O "safari" do rei implica um grande gasto pelo deslocamento em avião até Botswana, mais pessoal, armas, munições, a segurança real e o custo da expedição. Uma permanência de 12 dias num dos acampamentos com licença para abater um elefante, o exemplar mais caro e ao lado de um dos quais o rei Juan Carlos se deixou fotografar, custa cerca de 37 mil euros. Esse custo se choca com a crise espanhola que reduziu o salário dos funcionários públicos entre 25% e 30% e deixou cinco milhões de desempregados. WWF destitiuiu o rei do cargo de "presidente de honra" da entidade.
Tito Drago - IPS
Um acidente sofrido pelo rei Juan Carlos
durante uma caçada na África parece ter libertado a crítica aberta dos
espanhóis à sua responsabilidade na gestão dos gastos, enquanto os
cofres do Estado enfraquecem, bem como as suas atuações pessoais, nas
quais, entre outras coisas, entra em rota de colisão com normas
ambientais.
A campanha de caça implica um grande gasto pelo deslocamento em avião até Botswana, mais pessoal, armas, munições, a segurança real e o custo propriamente dito da expedição. Uma permanência de 12 dias num dos acampamentos com licença para abater um elefante, o exemplar mais caro e ao lado de um dos quais o rei Juan Carlos se deixou fotografar, custa cerca de 37 mil euros, segundo as agências de viagem e turismo.
Esse alto custo, que se choca com a crise espanhola que reduz o salário dos funcionários públicos entre 25% e 30% e deixou cinco milhões de desempregados, não teria vindo à luz sem o acidente. Isto coloca sobre a mesa um fato conhecido, mas não criticado até agora pelos partidos políticos, de que a Casa Real não está obrigada a informar sobre o uso de seu orçamento, e nunca o fez. Entre os mais duros críticos está Julio Anguita, ex-coordenador da coligação Esquerda Unida (IU), que disse ser preciso lembrar que o rei “sempre teve uma corte de escândalos” e que a monarquia “deveria desaparecer. Não pode haver um senhor fora do alcance da lei”, protestou.
A IU apresentou nesta terça feira uma proposta no Parlamento para que se esclareça se a viagem de Juan Carlos I foi custeada com o dinheiro que a Casa Real recebe dos Orçamentos Gerais em cada ano, e que em 2011 foi equivalente a 11,2 milhões de dólares, e se algum ministério cedeu fundos ou meios. No contexto dos ajustamentos fiscais previstos, este ano haverá redução no dinheiro destinado à Casa Real em apenas 2% e não afetará o que recebem os membros da família real, mas incidirá apenas nos gastos de manutenção ou viagens.
Por sua vez, a porta-voz do partido de centro-esquerda União, Progresso e Democracia, Rosa Díez, afirmou à IPS que é muito doloroso que o rei não se inteire da situação que “enfrentamos e vá caçar em África enquanto o seu país sofre uma crise tripla, económica, política e social”. No mesmo sentido se pronunciaram dirigentes do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). A sua porta-voz parlamentar, Soraya Rodríguez, disse entender “a incompreensão, o mal-estar e a indignação” gerada por esse episódio do rei. Segundo ela, “Juan Carlos é conhecedor da situação, e acreditamos que a Casa Real se dirigirá à sociedade espanhola para falar algo a respeito”. O governante Partido Popular (PP) negou-se a pronunciar-se sobre o caso. A sua secretária-geral, María Dolores de Cospedal, declarou que o partido não entraria “na polêmica que alguns estão tentando alimentar”.
Da sociedade também surgiram críticas contra a Casa Real. Ativistas defensores da vida animal concentraram-se perto do hospital onde o rei recupera da lesão no quadril, pedindo que ele reflita sobre o seu costume de caçar. Um dos críticos, o porta-voz da organização não governamental Igualdade Animal, Javier Moreno, disse que a dor sofrida pelo rei deveria levá-lo a refletir sobre a dor que ele causou aos animais “durante tantos anos”.
Já a organização Actuable pediu que o rei “deixe de ser o presidente de honra” da seção espanhola da organização não governamental Fundo Mundial para a Natureza (WWF)”, cargo que ocupa desde 1968, por não ser compatível com a sua prática da caça. O WWF limitou-se a indicar que informará o rei sobre o grande número de pedidos recebidos dos seus sócios a solicitar que dê um passo atrás.
Não foi somente a caçada na África que nos últimos dias afetou a imagem do rei. Um desses problemas surgiu quando o seu neto Froilán Marichalar, de 13 anos, deu um tiro num pé ao disparar acidentalmente uma espingarda, numa fazenda da família. Na Espanha é proibido o uso de armas por menores de 14 anos.
Contudo, o que mais atinge a Casa Real é a investigação que pesa sobre o genro do rei, Iñaki Urdangarin, marido da princesa Cristina, acusado de negócios nebulosos e de suposto desvio de fundos públicos. Manuel González Peeters, advogado defensor de Diego Torre, que foi sócio de Urdangarin no Instituto Nós, entregou documentação à rede de rádio SER, que, caso as acusações sejam confirmadas, também comprometeria Juan Carlos I.
