Da Revista Fórum
Após a crise econõmico-financeira que arrasou o país, o povo islandês
deu uma lição à Europa, enfrentando o sistema e dando um exemplo de
democracia ao mundo.
Por Theo Buss [12.04.2012 10h45]
Publicado por ODiario.info
Se há quem acredite que nos dias de hoje não existe censura, então
que nos esclareça porque é ficamos a saber tanta coisa acerca do que se
passa no Egito e porque é que os jornais não têm dito absolutamente nada
sobre o que se passa na Islândia.
Na Islândia:
- o povo obrigou à demissão em bloco do governo;
- os principais bancos foram nacionalizados e foi decidido não pagar
as dívidas que eles tinham contraído junto dos bancos do Reino Unido e
da Holanda, dívidas que tinham sido geradas pelas suas más políticas
financeiras;
- foi constituída uma assembleia popular para reescrever a Constituição.
Tudo isto pacificamente.
Uma autêntica revolução contra o poder que
conduziu a esta crise. E aí está a razão pela qual nada tem sido
noticiado no decurso dos últimos dois anos. O que é que poderia
acontecer se os cidadãos europeus lhe viessem a seguir o exemplo?
Sinteticamente, eis a sucessão histórica dos fatos:
- 2008: o principal banco do país é nacionalizado. A moeda afunda-se, a Bolsa suspende a atividade. O país está em bancarrota.
- 2009: os protestos populares contra o Parlamento levam à convocação
de eleições antecipadas, das quais resulta a demissão do
primeiro-ministro e de todo o governo.
A desastrosa situação econômica do país mantém-se.
É proposto ao Reino Unido e à Holanda, através de um processo
legislativo, o reembolso da dívida por meio do pagamento de 3,5 bilhões
de euros, montante suportado mensalmente por todas as famílias
islandesas durante os próximos 15 anos, a uma taxa de juro de 5%.
- 2010: o povo sai novamente às ruas, exigindo que essa lei seja submetida a referendo.
Em janeiro de 2010, o presidente recusa ratificar a lei e anuncia uma consulta popular.
O referendo tem lugar em março. O NÃO ao pagamento da dívida alcança 93% dos votos.
Entretanto, o governo dera início a uma investigação no sentido de enquadrar juridicamente as responsabilidades pela crise.
Tem início a detenção de numerosos banqueiros e quadros superiores.
A Interpol abre uma investigação e todos os banqueiros implicados abandonam o país.
Neste contexto de crise, é eleita uma nova assembleia encarregada de
redigir a nova Constituição, que acolha as lições retiradas da crise e
que substitua a atual, que é uma cópia da constituição dinamarquesa.
Com esse objetivo, o povo soberano é diretamente chamado a se pronunciar.
São eleitos 25 cidadãos sem filiação política, dentre os 522 que
apresentaram candidatura. Para esse processo é necessário ser maior de
idade e ser apoiado por 30 pessoas.
- A assembleia constituinte inicia os seus trabalhos emfeevereiro de
2011 a fim de apresentar, a partir das opiniões recolhidas nas
assembleias que tiveram lugar em todo o país, um projeto de Carta Magna.
Esse projeto deverá passar pela aprovação do parlamento atual bem
como do que vier a ser constituído após as próximas eleições
legislativas.
Eis, portanto, em resumo a história da revolução islandesa:
- Demissão em bloco de um governo inteiro;
- Nacionalização da banca;
- Referendo, de modo a que o povo se pronuncie sobre as decisões econômicas fundamentais;
- Prisão dos responsáveis pela crise e
- reescrita da Constituição pelos cidadãos:
Ouvimos falar disto nos grandes media europeus?
Ouvimos falar disto nos debates políticos radiofônicos?
Vimos alguma imagem destes fatos na televisão?
Evidentemente que não!
O povo islandês deu uma lição à Europa inteira, enfrentando o sistema e dando um exemplo de democracia a todo o mundo
http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_noticia.php?codNoticia=9818/por-que-o-silencio-sobre-a-islandia?
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