Sob crescente pressão das potências ocidentais, o Irã recebe a partir de hoje o maior evento diplomático de sua história para tentar provar que não está isolado e que tem aliados no programa nuclear e no conflito sírio.
Delegações dos 120 membros do Movimento dos Países Não Alinhados (MNA) e de 17 governos observadores –entre eles o Brasil– participam em Teerã da 16ª cúpula deste foro terceiro-mundista.
Criado na Guerra Fria para reunir países que não se diziam parceiros dos EUA nem da então União Soviética, o MNA é tido pelo Ocidente e por analistas como um movimento ultrapassado e inócuo.
Mas o governo iraniano está eufórico com a presença de cerca de dois terços dos membros da ONU e de alguns participantes de peso no evento, que culminará com a reunião de líderes e chefes de delegação em 30 de agosto.
O visitante mais esperado é o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que contrariou reiterados apelos de Israel e EUA para não ir ao evento.
Segundo a Folha apurou, Ban confirmou presença movido pela preocupação em não alienar o maior bloco no plenário da ONU e para manter a bem sucedida parceria com o Irã nas áreas de refugiados e combate ao narcotráfico.
As atenções também estarão voltadas para o recém-eleito presidente do Egito, Mohamed Mursi, que sucede o ditador pró-americano Hosni Mubarak, derrubado por uma revolta popular em 2011.
Membro da Irmandade Muçulmana, Mursi fará a primeira viagem de um líder egípcio ao Irã em mais de três décadas, sinalizando uma possível reaproximação bilateral.
Os dois países mantêm relações tensas por causa do asilo dado ao xá Reza Pahlevi, deposto pela Revolução Islâmica iraniana de 1979.
A lista de altos dirigentes deve incluir ainda o ditador cubano, Raúl Castro, o premiê indiano, Manmohan Singh, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, até então crítico do Irã.
O Brasil será representado pela número dois da missão na ONU, embaixadora Regina Maria Cordeiro Dunlop, contrariando setores do governo que defendiam uma missão em nível mais elevado.
O governo iraniano, que substitui o Egito e assume a presidência rotativa do MNA pelos próximos três anos, não esconde a intenção de usar a agenda da cúpula a seu favor.
Teerã pressionará por uma declaração final que inclua menção de apoio às intenções supostamente pacíficas do seu programa nuclear e condene sanções econômicas.
O Irã também quer angariar suporte ao ditador Bashar Assad. A Síria é o maior aliado do Irã no Oriente Médio, e a eventual queda de Assad deixaria o país sozinho na luta contra os interesses ocidentais e israelenses na região.
Mas analistas preveem dificuldade em conseguir chegar a um consenso.
Agências Internacionais
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