O
economista e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto afirmou hoje
que a queda no investimentos estrangeiro direto (IED) e especulativo no
Brasil não é motivo de preocupação. "Isso é normal. Da mesma forma que
vai, isso volta", disse ele, ao deixar seminário em comemoração ao dia
da indústria em Sertãozinho, no interior do Estado. Dados
preliminares do Banco Central (BC) referentes ao mês de maio mostram
queda na entrada de investimento produtivo, saída de estrangeiros da
bolsa e redução da oferta de crédito para empresas no exterior. De
acordo com o ex-ministro, o aumento na inadimplência para financiamento
de veículos, que subiu a 5,9% em abril, conforme aponta pesquisa do BC
publicada hoje, também não é motivo de preocupação.Já as intervenções do
governo no mercado cambial para segurar a alta do dólar foram
consideradas "ótimas" pelo ex-ministro. "O governo tem de entrar de novo
quando precisar, pois tem um leque muito grande", afirmou Delfim, em
referência às reservas cambiais do País.Durante a palestra, o
ex-ministro considerou a situação econômica mundial delicada, e "muito
grave" a crise europeia, com ameaça da saída da Grécia da zona do euro.
Delfim avalia que se a Grécia deixar o bloco europeu haverá um custo
brutal para a economia europeia, com ameaças à democracia daquele país.
"É preciso o mínimo de racionalidade nessa situação", explicou Delfim
Netto.Por fim, o ministro destacou, na palestra à representantes da
indústria sucroalcooleira, a perda de diálogo entre o setor e o governo
federal, iniciada no começo de 2011 após o disparo dos preços do etanol
por falta de oferta do biocombustível.O presidente interino da União da
Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, afirmou
que o relacionamento entre as duas partes já foi retomado. "O
presidente do nosso conselho (Pedro Parente) e a ministra Gleisi
(Hoffmann, da Casa Civil) retomaram diálogo para a formação de uma
agenda de longo prazo para avaliar o que o governo espera para a matriz
energética até 2020. Não para avaliar problemas pontuais", disse Padua.
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