Do O Globo
Acordo entre governo, Vale e Petrobras prevê compra de novo navio de pesquisas oceânica
RIO - O Brasil se prepara para entrar no promissor campo da mineração
submarina. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a
Petrobras, a Marinha e a Vale assinaram acordo de cooperação para
aquisição de um navio de pesquisas oceanográficas no valor de R$ 162
milhões. A embarcação, considerada uma das mais modernas do tipo no
mundo, está em construção em um estaleiro de Cingapura e permitirá o
levantamento de informações detalhadas sobre os recursos minerais e
biológicos da chamada Amazônia Azul, a zona econômica exclusiva do mar
territorial brasileiro que cobre 3,6 milhões de quilômetros quadrados.
Nos últimos anos, tem crescido o interesse de países e empresas ao
redor do mundo nos vastos depósitos de metais preciosos e outros
minérios no leito dos oceanos. Graças a avanços nos conhecimentos sobre a
geologia marinha, centenas de veios de ouro, prata, cobre, cobalto,
chumbo e zinco avaliados em trilhões de dólares já foram identificados
no fundo do mar.
— A aquisição desse navio vai oferecer instrumentos para a mais
detalhada análise do potencial da costa atlântica do país em relação aos
recursos minerais — destacou Murilo Ferreira, presidente da Vale, na
cerimônia de assinatura do acordo. — Este trabalho em parceria com o
MCTI, Marinha e Petrobras permite compartilhar custos, riscos e
estabelecer uma ação estratégica para todos os envolvidos.
Segundo a coordenadora-geral para Mar e Antártica do ministério,
Janice Trotte, atualmente os pesquisadores brasileiros precisam atuar em
navios estrangeiros no Atlântico Sul pela falta de uma plataforma de
pesquisa adequada e a nova embarcação vai permitir que o país faça
explorações mais aprofundadas do leito oceânico em busca de metais e
materiais preciosos.
— Nos mantínhamos em um patamar atrás por não dispor de uma
plataforma de infraestrutura embarcada para chegar a esse tipo de
exploração — contou. — Já temos conhecimento de rochas cobaltíferas e
fosforitas e diversos outros recursos minerais muito valorizados no
mercado internacional. Temos esta fronteira a desbravar, jamais
desenvolvida em nosso país.
Hoje, o Brasil conta com apenas dois navios para pesquisas
oceanográficas de longo alcance: o Cruzeiro do Sul, vinculado à Marinha;
e o Alpha Crucis, da USP. A nova embarcação de 78 metros de comprimento
poderá acomodar 146 pessoas, sendo de 40 a 60 pesquisadores, terá três
laboratórios e um robô com capacidade de coletar amostras no leito
oceânico a até cinco mil metros de profundidade. Seu custo será dividido
entre o MCTI e a Marinha (R$ 27 milhões cada), Vale (R$ 38 milhões) e
Petrobras (R$ 70 milhões).
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