“Especialistas dizem que as bombas de urânio empobrecido podem ser definidas como “pequenas bombas nucleares”.”
Há uns 13 anos, os Estados Unidos e demais países da 
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), entre os quais a 
Itália, bombardeavam a então Província sérvia de Kosovo. A justificativa
 era a defesa dos direitos humanos e deter as supostas violações que 
estavam sendo cometidas pelos “malditos” sérvios comandados por Slobodan
 Milosevic.
O tempo passou e como sempre acontece depois que 
um dos lados supera o outro, Kosovo praticamente saiu do noticiário, 
sobretudo quando se desmembrou da Sérvia tornando-se um país 
independente.
Agora, Kosovo volta ao noticiário, não totalmente 
porque a maioria dos meios de comunicação prefere ignorar o tema 
divulgado na Itália por um sargento que está desenganado, com poucos 
meses de vida.
Salvo Cannizzo, do Regimento San Marco, da Marinha de
 Guerra Italiana, está com câncer no cérebro e responsabiliza os Estados
 Unidos e a Itália por  envenenamento provocado pela utilização de 
urânio empobrecido durante os bombardeios.
Cannizzo e outros dois mil militares italianos que estiveram em Kosovo estão doentes, segundo informa o jornal italiano Il Fatto Quotidiano, uma das poucas publicações independentes naquele país e que não depende da publicidade oficial do governo.
A denúncia fez aumentar a polêmica em torno da 
revisão dos gastos do Estado italiano pretendida pelo governo Mario 
Monti. O governo queria reduzir quase pela metade os gastos destinados 
ao Fundo para as Vítimas do Urânio Empobrecido. Pressionado pela opinião
 pública mobilizada por um grupo de ecologistas, o governo acabou 
voltando atrás.
Salvo Cannizzo, de 36 anos, assegura que ficou doente
 em Djakoviza, durante a guerra de Kosovo, quando a Itália mandou 
soldados sob a alegação de que cumpririam uma missão de paz, por decisão
 das Nações Unidas.
A vítima decidiu tornar público tudo o que está 
passando juntamente com outros dois mil italianos, agora praticamente 
abandonados pelo Estado, governado por um gerente do capital financeiro 
internacional, como é Mario Monti.
O Estado não reconhece o mal de que estão padecendo os dois mil italianos que serviam no Kosovo por volta de 1999.
O militar fez graves revelações, inclusive de que os 
Estados Unidos jogavam bombas com urânio empobrecido, cujo prazo de 
validade havia se esgotado, e tal procedimento ocorria porque precisavam
 de qualquer jeito se desfazer do material que ficaria no solo sem 
detonação, porque eram jogados sem o detonador. Foi a a forma encontrada
 para renovar o estoque com rapidez, não importando os malefícios que 
provocariam para quem passasse por perto ficando sujeito aos efeitos da 
radiação.
As bombas tinham prazo de validade e depois era 
necessário eliminá-las. Só que o custo era muito alto, sendo mais 
econômico utilizá-las da forma como foi feito no Kosovo. Cannizzo 
garante que as autoridades italianas sabiam dos malefícios que ajudavam a
 renovar a indústria armamentista.
Dos nove integrantes do batalhão de Cannizzo, cinco 
contraíram câncer, inclusive um seu irmão, que já morreu. A previsão dos
 médicos é que Cannizzo não sobreviva mais de três meses. Ele prometeu 
não silenciar até morrer.
Especialistas dizem que as bombas de urânio 
empobrecido podem ser definidas como “pequenas bombas nucleares”. Depois
 de Kosovo, essas bombas mortíferas foram utilizadas na primeira guerra 
dos Estados Unidos contra o Iraque, em 1991, depois novamente no Iraque,
 no Afeganistão e mais recentemente na Líbia.  Só em Kosovo foram usadas
 entre 10 e 15 toneladas de urânio empobrecido.
Pode-se imaginar quantos seres humanos contraíram 
câncer devido o uso dessas bombas, sob total silêncio dos sucessivos 
governos estadunidenses que historicamente fazem o jogo da mortífera 
indústria armamentista.
Assim caminha essa indústria, que nestes meses está 
conseguindo escoar a sua produção com o abastecimento que a CIA e outros
 organismos estadunidenses, junto com a Arábia Saudita, o Catar e um 
pouco da Líbia, estão proporcionando aos grupos que tentam derrubar o 
presidente Hafez Assad,  até mesmo com a colaboração de integrantes da 
Al Qaeda. Bassma Kodmani, responsável pelas relações exteriores do 
Conselho Nacional Sírio (CNS) confirmou a participação dos países árabes
 mencionados.
Aliás, uma dúvida paira no ar e já pairava o ano 
passado na Líbia com os acontecimentos que levaram ao assassinato 
linchamento de Muammar Khadafi, ou seja, a participação de serviços 
secretos ocidentais, como a CIA, em ações conjuntas com a Al Qaeda, 
grupo que já teve como líder nada mais nada menos do que Osama Bin 
Laden.
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