Para conter queda nas bolsas, país anunciou medida contra especulação
O Banco da Espanha informou em relatório divulgado nesta segunda-feira (23/07) que a economia do país ibérico contraiu 0,4% no segundo trimestre de 2012 em comparação com o período de janeiro a março, que já havia registrado índice negativo de 0,3%. Já em relação ao mesmo período de 2011, a contração foi registrada em 1% pelo órgão, equivalente ao Banco Central brasileiro. Os dados oficiais sobre o PIB (Produto Interno Bruto) devem ser publicados no próximo dia 30.
Outra má notícia para o país foi o novo recorde da taxa de risco para a economia espanhola, que chegou a 640 pontos básicos. O valor representa 30 pontos básicos mais do que no fim da sessão anterior e 118 acima do da Itália (522 pontos).
A confiança dos investidores na Espanha desabou nos últimos dias depois que três comunidades autônomas (Catalunha, Múrcia e Castela-La Mancha), subdivisões correspondentes aos Estados, informaram que estão estudando as condições do fundo de liquidez projetado pelo governo para as comunidades autônomas.
Até o momento só a comunidade autônoma de Valência, na sexta-feira (20) pediu ajuda oficialmente. As dificuldades das regiões questionam a capacidade do governo de Mariano Rajoy em cumprir seus objetivos de déficit e de aplicar os ajustes aprovados pelo governo nas últimas semanas.
Ações
Em meio a uma sessão de forte queda na bolsa de Madri, a CNV (Comissão Nacional de Valores), autoridade reguladora do mercado de ações da Espanha, anunciou a proibição de operações de venda a descoberto por um período de três meses.
A medida causou efeito e diminuiu o estrago, que havia atingido o pico em 5,35% negativos. Ao fim do dia, o principal indicador da Bolsa de Madri, o IBEX 35, caiu 1,10% nesta segunda-feira, até os 6.177,4 pontos.
As operações de venda a descoberto consistem em pegar emprestado ações de outros investidores para vendê-las ao mercado com a expectativa de perda de valor. Com a redução desse valor, os operadores recompram as ações para devolvê-las aos proprietários iniciais, que cobram juros pelo empréstimo e lucram na transação. Esse tipo de estratégia é realizada, principalmente, pelos fundos de alto risco.
O objetivo da suspensão foi controlar a volatilidade do mercado financeiro e evitar a especulação excessiva em um cenário de fortes perdas. A CNV emitiu um comunicado para justificar a decisão: "A situação de extrema volatilidade que atravessam os mercados de valores europeus, podem perturbar seu funcionamento e afetar o desenvolvimento da atividade financeira".
A Itália também anunciou medida semelhante,só que pelo período de uma semana. Os prazos, porém, pode ser prorrogados pelos dois países.
Coletiva
Em meio ao caos, o ministro da Economia espanhol, Luiz de Guindos, deu uma entrevista coletiva à imprensa negando que a Espanha irá pedir aportes financeiros à União Europeia e ao FMI (Fundo Monetário Internacional), e reclamou da “irracionalidade” e “nervosismo” dos mercados. A Espanha recebeu recentemente cem milhões de euros utilizados exclusivamente para livrar o sistema bancário nacional de falência.
“É uma situação de enorme incerteza e volatilidade nos mercados que está levando a abordagens irracionais. A incerteza sobre o futuro do euro neste momento está atingindo a Espanha”.
De Guindos disse que a situação não está só afetando seu país, mas também o conjunto da zona euro. Para o ministro, a única forma de atuar "vai além do que é a função dos governos". Para o ministro, "nem tudo pode ser abordado pelos governos, a situação tem de ser abordada de outros pontos de vista". Perguntado se isto significaria a compra de títulos da dívida por parte do BCE (Banco Central Europeu), ele deu a entender que sim e respondeu: "vocês (jornalistas) sabem perfeitamente".
No entanto, ainda no fim de semana, o presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou que o organismo não tem como função "resolver os problemas financeiros dos estados", mas "assegurar a estabilidade de preços e contribuir para estabilidade do sistema financeiro com total independência".
De Guindos negou que a reunião prevista para amanhã com o ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, seja para abordar a compra de dívida por parte do BCE.
Opera Mundi
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