Comércio de alimentos no centro de Teerã, no Irã Atta Kenare/AFP
TEERÃ, Irã — Diante do embargo dos Estados Unidos e da União Europeia, e do avanço da guerra civil na Síria – parceiro comercial chave para o país – o Irã já teria começado a estocar trigo, óleo de cozinha, açúcar e arroz para a reserva de alimentos por até três meses. A informação foi divulgada pela agência de notícias semi-oficial iraniana Mehr, que se baseou em um relatório do vice-ministro de Indústria, Hasan Radmard. A medida é consequência de um decreto do presidente, Mahmoud Ahmadinejad. Parte dos alimentos comprados foi importada, diz o documento.
A falta de moedas fortes para importar – consequência direta das sanções – e a retirada de subsídios estatais a uma série de produtos elevaram a inflação no Irã. O frango, por exemplo, carne mais consumida e tradicionalmente barata do país, triplicou de preço nos últimos meses. Só no último ano, o rial, a moeda em circulação no país, perdeu mais da metade de seu valor.
O comércio do Irã com outros países tem sido dificultada porque os Estados Unidos e a União Europeia impuseram um embargo em Teerã, uma retaliação à falta de transparência sobre seu programa nuclear. Estima-se que o conjunto de sanções ocidentais possa estar custando até US$ 2,5 bilhões mensais aos cofres iranianos.
Com isso, a Síria é uma importante associação estratégica tanto no setor militar, como nas áreas técnica, econômica e comercial, numa parceria que, diante do crescente isolamento internacional, ambas as partes se esforçam para fomentar. Em abril, o governo sírio disse que a intenção era elevar a US$ 1 bilhão as trocas comerciais anuais bilaterais.
Aliança entre os dois regimes
Nesta quinta-feira, numa das principais demonstrações de aliança entre os dois regimes no último ano e meio, o vice-presidente iraniano, Mohamad Reza Rahimi, recebeu o vice-primeiro-ministro sírio, Omar Ibrahim Ghalawanji, em Teerã. O discurso iraniano, reproduzido pela imprensa estatal, foi de apoio a Damasco contra “terroristas” e “potências opressoras”. Mas a delegação síria, em grande parte econômica, deixou claro o foco da viagem.
- O processo de reformas do presidente Assad foi muito positivo e construtivo. E esperamos que rapidamente os sinais de derrota do inimigo e de vitória da nação síria se tornem mais evidentes – disse o vice de Mahmoud Ahmadinejad.
Agência OGlobo
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