O secretário-geral do PSOE em Madrid, Tomás Gómez, pediu ao rei que escolha entre as suas responsabilidades e enfrente os vários casos que se apresentam a ele ou que abdique, esta uma ação que, segundo se diz em voz baixa, poderia abrir caminho para a República, embora se considere que esta é uma possibilidade muito remota.
Fonte: Esquerda.net
A campanha de caça implica um grande gasto pelo deslocamento em avião até Botswana, mais pessoal, armas, munições, a segurança real e o custo propriamente dito da expedição. Uma permanência de 12 dias num dos acampamentos com licença para abater um elefante, o exemplar mais caro e ao lado de um dos quais o rei Juan Carlos se deixou fotografar, custa cerca de 37 mil euros, segundo as agências de viagem e turismo.
Esse alto custo, que se choca com a crise espanhola que reduz o salário dos funcionários públicos entre 25% e 30% e deixou cinco milhões de desempregados, não teria vindo à luz sem o acidente. Isto coloca sobre a mesa um fato conhecido, mas não criticado até agora pelos partidos políticos, de que a Casa Real não está obrigada a informar sobre o uso de seu orçamento, e nunca o fez. Entre os mais duros críticos está Julio Anguita, ex-coordenador da coligação Esquerda Unida (IU), que disse ser preciso lembrar que o rei “sempre teve uma corte de escândalos” e que a monarquia “deveria desaparecer. Não pode haver um senhor fora do alcance da lei”, protestou.
A IU apresentou nesta terça feira uma proposta no Parlamento para que se esclareça se a viagem de Juan Carlos I foi custeada com o dinheiro que a Casa Real recebe dos Orçamentos Gerais em cada ano, e que em 2011 foi equivalente a 11,2 milhões de dólares, e se algum ministério cedeu fundos ou meios. No contexto dos ajustamentos fiscais previstos, este ano haverá redução no dinheiro destinado à Casa Real em apenas 2% e não afetará o que recebem os membros da família real, mas incidirá apenas nos gastos de manutenção ou viagens.
Por sua vez, a porta-voz do partido de centro-esquerda União, Progresso e Democracia, Rosa Díez, afirmou à IPS que é muito doloroso que o rei não se inteire da situação que “enfrentamos e vá caçar em África enquanto o seu país sofre uma crise tripla, económica, política e social”. No mesmo sentido se pronunciaram dirigentes do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). A sua porta-voz parlamentar, Soraya Rodríguez, disse entender “a incompreensão, o mal-estar e a indignação” gerada por esse episódio do rei. Segundo ela, “Juan Carlos é conhecedor da situação, e acreditamos que a Casa Real se dirigirá à sociedade espanhola para falar algo a respeito”. O governante Partido Popular (PP) negou-se a pronunciar-se sobre o caso. A sua secretária-geral, María Dolores de Cospedal, declarou que o partido não entraria “na polêmica que alguns estão tentando alimentar”.
Da sociedade também surgiram críticas contra a Casa Real. Ativistas defensores da vida animal concentraram-se perto do hospital onde o rei recupera da lesão no quadril, pedindo que ele reflita sobre o seu costume de caçar. Um dos críticos, o porta-voz da organização não governamental Igualdade Animal, Javier Moreno, disse que a dor sofrida pelo rei deveria levá-lo a refletir sobre a dor que ele causou aos animais “durante tantos anos”.
Já a organização Actuable pediu que o rei “deixe de ser o presidente de honra” da seção espanhola da organização não governamental Fundo Mundial para a Natureza (WWF)”, cargo que ocupa desde 1968, por não ser compatível com a sua prática da caça. O WWF limitou-se a indicar que informará o rei sobre o grande número de pedidos recebidos dos seus sócios a solicitar que dê um passo atrás.
Não foi somente a caçada na África que nos últimos dias afetou a imagem do rei. Um desses problemas surgiu quando o seu neto Froilán Marichalar, de 13 anos, deu um tiro num pé ao disparar acidentalmente uma espingarda, numa fazenda da família. Na Espanha é proibido o uso de armas por menores de 14 anos.
Contudo, o que mais atinge a Casa Real é a investigação que pesa sobre o genro do rei, Iñaki Urdangarin, marido da princesa Cristina, acusado de negócios nebulosos e de suposto desvio de fundos públicos. Manuel González Peeters, advogado defensor de Diego Torre, que foi sócio de Urdangarin no Instituto Nós, entregou documentação à rede de rádio SER, que, caso as acusações sejam confirmadas, também comprometeria Juan Carlos I.
O secretário-geral do PSOE em Madrid, Tomás Gómez, pediu ao rei que escolha entre as suas responsabilidades e enfrente os vários casos que se apresentam a ele ou que abdique, esta uma ação que, segundo se diz em voz baixa, poderia abrir caminho para a República, embora se considere que esta é uma possibilidade muito remota.
Fonte: Esquerda.net
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