Dos 43,7 mil milhões de euros aprovados pelo
Eurogrupo para “ajudar” a Grécia, 23,8 mil milhões serão entregues
diretamente aos bancos. Para o Syriza, trata-se de um compromisso
destinado a adiar problemas até às eleições na Alemanha.
Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo: mais dinheiro para os bancos. Foto de European Council
O FMI usará 3,2 mil milhões para recomprar títulos da Grécia no mercado secundário; outros 3,5 mil milhões estão reservados a pagar as dívidas públicas das empresas.
Note-se ainda que os restantes 9,3 mil milhões serão entregues em três tranches, durante o primeiro trimestre de 2013, sujeitos ao cumprimento do memorando da troika, incluindo a aplicação da reforma fiscal.
O acordo a que os ministros das Finanças da Zona Euro chegaram na madrugada desta terça-feira em Bruxelas, depois de uma reunião de mais de 13 horas, inclui o objetivo da redução da dívida grega para 124% do PIB até 2020. O Eurogrupo anunciou também uma redução das taxas de juro cobradas pelos empréstimos à Grécia, incluindo efeitos retroativos, e extensão das maturidades.
Balões de oxigénio
Para Dimitris Papadimoulis, deputado do Syriza, trata-se de um “compromisso anémico” destinado a adiar a crise da Grécia até às eleições da Alemanha. “O Eurogrupo não deu uma solução viável e justa ao problema da sustentabilidade da dívida”, disse, comparando o compromisso a dois balões de oxigénio. “A lógica da sra. Merkel tem vistas curtas e ameaça toda a zona euro”, afirmou.
Para o líder do Syriza, Alexis Tsipras, "há alguns anos, a muitos soava estranho tudo o que dizia o Syriza. Depois de sucessivos fracassos de um programa que levou à destruição da sociedade e não atingiu qualquer dos objetivos prometidos, já todos nos ouvem com mais atenção. Porque todas as previsões que fizemos infelizmente confirmaram-se.”
Não é uma solução
Tsipras sublinhou que o governo seguiu uma estratégia de subordinação. “Esteve ausente das negociações e da discussão do compromisso final. As negociações forma feitas entre a sra. Merkel e a sra. Lagarde e o compromisso foi entre as duas. A solução não inclui a Grécia. Por isso, não é uma solução”. E exemplificou: “Há dois anos disseram-nos que o objetivo de sustentabilidade da dívida era 120% do PIB. Agora já dizem que é 124%. Amanhã podem dizer que é 130%. Isto não são soluções”. Para o Syriza, “a única solução real é uma mudança de política que todos esperamos que ocorra na Grécia”.
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