais em infraestrutura com um orçamento que, se não encolher, não deverá crescer."
Ainda que o investimento aumente entre 2010 e 2014, a Abimaq estima que a formação bruta de capital fixa do País continuará sendo insuficiente para alcançar a meta de 22,4% do PIB, estabelecida no Plano Brasil Maior. Nas contas da entidade, a taxa deve ficar em 20%.
Para chegar a esse número, a entidade projeta que o Produto Interno Bruto cresça 3% em 2012, 4% o ano que vem e 4,5% em 2014. Para a formação bruta de capital fixo, a evolução seria de 5,5%. 6% e 6,5%.
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