O projeto básico de engenharia do primeiro submarino nuclear brasileiro começa a ser desenvolvido a partir do dia 9 de julho deste ano, quando o primeiro grupo de engenheiros brasileiros retorna da França.
A etapa está inserida no Programa de 
Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha do Brasil (MB), 
iniciado em setembro de 2011, em Itaguaí, no Rio de Janeiro, com a 
construção dos submarinos convencionais da classe Scorpène, de 
tecnologia francesa, passo inicial para a construção do submarino movido
 à propulsão nuclear.
Os 26 engenheiros brasileiros 
permaneceram um ano e meio na França para estudos e o retorno da equipe 
marca o início da execução do trabalho em solo brasileiro. Um grupo 
ficará no Rio de Janeiro e outra parte em São Paulo, junto ao Centro 
Tecnológico da Marinha (CTMSP), para integrar informações referentes ao 
projeto de propulsão. O programa faz parte do acordo firmado com a 
França em 2008, no valor de R$ 6,7 bilhões, que prevê a transferência da
 tecnologia para o Brasil.
Gerenciado pela coordenadoria-geral do 
Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Cogesn),
 o projeto abrange também a construção de um estaleiro, uma base para 
submarinos, uma unidade fabril para elementos metálicos, a construção de
 quatro submarinos convencionais, além da construção do primeiro 
submarino nuclear. O acordo, entretanto, não inclui componentes 
nucleares, cabendo à Marinha projetar e construir o seu sistema de 
propulsão nuclear e integrá-lo à plataforma projetada em conjunto com os
 técnicos franceses.
Iniciado agora, o projeto de engenharia 
do submarino terminará em 2015. Em 2016 será iniciada a sua construção 
em Itaguaí-RJ, com término em 2023, para testes de porto e de mar. Em 
2025, o submarino entrará em sua fase operacional. Dessa forma, o país 
entrará para o seleto clube dos países que dominam a tecnologia da 
propulsão nuclear. China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia já
 são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
A reportagem do Cruzeiro do Sul visitou o
 Centro Experimental Aramar (CEA), em Iperó, em razão da comemoração do 
aniversário da Sociedade Amigos da Marinha – Soamar Sorocaba, e 
entrevistou o contra-almirante Luciano Pagano Junior, superintendente do
 Programa Nuclear do Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP), em São 
Paulo, sobre os avanços do Programa Nuclear da Marinha (PNM), cujo 
propósito é dominar a tecnologia necessária ao projeto e construção do 
submarino com propulsão nuclear.
Alavancando esse processo, duas novas 
instalações do CEA foram inauguradas recentemente em Aramar: a Unidade 
Produtora de Hexafluoreto de Urânio (Usexa), um marco para o país no 
domínio completo do ciclo do combustível nuclear, e o Centro de 
Instrução e Adestramento Nuclear Aramar (Ciana), uma espécie de 
simulador destinado a capacitar os operadores do Laboratório de Geração 
Núcleoelétrica (Labgene) e as tripulações dos futuros submarinos. Planos
 futuros da Marinha ainda prevêem que o CEA comporte um Laboratório de 
Hidrodinâmica (Labhidro) para testes e ensaios da indústria naval.
No próximo mês de maio, a Marinha do 
Brasil também lança oficialmente em parceria com a Escola Politécnica da
 Universidade de São Paulo (Poli/USP) a instalação de cursos de 
engenharia nuclear em Aramar. A assinatura da cessão da área ocorre no 
dia 16, em São Paulo. Instituição de ensino tem planos futuros de 
implantar grade curricular também na área naval.
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