Operação policial desarticulou quadrilha especializada em crimes financeiros que movimentou cerca de R$ 400 milhões
Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta feira, 31, em
São Paulo a Operação Lava Rápido para desarticular organização criminosa
especializada em crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem
de dinheiro, sonegação fiscal e subtração de procedimentos fiscais da
Secretaria da Fazenda estadual. Foram cumpridos 6 mandados de prisão e
12 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Atibaia e
Valinhos. A operação foi autorizada pela 2.ª Vara Criminal Federal de
São Paulo.Segundo a PF, o inquérito policial teve início em março passado após a constatação de que "uma pequena igreja" havia movimentado em suas contas quase R$ 400 milhões em operações financeiras.Constatou-se que se tratava de uma empresa que jamais teve existência física e que a associação religiosa foi criada por gozar de imunidade tributária, o que diminuiria as probabilidades de fiscalização, na visão dos integrantes do grupo.
Durante as investigações, verificou-se que a criação de empresas de fachada fazia parte de um esquema para sonegação fiscal e evasão de divisas que contava com dois modos de atuação.
No primeiro modo, empresas de fachada eram criadas para que atuassem ficticiamente, recebendo recursos de empresas reais e depois remetendo os valores para o exterior por meio de doleiros, ou seja, de maneira ilegal. Essas empresas de fachada eram utilizadas por um período curto para melhor desviar a atenção da fiscalização.
No segundo modo de atuação, o grupo servia empresas devedoras do Fisco estadual, que já haviam sido autuadas ou que haviam tido seus recursos administrativos julgados improcedentes. Eles contavam com a colaboração de servidores públicos vinculados à área tributária, que atuariam principalmente no "desaparecimento de procedimentos fiscais".
Assim, enquanto os processos eram fisicamente subtraídos das instalações da repartição pública, havia também a exclusão dos registros nos sistemas de informática. Até processos com muitos volumes desapareceram.
A investigação aponta que esses documentos eram levados em partes, escondidos em bolsas ou mochilas. Ao final, eram entregues aos chefes da quadrilha que os entregavam para os empresários envolvidos. Segundo a PF, há evidências de que cada procedimento continha valores de multas fiscais que variam entre R$ 1 milhão e R$ 35 milhões.
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