A França vai hoje às urnas para o 1º turno das eleições presidenciais. São 10 os aspirantes, mas apenas quatro estão bem posicionados:
o presidente Nicolas Sarkozy, candidato à reeleição, um político autoritário, imperialista e direitista;
François Hollande, do Partido Socialista, social-democrata moderado,
a ultra-direitista e fascista Marine Le Pen, da Frente Nacional,
Jean Luc Melénchon, da Frente de Esquerda, que tem como principal força propulsora o Partido Comunista.
Cerca de 85 mil centros receptores de votos foram habilitados em todo o território nacional para atender os eleitores.
Dos 45 milhões de eleitores registrados, 900 mil vivem em territórios de ultramar e 1,5 milhão votam nos consulados franceses no exterior.
Este ano as sondagens sobre as tendências dos resultados só poderão ser publicadas depois das 20h00 (15h00 no horário de Brasília), quando fecham os últimos centros de votação.
Os resultados oficiais serão conhecidos durante a noite ou na madrugada de segunda-feira.
A monotonia do debate bipartidário com apenas duas vozes desta vez foi quebrada por um candidato que comoveu a campanha eleitoral e se transformou em uma autêntica revelação: Jean-Luc Melénchon, da Frente de Esquerda.
A dinâmica política transformadora da “revolução cidadã” e o caráter de massas da campanha da Frente de Esquerda tomou impulso a partir de 18 de março, quando se realizou uma manifestação multitudinária de mais de 150 mil pessoas na simbólica Praça da Bastilha, em Paris.
A partir daí se seguiram outros comícios que arrastaram multidões em diversas outras cidades da França, destacadamente Toulouse e Marselha.
De personalidade carismática, sólida cultura e um profundo conhecimento da realidade do povo francês, Melénchon revelou-se preparado como um líder da esquerda, com mensagem nova e transformadora.
Melénchon foi membro do Partido Socialista desde 1997, pelo qual foi eleito senador, em 1986. Foi ministro da Formação Profissional durante o governo de Lionel Jospin. Mas rompeu com o Partido Socialista em 2008 por discordar do reformismo e moderação dessa formação social-democrata.
Por ocasião das eleições para o Parlamento Europeu de 2009 constitui-se a aliança com o Partido Comunista Francês (PCF), da qual nasce a Frente de Esquerda, pela qual se elegeu deputado europeu.
A Frente de Esquerda é uma formação política nova, cujo dinamismo foi possível graças às estruturas já criadas pelo Partido Comunista Francês e a capacidade de Melénchon para transmitir suas ideias aos setores da sociedade que não encontram contempladas as suas necessidades nos discursos dos chamados "partidos grandes".
Conceitos claros e precisos sobre a redução do desemprego, o aumento do poder de compra dos salários ou a restituição dos direitos dos trabalhadores, romperam a letargia de uma campanha, cujos temas estavam centrados nas grandes finanças e na macroeconomia, muito distantes da vida real dos franceses.
Obter a maior quantidade de votos neste domingo e garantir o terceiro lugar na contenda tem uma tripla importância para a Frente de Esquerda.
Por um lado, a coalizão se converte em um fator a ser levado em conta no processo de negociações que se abrirá tendo em vista o segundo turno, em 6 de maio, e poderá incorporar alguns dos elementos de seu programa no plano de trabalho de um próximo govierno.
Em segundo lugar, lhe dará um forte impulso para conseguir um bom número de deputados à Assembleia Nacional nas eleições legislativas de junho.
Terceiro e talvez o mais importante, seria colocar as forças de esquerda em uma posição histórica e convertê-las em um interlocutor válido no momemnto de discutir os grandes problemas nacionais e europeus e preparar o terreno para futuras campanhas.
Da redação com Prensa Latina
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