O que a Syriza propõe como Governo é sensato e exequível: renegociação da dívida, o que obriga a fazer o seu historial, não pagando juros ilegítimos (os bancos contraem empréstimos no banco central europeu a 1% e cobram posteriormente taxas de 5 a 7%) nem rendas (em Portugal isso significaria a coragem de reverter boa parte dos contratos milionários das parcerias público-privadas); manutenção da Grécia no Euro, mas no contexto de uma nova orientação, com mutualização da dívida e políticas de investimento, crescimento e emprego.
Pergunta inevitável: onde se vai buscar o dinheiro enquanto não há crescimento? Às tais rendas que alimentam burguesias parasitárias; ao imposto sobre as grandes fortunas; à taxa Tobin e ao controlo da evasão fiscal, nomeadamente nos offshores e, é claro, no combate permanente ao luxo e ao desperdício, num novo paradigma ecológico. Para isso é preciso coragem.
Esta esquerda é radical porque é relativa à raiz, origem ou fundamento. Assim, incomoda. Nasceu para incomodar e transformar. Sejamos pois capazes de convocar e construir essa maioria social anti-troika, abrangendo, quem, à esquerda, não se conforma com os despedimentos, os salários baixos e a destruição do serviço nacional de saúde.
Sobre o autor
Dirigente do Bloco de Esquerda, sociólogo, professor universitário
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