República
islâmica lança mísseis em exercícios militares, enquanto EUA reforçam
presença militar na região, temendo fechamento do Estreito de Ormuz
AFP
O Irã lançou nesta terça-feira dezenas de mísseis balísticos em exercício de simulação de ataque contra
uma “base militar inimiga”, enquanto os Estados Unidos reforçam sua
presença naval no Golfo Pérsico, em um contexto de tensão crescente em
relação ao programa nuclear iraniano.
Os mísseis balísticos, sobretudo do tipo
Shahab-3, capazes de alcançar Israel e as bases americanas no Oriente
Médio, foram lançados de várias regiões contra uma réplica de uma “base
militar inimiga” construída em um deserto em uma região central do Irã,
indicaram Guarda Revolucionária, que controla os mísseis do país.
De acordo com o general Amir Ali
Hajizadeh, número 2 da Guarda Revolucionária, as manobras tiveram “100%”
de êxito e demonstram “a determinação, a vontade e a capacidade do povo
iraniano para defender seus interesses nacionais”.
As atividades são “uma mensagem às nações aventureiras” que tenham a intenção de atacar o Irã, acrescentou Hajizadeh.
Risco militar
Caso o Irã sofra alguma ofensiva, os
dirigentes iranianos ameaçam atacar não apenas Israel, como também as
bases americanas no Golfo e no Oriente Médio.
Israel e os Estados Unidos já abordaram
em diversas oportunidades nos últimos meses a possibilidade de atacar as
instalações nucleares iranianas se fracassarem os esforços diplomáticos
das grandes potências para convencer Teerã a interromper seu polêmico
programa nuclear.
As discussões foram retomadas em abril,
depois de terem ficado suspensas por 15 meses, mas as três rodadas de
negociações realizadas até agora não apresentaram resultados, o que
aumenta o risco de um conflito militar.
Por seu lado, os EUA, de acordo com o New York Times, têm reforçado sua presença militar no Golfo para evitar o fechamento do Estreito de Ormuz e poder atacar o Irã, caso necessário.
Esse reforço seria uma maneira de
demonstrar a preocupação de Washington em relação ao programa nuclear de
Teerã e sua vontade de garantir a livre circulação dos navios
petroleiros por Ormuz, ainda segundo o jornal, que menciona um alto
representante do Pentágono.
No Irã, cerca de 120 parlamentares
assinaram um projeto de lei para proibir a passagem pelo estreito de
petroleiros que vão até a Europa, que embargou o petróleo iraniano.
Desde o início do ano, o Irã ameaça
fechar o acesso, por onde passa 35% do petróleo bruto transportado por
via marítima no mundo, em caso de sanções contra as exportações de
petróleo. Políticos e militares, no entanto, negaram a ameaça.
Istambul
Ainda nesta terça-feira, especialistas
iranianos e representantes de grandes potências se reuniram em Istambul
para tentar encontrar una maneira de avançar nas negociações nucleares.
O Ministério das Relações Exteriores
iraniano acusou o Ocidente de comprometer as negociações e reiterou que
não haverá solução diplomática sem o reconhecimento dos “direitos”
nucleares do Irã, em particular o enriquecimento de urânio, aspecto
central no conflito com as grandes potências.
O presidente iraniano, Mahmoud
Ahmadinejad, tornou a repetir que Teerã não cederá às pressões contra o
programa nuclear iraniano. “As sanções ocidentais ao petróleo são as
mais duras já impostas ao Irã, mas os inimigos que acreditam que podem
nos enfraquecer estão errados”, declarou diante de membros dos serviços
de inteligência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário