segunda-feira, 16 de abril de 2012

"Espanha prepara medidas contundentes diante da desapropriação de YPF" 16.04.12



Nesta segunda-feira, o Governo espanhol anunciou que prepara medidas "claras e contundentes" para os próximos dias em resposta à "arbitrária decisão" das autoridades argentinas de expropriar as ações da Repsol na companhia petrolífera YPF e pediu à União Europeia que aborde a situação nesta semana.O ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García Margallo, acompanhado pelo responsável da Indústria, José Manuel Soria, leu nesta noite uma declaração do Executivo, na qual afirma que a decisão argentina "rompe o clima de cordialidade e amizade" que tradicionalmente pautou as relações entre os dois países.Na declaração, o Governo espanhol ressalta que adotará "todas as medidas que considera convenientes em defesa dos interesses legítimos da Repsol e de todas as empresas e interesses espanhóis no exterior".O Executivo de Madri entrou em contato com a Comissão Europeia e as instituições da UE para falar a respeito "dessa arbitrária decisão" e pedir que o Parlamento Europeu trate da desapropriação no próximo encontro.Rajoy, que nesta terça-feira viaja empreende ao México sua primeira visita à América Latina como chefe do Executivo, fará gestões com os presidentes deste país e da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao qual viajará posteriormente, para obter seus apoios.Nesta segunda, o ministro de Economia mexicano, Bruno Ferrari, disse que o México está à espera que a Espanha defina que tipo de gestão seu país pode fazer perante a Argentina.O Governo espanhol destaca os prejuízos que a nacionalização representará aos "milhares de pequenos acionistas" da Repsol, medida que considera "também extraordinariamente lesiva ao povo argentino porque quebra o clima de confiança necessário para atrair as economias e investimentos que a Argentina necessita para crescer e sair da situação em que se encontra"."É uma péssima decisão para a Espanha, uma péssima decisão para a Argentina e uma notícia pior ainda para a segurança jurídica que deve reger as relações entre os países amigos e aliados", conclui Margallo.O responsável da Indústria destaca que se trata de uma decisão "discriminatória" do ponto de vista dos sócios da YPF e com relação aos outros operadores de hidrocarbonetos na Argentina ao adotar medidas somente em relação a uma empresa (YPF), na qual a "Repsol é legítima proprietária da maior parte das ações".Também a considera "uma decisão hostil contra a Repsol e, portanto, contra uma empresa espanhola e, consequentemente, contra a Espanha e contra o Governo da Espanha".As autoridades espanholas acusaram às argentinas de fecharem o diálogo e "quebrarem o acordo verbal" conquistado por Soria com membros do Executivo de Cristina Kirchner em 28 de fevereiro para tentar solver a disputa através das negociações.A companhia petrolífera espanhola Repsol classificou nesta noite a desapropriação de "ilícita e gravemente discriminatória".Em comunicado, a Repsol adiantou que vai à justiça. Suas justificativas serão embasadas nas leis que regulam os mercados em que a YPF está cotada e no direito internacional, inclusive o tratado de proteção de investimentos Argentina-Espanha.Pelo texto, sustentou que não se justificou até agora "a utilidade pública" que persegue tal decisão, na qual vê "patente descumprimento" das obrigações assumidas pelo Estado argentino na privatização da YPF.Anunciou ainda "que tomará todas as medidas legais que procedam para preservar o valor de todos os seus ativos e os interesses dos acionistas".A companhia petrolífera espanhola detalhou que sua participação de 57,43% na YPF tinha valor patrimonial de 4,1 bilhões de euros no fechamento de 2011. Além disso, a empresa mantém empréstimo com o grupo Petersen avaliado em 1,5 bilhões de euros.O embaixador da Argentina em Madri, Carlos Bettini, será convocado nesta terça-feira ao Ministério das Relações Exteriores, onde já foi citado na sexta-feira.

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