Dois anos após o vírus de computador Stuxnet atacar o programa nuclear do Irã, a República Islâmica está cada vez mais se voltando à guerra cibernética, em uma crescente disputa camuflada com seus inimigos.
Embora a ameaça imediata de um ataque militar israelense às instalações nucleares iranianas tenha diminuído por ora, os governantes de Teerã estão sob crescente pressão das sanções paralisantes do Ocidente, da desvalorização da moeda e do descontentamento crescente da população.
Com todos os lados aparentemente desejando evitar um conflito direto, os ataques cibernéticos oferecem uma das maneiras mais fáceis de lutar sem arriscar muito.
É muitas vezes impossível ter uma prova definitiva de responsabilidade no ciberespaço, dizem especialistas. Mas o governo e agentes de segurança privados afirmam que as evidências que existem apontam para o envolvimento do Irã em uma crescente onda de ataques no ano passado.
Entre os mais graves foram os ataques que derrubaram sites de vários bancos dos EUA, incluindo o Citigroup e o Bank of America, bem como um ataque à petrolífera saudita Aramco, que destruiu cerca de 30.000 computadores. O Irã negou envolvimento.
O que os ataques mostram, explicam especialistas com conhecimento de inteligência governamental, é que Teerã está aumentando seu jogo rapidamente — apesar de suas capacidades continuarem bem atrás dos Estados Unidos, Israel, Grã-Bretanha e outras potências como a China e a Rússia. Segundo eles, os ataques estão aumentando em sofisticação e intensidade.
"Sabemos há muito tempo que os iranianos estavam trabalhando neste tipo de técnica, mas é uma surpresa o quão rápido eles têm avançado", disse James Lewis, ex-oficial do serviço estrangeiro dos EUA e agora pesquisador sênior e especialista em cibernética do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington.
Falando por meio da mídia local, autoridades iranianas negaram envolvimento na invasão dos sites de bancos. Mas eles dizem que estão sob ataque crescente, com instalações de petróleo, empresas de infraestrutura e comunicações sofrendo falhas de sistema que eles atribuem a ataques cibernéticos de outros países.
Embora nenhum governo tenha assumido a responsabilidade pelo Stuxnet, amplamente acredita-se ter sido um projeto conjunto EUA-Israel projetado para danificar e destruir centrífugas nucleares. E o que o Stuxnet desencadeou, dizem os especialistas, foi o conflito cibernético mais sofisticado e talvez mais perigoso já visto.
Os governantes da República Islâmica despertaram para os perigos e o potencial do ciberespaço em 2009, quando manifestantes antigoverno usaram a Internet para organizar grandes protestos contra as eleições presidenciais, que, segundo eles, foram fraudadas.
Desde então, o Irã reforçou a capacidade de seus Guardas Revolucionários para monitorar a internet para controlar e intimidar potenciais dissidentes. Mas também tem investido recursos para rebater seus inimigos.
Alguns acreditam que Teerã pode também estar fornecendo apoio técnico para o aliado Bashar al-Assad na Síria, onde a guerra cibernética tem desempenhado um papel no derramamento de sangue.
Reuters
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