Organizações muçulmanas alertam para aumento da tensão em França depois de um jornal ter publicado uma caricatura de Maomé, representando-o nu e a exibir o traseiro.
O "publisher" do "Charlie Hebdo", conhecido como Charb, exibe uma cópia de edição de hoje do semanário satírico, cujas caricaturas estão a provocar grossa polémica em França
Uma das caricaturas mais polémicas representa o profeta nu, a exibir as nádegas, e a dizer: "E do meu cu, gostas dele, do meu cu?".
"Gasolina para a fogueira". Foi assim que um imã
qualificou a publicação, hoje, pelo semanário satírico "Charlie Hebdo",
de novas caricaturas do Profeta Maomé. "No atual contexto é uma
provocação e receio incidentes graves, porque há grande tensão nos
subúrbios franceses", acrescentou um dirigente de uma associação
moderada muçulmana.
Uma das caricaturas mais polémicas representa o profeta
nu a exibir as nádegas e a dizer: "E do meu cu, gostas dele, do meu
cu?". O primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, já manifestou preocupação e
apela ao sentido de responsabilidade. Pelo seu lado, o ministro dos
Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, denunciou, durante uma visita ao
Cairo, no Egito, "uma provocação" do semanário.
Mas, apesar de também condenar a publicação das
caricaturas, Jean-Marc Ayrault defende a liberdade de imprensa. E
Laurent Fabius disse estar inquieto com "a segurança dos franceses em
certos países".
Manifestação islâmica proibida
A tensão aumentou em França depois de ter sido
organizada uma manifestação não autorizada, no sábado passado, de
alegados fundamentalistas islâmicos, junto à embaixada norte-americana,
perto da praça da Concórdia, em Paris. Os jovens - cerca de 250, dos
quais 150 foram detidos - protestavam contra o filme islamofóbico
americano "Innocence of Muslins".
Jean-Marc Ayrault confirmou entretanto que foi proibida uma nova manifestação para sábado, igualmente em Paris.
Nos últimos dias, há notícias de movimentações nos
meios islâmicos mais radicais dos subúrbios franceses, onde foram
incendiados, nas duas últimas noites, mais carros do que habitualmente.
A sede do semanário satírico foi incendiada em novembro
do ano passado, depois de o jornal ter publicado uma edição denunciando
a Charia. "Só vê uma provocação quem quer, não podemos ceder às
pressões, porque se cedermos abrimos a porta a todo o tipo de pressões, o
limite da liberdade de imprensa é a lei que o define e não são as
religiões que o impõem", explicou a direção do "Charlie Hebdo".
Entretanto, a meio da manhã de hoje, as autoridades
francesas mandaram reforçar a segurança nas embaixadas francesas em todo
o mundo.
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