Construtora cria unidade para atuar no setor, tanto em terra como no mar
Sabrina Valle, de O Estado de S. Paulo
HOUSTON - O desenvolvimento de uma indústria de óleo e
gás brasileira, fomentada pelas leis de incentivo à produção local de
equipamentos, fez as grandes construtoras nacionais montarem planos
ambiciosos no setor de petróleo. A nova entrante é a Andrade Gutierrez,
que acaba de inaugurar uma divisão global específica para óleo e gás.
"Com a reestruturação, a Andrade Gutierrez abre um novo leque de negócios", disse à Agência Estado o presidente global de Óleo e Gás do grupo, Paulo Roberto Dalmazzo, que assumiu o posto em janeiro e participa da Conferência de Tecnologia Offshore OTC, em Houston (EUA).
A empresa, que nesta área tinha atuação restrita a erguer refinarias, vai entrar agora em construção e serviços offshore (no mar), no Brasil e também no exterior. Estão no radar a Petrobrás, seus fornecedores e os 34 países onde o grupo AG já está presente em construção.
A AG entra num ambiente de competição crescente. A Queiroz Galvão já tem uma empresa neste setor desde 1980. A Odebrecht vendeu suas participações em exploração no País e agora quer se consolidar como a maior fornecedora de serviços em exploração e produção nacional, como disse o presidente da Odebrecht Óleo e Gás (OOG), Roberto Prisco Ramos.
A empresa manteve atividade exploratória em Angola, num consórcio onde detém 15%, dividindo participação com Maersk Oil (50%, operador), Sonangol (20%) e Devon Energy Corporation (15%).
A OOG já investiu US$ 4 bilhões no setor desde 2007 e aguarda apenas fechar contratos com a Petrobrás neste ano para fazer uma oferta de ações e abrir capital, o que deve ocorrer no ano que vem.
Disputa
As construtoras disputarão um mercado de bens e serviços offshore no Brasil estimado em US$ 400 bilhões até 2020. As mudanças na AG foram impulsionadas pela chegada da terceira geração da família Gutierrez ao comando, num movimento de renovação ainda em curso.
"Vamos para o offshore. Entraremos fortemente em toda a cadeia de serviços. Nos próximos dias, finalizaremos a compra de um ativo que nos credenciará para entrar também em construção offshore", diz Dalmazzo, que não adianta o negócio alegando exigências contratuais de confidencialidade.
O grupo atua em consórcios de construção de refinarias. No exterior, só opera no setor de petróleo na Argentina e Venezuela. A expansão de terra para mar e do Brasil para o exterior fará crescer a representatividade de óleo e gás na AG, hoje equivalente a 25% das receitas da área de construção, segundo Dalmazzo.
Além da Petrobrás e sua cadeia de fornecedores, a AG Óleo e Gás vai usar a representação que a holding da construtora já tem em 34 países para acessar esses mercados em petróleo, onshore (terrestre) e offshore. Entre eles estão Arábia Saudita, Turquia, Azerbaijão e Angola.
"São países onde já somos fortes em construção e já temos uma estrutura pronta", disse. Parte da produção será feita no Brasil e exportada, como é o caso de Angola. Já na construção, será usada mão de obra local, junto com brasileiros enviados para o país de destino. A AG não será operadora. O segmento de portos também será contemplado.
A AG Óleo e Gás também acaba de concluir o processo, iniciado há um ano, de habilitação para se qualificar como fornecedora de operadoras fora do Brasil. No Brasil, já começou a participar de concorrências. "A questão agora é quando sairá o primeiro contrato", disse Dalmazzo.
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