Da Deutsche Welle
Alemanha
Governadora da Renânia do Norte-Vestfália surge como
rival da chanceler federal Angela Merkel, que amargou nova derrota de
sua coalizão de governo numa eleição estadual.
A mais importante eleição do ano na Alemanha – a escolha do
governador e do novo legislativo da Renânia do Norte-Vestfália,
realizada no último domingo (13/05) – terminou sem uma troca no poder. A
governadora Hannelore Kraft, do Partido Social Democrata (SPD), vai dar
continuidade à sua aliança com os verdes, agora com maioria
parlamentar.Embora o resultado já fosse previsível, todo o país voltou os olhos para o mais populoso estado alemão, inclusive os membros do governo Merkel.
A Renânia do Norte-Vestfália, com seus quase 18 milhões de habitantes, é responsável por um quarto do PIB da Alemanha. Por isso, uma eleição nesse estado é sempre vista como uma prévia das eleições nacionais. Além disso, nos pleitos de 1966, 1995 e 2005 chegaram ao poder no estado alianças partidárias, que, mais tarde, se repetiram em nível federal.
Derrotas consecutivas
Norbert Röttgen: democrata-cristão derrotado
A União Democrata Cristã (CDU), partido da premiê Angela Merkel, registrou a pior derrota da história na eleição do último final de semana. E pela 11ª vez consecutiva a aliança democrata-cristã e liberal que sustenta o governo Merkel foi derrotada num pleito estadual no país. A esquerda formada por social-democratas e verdes saiu fortalecida da eleição.
Mas isso não é necessariamente um sinal de troca de poder em nível nacional. Merkel conta com altos percentuais de simpatia entre a população e seu partido tem ampla vantagem nas pesquisas de intenção de voto em todo o país. Ou seja: o governo em Berlim não parece estar em perigo, embora as derrotas estaduais não deixem de funcionar como um alerta. Isso a própria Merkel terá de reconhecer, mesmo que, nas eleições estaduais anteriores, ela tenha sempre tentado limitar as consequências do resultado das urnas às fronteiras estaduais.
As consequências dessa eleição serão de longo prazo. Norbert Röttgen, o democrata-cristão derrotado, é também o atual ministro do Meio Ambiente e vice-presidente da CDU. Ele era apontado como possível sucessor de Merkel. Para solidificar essa posição, pretendia consolidar o seu estado natal, a Renânia do Norte-Vestfália, como reduto eleitoral. Essa estratégia, como é visível, deu errado.
Após a divulgação dos resultados preliminares, Röttgen renunciou à presidência da CDU na Renânia do Norte-Vestfália e retorna seriamente enfraquecido a Berlim. Lá, não são só seus inimigos dentro do partido, mas também os críticos do seu trabalho no ministério, o acusam principalmente de falta de liderança no processo de mudança da política energética – um assunto observado também com muita atenção por outros países.
Força feminina entre os social-democratas
Hannelore Kraft: possível sucessora de Merkel?
No início de 2013, os social-democratas terão que indicar alguém para enfrentar Merkel nas urnas. Kraft, a grande vitoriosa da eleição na Renânia do Norte-Vestfália, é agora um nome forte entre os social-democratas, mas avisou durante a campanha eleitoral que não é candidata ao governo federal. Diante do desempenho negativo do SPD nas pesquisas nacionais de intenção de voto, essa seria, de fato, uma empreitada com poucas chances de sucesso.
Mas se os números do SPD nas pesquisas melhorarem, é possível que a pressão sobre Kraft aumente. O SPD é no momento comandado por três líderes. Todos são vistos como possíveis candidatos, mas nenhum deles se sai bem na comparação direta com Merkel.
Recuperação dos liberais
Também o atual dinamismo do cenário político alemão elevou o interesse pela eleição na Renânia do Norte-Vestfália. Esse dinamismo é perceptível sobretudo no que diz respeito aos pequenos partidos. O Partido Liberal Democrata (FDP), que em 2009 obteve quase 15% dos votos na eleição nacional, é o que mais tem sofrido com essa tendência.
Há meses que as pesquisas apontam um FDP fragilizado, abaixo do mínimo de 5% dos votos necessário para ingressar num parlamento, seja estadual, seja nacional. Em Berlim circulava até mesmo a piada de que o partido já estava procurando um novo inquilino para o prédio de sua sede central. Nas recentes eleições em Schleswig-Holstein e na Renânia do Norte-Vestfália, contudo, o partido mostrou uma boa recuperação nas urnas.
Piratas bem-sucedidos e derrota de A Esquerda
Piratas festejam resultados das urnas
Quem mais ganha como o novo dinamismo do cenário político é o Partido Pirata, agora com representação na Assembleia Legislativa de quatro estados alemães. Eles atraem eleitores de todos os outros partidos e as perspectivas de novos sucessos nas urnas são boas.
A "indecisão ideológica" dos piratas, que se negam a serem enquadrados num espectro político definido (seja este de esquerda ou de direita), pode, porém, acarretar perdas para o partido. Declarações da recém-eleita direção nacional do partido, demonstrando simpatia à esquerda, podem, por exemplo, afastar os eleitores de direita.
Já A Esquerda fracassou nas urnas na Renânia do Norte-Vestfália, perdendo, com isso, território na parte ocidental do país. O partido é sucessor dos comunistas da antiga Alemanha Oriental e, depois da CDU e do SPD, a terceira maior força nos estados do Leste da Alemanha.
Autor: Kay-Alexander Scholz (sv)
Revisão: Alexandre Schossler
Nenhum comentário:
Postar um comentário